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História Confusão em dobro - 4. Desentendimentos


Escrita por: Byun_Re

Notas do Autor


Boa leitura <3

Capítulo 5 - 4. Desentendimentos


 

Baekhyun estava irritado.

Na verdade, tinha passado toda semana assim.

Não se sabia ao certo o motivo, mas os sorrisos — que já eram raros — do loiro, ficaram ainda mais escassos. No trabalho, não tinha muita paciência para assuntos que já tinha discutido, porém insistiam em ficar repetindo.

Os únicos que ainda conseguiam arrancar aquele sorriso bonito e fazer empresário ficar bem, eram seus sobrinhos. Chanyeol estava ficando cada vez mais incomodado, pois de alguma forma parecia que o mau humor do seu chefe piorava ainda mais na sua presença.

A semana tinha se passado lenta, cansativa e o universitário conseguia contar nos dedos as vezes que Baekhyun se dirigiu a ele. Da mesma forma, as ligações que o moreno recebia começaram a ficar mais frequentes e ele sempre saia do cômodo que estava para atender.

— Está em horário de trabalho, sabe disso, não é? — Baekhyun disse, ao ver Chanyeol se levantar para atender o telefone naquela manhã de quinta-feira.

— É urgente, Baekhyun. — Disse sério. — Se não fosse, eu deixaria para mais tarde, eu já volto, não vou demorar.

O maior saiu da cozinha, sendo seguido pelos olhos frios do empresário, que bufou irritado, mas logo sua atenção se voltou para Seoeon que tentava alcançar um pedaço de maçã. Mas estava longe demais na mesa. Baekhyun sorriu com o pequeno inclinado para frente, ele mordia a língua e esticava o bracinho curto, uma cena terrivelmente fofa

— Deixa que eu pego para você. — Disse o loiro, ele levou a mão até o prato, pegando a fruta para o sobrinho. Acontece que por estar distraído, ele não percebeu que Seojun puxava a toalha da mesa para pegar o jarro de suco, porém ele não aguentou o peso e quando foi colocar o suco no copo, acabou deixando-o cair junto com todo conteúdo do jarro.

Um barulho alto foi ouvido quando o copo de Seojun foi ao chão; por ser de plástico não quebrou e Baekhyun conseguiu segurar a jarra antes que caísse também, porém acabou se sujando todo. Ele gritou irritado.

— O que aconteceu? — Quis saber Chanyeol, voltando correndo para a cozinha. Ele viu Baekhyun todo molhado e Seojun tinha respingos de suco no uniforme.

— Aconteceu que se você estivesse aqui, como deveria estar, nada disso teria acontecido.

— Mas é só eu me virar um segundo e você já faz bagunça, menino. — Chanyeol brincou, acariciando os cabelos de Seojun, que olhava a cena assustado.

— Vá trocar ele, se não eles chegarão atrasados, eu tenho que tomar outro banho.

— Baekhyun, não precisa se irritar tanto, é só um pouco de suco…

— Não, é falta de responsabilidade sua, não quero mais te ver atendendo ligação do seu namoradinho na minha frente, estamos entendidos? — O loiro praticamente rosnou antes de sair da cozinha.

Chanyeol suspirou chateado, depois sorriu para os meninos.

— Não liguem para o tio Baekkie, ele está irritado, mas não é com vocês.

— Ele deveria ouvir música.  — Disse Seoeon.

— Como?

—  O appa sempre canta para o tio Baek, principalmente quando ele tá triste. — Respondeu Seojun com um bico, ele estava chateado por deixar seu tio chateado.

Chanyeol ficou pensando sobre aquilo, mas logo lembrou que precisava trocar as roupas de Seojun e olhou o relógio em seu pulso, estavam atrasados e precisavam correr.

 

(...)


 

Baekhyun, na verdade, estava exausto.

Ele havia chegado um pouco mais cedo em casa na sexta-feira de noite pois tinha sido uma semana tão confusa! Tão complicada.

Nem o próprio empresário conseguia entender seu péssimo humor, sem falar nos sonhos. Praticamente todos os dias sonhava com Chanyeol e o quase beijo que tinham trocado.  E ainda tinham aqueles telefones, estava mais do que irritado com aqueles telefonemas!

