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História Come to the past - I feel like it's the only time i get to see the real you


Escrita por: LunaSelene

Notas do Autor


Eu queria muito dar o capítulo completo pra vcs, mas preferi logo dar esse pedacinho pra vocês aproveitarem.
Os planos até o momento é aproveitar o feriado prolongado do Carnaval pra conseguir escrever.

To com saudade de vocês [e dos comentários]
Obrigada a todos que ainda estão aqui e desculpa especial a cada um de vocês

Capítulo 69 - I feel like it's the only time i get to see the real you


69. Eu sinto que é a única vez que consigo ver você de verdade

 

“[...] quem me dera poder, Tom… quem me dera poder..”

- Albus Dumbledore

 

And the gentleness that comes, not from the absence of violence, but despite the abundance of it.

E a gentileza que vem, não da ausência de violência, mas apesar de sua abundância.

 

“É muito bom ver você com outras pessoas”, Reese havia dito a Irma semanas atrás. 

Reese não era o que a Sra. Crabbe tinha imaginado como uma amizade apropriada para qualquer de suas filhas, mas Irma não era o que a Sra. Crabbe tinha idealizado como filha para começar. Ela podia até repetir mentalmente todos os adjetivos que a mãe já havia usado para descrevê-la, mas estava tentando parar com a autocomiseração.

Ela conheceu Reese no trem no primeiro ano das duas. Reese estava sentada abraçando os joelhos e olhando pela janela o trem se afastando aos poucos da estação, deixando para trás todas as pessoas que ela conhecia. Naquele momento, Irma pensou que seria terrível tirá-la daquela paz com a sua presença, mas também já estava cansada de puxar o malão pelo trem, então simplesmente arrastou a porta e entrou.

Reese desceu as pernas do banco e olhou para Irma. Ela tinha um vinco entre as sobrancelhas, olhos estreitos e Irma não fazia ideia do que estava passando pela cabeça dela, a pequena Reese não parecia ameaçadora, mas também não tinha um semblante acolhedor e quando Irma sentou no banco em frente ao dela, a garota voltou a olhar para fora e era como se Irma nunca tivesse entrado lá.

“Você é uma Crabbe. Aja como uma Crabbe. Não nos decepcione ainda mais, foram as instruções que recebeu da Sra. Crabbe e sabia o que a mãe dela iria querer que ela fizesse naquele momento e por um instante, por um segundo apenas, Irma pensou que seria mais fácil ser detestável e repugnante como a Sra. Crabbe queria que ela fosse.

E aqui está a verdade: Irma sempre soube quem Reese era, uma Ollerton, e se isso não fosse o bastante para fazer a Sra. Crabbe arrancar os próprios cabelos, Reese não parecia nada como alguém nascido em solo europeu devia parecer, tendo herdado a aparência da mãe, que vinha de algum país do Oriente Médio.

Não lembrava qual dos irmãos Ollerton tinha casado com uma imigrante mestiça e não faria diferença. Tinha ouvido os pais falarem sobre os Ollerton algumas vezes, que um dia tinham sido uma família respeitável, com sangues puros e dinheiro, mas tinham perdido tudo, eram agora uma família pobre, decadente, com um nome que não importava mais e Reese era uma mestiça de todas as formas que seus pais odiavam.

Não nos decepcione ainda mais, eram as instruções para Irma.

Ela estava cheia de medo, como se os pais estivessem no vagão ao lado apenas esperando para ver o que ela faria. Sentia o coração batendo forte e as mãos suando e um bolo descendo por sua garganta e se alojando em seu estômago.

Aquele era o passo mais longo que ela daria para longe dos pais e do que eles acreditavam.

Os pais dela viam pessoas como Reese como não merecedoras de Hogwarts e tudo que poderiam lhe ensinar. Ela devia voltar para a terra dela, foi o que o Sr. Crabbe disse uma vez, ao vê-la no Beco Diagonal com a Sra. Ollerton, mas todos sabiam que Reese tinha nascido em Brighton, onde a família residia.

