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História Como (Não) Viver Com Park Jimin - (Não) Devolva Na Mesma Moeda


Escrita por: vanelope-stars

Notas do Autor


OI GENTE :>
Vou tentar ser rápida aqui:

1- uma nenemzinha me deu essa capa de presente de Natal, e só agora eu lembrei de usar :"""3 a capa é linda, eu sei. Talvez eu volte com a capa antiga porque sou bipolar, mas eu tinha que usar e mostrar, essa coisa linda pra vocês 🌸💜🌸

2- perdoem a falta de cenas engraçadas, estamos em uma parte tensa e necessária dessa história.

3- perdoem erros escrotos ;-;


Até mais 💜🌸💜

Capítulo 11 - (Não) Devolva Na Mesma Moeda


O foco deste manual é te ensinar a viver com um Jimin, certo? Certo. E os ensinamentos vem através dos meus progressos com ele, certo? Errado. Vem dos meus fracassos. 

Dos meus fracassos em tentar me manter inimigo, distante, apenas um companheiro de apartamento. Da minha falha ao me tornar mais que colega, mas um amigo. Mais que aquele que briga, mas também aquele que consola. Meu fracasso em ter Jimin apenas como morador do mesmo apartamento que eu, para ter ele como morador do meu coração. 

Para ganhar, se concentre em devolver na mesma moeda e se manter por cima. Não seja eu, porque sendo eu você vai tudo, menos ganhar. 

E pior: vai gostar de perder. 



Cinco da manhã. 

Eram cinco da manhã e eu estava sentado na mesa da cozinha, tomando leite. Isso porque Jimin não permitia que álcool entrasse naquele apartamento. No entanto, pelo que vi quando Hoseok e Tae vieram jantar, não permitia que álcool entrasse em mim. Então minha única opção foi me contentar com um copo de leite. O terceiro já. 

Maldita noite em que eu fui ter pesadelo, maldita mente traiçoeira. 

Eu sonhei que era perseguido por um Taehyung gigante que queria me guardar na sua coleção de bonecos. Até em sonho Taehyung me infernizava, impressionante. Mas enfim, a questão é que acordei assustado, tenso e suado, do sonho demoníaco, fui ao banheiro e depois até à cozinha, tomar água para me acalmar e poder voltar a dormir. Eu não consegui dormir, voltei à cozinha e comecei a tomar leite, já que me lembrei que Jimin me disse que o leite possuía uma substância que causava sono. 

"O leite contém um aminoácido não fabricado pelo corpo chamado triptofano, que se converte em serotonina, que ajuda a relaxar os músculos e induz o sono." 

Mas cadê o sono? Cadê? Perdi. 

Jimin tinha que rever seus conhecimentos sobre leite e suas propriedades soníferas. 

De tanto tédio, fui assistir televisão; o que mais faria sem sono às cinco e quinze da manhã? Fiquei assistindo um desenho qualquer e esperando o sono ㅡ que não veio. A essa altura estava quase entrando em desespero e desabando em lágrimas. Chorar por falta de sono, Jungkook? Você é mesmo um macho alfa dominante dono da porra toda, parabéns. É por isso que o Jimin manda em você, seu... seu... seu obediente. 

Não tinha cabeça nem pra me xingar. Eu estava de volta de frente para o fogão, esquentando um litro de leite numa panela, na esperança de tomar tudo aquilo e adormecer, quando recebi uma mensagem. E como eu queria que meu celular estivesse sem nada de bateria ou caído em um poço só para não ter lido aquela mensagem. 

Chungho: Temos que conversar. 

Pronto, meu dia todo, que podia ter ficado bom, tinha ido pelo ralo. Paralisei, não sabia se de raiva ou tristeza, chutei que os dois. 

Eu: Não temos nada pra conversar. 

Larguei o celular em cima da mesa e, de tão avoado que fiquei, nem me lembrei que a panela estava quente e queimei minha mão quando fui pegá-la. 

ㅡ Porra ㅡ xinguei baixo pra não acordar Jimin e coloquei minha mão debaixo d'água. Por sorte só cheguei a encostar, não peguei com força, senão teria queimado bem mais. Enquanto pensava no que fazer com minha mão queimada, o celular começou a tocar.

Chungho. 

Eu bufei. Que se foda. 

