1. Spirit Fanfics >
  2. Colecionista de Canções >
  3. Capítulo xl - Alambra de la Esperanza

História Colecionista de Canções - Capítulo xl - Alambra de la Esperanza


Escrita por: Kelly_Michaelis

Notas do Autor


Domingo de chuva combina com leitura boa né.
Aqui onde moro em SP está chovendo então para quem mais está curtindo esse barulhinho nada melhor que uma xícara de café e capítulo novo.
Eu me diverti muito escrevendo esse capítulo e espero que ele divirta vocês também.
Beijos

Capítulo 40 - Capítulo xl - Alambra de la Esperanza


 

Eu ouvia o som forte da batida do meu coração dentro do elevador vazio, os meus olhos ainda encaravam vidrados as portas de metal pesado, agora fechadas, como se a qualquer momento ele fosse entrar por elas simplesmente não conseguia acreditar que ele estava aqui. Ele veio para o festival.

Vi de relance alguém sentado a uma cadeira de rodas motorizada com certeza era Itachi, um alívio bom invadia meu peito por ver que aquele homem tão debilitado sobre uma cama de hospital agora era um ser saudável e em recuperação. Os olhos de Sasuke pareciam brilhar, os ônix que tanto me perdia numa imensidão negra tinham uma luz diferente presente neles, irradiava uma áurea diferente da que conheci a meses atrás e isso era bom. Meu corpo não tremia mais como uma vara verde e ao chegar ao térreo e me dirigir para o restaurante lá estava Madara a minha espera.

- Oi Sakura.

- Madara.

- Está tudo bem? Parece um pouco pálida, sente-se aqui.

Ele arrastou uma cadeira e eu sentei- me, ele serviu um pouco de água e eu solvi devagar me sentindo melhor. Os olhos iguais aqueles que me balançaram a poucos minutos atrás ainda aguardavam uma resposta para a razão do meu estado

- Sasuke está aqui.

Sua reação não demonstrava nenhuma surpresa.

- Eu sei. Ia conversar isso com você agora, mas pelo visto ele antecipou-se.

- Ele veio para o festival?

- Sim. Mas não sei sobre o que ele vai apresentar ou em que ordem. Isso abala você minha querida?

- Para ser honesta e sincera, estou bem confusa em relação a ter a presença dele aqui. Eu desejava esse encontro e ficava idealizando várias e várias vezes como seria, acreditava que ficaria bem, só que imaginação e realidade são coisas ambíguas. A verdade é que Sasuke consegue me afetar mais do que eu deveria permitir, mais do que deveria. - abaixei os olhos e fitei a taça a minha frente, a mão de Madara pousou sobre a minha gentilmente. Muitas vezes durante a turnê eu via espelhadamente à figura que gostaria de ter tido durante a minha vida de um pai; seus conselhos sábios, as cobranças necessárias, o carinho e respeito que o mesmo transmitia me ajudaram muito nesse período.

- Tudo bem se sentir assim em relação a alguém que fez tanta importância na sua vida, não é fraqueza demonstrar o que se sente minha querida. Você evoluiu muito, vocês dois… acredite que as coisas vão ficar bem e o que tiver que acontecer, acontecerá.  Concentre-se agora na sua última apresentação, nessa nova composição fantástica e na maravilhosa turnê que você estreou. Você se tornou uma Estrela graças aos seus talento e esforço, não dependeu dele para chegar até aqui ganhou seu valor. Tenho muito orgulho de você.

Seu sorriso caloroso me acolheu e confortou.

- Mas vamos falar de coisa boa. Tenho uma surpresa para você. Espere aqui.

Madara levantou-se e seguiu pela porta de entrada do salão, aguardei uns instantes e logo ele apareceu com a minha mãe segurando sua mão, levantei e corri em sua direção.

- Okaa-san não acredito que conseguiu vir.

- Não perderia esse momento tão importante para você. Ino gostaria de ter vindo, mas precisou ficar com Gaara e a filha dele.

Olhei para a minha mãe surpresa.

- Você perdeu muita coisa. Vou te contar tudo depois. Agora me dá outro abraço.

Abracei minha mãe com força e sorri para Madara lhe dando um grande obrigada. Ele só piscou em troca.