Bufando, ele abriu a porta de seu apartamento.

Chanyeol estava com eles há um pouco mais de um mês e já tinha confundido Baekhyun de várias formas possíveis. Falando no universitário, ele estava arrumando a cozinha quando chegou. O moreno lançou um sorriso meio inseguro para Baekhyun, que suspirou.

— Boa noite.

— Boa noite, Baekhyun! Como está? Eu queria falar com você sobre um evento na minha faculdade…

— Espera, — Interrompeu o menor. —  Cadê os gêmeos? Já estão dormindo? —  Quis saber um pouco triste, pois tinha a intenção de aproveitar um pouco da noite com seus sobrinhos, já que tinha saído cedo.

— O quê? Estão na sala vendo desenho.

— Não estão, não. —  Disse Baekhyun, pois tinha passado pelo cômodo antes de seguir até a cozinha.

— Não?

Chanyeol secou a mão, indo até a sala e não viu os meninos. Um barulho alto foi ouvido e os dois se encararam enquanto corriam pelo corredor. A porta do do escritório de Baekhyun estava aberta e ambos souberam que aquilo era um mau sinal.

Seoeon e Sejun estavam sentados no chão, os dois com canetas vermelhas na mão, tinham derrubado uma pasta de Baekhyun e desenhavam em alguns papéis.

— Os contratos! —  Sussurrou o loiro, abismado.

— Baek, se acalme!

— Chanyeol… —  O loiro praticamente rosnou de raiva, fazendo o universitário se encolher. —  Leve os meninos daqui.

O maior pegou os gêmeos nos braços e os deixou na sala, pedindo para ficarem ali, depois foi até o quarto e pegou algumas folhas e lápis de cera, para eles desenharem no lugar certo.

Os dois sorriam, completamente alheios do que tinham feito e começaram a desenhar em frente a TV.

Chanyeol voltou para o escritório do seu chefe, vendo-o encarar o chão desnorteado.

— Como você deixou isso acontecer?

— Foi sem querer, eu estava lavando a louça para fazer o lanche deles, não vi os meninos saindo da sala.

— Pensei que tinha te contratado para cuidar deles! Quantas vezes eu disse que não era para deixar eles entrarem no meu escritório? — Gritou, fazendo o maior se encolher.

— Poxa, são só algumas folhas!

— Só algumas folhas? — Disse, enterrando os dedos nos fios loiros, bagunçando-os. — São contratos, Chanyeol, é melhor rezar para ser apenas as propostas, porque se for os assinados….

Apesar da expressão irritada, Chanyeol não conseguia evitar achar seu chefe lindo.

— Olha só, não pode colocar toda a culpa em mim. —  Disse engolindo em seco, estava com medo, mas não iria ouvir tudo calado por isso cruzou os braços.

— Como é?

— Você poderia ter trancado a porta do seu escritório se é tão importante assim. — Aquilo deixou Baekhyun abismado.

De fato, ele poderia ter trancado. Mas, estava tão acostumado a viver sozinho que não pensou na possibilidade de algo acontecer e entendeu que Chanyeol estava, realmente, o enfrentando. Ainda era tudo muito novo.

— Vá cuidar dos gêmeos. — Disse com um suspiro.

— Olha, isso é bem chato. — Começou Chanyeol. —  Eu não sei o que aconteceu, porque está tão irritado esses dias, mas nós temos que conviver em paz, Baekhyun, pelo bem dos meninos.

— Eu sei… —  Grunhiu.

— Então, como eu estava falando quando você chegou… —  Começou o moreno, com um sorriso no rosto, vendo que o outro estava mais calmo. —  Amanhã, tem uma festival na minha faculdade com algumas apresentações, barracas de comida e é bem legal. — Disse. — Eu ia me apresentar, mas como estou cuidando dos meninos tinha desistido da idéia, mas acho que será legal, sabe? Sair um pouco com os gêmeos.

Baekhyun bufou irritado.

— Vou pensar, agora me deixe arrumar isso tudo, falo melhor com você quando estiver mais calmo.

Chanyeol assentiu, deixando o loiro sozinho.