ㅡ O que você quer? ㅡ perguntei ao atender o celular. 

Jungkook... ㅡ Suspirou. ㅡ Eu quero conversar

ㅡ Tá, sobre o quê? ㅡ Eu segurava o celular com força e respirava fundo, tentava me controlar para não dizer todas as merdas que passavam pela minha cabeça. Não pensar nela. Não, não podia pensar nela. Se eu pensasse nela, tudo ia cair. 

Fiquei sabendo que você está trabalhando na empresa com Taehyung, achei isso ótimo. Mas me preocupa um pouco. Você ainda continua com essa ideia de... 

ㅡ Escrever? Sim. E não se preocupe com isso, assim que eu publicar meu livro você vai receber uma cópia em primeira mão. ㅡ As palavras saíram mais rápidas do que eu queria e mais carregadas de tensão também. 

Jungkook, você sabe que eu apoio isso, mas como fica sua faculdade? 

ㅡ Minha faculdade? ㅡ Ri soprado. ㅡ Olha, ela está até que bem. Mas eu não acho que ela vai durar muito, não, eu estou pensando em largar ela já faz um tempo. ㅡ Ouvi seu suspiro do outro lado. 

Jungkook, você quer escrever? Tudo bem. Mas isso não dá nenhuma garantia, e se... 

ㅡ Meu livro não vender, é isso? Ele for um fracasso? ㅡ Ele suspirou de novo. Mordi o lábio. 

Eu posso pagar qualquer outra faculdade que você quiser. Escrever é muito arriscado, você não é... 

ㅡ Seokjin? É aí que quer chegar? Eu não sou Seokjin, não é? Eu não tenho talento como Seokjin tem, eu não sou assim tão capaz quanto ele. Quanto Tae, não é? Tae sempre teve mais maturidade e eu era o idiota? E aí que quer chegar?! ㅡ Silêncio. Bufei. ㅡ Olha, eu agradeço sua preocupação e disposição em bancar a mim e a minha vida, mas quero que saiba que não sou idiota! Eu sou tão capaz quanto qualquer pessoa, e vou publicar meu livro! E sabe o que vai acontecer se ele for um fracasso? A responsabilidade é minha e eu resolvo isso! Não sou nenhum idiota pra você ter que ficar vigiando! ㅡ Desliguei o celular e o joguei longe. Ainda bem que caiu em cima do sofá, ou teria quebrado tudo. 

Bufei e sentei numa das cadeiras em volta da mesa, apoiei os cotovelos nas pernas e enfiei o rosto nas mãos. Chorei. 

Foi como se toda aquela mágoa voltasse, todas aquelas noites em que eu queria morrer enquanto abraçava o travesseiro que peguei do quarto dela. Enquanto chorava sem parar, a ponto de minha cabeça doer e eu nem conseguir respirar. Me sentir tão vazio quanto uma casca, e tão quebrado quanto um vidro em mil pedaços. E junto veio aquele conhecido sentimento de inutilidade que me acertou, me abraçou e me afogou de novo. 

E mais uma vez senti que esqueci como se nada, porque o ar foi sumindo de meus pulmões à medida que eu chorava mais. Estava me perdendo na imensidão desse sentimento tão conhecido, me afundando tanto que não enxergava mais nenhuma luz. Antes que minhas unhas começassem a rasgar minha pele, levantei e fui até o banheiro. Lavei meu rosto e encarei bem o espelho. Meu rosto inchado, meus olhos vermelhos e aquela expressão que eu já não via há meses. 

ㅡ Desta vez não, desta vez não. 

Sequei meu rosto e voltei à cozinha. Depois de tomar todo aquele leite, abri os armários e comecei a fazer algo para comer com Jimin. 

Eu não iria me afogar de novo. Tão rápido quanto eu afundo, eu nado de volta à superfície. 

Eu repetia isso mentalmente enquanto cortava o pão e fazia sanduíches, suco, cortava frutas em cubos e colocava em copos com iogurte. Tudo o que pudesse me distrair. Após fazer um café da manhã bem bonito, lembrei que haviam roupas para lavar. Escrevi um bilhete para Jimin e deixei na mesa, avisando que eu estava na lavanderia. Estava colocando algumas calças minhas na máquina quando Jimin apareceu, todo descabelado ㅡ não devia ter tomado banho e se arrumado como sempre. 

