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História Como cães e gatos - Lual, parte 1


Escrita por: jofanfiqueira

Capítulo 30 - Lual, parte 1


-Você se sentiu culpada? – Fábio pergunta. Estamos deitados na minha cama, abraçados. Aproveitando o fato de que estamos sozinhos pela primeira vez a semana inteira. Juliana, a única que deveria estar em casa a essa hora, foi com Martinha fazer compras, fiquei contente por ver que elas estavam tentando remendar a amizade.

-Não. Quer dizer, no começo um pouco. Mas eu não podia deixar Bárbara continuar com aquilo. Ela não merecia ser agredida, nada justifica uma agressão física, mas a Joana passou por tantas na mão dela....

-Ela se arrepende de ter feito aquilo. – Ele fala me encarando. – Nós conversámos naquele dia, depois que o Giovane foi embora lá de casa, ela me disse que se pudesse voltar no tempo tão teria batido na Bárbara. Eu não estou dizendo isso para que você a perdoe, isso é uma escolha sua, eu só acho que você precisava saber.

-Você é a única pessoa que é honesta comigo, sabia? Todo o resto me trata como se eu fosse uma idiota. Eu te amo por isso.

-Você o que? – Ele pergunta apertando a mão no meu quadril.

-Eu disse que eu te amo. – Repito tomando coragem. -Eu me sinto idiota dizendo isso. – Falo tirando meus olhos de Fábio.

-Não é, não tem nada de idiota. – Fábio coloca a mão levemente no me rosto e guia sua boca para a minha. - Eu também te amo Manuela.

Começamos a nos beijar novamente. Estou usando apenas uma saia jeans curta e a mão de Fábio rapidamente sobe por ela apertando a minha coxa. Estamos sozinhos no meu quarto, sozinhos na casa e a urgência daquele contato faz minhas pernas tremerem, isso me deixa eufórica e assustada ao mesmo tempo. Sempre sinto a minha inexperiência falar mais alto quando começamos a nos beijar, quase sempre é Fábio quem avança e eu quem recuo, mas ele é um bom professor e eu uma boa aluna, vou pegando o jeito, vou aprendendo o momento certo de me inclinar, de recuar, começo a me soltar mais. 

Me afasto um pouco para respirar e Fábio se senta me encarando, sua respiração está ofegante, sei que ele está excitado, também estou. Sei que aquele é o momento no qual ele mesmo vai dize que precisamos parar, mas não quero fazer isso, não ainda. Não estou pronta para fazer sexo, mas isso não quer dizer que não podemos avançar um pouco. Sem tirar os olhos de Fábio, começo a retirar minha blusa ficando apenas de sutiã. Sua expressão de surpresa me faz sorrir, quebrando um pouco do clima e dando brecha a questionamentos.

-Manuela, é melhor você... não vamos nos apressar aqui, ok? – Ele fala me olhando. Pego a mão de Fábio e subo-a pelo meu corpo. – Manuela... – ela fala bem devagar, sua voz um pouco sofrida, receosa, mas eu não recuo.

-Apenas me beije. – Digo me aproximando. Fábio obedece e nossas bocas se encontram num beijo cheio de vigor. Ele desce sua boca pelo meu pescoço e alcança o espaço entre meus seios. Sinto novamente o tremor, cada pelo do meu corpo está arrepiado. Avanço pela camisa de Fábio tentando retirá-la. Quero sentir a pele dele contra a minha. Fábio hesita um pouco e então retira a camisa, ele se reaproxima devagar e colocando suas mãos no meu rosto, me puxando para perto novamente.

 E então, o som da campainha interrompe nosso abraço.

-Ignore. Talvez a pessoa desista.

-Vista a camisa! – Digo levantando e procurando a minha blusa. Fábio fica de pé e me segura pela cintura antes que eu possa me vestir. A proximidade dos nossos corpos me faz tremer um pouco.

-Você é maravilhosa. – Ele diz olhando me olhando de uma forma que eu ainda não tinha visto. Fábio roça seu rosto no meu me fazendo delirar, subindo os lábios para minha boca e então me solta.

-Espere aqui. E, por favor, se vista. – Digo encarando-o.

Fábio pisca para mim e eu sigo para abrir a porta. Dou de cara com Jabá, ele parece furioso, um pouco desorientado também.

-Onde ela está? – Pergunta tentando entrar no apartamento. Me coloco entre o arco da porta na tentativa de impedi-lo.

-Como você subiu? – Questiono irritada.

-A Juliana está aqui não está?

-Jabá, é melhor você ir embora. – Eu deveria ter avisado ao porteiro que o Jabá não podia mas subir no dia que ele e Ju terminaram, mas acabei esquecendo.

-Ela tá com ele aqui? Com o Lucas?

-Com o Lucas? Você enlouqueceu? A Juliana não está em casa e melhor você ir embora antes que eu chame a polícia! – Ele me encara como se tentasse decidir se eu estava dizendo a verdade ou não. Então ele recua e eu fecho a porta. Pego o aparelho de telefone e me sento no sofá atordoada. Ligo para o porteiro e aviso que Jabá não tem permissão de subir sem ser anunciado, não mais.