***

Pude ver dentro daquelas esmeraldinas a surpresa em me ver ali parado diante dela, não duvido que minha expressão carrega-se o mesmo espanto. Meu corpo ainda em choque tremia por dentro, o frio percorrendo o baixo ventre, por pura coincidência estamos no mesmo andar, Itachi aguardava meu êxtase terminar para enfim perguntar o que houve comigo no elevador.

- Era Sakura ali e você ficou igual um menininho quando vê papai Noel.

- Esse não é o momento para seus sermões irônicos aniki.

A risada contagiante do meu irmão invadiu o recinto do quarto fazendo com que eu o acompanhasse, esses momentos compartilhados com ele significavam muito para mim, sua presença me reconfortava fazia-me lembrar do tempo da nossa infância de quando passávamos a tarde ouvindo o piano ser dedilhado pelos dedos ágeis e delicados de okaa-san, dos risos pelas travessuras pintadas, conseguia até sentir o calor do Sol em nossos rostos quando deitávamos na grama. Tudo parecia mais fácil e sentíamos como se fôssemos intocáveis, inatingíveis pura inocência de criança.

De repente ouvimos batidas na porta, achei que fosse o serviço de quarto, mas ao abrir a porta dei de cara com meu tio.

 - Tio Madara.

-Ssasuke, vejo que o tempo só te fez bem.

- Entre, por favor.

Os passos ansiosos adentraram o quarto, os olhos negrumes brilharam em emoção ao ver o outro Uchiha sobre a cama, Itachi fez o instinto de levantar-se, mas antes que pudesse fazê-lo aproximei-me e o apoiei em mim para que ficassem de pé. Tio Madara emudecera e somente se via algumas lágrimas deslizarem silenciosas pelo seu rosto. O abraço forte e caloroso que meu irmão recebeu o acolheu e estabilizou, o soltei e afastei-me por poucos segundos, meu tio fez questão de me puxar de volta. Ele estava muito emocionado assim como para eu ver meu irmão acordado e bem mexeu comigo para ele não podia ser diferente. Ele esteve comigo nos momentos difíceis e nunca perdeu a esperança de que esse dia chegasse.

- Finalmente posso ter nos meus braços meus dois sobrinhos. Que felicidade.

Afasto-me e somente os dois se encaravam agora. Madara sorria e aquelas ruguinhas de expressão se desenharam em sua testa me fazendo notar como o tempo chegará para ele, meu tio estava envelhecendo mesmo não aparentando ter mais de quarenta e poucos ele era um cinquentão muito bem conservado, mesmo com as poucas, mas presentes ruguinhas ainda carregava a beleza Uchiha só mais amadurecida em seu rosto. Itachi segurava a emoção logo seu corpo demonstrava sinal de cansaço e assim o deitei de volta e acabamos por sentar a cama em volta dele.

- Estou tão feliz de ver vocês juntos. Eu sabia que isso um dia ia acontecer eu posso morrer feliz.

A vontade era de dar um soco em seu braço, contudo resolvi provocar.

- Obrigado por avisar assim já começo os preparativos.

Nós três rimos e os risos ecoavam dentro do quarto, o clima no recinto era carregado de uma energia boa eu sentia isso através dos dois ali presentes, era bom ver meu tio com a gente aqui saber que ele havia me perdoado pela minha atitude imatura e que as coisas voltavam a se estabelecer novamente entre os membros da família Uchiha. Observava a cena ao meu redor e sentia a ausência de uma única pessoa, certa rosada no auge do estrelato que encontrava-se a poucos metros de mim.

- Eu fico feliz de ver vocês juntos aqui, esse festival vai ser incrível. Estou extremamente curioso para ouvir sua nova composição.

- Tio Madara segure essa emoção, vou te mostrar só o refrão para não estragar a surpresa.

Na suíte como com certeza meu tio pediu havia um pequeno piano a minha disposição, levantei-me da cama e posicionei meu corpo no assento, abri a tampa que protegia as teclas e assim comecei a dedilhar as teclas projetando a melodia já decorada por mim e pelo meu irmão.  Ao terminar de apresentar o pequeno trecho da canção tio Madara carregava nos olhos aquele orgulho que tanto me empenhava no início da carreira.

- E então o que achou da pequena amostra tio?

- Eu sinto que todos os fãs de Uchiha Sasuke vão amar essa nova composição. Olha minhas estrelas estão resplandecendo, você e Sakura parecem ter combinado nessas criações.