Um sorriso nasceu no meu rosto, pois nunca tinha visto Jimin daquela forma. Antes de eu acordar ele sempre estava de banho tomado e todo bem vestido, nunca tinha visto ele tão... simples. 

ㅡ Eu estava indo ao banheiro quando vi a mesa toda arrumada e o seu bilhete, fiquei surpreso em ter acordado antes de mim. E ter vindo fazer alguma tarefa doméstica também. ㅡ Sorriu. Notou que eu encarava seus cabelos bagunçados (achei tão adorável, não conseguia parar de olhar), e fez um "oh", começando a ajeitá-los. 

ㅡ Não, não faça isso ㅡ pedi, tirei sua mão dali, bagunçando seu cabelo novamente. ㅡ Eu gostei assim, é novo. Eu nunca te vi assim. 

ㅡ Aish, eu estou todo desleixado. ㅡ Desviou o olhar, envergonhado.

ㅡ Eu ando desleixado o dia todo pelo apartamento e você nunca ligou. 

ㅡ Mas é diferente, você é bonito todo desleixado ㅡ falou a última parte mais baixo e encarou as paredes com timidez. 

ㅡ Mas você também! ㅡ Sorri. ㅡ E você fica fofo porque seu rosto fica inchado e... Onde estão seus óculos?! Meu Deus! Você está sem óculos! ㅡ Quase gritei e tapei a boca com as mãos. Puta merda, o Jimin estava sem óculos. Uma das únicas vezes que vi Jimin sem óculos foi quando ele me fez cócegas, porém nunca pude reparar bem. Nunca dei atenção. Parando realmente pra ver todos os detalhes daquele rostinho… como nunca reparei que era tão… fofinho?

ㅡ Eu não tive tempo de colo... 

ㅡ Minha nossa, Jimin! Seu rosto é tão... fofinho! ㅡ Segurei sua face e olhei-o bem de perto, ele ficou vermelho e assustado. Contudo, eu quase nunca avistava Park Jimin sem óculos e sabe-se lá quando veria de novo. 

ㅡ J-Jungkook, para... Está me deixando constrangido… ㅡ falou ainda baixinho. 

ㅡ Mas eu quase nunca te vejo sem óculos! Seus olhos são pequenos, olha! Esse é mais fechado que o outro! Ah! ㅡ soltei um gritinho. ㅡ Que fofo! 

Fiquei totalmente encantado enquanto segurava aquele rosto fofinho e proferia coisas desconexas, com uma voz consideravelmente mais fina. Talvez pela emoção ou por estar um tanto pasmo. Como eu nunca notei que Park Jimin sem óculos era tão... incrível? Eu queria colar meu nariz no dele tão forte a ponto de termos uma conexão, de nos fundirmos como uma das Crystals Gems. Era bobo e estranho, todavia era o que eu queria. E talvez eu tenha me deixado levar demais, pois quando me dei conta estava esfregando meu nariz no de Jimin de olhos fechados. E, bom, estava tudo certo até eu notar. Porque assim que eu percebi que estava esfregando meu nariz no de Park Jimin foi como se apertassem meu botão de desligar. Paralisei e senti a tão conhecida vergonha. 

"Puta merda, eu estou esfregando meu nariz no de Park Jimin." 

Que droga eu estava pensando?! Meu rosto foi esquentando enquanto considerava duas opções: ir me desaproximando bem devagar, ou sair de perto bem rápido e fingir que estava bem. Essas duas opções foram descartadas, aniquiladas, obliteradas quando abri os olhos. Quando vi Park Jimin tão vermelho quanto eu com uma expressão de surpresa e lábios entreabertos. Eu só... não queria ficar longe. Mas antes que aquilo evoluísse para algo mais estranho que não me dei ao trabalho de esperar acontecer, soltei o rosto dele e com a maior cara de pau possível, só disse "Pode ir comer antes que esfrie", enquanto voltava a colocar as roupas na máquina. Não vi Jimin concordar nem ir embora, no entanto logo eu estava sozinho, então deduzi que ele concordou. 