Reese percebeu que era observada, bufou e se virou para Irma erguendo uma sobrancelha em desafio - um gesto que a Sra. Crabbe tinha aperfeiçoado graciosamente com os anos, a única diferença sendo a falta de rugas e que no lugar do desafio sempre era escárnio -, e Irma soube que ela tinha entrado naquele trem sabendo que algumas pessoas - algumas famílias - tinham tentado impedi-la de chegar lá.

E Reese nunca entenderia como aquilo foi importante para quem Irma um dia se tornaria. Ela nunca saberia a batalha interna que aconteceu dentro do coração de Irma e como ela colocou Reese lá antes de sequer conhecê-la de verdade. Tudo que Irma via era uma garotinha com cabelos escuros e escorridos, uma pele morena e olhos febris prontos para lutar e provar que ela tinha direito de estar ali, tanto quanto qualquer um.

“Oi, eu sou Irma.”

Desculpe, mamãe.

 

Reese, que conhecia a fama dos Crabbe, não confiou em Irma e no sorriso dela e se Reese tivesse ido para qualquer outra casa elas nunca seriam amigas, mas as duas foram para Sonserina e Irma aplaudiu fraquinho quando o Chapéu selecionou Reese, ignorando as reclamações fraquinhas de alguns dos seus novos colegas. Afastou um pouco para o lado quando Reese desceu até a mesa, com olhos ansiosos e respiração fraca e ignorando todas as outras pessoas que pareciam muito surpresas com tudo aquilo.

Irma viu o olhar de Reese ir para o lugar ao seu lado, para todas as outras pessoas ao redor das duas, para o julgamento daqueles que a reconheciam por causa da sua aparência e seu nome e Irma sorriu e esperou e Reese sentou ao lado dela, com o medo reverberando entre as duas, mas também aquela determinação e força que tinha feito o Chapéu jogá-la entre as serpentes.

“Espero que tenha ghormeh sabzi para o jantar”, foi a primeira coisa que Reese disse à mesa, alto e claro, com a voz dela firme. Desafiando. Esperando. 

 

“Você deveria tentar se entrosar com mais pessoas”, era o segundo ano delas e Irma falava basicamente com Reese e ocasionalmente com as outras duas garotas que dividia o dormitório com elas.

Mas “você sabe onde está minha escova?”, “você viu meu livro de Feitiços?” e “claro, pode copiar o meu” não eram diálogos muito promissores para a formação de uma grande amizade. De qualquer forma, não importava, porque Irma tinha sido uma criança solitária a vida inteira, tendo apenas Eliza como companhia e talvez ela fosse se sentir sufocada perto de outras tantas crianças.

Depois Eliza foi para Hogwarts e o ciclo de amizades de Irma aumentou de uma para duas pessoas.

“Você é uma Crabbe, Irma. Será recebida por qualquer grupo, é só você querer”, Reese tentou mais uma vez. Ela se sentia culpada, Irma sabia. Reese parecia acreditar que Irma não tinha outros amigos, porque eles não queriam ser associados a ela, porque a família dela tinha perdido o prestígio junto com o dinheiro.

Não era verdade. Irma não tinha outros amigos, porque ela era Irma.

Em seus melhores momentos ela era apenas mediana e no meio de tantas pessoas que chamavam atenção, ela nunca seria um destaque, então por que deveria sequer tentar?

Ela não precisava de um grande público, estava feliz com Eliza e Reese.

Até ela chegar aquele ano. Até se tornar uma noiva e ter Pollux e todas aquelas pessoas que vinham com ele.

Foi quando ela o encontrou. Harry.

Ela amava Reese, as duas se entendiam sem que fosse preciso dizer muitas palavras e as vezes palavra alguma. Um olhar, uma respiração, um suspiro bastava. Reese a aceitava mesmo nos piores dias quando nem Irma suportava seus próprios pensamentos. Irma a amava e era amada de volta com ainda mais intensidade.