Ao ouvir o nome dela meu coração palpitava forte no peito, nesses últimos meses acompanhando todo o crescimento e desenvolvimento dela não duvidaria nada que para o fim de sua turnê ela fizesse uma nova composição, perguntava-me se sua música nova tinha alguma relação comigo, alguma mensagem como a minha tinha para si. A resposta para o que eu queria só descobriria na noite seguinte, meu coração ansioso teria que aguardar um pouco mais de 24 horas para acalmar-se.

- Sakura também tem uma surpresa para os fãs?

- Aguarde e verá caro sobrinho.

Mudando o rumo da conversa sobre o festival desviamos para a nossa família novamente, tio Madara queria saber sobre os filhos e também sobre o irmão, ele ficou extremamente feliz ao saber que Izuna estava conhecendo alguém e que essa pessoa era Cris.

- Eles não oficializaram nada ainda, mas vejo que os dois estão muito felizes tio, a Cris é uma excelente moça e o filho dela é uma graça, tio Izuna com certeza tirou a sorte grande. – Os olhos do Uchiha mais velho olharam-me surpresos e eu entendi o motivo, esse tempo longe ele não sabia que consegui acertar minhas divergências com o passado. – É titio Izuna e eu estamos bem agora.

- Fico feliz com tantas novidades boas, eu amaria ficar mais tempo aqui só que preciso terminar de organizar os detalhes finais do festival, amanhã tudo tem que estar perfeito para minhas estrelinhas. Itachi meu querido vamos ter muito tempo para matar essa saudade, se cuida rapaz.

Demos um abraço no meu tio e o acompanhei até a porta do quarto, depois que ele saiu meu irmão sorriu para mim com aquele olhar de cúmplice.

- Parece que esse festival vai ter surpresas.

Não sabia o que esperar disso tudo, só podia esperar que a noite voasse logo, algo me faz sentir um fio fino, mas ainda sim existente de esperança que ao fim desse processo todo a minha vida ganhe uma trilha nova e ao longo dela esteja uma estrela rosada iluminando todo o percurso.

***

Meus dedos dedilhavam na corda a melodia de uma música que tocava na rádio, a letra era tão profunda que me desconectava das coisas ao meu redor e me permitia não pensar naquele moreno a menos de três metros de mim, eu podia ser apenas a Sakura ali, a letra da música falava sobre estar mergulhando tão fundo que a pessoa em si não podia nunca chegar ao chão, a superfície era distante demais para ser alcançada e nesse momento eu sentia-me assim, desconexa e mergulhada nas lembranças de um tempo em que eu acreditava numa paixão devastadora e arrebatadora que o centro de tudo era Sasuke, dentro dessas paredes tão finas sinto como se fosse uma boneca atirada a piscina e estou afundando, mas a qualquer momento aquela mão vai me puxar de volta para a superfície.

Eu acreditei fielmente que esses meses longe de sua presença me faria esquecer dele completamente, mas isso foi ilusório, enquanto ele estava longe, eu não o via, não tinha notícias era fácil manter o disfarce eu não tinha espaço para pensar nele ou lembrar dos nós que construímos, só que agora com ele tão perto todos os sentimentos armazenados conseguiram sair e as questões invadem meus pensamentos, o que faço agora? Será que vamos nos dar uma nova chance?

Batidas na porta despertaram-me de meus devaneios, deixei o violão sobre a cama e abri, por uma pequena fração de segundos eu desejei que fosse aquele moreno orgulhoso a minha porta, mas ao abri-la e ver a cabeleira rosada de okaa-san a batida forte do coração e formigamento na minha barriga sumiram.

- Okaa-san.

- Querida desculpe a demora em subir, estava matando a saudade de Londres. Você estava tocando? Não vou atrapalhar ficando aqui? Posso ir para outro quarto.

- Claro que não, a senhora nunca me atrapalha, quero a senhora pertinho de mim.

- Também quero ficar o mais perto possível da minha filha super star, esses meses longe foram difíceis, só não foram piores que os anos afastadas.

Okaa-san referia-se o tempo em que fui embora de casa do subúrbio daqui de Londres e mudei-me para o Japão, ficamos anos sem nos ver e esse reencontro só foi possível, graças a Sasuke. Sentamos a minha cama e ela ficou lá ouvindo-me cantar a música para o festival, mas algo me incomodava, a presença constante de Sasuke em meus pensamentos, eu escutava uma melodia em minha cabeça e uma letra surgindo, peguei meu caderno e comecei a transcrever e eu gostava do que saia.