Comecei a sorrir sozinho enquanto estava na lavanderia, vendo quantas roupas faltavam ㅡ e eu já tinha lavado muitas ㅡ um tempo depois. Era tão estranho, eu não me entendia mais perto de Jimin. Queria estar perto, mais perto do que já imaginei que poderia querer. Termos uma relação amigável já era surpresa, mas estarmos ficando assim tão próximos era... Eu nem sei! Estranho! Estranho, incomum, inesperado, improvável, e eu gostava. 

ㅡ Eu estou ficando louco. ㅡ Ri de mim mesmo. Meu celular vibrou no meu bolso; peguei, era uma mensagem. 

Chungho: Por favor, vamos conversar. Você sabe que eu não penso assim. 

Encaixei o celular no bolso e respirei fundo, juntando camisas para colocar na máquina. Eu podia me distrair de alguns pensamentos, mas de outros não. Meu livro seria um fracasso, era isso que ele pensa. Que todos pensavam. E deviam estar certos, não é? Afinal eu não tinha nenhum talento como ela dizia que eu tinha. 

ㅡ Jungkook! ㅡ Ouvi Jimin me chamar e me virei. ㅡ Deixe essas roupas pra depois, venha tomar café comigo.

Assenti e deixei as roupas pra lá; precisava comer. E falar com Jimin podia me distrair também. Eu me sentei de frente para ele na mesa e comecei a comer um copo de frutas com iogurte. E de fato estava bem gostoso. 

ㅡ Jungkook-ah, é tanta coisa! Nem sei como agradecer essa gentileza! ㅡ Jimin exclamou, de boca cheia. Suas bochechas estavam cheinhas e ele estava de olhos fechados, parecia um personagem fofo de anime. Eu sorri sem jeito e comi um pedaço de maçã. ㅡ Jungkookie, estou tão orgulhoso! Antes suas fatias de pão pareciam labirintos de tão tortas e agora até suas frutas em cubos estão perfeitas! 

Eu teria contestado o insulto às minhas fatias de pão se Jimin não tivesse dito algo mais digno de minha atenção. 

ㅡ Jungkookie? ㅡ O olhei meio confuso. Ele sorriu e encarou suas frutas. 

ㅡ Ah, todo mundo te chama de Junguk. Eu achei que podia te dar um apelido também. 

ㅡ Ah... Eu achei legal, só estranhei. Mas é bem melhor que Kongjoog. ㅡ Ri. Jimin fechou a cara. 

ㅡ Eu não lembrava o seu nome! Aish! 

Gargalhei e observei as frutas que Jimin tinha elogiado e realmente estavam bem cortadas. Isso fez eu me sentir... bem. 

Fala sério, umas semanas antes eu nem sabia usar direito uma faca, eu tomava café, almoçava e jantava em restaurantes ou pedia comida, e agora eu cozinhava! Tá, eu não cozinhava muito, mas, droga, eu já havia feito o jantar cinco vezes, e em todas ficou bom! A questão é que se eu nunca tivesse ido morar com Jimin e não tivesse que cozinhar ou tentar, ao menos, eu jamais teria aprendido. A questão é que estagnar e acreditar que não podia fazer algo me impedia de ver minhas habilidades. Mas não tinha que ser assim! 

Eu ouvi a minha vida toda que tudo o que eu tinha era mérito do dinheiro da minha família. Eu estudava em uma escola boa porque podia pagar, não porque tinha potencial. Eu não tinha as melhores notas porque eu não precisava, não é? Já que podia pagar tudo? Eu me esforçava muito! Estudava o máximo que podia e mesmo que eu não fosse o melhor, ficava tão feliz quando conseguia tirar uma nota boa! Nunca fui o mais inteligente e não era culpa minha, eu fazia o que podia para ser aprovado! A minha vida sempre foi perfeita, eu não tinha do que reclamar, não é? Sempre tiveram pessoas à minha disposição fazendo tudo o que eu queria o tempo todo, eu tinha uma boa casa e dinheiro, do que eu reclamaria? Afinal eu sempre fui mimado. E, porra, que coisa chata! Todo mundo me tratava como se eu fosse inútil e não soubesse fazer nada, e eu passei a acreditar nisso também. 

Passei a acreditar que não podia fazer nada, que não tinha potencial e então não tentava. Não tentava cozinhar, ou limpar, ou... trabalhar. Eu sentia que falharia. Meu livro significaria mudar isso tudo. Ter meu livro publicado seria tudo, eu teria algo para dizer que era meu! Uma conquista só minha que ninguém poderia tirar o valor! E então eu seria capaz e útil como eu devia ser. Essa era a maior besteira do mundo. 