-Quem era? – Questiona quando eu entro no quarto. Agradeço pelo excelente isolamento do apartamento. Ele não tinha ouvido nada, imagino o que teria acontecido se eles tivessem se confrontado de alguma forma. Claro que Fábio pode bater no André, mas ele levaria uma surra do Jabá, sem dúvidas.  

-Jabá. – Confesso. – Ele queria falar com a Ju. – Era parcialmente verdade. Mas ele não queria saber só da Juliana, por alguma razão, Jabá acreditava que Lucas também estava na minha casa. Então um pensamento terrível me ocorreu: E se aquele maluco tentasse fazer algo contra a minha irmã? Pego meu celular e ligo para Juliana, assim que ela me atende pergunto onde está, não quero dizer nada por telefone então digo que estou indo encontrá-la.

-Você vai me dispensar assim? – Fábio questiona.

-Sinto muito, de verdade. Mas eu preciso ir. Juro que te explico depois.

-Você vai na festa hoje, não vai?

“O luau” minha cabeça me informa. Joana estava fazendo um luau de aniversário, como eu tinha esquecido disso? Era algo que realmente estava na minha cabeça por ser agosto, o mesmo mês que a Bárbara faz aniversário.

-Claro! – Respondo sorrindo. – Mas você sabe que o meu pai vai estar lá, certo?

-É uma praia enorme. – Fábio diz me beijando. – Ele não precisa nos ver.

(...)

Chego na praia com meu pai e Juliana, minha irmã ainda estava desconfiada de mim depois que eu disse que fui encontrá-la no shopping porque precisava de ajuda para escolher um presente para Joana, ela nem mesmo queria vir na festa, mas meu pai disse que ela tinha que vir. A decoração estava muito bonita, em vez de mesas, haviam esteiras de palhas para os convidados se agruparem nelas e bandejas - daquelas que usamos para tomar café na cama - centralizadas nessas esteiras, serviam como mesa. A mesa principal montada com paletes, flores artificiais, muitas frutas, cordões de luzinhas brancas davam um ar maravilhoso ao ponto da praia escolhido para a festa.

-Está tudo muito bonito, tenho que confessar. – Juliana diz. – Talvez a Bárbara tenha razão e a Joana seja algum tipo de feiticeira. – Ela completa com um sorriso.

Nos aproximamos de Joana, ela está usando um vestido marfim de renda, bastante praiano. Giovane está ao seu lado com um sorriso enorme.

-Sabe, isso é estranho, mas eu estou muito feliz por ele.- Ju diz sorrindo. -Acho que todo mundo merece isso, encontrar essa pessoa que cause esse sorriso incrivelmente idiota.

-Feliz aniversário! – Meu pai diz abraçando Joana. Ele entrega um embrulho. – eu espero que você goste, eu não sei muito bem o que você...

-Tudo bem. – Ela diz sorrindo. – O importante é que você está aqui. E vocês duas também. – Complementa nos olhando.

-Feliz aniversário! – Digo abraçando Joana. Sinto por tê-la evitado nas últimas semanas, mas não digo nada.

-Obrigada Manu! – Joana responde correspondendo o abraço de forma carinhosa, acolhedora.

-Isso aqui é para você. Meu e da Ju.

-Na verdade, é só dela. – Juliana afirma. – Mas fui eu quem escolhi. Feliz aniversário. – As duas não se abraçam, mas eu sinto que é um primeiro passo a caminho da civilização.

-Eu sei que você deve estar me odiando pelo que aconteceu entre mim e a Bárbara. – Joana fala olhando para Ju.

-Amor, não é o momento para... – Giovane começa a dizer, mas Joana o interrompe.

-Não, eu só preciso dizer que eu sinto muito. E que eu entendo, no seu lugar eu também estaria uma fera.

-Pelo menos você fala o que pensa. – Juliana observa.

-É um sinal de que vocês são mesmo irmãs. – Giovane fala sorrindo. Ele abraça Juliana e depois cumprimenta meu pai.

Sentamos numa das esteiras mais próximas do local organizado para as apresentações musicais. Um tempo depois, Tio Caio, Luiza e Fábio se aproximam.

-Deveríamos convidá-los para sentar aqui. – Juliana fala.

-Você sabe que eu e seu tio não somos melhores amigos.

-E eu não sou melhor amiga da Joana, mas estou aqui não estou? – Juliana questiona com um sorriso cheio de sarcasmo. – Tio Caio!

Meu tio sorri ao vê-la e se aproxima. Ele aceita o convite, mas Luiza parece contrariada. Acho que Juliana tinha boas intenções, provavelmente queria que eu ficasse perto de Fábio, mas colocar ela e Luiza, meu pai e Tio Caio, juntos era um grande erro. Aquilo estava pedindo para acabar mal. Cumprimentei Luiza e Tio Caio com abraços, fui apenas educada com Fábio, ele sentou ao lado de Juliana enquanto eu fiquei entre meu pai e Tio Caio.

-Onde está a Tânia? – Meu pai pergunta.

