Lembranças ainda invadem minha mente cansada, mesmo que sejam apenas alguns flashs, mas aquecem meu coração. Não aquelas em que eu sempre contava a vocês sobre a minhoca gigante de metal que vivia sempre cheia, e era sempre uma disputa difícil para sair daquele metrô. Ou quando comprava M&M’s e tinha que voltava a pé para casa porque havia gastado o dinheiro da passagem.
Você aprende, com o tempo, que dificuldades te fazem ficar mais forte e que a vida não vai te derrubar tão fácil. Hoje estou aqui, velho e livre da minha madrasta abusiva e meu pai frio, rodeado de meus amigos que sempre vem até mim vez ou outra quando estão longe da correria. Além de um marido espetacular que sempre me ajudou nas minhas dificuldades desde o dia em que nos encontramos naquele porão.
Mesmo que, porra, primeiramente, na verdade sua vontade era de me esfaquear por retira-lo do inferno. Segundo ele, seu santuário de paz. Ah, o ódio à primeira vista é tão lindo...
— Jungkook, acho que já está pronto! — sorri de canto ao escutar sua voz da cozinha.
Me forcei a ficar de pé ajeitando-me junto a bengala e passei a mão entre meus cabelos grisalhos, estava na varanda observando o céu. Ao ouvir que meu marido me chamava, segui para cozinha. Ao chegar na entrada, já pude ver um rastro de farinha no chão e ao lado esquerdo alguns ovos quebrados. Arregalei os olhos ao olhar para Jimin que se encontrava atrás do balcão com um bolo recém preparado e um sorriso nos lábios.
— Surpresa! Feliz Aniversário! — disse ele feliz.
Não pude deixar de rir, levei a mão a boca enquanto caia na gargalhada.
— Por que está rindo?
Não conseguia parar de rir, aquele pedacinho de felicidade sempre conseguia me surpreender. Dei alguns passos até chegar perto dele, retirei um pouco de açúcar que estava próximo ao seu nariz e ajeitei seus cabelos grisalhos.
— Amor, meu aniversário é só daqui a um mês.
— Mas... Mas... — fechou a cara — Mas hoje é dia 01.
— De Agosto, Jimin. — ri novamente.
— Ah... — ele colocou o bolo sobre o balcão e levou a mão a nuca, sorriu sem jeito — Eu ainda não me acostumei com minha mente velha.
— Você sempre confundia até quando era mais jovem, não mudou nada.
— Ta dizendo que eu sempre tive mente de velho, Jeon? — Jimin levou a mão até a cintura e eu apenas ri — Pelo menos a minha dentadura não é solta.
De repente, um silencio se instalou no cômodo e eu apenas o olhei com o olhar comprimido. Ele sabia o quanto eu odiava quando ele dizia isso e sempre ameaçava colocar em seu copo d’água a noite. Jimin já sabia o que ia ocorrer e então se colocou em alerta, seguirei firme minha bengala e comecei a atingi-lo em seu braço.
— Ai! – resmungou.
— Você não reclama quando eu te beijo com ela, né, palhaço?
Jimin começou a rir e se jogou sobre mim para me abraçar, enquanto eu reclamava sem parar e queria era mata-lo de bengaladas. Depois de um tempo me rendi e comecei a abraça-lo, era inexplicável toda vez que estava em seus braços, a sensação. Era como se o tempo parasse e todos os nossos momentos juntos passavam em minha mente.
— Eu te amo, meu amor. — beijou minha testa.
— Eu também te amo muito.
— Não trocaria você por ninguém que tivesse dentes, relaxa. — Pude ouvir uma risada sacana.
— JIMIN! — esbravejei e tentei me desfazer do abraço.
Logo depois, o outro me largou e seguiu rápido para a sala, visto que ele sabia que eu já não podia mais correr. Porém, ele iria se ver comigo. Distraído, eu iria lhe cobrir de bengaladas novamente.
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