Porra, quando eu estava me afundando na depressão fui eu que mudei tudo, não foi mais ninguém! Eu mudei minha vida, continuei. Quando todo mundo desistiu de mim, eu não desisti. Eu tinha minhas conquistas, e elas não serem reconhecidas não tirava seus valores e importância na minha vida. Por que eu fazia faculdade de economia? Eu detestava economia! Eu não tinha que fazer isso! 

Puta merda, eu não tinha! Eu era um adulto e fazia a droga que eu quisesse da minha vida! Não era incapaz, não precisava esperar a ajuda das pessoas, porque podia fazer sozinho! Que droga, eu precisei ver minha vida virar de cabeça pra baixo pra notar isso. 

ㅡ Jimin, eu vou largar a faculdade! ㅡ avisei alto, colocando a colher na mesa. Jimin quase engasgou com o suco pelo susto e me olhou de olhos arregalados.

ㅡ O quê? 

ㅡ Eu detesto economia, eu comecei porque todo mundo disse que seria o melhor pra mim, mas eu não quero! Eu quero sair da faculdade, Jimin. Eu quero trabalhar! Trabalhar o dia todo na empresa com você! ㅡ Eu estava eufórico. Me subiu uma vontade de fazer tudo diferente, aish! Eu não conseguia me conter! 

ㅡ Tem certeza? Isso é muito sério, Jungkook. 

ㅡ Eu tenho. Eu posso trabalhar bastante e ir subindo de cargo na empresa, não posso? 

ㅡ Pode.  

ㅡ E eu posso aprender com você as coisas que eu não sei. Isso é, se você me ensinar. ㅡ Eu estava tão animado e era tão... estranho! E bom! 

ㅡ Eu vou adorar te ensinar tudo, Jungkook. ㅡ Ele sorriu largo, apenas para aumentar ainda mais minha euforia.

ㅡ Ah, Jimin! Vai ser tão legal! ㅡ Me levantei e fui até ele do outro lado da mesa, me abaixei à sua frente e comecei a falar todas as ideias e desejos que me vinham à mente. 

Todos aqueles sonhos que ignorei porque não eram pra mim, os soltei e deixei que invadissem meus ouvidos e os de Jimin. O sorriso enorme que ficava maior e maior no rosto dele fazia eu ter mais vontade de falar. Falar de mim, falar de nós. De tudo aquilo que a gente podia fazer junto comigo trabalhando também! 

ㅡ Jimin, eu sempre quis ir pro Japão, e a gente pode ir! Já pensou nisso? ㅡ Ele pareceu ouvir algo chocante, parecia querer falar algo sem conseguir, mas seu sorriso continuava ali. 

ㅡ Você quer mesmo… viajar comigo? Só comigo? ㅡ Seus olhos brilhavam como estrelas. Quer dizer, mais que o normal, porque os olhos de Jimin eram estrelas

ㅡ Claro, com quem mais eu iria? ㅡ Ali estava aquele brilho no olhar junto daquele sorriso tão lindo e quase tão brilhante quanto. 

ㅡ Não sei. Hoseok? Taehyung? Um de seus amigos?

ㅡ Hoseok? Taehyung? Eu teria que levar os dois juntos e não quero ser vela, e eu já descarto a ideia por Tae estar envolvido. Ele me dá pesadelos! ㅡ Jimin riu. ㅡ E meus amigos têm dinheiro pra ir ao Japão só pra comer sushi e voltar, não seria tão legal. Não tanto quanto seria com você. Você consegue imaginar, Jimin? Nós dois no Japão? 

ㅡ Na realidade? ㅡ Ele riu; eu concordei. ㅡ Não! É loucura, Jungkook! Viajar comigo seria muito chato. 

ㅡ Tá brincando? Jimin, viajar com você seria a coisa mais legal do mundo! Eu sei! Porque... ㅡ fiquei com vergonha e abaixei a cabeça, peguei a mão dele. Menor, fofinha, linda... ㅡ Porque seria com você, Jimin. E eu nunca me diverti tanto com alguém quanto me divirto com você. 