Ele olhou a bagunça ao redor, não poderia culpar o universitário por tudo; só que estava com aquela sensação estranha no peito, aquela vontade que tentava reprimir, mas era quase explícita toda vez que observava os lábios cheinhos de Chanyeol.

Estava, literalmente, ficando louco.

 

Mais tarde, depois de suspirar aliviado ao perceber que eram apenas propostas e não os contratos assinados, de fato, Baekhyun sentou na frente do computador, mandando um e-mail para Yoora, pedindo que imprimisse novamente o necessário, pois precisaria para a próxima semana.

Ele arrumou mais algumas coisas que deixou pendente por sair mais cedo, então foi para seu quarto, tomando um banho relaxante e colocando uma roupa caseira. Ao chegar na sala, se deparou com uma cena mais do que fofa: Chanyeol estava largado no tapete, com cada um dos gêmeos de um lado, deitados em seu ombro. Os três dormiam com a música calma de fundo, de um desenho animado qualquer.

Pegando o celular no bolso, Baekhyun tirou um foto e sorriu. O Park, realmente, parecia uma criança. Ele se aproximou lentamente e afagou os fios negros, Chanyeol suspirou ao invés de acordar, arrancando uma risadinha do menor.

— Hey, dorminhoco.

— Hm…

— Chanyeol, acorda, me ajuda a levar os meninos para a cama.

— Quê? — Disse o universitário.

— Vocês dormiram.

— Eu acho que esses desenhos infantis tem sonífero. — Sussurrou.

Baekhyun riu baixinho, pegando Seojun no colo, Chanyeol bocejou e pegou Seoeon, se levantando com ele. Os dois seguiram para o quarto do loiro e deixaram os meninos na cama.

— Eu vou dormir, estou morto. — Disse o maior, coçando os olhos. — Ele parecia adorável daquele jeito, cabelos bagunçados e olhos praticamente fechados.

— Tudo bem. — Chanyeol se virou, parecia um sonâmbulo, batendo na porta antes de abri-la para sair. Baekhyun riu do universitário e pensou: por que não? Acabou cedendo.

— Hey.

— Sim? — O maior se virou para ele.

— Amanhã, que horas é o evento na sua faculdade?

— Como?

— Não quero que deixe de participar dos seus projetos por causa de nós.

— Ah, sim, é depois do almoço, começa duas horas.

— O que acha da gente comer fora e depois ir? Acho que os meninos precisam um pouco de diversão.

— Acho que eles vão adorar.

— Ótimo, boa noite Chanyeol.

— Boa noite, Baekhyun. —  Disse o maior, com um enorme sorriso.


 

(...)


 

Chanyeol acordou empolgado.

Apesar de toda semana ter sido cheia de estresse, algo lhe dizia que aquele dia seria bom. Acabou ligando para sua irmã, ela adorava ver suas apresentações e eles combinaram de se encontrar na faculdade de tarde. Ele se levantou da cama quando ouviu gritos no quarto ao lado.

Baekhyun acordou mais tarde do que o normal e da forma mais gostosa possível: seus sobrinhos pulavam na cama e se jogavam sobre ele, dando risadas e o chamando de preguiçoso.

— Eu? Preguiçoso? Vocês que nunca querem acordar. — Disse indignado, fazendo cócegas nos meninos para eles saírem, mas os dois só riam e ficavam sobre o corpo do tio. — Alguém me ajuda, pelo amor de Deus, estou sendo sufocado por dois bichos preguiça.

Chanyeol parou na porta do menor, rindo da cena e de si mesmo por ter se preocupado. Ele observou seu chefe, todo descabelado com os dois menores em cima dele; resolveu ajudar. Então entrou no quarto, pegando Seojun pelos pés, o levantando de cabeça para baixo.

O menino gargalhou, mas logo o moreno o virou, segurando-o direito em seu colo.

— O que estão fazendo? Hein? — Perguntou risonho .

— Acordando o tio Baek.

— De onde vem tanta empolgação essa hora da manhã? — O loiro quis saber desacreditado, se levantando com Seoeon.

— Crianças tem um estoque quase ilimitado de energia.

— E olha que eles nem sabem o que vamos fazer hoje. — Respondeu o menor.