A letra parecia querer deixar clara as coisas entre nós, a maneira como ele encontrou em mim o brilho que eu mesma não era capaz de ver até então, o fogo que ele iniciou em mim eu sentia que não seria capaz de começar com mais ninguém.

- O que está escrevendo querida?

- Uma nova música, a letra surgiu agora e não quero perde-la.

Quando o sol se põe, quando a banda parar de tocar.

Sempre vou lembrar de nós desse jeito...

Quando você olha para mim, quando o mundo desaparece.

Sempre vou lembrar de nós desse jeito.

- Nossa Sakura isso é tão lindo, porque eu tenho a impressão que parece uma declaração.

Olhei para mamãe sorrindo.

- Porque talvez seja mesmo.

***

Não conseguia dormir, e não queria abrir a janela da sacada para que o vento não incomodasse Itachi, então calcei meus chinelos e sai pelo corredor para chegar até o jardim. Os hospedes em sua grande maioria já se encontravam dormindo, somente alguns funcionários estavam acordados ainda organizando alguma coisa. Peguei o elevador e desci até o térreo, a sensação de estar fora do quarto já deixava-me melhor, as portas abriram-se e eu caminhei até o saguão que nos permitia acessar o jardim, a grama estava úmida e a noite fresca, uma brisa leve tocou meu rosto e a sensação era boa, ao avistar um banco dirigi-me até lá, porém descobriria que não era o único com problemas para dormir.

Do outro lado, perto da fonte já desligada, lá estava à vista aquela cabeleira rosada, presa a um coque, o roupão fino a protegia do vento gélido da noite, em dúvida de como agir, aproximei-me de onde ela estava, seus olhos estavam fechados então ela não me viu, sentei no banco a sua frente deixando certa distância entre nós, vislumbrei o céu londrino e a noite era bela, um céu límpido e carregado de estrelas, a voz dela soou nos meus ouvidos fazendo com que olhasse diretamente naquelas esmeraldinas que tanto me prendem.

- Lembro que você tinha insônias quando ia apresentar-se em algo importante.

Saber que ela ainda lembrava-se de coisas sobre mim, deixava-me feliz e pleno, esse detalhe fez com que um sorriso brotasse nos meus lábios.

- Alguns hábitos não mudam. – Ela riu pelo nariz e voltou-se a olhar o céu. Pelo menos ela não levantar-se e sair de perto de mim era um bom sinal. – A noite está muito linda então resolvi sair um pouco do confinamento do quarto. Está ansiosa para amanha?

Sem tirar a atenção de seu olhar para a noite ela me respondeu.

- Muito, por isso vi até aqui fora, queria um pouco desse frescor da noite nos meus pensamentos.

- Eles estão bem cheios então. – Virando-se para mim ela disse.

- Bastante.

Eu sentia que um pouco dessa invasão em seus pensamentos tinha haver comigo, eu olhei em seus olhos e mirei seus lábios, sentia falta de admirar todo esse conjunto depois das horas de amor. Uma lufada de ar frio passou por nós e a fez tremer um pouco, peguei meu casaco e levantei indo até ela e pus em volta de si. Nos encaramos por alguns segundos e eu pude sentir toda aquela eletricidade do nosso primeiro encontro me invadir.

- Obrigada.

Suas mãos tocaram a minha para segurar o casaco em seus ombros, e ao fazer isso senti o calor deles em minha pele, seu rosto tão próximo do meu, o vento trazia aquele perfume de cerejeiras para mim, e isso fazia -me recordar de muita coisa, os seus olhos encarando-me e os meus aos seus lábios, ela os mordeu e sem pensar se esse meu ato geraria um turbilhão de consequências eu a beijei. Segurei seus cabelos tão macios e pressionei meus lábios sobre os seus finos, pedindo passagem para aprofundar o beijo ela deu-me para minha total surpresa e a sensação de fogo percorria meu corpo como um incêndio iniciado. Ainda eram doces e macios, seus lábios me convidam e eu aprofundava nosso beijo, nossas línguas ainda conheciam o ritmo com perfeição, seus dedos um pouco gélidos puxavam minhas mechas próximas a nuca e arrepiava meu corpo, suspirei de saudade e desejo. Em algum momento entre nosso beijo Sakura sentou-se no meu colo de frente para mim, minhas mãos seguravam seu quadril, meu corpo ardia em brasas e eu sentia meu membro começar a pulsar dentro das calças do pijama, aquele beijo me levava as noites de amor que costumávamos ter e eram ardentes, eu sinto saudade daquele tempo e isso machuca, eu queria muito aquilo novamente, mas não daquela forma, não por impulso de lembranças eu queria se fosse de verdade novamente com os sentimentos que possuíamos e não algo que somente fique por uma noite.