Ainda assim, mesmo com o amor, a lealdade e amizade que havia na relação das duas, Irma não teve coragem de dizer a verdade sobre o casamento com Pollux. Não disse que foi vendida aos Black, que não estava apaixonada, que se sentia aterrorizada com a ideia de casar-se com ele. Para Reese ela contou a mentira que tinha contado para todos: eles conversaram em um jantar, ele a fez rir e ela se apaixonou um pouquinho por ele. A união era cogitada por seus pais e quando viram que os dois eram compatíveis deram o impulso que precisava para o pedido.

Reese ouviu tudo com os olhos brilhando. Ela odiava os Crabbe, porque Irma os odiava e ela passou a adorar Pollux, porque Irma parecia adorá-lo. Mesmo naqueles meses iniciais quando eles ignoravam a existência um do outro, Reese encontrou desculpas para a ação deles. Eram jovens, o sentimento era novo e talvez fosse muito cedo para um compromisso tão sério, mas tudo bem, Pollux era ótimo e Irma era apenas estranha (ela dizia isso com tanto amor que Irma nem podia se ofender). Depois, como era esperado, quando as emoções não estavam tão à flor da pele, eles finalmente se comportaram como noivos apaixonados.

Reese era romântica e acreditava em amor verdadeiro e Irma não teve forças para arrancar aquilo dela.

Para Harry ela contou tudo, porque ele já tinha visto como o mundo era feio e injusto e ela não poderia quebrar-lhe o coração mais do que já estava quebrado. Harry a ouviu de verdade, ele acolheu os lamentos dela e não tentou fazê-la acreditar que tudo acabaria bem no final, que eles se apaixonariam e teriam lindos filhos. No lugar disso, ele a fez acreditar que ela era forte e que poderia pegar o seu destino com suas mãos nuas e guiá-lo para onde quisesse.

Harry era um desconhecido, que tinha chegado em Hogwarts tardiamente vindo de lugar nenhum, com uma magia poderosa e passado misterioso. Até onde todos sabiam ele era um aliado de Grindelwald que encontrou em Hogwarts um esconderijo perfeito,  e aí ele ajudou Lizzie. Ele a levou para longe dos pais e cuidou dos machucados dela. Ele a acolheu quando Irma não podia fazer o mesmo. Ele estava lá cuidando da irmãzinha dela, enquanto Irma estava sendo uma Crabbe e ainda não sabia o que sentia em relação a ele, se acreditava ou não que ele era um bruxo das trevas, cruel e impiedoso, mas a partir daquele momento não importava mais. Naquele momento, Harry se tornou muito querido para ela.

Naquele primeiro ano, quando Irma voltou para casa, os pais a proibiram de estar na presença deles e ela não podia usar corujas ou sair de casa, eles a castigaram e foram mais brutos do que era de costume e Irma quase cedeu, mas ela queria acreditar que era mais forte que aquilo e Reese merecia mais consideração e lealdade.

Nunca soube se as outras crianças perceberam que ela não foi aos jantares e bailes, provavelmente não, considerando como ela sempre ficava sentada sem falar com ninguém, algo que não mudou realmente nos anos seguintes. Às vezes sentia que as pessoas esqueciam que ela estava lá e falavam sem parar e ela se mantinha tão imóvel que as coisas iam acontecendo ao redor dela.

Isso lhe ensinou uma valiosa lição: no silêncio se ouve melhor e nas sombras tudo se torna mais claro.

Reese estava feliz em vê-la andando com Harry e os outros, mas no fundo ela não entendia como os dois tinham ficado tão próximos. Nem Pollux ou Dorea ou Tom. Nem mesmo Harry.

Irma entendia.

Como todos, ela tinha apenas um breve vislumbre do passado de Harry. Ele era um bruxo talentoso, tão poderoso que os pesadelos dele acordaram a torre toda e sua magia conseguia rechaçar quem estava por perto. Ele tinha perdido os pais na guerra, não tinha família, era triste e silencioso. Em raras ocasiões ele falava sobre algumas pessoas, mas elas pareciam inalcançáveis para ele. Talvez estivessem mortas também. Ele tinha feito amigos rapidamente, pessoas boas e simples, que vinham de boas famílias e pessoas boas e complicadas, com famílias ainda mais complicadas. Harry andava entre dois grupos distintos.