— O que vamos fazer, titio? — Quis saber o mais novo dos gêmeos.

— Vamos na faculdade do Channie. — Respondeu empolgado e os meninos arregalaram os olhos, enquanto o moreno corava com o apelido, mas se sentia estranhamente feliz.

— Na sua escolinha? — Perguntou Seojun feliz.

— Sim, será uma feira muito legal, vai ter muitos doces e apresentações.

— Você vai cantar? — Seoeon perguntou empolgado.

— É surpresa! — Chanyeol respondeu.

— Você canta? — Baekhyun perguntou impressionado.

— Eu tento.

— Ele sempre canta pra gente mimir quando chega da escolinha. — Respondeu Seoeon, fazendo o maior corar novamente diante do olhar de Baekhyun, ele estava meio desconfiado, meio maravilhado. O empresário se perguntava como deveria ser aquela voz rouca e bonita junto com uma melodia.

— Dê banho neles, eu vou fazer o café. — Disse o mais velho e o outro assentiu, pegando Seoeon e seguindo até o banheiro, enquanto Baekhyun andava para cozinha.

Foi uma manhã tranquila, todos comeram em paz e com conversas bobas, o Byun se fechou no escritório por duas horas, resolvendo problemas da empresa mas depois ficou com os sobrinhos vendo TV.

Perto da hora de almoçar, eles se prepararam para sair e enquanto os gêmeos brincavam na sala, Baekhyun se arrumava em seu quarto.

— Baek, eu vou entrar rapidinho para arrumar a bolsa dos meninos. — Disse Chanyeol, seguindo até a cômoda onde a roupa dos dois estavam.

— Tudo bem.

— Você já pensou no quarto deles?

— Como?

— Acho que eles já dormiam sozinhos, certo? Antes… Quer dizer, eles têm três anos, precisam de certa independência, sabe? Um lugar para chamar de “meu” e você precisa de privacidade.

— Acha que seria melhor para eles ter um quarto?

— Sim, eu acho… seria legal, vocês poderiam arrumar juntos, quem sabe trazer algo do quarto original deles.

— Eu ainda não fui lá.

— Como?

— Fiquei responsável pelos pertences do meu irmão, eles serão dos gêmeos um dia, mas não tive coragem de entrar naquela casa depois do acidente. — Suspirou o menor e Chanyeol mordeu os lábios.

— Desculpe, não queria tocar em um assunto…

— Pare de se desculpar Chanyeol, você pode sempre falar o que acha melhor para os meninos, que da minha dor, cuido eu. — Respondeu o loiro, ele não queria soar rude, apenas ser direto, então sorriu para o maior que assentiu uma vez, retribuindo o gesto. — Você me ajudaria? A montar o quarto para eles? — Pediu o loiro, engolindo seu orgulho mas sem conseguir encarar o maior.

— Claro, podemos fazer todos juntos, eles ajudariam a pintar…

— Seria um desastre.

— Seria divertido e você parece que não se diverte há um bom tempo. — Respondeu Chanyeol, pegando a bolsa com o necessário para os gêmeos e saindo do quarto.

Acontece que, de certa forma, parecia errado para o loiro sorrir, rir e brincar com os gêmeos ou apenas por si mesmo, quando seu herói, seu melhor amigo, seu irmão não estava ali.

Baekhyun ainda lembrava da primeira vez que os gêmeos andaram, ele estava irritado pois ficou preso no trânsito, o táxi não andava de jeito nenhum e chegaria atrasado em uma reunião. Então, Baekbeom o ligou pelo Skype, fez uma vídeo-chamada gritando: “OLHA BAEK, OLHA SÓ ELES! SEUS SOBRINHOS ESTÃO ANDANDO!”

Foi tão bonito presenciar aquele momento. Os dois eram assim, se falavam todos os dias, sabiam os segredos um do outro e eram melhores amigos.  Como sentia falta daqueles momentos, como sentia falta do seu irmão. Acabou ficando tempo demais olhando o próprio reflexo no espelho e pensando que não era bom o bastante, nunca seria bom o bastante, mas precisava se esforçar.

— Titio, eu tô com fome. — Falou Seojun entrando no quarto, o loiro riu e o pegou no colo, estava sempre apressado por uma criança de três anos.