Delicadamente fui encerrando nosso beijo, eu encarava seus lábios vermelhos e um pouco inchados, as esmeraldinas brilhando também pelo desejo que começava a nos consumir, ela levantou-se um pouco envergonhada do meu colo e parou de frente para mim.

- Desculpe, acho melhor eu entrar.

O mais certo era eu dizer para ela não ir, para ficar comigo, contudo eu não sabia se seria capaz de controlar meus impulsos se continuasse com ela tão perto de mim. Assenti com a minha cabeça e por um segundo eu pude ver a decepção nos olhos dela novamente igual quando a vi partir há quatro meses, doía ter que magoa-la assim, mas se fosse para tê-la somente por uma noite de prazer prefiro decepciona-la não vou agir como um canalha. Fiquei olhando sua silhueta sumir na penumbra da noite, puxava meus cabelos para trás de nervoso. Questionava-me agora se fiz a coisa certa, ou se desperdicei a oportunidade de ter Sakura em meus braços novamente, mas de uma coisa esse momento entre nós me serviu. Sakura ainda não me esqueceu e ainda existe uma parte nela que me quer de volta e com certeza vou agarrar essa parte com toda minha força para não deixa-la fugir.

Depois de alguns minutos que ela subiu eu decidi voltar para o meu quarto, o que era para ser um passeio noturno para ajudar a dormir acabou se tornando uma extensão para minha falta de sono.

***

Com os dedos sobre meus lábios e os pensamentos completamente embaralhados e confusos eu perguntava a mim mesma, mas o que acabei de fazer? Quando senti o calor do corpo dele tão próximo do meu novamente e aquelas ônix encarando a mim não consegui controlar o impulso de aceitar seu beijo, eu deveria tê-lo empurrado, o afastado, só que esse Sasuke que vejo agora é o mesmo que conheci como Yusuke, ele era doce, carinhoso, cuidador e nos seus olhos eu podia ver o quanto nos gostávamos, ter isso perto de mim de novo fez reacender ainda mais esses sentimentos não esquecido. Joguei-me a cama e suspirei, okaa-san estava dormindo o que era ótimo assim eu não precisava lhe explicar o motivo do meu estado um pouco alarmado, fechando os olhos eu via a cena de agora pouco, sendo tomada de novo por aqueles lábios e sentindo seu perfume marcante e amadeirado, seus dedos em meus cabelos arrepiando toda minha pele, a beira da loucura era onde encontrava-me no instante que pulei em seu colo e deixei nosso contato mais íntimo.

Meu corpo pedia por aquilo e chegava a doer a percepção do quanto aqueles toques, o simples contato com sua boca fizeram-me falta. Abri os olhos irritada por meus pensamentos agora se ocuparem com o que aconteceu, peguei o travesseiro ao meu lado e o abracei forte, tentei concentrar meu foco no sono que não vinha, o meu passeio noturno que era para ajudar a dormir melhor acabou se alargando ainda mais minha insônia.

Mas preciso dormir bem, amanhã o dia vai ser cheio e não posso apresentar-me na minha última noite londrina com cara de morta viva. Como pode um homem ser capaz de mexer tanto comigo?!

***

O fervor que tomava conta da cidade durante a manhã era impressionante, muita correria e euforia para trazer o resultado perfeito para o grande espetáculo dessa noite. Até a mim a ansiedade conseguia alcançar, o festival iria ocorrer num grande teatro do outro lado da cidade, carros alugados viriam buscar os convidados que encontram-se hospedados no hotel, achei muita cortesia do responsável pelo evento. Resolvi tomar café no salão junto com meu irmão, não estava muito cheio já que a grande maioria dos acomodados aqui preferem fazer suas refeições no quarto, a um tempo atrás eu seria um desses também. O hotel possui algumas áreas de lazer e percebi que meu irmão mirava a piscina.

- Depois que eu ensaiar, podemos passar à tarde na piscina.

Ele olhou-me de maneira condescendente e abaixou seu olhar para a fatia de bolo em seu prato.