Às vezes ele se afastava, ia para um canto sozinho e todas as tentativas de sorriso desapareciam e ele se tornava outra pessoa. Irma viu aquilo acontecer inúmeras vezes. Naquele canto solitário e vazio Harry se tornava algo que nenhum deles conseguia entender, os pedaços quebrados se tornavam mais visíveis, como se ele fosse só aquilo, as partes danificadas da alma dele, mas aí ele voltava. Ele saia do canto escuro e tentava sorrir mais uma vez e aquilo lhe partia o coração. Às vezes quase parecia real, quase parecia que ele realmente estava feliz, mas ela ficava olhando e percebia os pontos falhos do sorriso dele, a tristeza que o tinha como lar e os destroços estavam bem ali, tão vivos quanto o verde de seus olhos.

Naquele primeiro dia ela não tinha acordado e resolvido que dali algumas horas sentaria ao lado de Harry. Aquilo simplesmente aconteceu. Ela o viu e caminhou até ele e sentou e aquilo fez total sentido. Ele, aquele canto vazio, solitário e sombrio, parecia perfeito para ela e o silêncio entre eles parecia muito com paz. 

Harry em toda a sua complexidade, era muito simples. Era fácil estar ao redor dele e ainda mais fácil chamá-lo de amigo.

No silêncio e nas sombras, Irma viu Harry. Ele era forte, corajoso, valente, mas também era quebrado e quanto mais ela se aproximava, mais podia ver que as rachaduras eram profundas e antigas e ela temia por tudo que ele ainda escondia deles e agora ela temia perdê-lo para aqueles terríveis sentimentos.

 

Dias tinham se passado. Pollux tinha arrancado aquele livro das mãos dela e a obrigado a parar de pensar naquela poção odiosa, tinha lhe prometido que pensaria em uma forma segura e nada repulsiva de resolver o problema deles e agora que estava livre daquele tormento ela finalmente olhou para Harry.

— Vai me dizer o que aconteceu de verdade? — Ela perguntou.

Harry ergueu os olhos do livro. Naquela mesa afastada e sombria, longe das pessoas e de archotes suficientes para iluminá-los, Harry a olhou demoradamente, com cautela. Irma esperou no silêncio e nas sombras por uma resposta que talvez nunca chegasse, ela esperou e esperaria pelo tempo que precisasse.

— Não se preocupe, Irma. — Ele respondeu e sorriu. 

Não foi o sorriso que a atormentou, foram os olhos dele. Era como se Harry tivesse traçado uma linha no chão e ela tivesse ficado do outro lado. Ele a olhou cheio de suspeita e aquele sorriso não foi capaz de apagar o arrepio que ela sentiu subindo pela sua coluna.

— Seja o que for, você não está sozinho, Harry. Se alguém fez algo, se alguém é o responsável por isso, nós podemos ajudar. Eu posso ajudar.

Irma abriu a boca para falar mais, mas parou.

Harry tinha voltado a atenção para o livro e foi como se ela não estivesse mais ali.

Como se Harry não estivesse ali.

 

O caminho que ele está fazendo, deve fazer sozinho. Ele não deixará ninguém se aproximar. Seja você… ou eu. Tom havia dito a ela e Irma quis argumentar, ela queria dizer que eles deveriam forçá-lo então, mas como qualquer um deles poderia forçar Harry? O que eles podiam fazer? 

Fique por perto, mas não fique no caminho dele.

E Irma não sabia exatamente o que isso queria dizer, é claro que ela estava do lado de Harry, só queria que ele entendesse isso. Ela nunca defenderia aqueles garotos mesquinhos e estúpidos, ainda mais depois de entender tudo que tinha acontecido. Abraxas tinha dado a ideia de usar os amigos de Harry para machucá-lo, Avery tinha dito para eles atacarem os garotos do time, Dolohov tinha amaldiçoado os balaços. Irma queria ela mesma gritar com todos eles.

Mas Harry não iria apenas gritar, não é?

O que você faria se estivesse no lugar dele? Irma tinha perguntado a Tom.

O que eu faria se alguém tivesse machucado Harry ou os gêmeos… ou você? Eu os mataria, Irma. Cada um deles. E demoraria fazendo isso e teria prazer em fazer.