Eu não tinha coragem de olhá-lo, então encarava nossas mãos. Só o encarei quando o vi pegar minha mão e segurar bem forte, chamando minha atenção, assim meu olhar foi até seu rosto e sorriso lindo que ele ainda mantinha. 

ㅡ Então, eu vou adorar ir pro Japão com você, Jungkookie. 

Eu sorri largo junto dele e o abracei, sem pensar. Ele retribuiu, me prendendo por uns segundos. Segundos esses que eu diria que foram eternos, em que todo o resto tinha sumido e nada existia além daquela nossa doce prisão. 

ㅡ Ah, e vamos comprar móveis novos! ㅡ falei, me soltando do abraço. ㅡ Vamos transformar esse lugar chato em um apartamento moderno! 

ㅡ Fazer mudanças assim é arriscado, quando você se mudar, tudo o que gas... 

ㅡ  E quem disse que um dia eu vou me mudar? ㅡ Arqueei uma sobrancelha. ㅡ Eu acho que pra eu sair daqui você vai ter que me expulsar, ou não… se a gente ir morar em outro lugar um dia. 

ㅡ A gente? ㅡ A alegria que emanava dele era tão palpável e viciante... 

ㅡ É, se você quiser. 


{...} 


ㅡ Jimin, quando eu disse que queria trabalhar, não quis dizer que era hoje. ㅡ Bufei, levando uma caixa para outro lado, a pedido dele.

ㅡ Eu sei, mas eu tinha coisas pra fazer mesmo, não temos que esperar até segunda ㅡ respondeu enquanto mexia em alguns papéis. 

ㅡ Tá... ㅡ suspirei ㅡ vou buscar as outras caixas que você pediu.  

Saí da sala. Encontrei Taemin pelo corredor e o cumprimentei. Caminhei até uma sala no fim do corredor e fui até as prateleiras e depois de ver que as caixas que Jimin queria não estavam ali, comecei a olhar as outras. Quando finalmente achei e me abaixei pra pegar, meu celular tocou. 

Chungho. 

ㅡ Ah, não, não é possível! ㅡ Bufei e atendi para acabar logo com aquilo. ㅡ O que é agora? 

Jungkook, eu só quero conversar. 

ㅡ Mas sobre o que agora? Se é sobre o que falamos de manhã, não tem o que conversar, o assunto acabou lá. 

Sei que não quer me ouvir, mas eu só quero ter notícias de você. Eu não falo com você faz meses, e quando você finalmente me atende diz que vai largar a faculdade. Entende como me deixa tenso? 

ㅡ Sim, eu entendo. Mas não se preocupe, eu vou dar um jeito na minha vida. E nem se dê ao trabalho de culpar minha rebeldia pela minha ausência, mesmo que eu adorasse economia ainda não ia querer falar com você. 

Jungkook, quando você vai me perdoar? 

Bingo. Ele tocou no que não podia. Apertei meus lábios, contendo a vontade de gritar, gritar tudo aquilo que sempre gritava para ele quando falávamos disso. 

ㅡ Eu não vou falar disso. 

Seu irmão pelo menos fala comigo, se ele pôde superar, por que você não pode? 

ㅡ Porque eu não sou ele, pai! ㅡ gritei. ㅡ Não somos iguais, e você sabe que não foi a mesma coisa pra ele! Você sabe o quanto aquilo me matou por dentro, você sabe a droga do estado em que eu fiquei! 

E você acha que também não me afetou? 

ㅡ Ah, não, não, não. Não vem com essa! Eu não sei o quanto você sentiu, mas não chegou perto do que eu senti! E se você ao menos tivesse se arrependido... Você teve várias chances para mudar e não fez nada! Até hoje você continua o mesmo! ㅡ Me encostei na parede e respirei pesado. Fechei os olhos. ㅡ Eu tenho certeza que se eu passar pela porta da sua casa, vou sentir o cheiro de bebida e de cigarro e perfume de nove mulheres diferentes. Vai ter um jornal de três dias atrás jogado na mesa da sala, e em cima, o seu cinzeiro. E eu sei que você não lembra onde está o controle da tv, e que tem uma empregada com a função de te lembrar que dia é o Natal, pra você me ligar e me convidar pra um jantar que uma delas vai fazer, porque você estava ocupado demais transando pra lembrar disso. Você não mudou pai, e é por isso que não te dou meu perdão. Não posso perdoar algo pelo que você não se arrependeu. ㅡ Desliguei a chamada e coloquei o celular no bolso, sentei no chão, tentei me acalmar antes de voltar para perto de Jimin. 