- Não quero atrapalhar, podemos ficar no quarto mesmo.

- Está decidido piscina depois do ensaio.

Sem dizer mais nada eu vi o sorriso parecendo de uma criança brotando em seus lábios finos. Não sabia se meu irmão percebeu minha ausência durante a noite, ou se viu meu retorno afoito, com certeza se reparou em algum desses detalhes preferiu não comentar sobre o assunto comigo. Também não sabia se deveria falar com ele sobre isso, mas no fim ele é meu irmão e não quero esconder as coisas dele desse jeito.

- Nii-san?

- Sim otouto.

- Preciso te contar algo.

- Não precisa não, eu sei que você saiu ontem a noite, e pela cara que estava com certeza alguma coisa aconteceu e arrisco dizer que essa coisa chama-se Sakura.

- Não tem como esconder as coisas de você não é?

- Sasuke, eu sou seu irmão mais velho, se eu não souber identificar o que te acontece que tipo de irmão seria eu?! Seja lá o que aconteceu entre vocês, não precisa me dizer somente se quiser.

- Nos beijamos, na verdade acendeu uma chama entre nós novamente, e foi incrível, mas eu puxei o freio e não continuei o que acontecia, não achei certo avançar tanto, mas sinto que magoei ela ou a ofendi.

- Ela deve ter se sentido bem confusa, porém isso não tem nada ver com você, sua atitude foi de um verdadeiro cavalheiro, continue a dar tempo ao tempo e verá que se for para vocês ficarem juntos, vão ficar.

Continuamos a tomar nosso café e nesse tempo não à avistei em parte alguma, dormindo ela não está, pelo que conheço de Sakura ela acorda cedo, deve estar tomando seu café em seus aposentos. Levei meu irmão de volta ao quarto e depois que a enfermeira o ajudou a tomar banho e se vestir, enquanto ambos praticavam o exercícios indicados por sua fisio eu fui a sala ao lado praticar mais um pouco para a apresentação desta noite, nada pode sair errado.

***

Evitar vê-lo a todo custo possível era meu plano inicial para hoje, ainda estou constrangida pelo que aconteceu a noite passada entre nós e não consigo encara-lo nos olhos. Pedi o café no quarto e pretendo fazer o mesmo com o almoço, ninguém suspeitaria de nada já que posso dizer que desejo passar o dia ensaiando. As pessoas estão ansiosas e nervosas, é exaltante poder participar de algo tão importante assim, vou voltar para o Japão com muita bagagem.

Okaa-sama estava no banho e eu aproveitava para afinar o violão, eu ouvia a música nova como um disco tocando na vitrola, ao mesmo tempo em que misturava-se com a nova composição que eu rabiscava em meu caderno, olhava a nova letra e gostava dela, da calmaria que ela transmite a mim, é tão irônico como a simples menção de Sasuke em meus pensamentos faz com que alguma melodia ou trecho surja, é como se ele fosse minha válvula de escape, meu muso inspirador.

Ri com essa última comparação.

Mamãe saiu do banho e encarava-me, seu olhar doce, eu senti falta de sua presença perto de mim, é reconfortante tê-la comigo, comecei a dedilhar no violão a música nova que escrevia, ela ficou lá parada a porta do banheiro com seu roupão branco, os olhos atentos em mim e o ouvido apurado a minha voz, após terminar de cantar até a parte que escrevi vi em seus olhos filetes de lágrimas, e aquilo emocionou meu coração.

- Gostou?

- É linda filha, você vai cantar hoje a noite?

- Essa não, estou compondo ainda. Quem sabe canto mais para frente.

Ela assentiu e sorriu mais uma vez para mim, resolvi concentrar a minha atenção para o evento que me apresentaria mais tarde, só que a era difícil manter o foco quando as lembranças da noite passada rondavam minha cabeça ao mesmo tempo em que a letra da música, ficava perguntando-me se Sasuke se apresentaria, ou se estaria lá, será que ele me veria cantar? Droga Sakura por que isso importa agora! Os dedos faziam os comandos na corda que a mente confusa os mandava, o som produzido agradava, olhava pela janela do quarto e via as ruas já contrastada com o vermelho e branco e os detalhes em dourado, com tanta coisa na cabeça havia me esquecido que o natal está próximo. Esse vai ser o primeiro que passo com okaa-sama depois de tantos anos e isso me deixa tão feliz.

Uma hora depois...