-Ajudando a Sula com algumas coisas da organização. – Luiza diz parecendo sem jeito – Na verdade, eu vou lá ver se elas precisam de ajuda. – Ela afirma levantando. Peço licença e vou atrás de Luiza.

-Tá tudo bem? – Pergunto alcançando-a. -Você não saiu por causa da Ju, saiu?

-Saí. Mas não pela razão que você pensa. Eu não odeio a sua irmã, eu só.... eu sinto vergonha de olhar para ela e perceber o quanto eu fui idiota com toda essa história do Lucas.

-Sinto muito. – Digo abraçando-a.

-Ei, tá tudo bem. Eu vou ficar bem. – Ela responde sorrindo. - Realmente quero ver se a minha mãe e a Sula precisam de ajuda, mas eu prometo que vou voltar e me sentar com todo mundo. Afinal de contas, parece que vamos ser todos uma grande família feliz, não é mesmo?

-Ok, então eu te vejo daqui a pouco.

-Manu... – Luiza me chama quando já estamos nos afastando. -Obrigada por ser tão boa amiga.

............................x...............

-Eu pensei que nunca iriamos conseguir nos livrar deles. – Digo encarando Manuela. E pensei mesmo, o clima na mesa com minha mãe, Caio, Ricardo, Luiza, Juliana e Manuela estava extremamente tenso. Minha mãe tentando mediar possíveis confusões entre os dois marmanjos; eu e Manuela fazendo o mesmo, mas entre Luiza e Juliana. Até que Lucas começou a tocar e Seu Ricardo decidiu ir embora, deixando Juliana e Manuela sobre a guarda do tio, Luiza levantou e foi ficar junto de Sula e minha mãe e Caio foram dançar. – Qual o problema entre o seu pai e o Caio, hein?

-De verdade, eu não sei muito bem. Meu tipo e meu pai eram melhores amigos, mas algo aconteceu entre eles e o acidente que matou a minha mãe piorou tudo, quebrou de vez o pequeno elo que eles ainda tinham. Acho que se não fosse por mim e as minhas irmãs o Tio Caio e o meu pai nem se falariam. – Ela responde, estamos caminhando de mãos dadas pela orla, nos afastando um pouco da festa.

-Acho que consigo entender o Caio. Se algo acontecesse com a Luiza enquanto ela estivesse com alguém eu... – Me calo. Percebo que estou dizendo bobagem, afinal de contas, é do pai dela que estou falando. – Sinto muito, eu não deveria ter dito isso.

-Tudo bem. – Ela fala encarando o mar. As ondas estão fortes e o vento frio nos acerta fazendo os cabelos de Manuela voarem de forma descontrolada, ela os prende num coque e depois volta a pegar na minha mão.

-Frio?

-Um pouco. -Ela responde.

-Vem aqui. – Digo passando meu braço ao redor dela.

-Como foi sua noite ontem com o Tiago?

-Boa. – Respondo. Penso no que aconteceu com Larissa, me questiono se eu deveria contar algo, mas acho melhor não. – E você? Se divertiu com seu pai e a Juliana?

-Foi melhor do que eu esperava. -Ela diz sorrindo. – Ah... quase esqueci, eu acho que a sua mãe desconfia de alguma coisa porque ela estava me olhando de um jeito bem estranho.

-Ela sabe. – Conto.

-Como assim Fábio?

-Eu não posso ficar mentindo para ela Manuela. Somos só eu, ela e Luiza. E a maioria das coisas boas sempre são estragadas por segredos. Eu contei a verdade, ela conversou comigo, e estamos bem agora.

-E se ela contar para o meu tio?

-Ela não vai fazer isso. – Garanto. -Mas, Manuela, você sabe que nós precisamos contar em algum momento, certo?

-Eu sei. Eu só quero esperar um momento em que as coisas estejam boas, calmas. Mas daqui a pouco todo mundo vai estar sabendo disso menos o meu pai e aí sim ele vai me matar.

-Eu acho... – Digo passando meus lábios pelo pescoço dela. - Que você está me enrolando.

-Um pouco. Só um pouco. – Paramos de andar e Manuela passa seus braços ao redor do meu pescoço e me beija.

– Vamos sentar? – Pergunto segurando-a pela cintura.

-Ainda não. – Ela fala me provocando. Vamos andar só mais um pouquinho. Pego em sua mão novamente e voltamos a caminhar, então vejo um casal um pouco à frente de nós, eles estão aos beijos. Na medida que caminhamos percebo que os conheço.

-Vamos voltar. – Manuela diz. Ela parece nervosa.  

-Aqueles são... Juliana e Lucas? – Pergunto encarando-a. – Esse cara só pode estar de brincadeira. Você sabia disso Manuela?

-Não. Eu não sabia.

 


Notas Finais


Voltei pessoas, "foi a saudade que me trouxe pelo braço"... Como dá para perceber pela minha citação de uma música de carnaval, carnaval é coisa muito séria para a minha pessoa (melhor festa que eu conheço e respeito, enfim...), por isso a demora, mas cá estou com capítulo novo, espero que gostem! Beijos. :)
p.s: Espero que o Carnaval de vocês tenha sido bom.


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