Não pensa nisso, Jungkook, não pensa nisso. Não pensa nisso. Com a cabeça ainda fora do lugar e sentindo que explodiria, voltei à sala de Jimin e me sentei no sofá do canto. 

ㅡ Jungkook, onde estão as caixas? ㅡ Jimin perguntou, porém nem dei atenção, me acomodei no sofá e suspirei. ㅡ Jungkook, você sabe que não gosto quando você não me responde. 

ㅡ Eu esqueci ㅡ disse baixo. 

ㅡ O quê? 

ㅡ Eu esqueci.  

ㅡ Como você pôde esquecer? Você foi lá pra isso. ㅡ Suspirou. 

ㅡ Eu esqueci! Você nunca esquece de nada? Droga. 

ㅡ Por que está falando assim? E de onde veio toda essa poeira em você? ㅡ Se aproximou para me olhar melhor. 

ㅡ Porra, eu não sei! Será que você não pode passar alguns minutos sem reclamar? Sem implicar? Para de ser tão chato! 

Eu estava tão fora de mim que não pensava no que dizia. Ver o rosto de Jimin com aquela expressão triste foi o suficiente para que além de raiva e tristeza, eu sentisse culpa também. 

ㅡ Desculpe. Eu não quis ser chato ㅡ lamentou. 

ㅡ Para! ㅡ gritei; senti algumas lágrimas escorrerem. ㅡ Para de se desculpar, não é sua culpa! Só me deixa, Jimin, só me deixa hoje. ㅡ Me levantei para sair, contudo Jimin segurou minha mão. 

ㅡ Jungkook, o que aconteceu? O que te deixou tão... 

ㅡ Se eu quisesse te contar, eu teria contado! Eu não quero conversar, eu só quero ficar longe de você e de todo mundo! 

ㅡ O que eu fiz? 

ㅡ Nada! Só me deixa! 

ㅡ Então por que está bravo? ㅡ O tom de voz dele era tão baixo e triste que piorava tudo, me fazia querer sumir. 

ㅡ Você não fez nada, Jimin! Eu já estava mal, e aí você vem com essas suas... ㅡ solucei ㅡ regras e coisas chatas, você me faz explodir! Eu gosto de você, Jimin, mas às vezes eu não te suporto! 

Se iniciou mais um daqueles momentos em que eu estava tão mal e impulsivo que falava coisas que não queria e de que me arrependia depois. 

ㅡ Desculpa! Eu não pedi pra ser assim, tá? Eu sei que eu afasto as pessoas e que elas não me suportam, e eu sinto muito! ㅡ Ele falava mais alto, seus olhos estavam marejados também. Eu queria dizer que não, que ele não devia se sentir assim e estava tudo bem, que era eu o problema. Mas eu não conseguia falar ou pensar direito. 

ㅡ Só me deixa, por favor! 

ㅡ Você quer se afastar... É claro, todo mundo quer! Eu me iludi pensando que com você seria diferente! ㅡ Jimin me soltou e fungou, tentou conter as lágrimas que tinha no canto dos olhos. 

Eu saí correndo daquela sala, não podia ouvir nada daquilo. Me sentia pior e pior, só queria ficar sozinho e chorar. 

ㅡ Desculpa, Jimin, é tudo minha culpa! ㅡ falei antes de sair correndo pelo corredor. 

Eu o ouvi me chamando, mas não dei atenção e corri pra fora do prédio. Já não enxergava bem e quase tropeçava no caminho. 

ㅡ Jungkook, espera! 

Não escutava Jimin, eu só queria ir embora. Quando finalmente saí da empresa e vi a rua, fechei os olhos e suspirei, pois logo estaria sozinho. Pouco depois de chegar na estrada, ouvi Jimin gritar e um carro vir muito rápido. Quando me dei conta estava caído no chão após ter sido empurrado, eu estava a salvo.

Mas Jimin tinha sido atropelado.


Notas Finais


[Capítulo revisado em 25/03/2021]

Crystal Gems são personagens de Steven Universo, pra quem não entendeu a referência. Super recomendo 🌸❤🌸

Até mais genteeee🌸❤🌸


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