Era estranho ouvir aquele tipo de coisa, entender o quão longe alguém seria capaz de chegar pela simples ideia de defendê-la. Irma nunca se viu como uma pessoa por quem alguém faria algo assim. Ela corou, sabia disso, porque sentia seu rosto esquentando e não soube o que responder, não parecia apropriado simplesmente dizer “obrigada”.

Tom falou aquilo com tranquilidade, como se falar em matar e torturar fosse algo natural. E ali ela o viu, não Tom, o melhor amigo de Pollux. Mas o líder, a pessoa para quem Abraxas Malfoy curvava a cabeça e dizia “meu senhor”, que fazia os outros ficaram em silêncio a sua mera presença e não serem capazes de olharem acima de seus sapatos, como se soubessem que Tom acharia ofensivo se eles o fizessem. 

Harry não era Tom, ele não era sedento pelo poder, não era sádico e cruel, mas cada dia que passava, cada vez que ela o olhava de perto, ela não conseguia parar de pensar que eles tinham o mesmo olhar e o mesmo poder e talvez… talvez eles tivessem o mesmo tipo de maldade necessária para destruir seus inimigos, a mesma força para defender o amigos.

Fique por perto, mas não fique no caminho dele, Tom havia lhe dito e ela não tinha entendido, mas entenderia.

 

—Você e Pollux brigaram. — Ninguém nunca poderia acusá-la de sutileza.

— Foi isso que ele lhe disse? — Harry baixou o estranho pergaminho que tinha passado a última hora observando.

— Ele não me disse nada, na verdade. Mas eu estou aqui, você está aqui e mais ninguém.

— Pollux escolheu um lado.

Irma bufou e fechou o livro com força, fazendo barulho e chamando atenção da mesa mais próxima, que felizmente não era próxima o suficiente para ouvi-los.

— Tom me disse o que aconteceu, Harry. Acha mesmo que Pollux está do lado deles? É o Charlus, por Merlin! 

A indignação dela não teve qualquer efeito em Harry. Talvez nada tivesse muito efeito sobre ele naqueles dias. Tinha ouvido sobre a aula de DCAT e o que ele fez, defendendo gigantes, atacando um aluno, confrontando uma professora. Tudo parecia contraditório e confuso. O que era Harry no meio daquilo?

— É o Charlus. — Ele repetiu em um tom vazio.

— Você acha que ele não se importa.

— Você quer acreditar que ele se importa, mas porque se importaria?

— Porque somos amigos. — Ela respondeu em um tom de obviedade.

Algo atravessou o rosto de Harry, mas passou tão rápido que ela não conseguiu entender. Ele baixou os olhos e quando os ergueu e a olhou, Irma foi dominada pela tristeza. Somos amigos. Ela quis repetir e repetir, até que ele pudesse acreditar. Porque ali ficou claro a ela que Harry não conseguia acreditar naquilo. Não era que ele não quisesse, talvez uma parte dele desejasse muito acreditar, mas não conseguia.

Harry tinha pesadelos tão horríveis que fazia a torre tremer. Ele tinha tomado poções sob o peso de seu passado, da dor que sentia, ele sustentava sorrisos que eram cheios de lamento e olhos que brilhavam pelo luto das perdas que ainda o assombravam. 

Harry era sobretudo gentil e Irma nunca entendeu completamente como ele poderia ser assim, porque ele tinha passado por muita violência e perdas, ele tinha sido levado a extremos em dor e sofrimento e ainda assim, ele olhava para garotas machucadas e lhe curava as mãos e dava conselhos e dividia sua xícara de chá.

Algo mudou naquele lugarzinho sombrio e silencioso que lhes era tão comum. Não, não algo. Harry. Ele se transformou em algo que Irma não conseguia mais reconhecer. Ele sorriu e tudo que Irma estava pronta para dizer se calou, as palavras se perdendo por causa daquele sorriso. E Irma soube bem ali que algumas pessoas, mesmo as melhores entre elas, quando pressionadas e forçadas em determinadas situações, podem se transformar em monstros.



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