O tempo hoje está muito agradável e depois de uma hora enclausurada neste quarto comecei a ficar irritada, okaa-sama estava lendo só que eu percebia que ela queria sair e eu também não aguento mais ficar aqui dentro. Então coloquei o violão dentro da caixa, peguei na mala um biquíni e fui ao banheiro me trocar, de lá gritei para kaa-sama.

- Pega um biquíni, a gente vai ir tomar um sol.

Bem baixinho, mas ainda sim consegui escutar um  já estava na hora, ri da minha mãe, em cinco minutos estávamos prontas, pegamos toalha, protetor, óculos e descemos para a piscina, o dia hoje pedia algo assim. O que não esperava era que ao chegar lá encontraria um Sasuke segurando o corpo do irmão juntamente ao tio dentro da piscina, os três pareciam tão felizes. Queria dar meia volta e retornar ao quarto, porém já era tarde Madara nos viu e acenou para nós, okaa-sama mandou um beijo para ele e achei bem bonitinho nos aproximando da beirada da piscina e encontrei uma moça vestida de branco perto deles sentada a borda da piscina, com certeza deve ser a enfermeira de Itachi.

- Que prazer ver vocês, achei que não sairiam do quarto hoje.

- Também achei querido. Sakura parecia não querer sair de lá.

Revirei os olhos, mas não a contradisse porque no fim das contas ela estava certa e eu estava apenas tentando evitar Sasuke, seus olhos miraram a mim e aquele frio na barriga me percorreu novamente, Itachi estava boiando com a ajuda dele e esboçava um grande sorriso em seu rosto.

- Está gostando Itachi?

Ele ergueu a cabeça e fitou-me sorrindo ainda mais, a semelhança entre os dois me impressionava muito, eram poucos os traços que os diferenciava.

- É muito bom sentir o sol no rosto novamente, a gente sente que está vivo. Você deveria entrar Sakura está ótima a água.

- É Sakura entra com a gente e você também Samy querida.

- Só se for agora.

Não tinha como evitar estava quente e a água gelada atraia-me, pulei com mamãe para dentro da piscina e Itachi estava certo a água estava uma delicia, Sasuke ficou me encarando, ele estava tão lindo com aquele cabelo molhado e um sorriso discreto, ele parou de me olhar quando seu irmão jogou água em seu rosto, ele ficou rindo como uma criança da cara do irmão mais novo e não tinha como evitar rir junto, sua risada é bem contagiante, Sasuke o soltou e assim Itachi afundou um pouco, Sasuke rapidamente o pegou de volta deixando-o em pé ao seu lado. Mas Itachi se divertia da expressão de preocupação dele. Parecia realmente muito feliz.

Estava tão distraída olhando os dois que não percebi que ambos me encaravam e quando dei por mim Itachi jogou água em meu rosto também. Sasuke soltou um riso gostoso e rouco que há um tempo eu não ouvia e assim começou uma guerra de água com todos que estavam na piscina, sobrou até para a pobre da enfermeira de Itachi, que riu discretamente da situação.

O dia estava maravilhoso e naquele momento ali reunida com todos eu não conseguia lembrar do motivo pela qual afastei-me dele, do porquê de estarmos separados, parecíamos todas uma família alegre e unida e eu desejei que realmente fossemos, porque lá no fundo do meu ímpeto eu quero perdoar esse moreno tinhoso, quero voltar a estar em seus braços e me sentir amada por ele, e enquanto o olho sorrir tão leve ao lado do irmão que ele dedicou tantos anos de cuidado eu percebo que esse Sasuke se tornou humano e aprendeu a colocar as necessidades dos outros acima da sua. Ali com ele ao meu lado sentindo nossos corpos se roçando por debaixo d’água meu corpo parecia flutuar, tudo parecia estar certo e perfeito e mesmo que por uma hora eu pude me desligar de tudo que havia de errado na nossa relação e só concentrei-me naquele Sasuke que eu admirava agora.

 

 

 

“Mesmo que a chance pareça pequena, seja uma porcentagem de 1% não desista, acredite que os 99% restante podem fazer funcionar, todos erramos e cometemos tropeços no meio do caminho, mas saber reconhecer isso e persistir numa mudança é o primeiro passo para se fazer dar certo”. (Black Swan – CDC).

 

 

 

 


Notas Finais


Curtiram esse emocionante reencontro?
Eu bastante.
Até o próximo domingo ja ne


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...