— Quando você não está com fome?  — Brincou o mais velho.

— Quando eu tô papando. — Respondeu seriamente, fazendo Baekhyun gargalhar.

Por um momento ele esqueceu o motivo para estar tão irritado, mas ao ver Chanyeol no celular quando chegou na sala, seu coração pesou. Ele precisava deixar isso de lado, o universitário não é sua propriedade e não lhe deve explicações.

— Vamos? — Chamou o Byun e o maior tirou os olhos do celular.

— Sim. — Disse pegando Seoeon no colo e a bolsa com o necessário para os dois.

Eles desceram até o estacionamento, colocando os meninos na cadeirinha do banco de trás, Chanyeol se sentou ao lado de Baekhyun, que estava dirigindo.

— Onde vamos?

— Em um lugar especial. — Disse o Byun com um sorriso. Doía? Sim, doía muito. Mas, ele queria levar seus sobrinhos até lá.

Eles ficaram no carro um pouco mais de meia hora, o rádio estava ligado, porém tocava músicas infantis de algum desenho que gêmeos gostavam… e pelo visto Chanyeol também, já que ele cantava animadamente com os meninos, como uma criança grande.

Baekhyun estacionou em frente a um restaurante de aparência rústica mas americanizada e, enquanto andava a entrada com os sobrinhos, ele explicou:

— Eu e o appa de vocês frequentávamos esse lugar desde a adolescência, acho que será legal vir com vocês aqui também.

Os meninos pareciam empolgados, olhando tudo ao redor. Chanyeol olhou receoso para o menor e depois sorriu, ele estava tentando deixar a memória de seu irmão viva nos gêmeos. O local era completamente americanizado, então os mais velhos pediram hambúrgueres enormes e as crianças comeram batata frita com frango grelhado. Os gêmeos adoraram colocar ketchup e cheddar na comida.

O tempo passou voando e ao olhar o relógio já marcava 14:30. Logo todos voltaram para o carro, seguindo para a faculdade do moreno. O Byun dessa vez colocou em uma rádio de rock clássico e os sobrinhos não reclamaram. Baekhyun e Baekbeom tinham gostos parecidos, na verdade, o mais velho tinha influenciado o irmão em muitas coisas.

 

O campus estava cheio e Chanyeol era popular, falando com diversos alunos a cada minuto, o loiro estranhou que em certo momento o Park se juntou com um grupo de pessoas cheias de tatuagem e usando jaquetas de couro combinando, pareciam um clube, mas decidiu deixar isso para lá.

Sem falar que carinhas tão lindinhas quanto daqueles bebês de três anos de idade, sempre chamam a atenção. Logo na entrada tinha um grupo de meninas vendendo algodão doce, porém não resistiram ao charme infantil daqueles dois pestinhas —  Baekhyun tinha a teoria de que eles faziam aquele bico fofo de propósito —  e deram um algodão doce para cada.

— Espero que não se importe, mas chamei minha irmã, ela gosta das minhas apresentações.

— Yoora? Chanyeol, é a sua família, porque iria me importar? — Quis saber Baekhyun e o outro deu de ombros.

Mas, o que o Byun não esperava era a dor em seu coração. Assim como ele, Chanyeol era mais novo e quando Yoora o viu — sem reparar no chefe um pouco atrás, comprando água para os gêmeos que estavam melados devido ao doce que comeram — puxou a orelha saliente do moreno e fez uma expressão mandona.

— Estou te esperando tem quase meia hora!

— Noona, me ouve… aaaai! — Chanyeol choramingou quando Yoora apertou com mais força.

— Horário, moleque! Tem que ter compromisso! — Respondeu antes de soltá-lo.

Baekbeom sempre ralhava consigo quando chegava atrasado em seus encontros devido uma reunião ou quando não ouvia o que tinha dito pois estava no celular. Ele lhe dava um cascudo ou tapa na nuca e falava: “estou aqui Baekkie, sou seu hyung, tem que me respeitar e dar atenção!”

Era engraçado ver aquela cena pois Yoora era bem mais baixa que Chanyeol, mas ele estava curvado para frente com um bico nos lábios e olhos chorosos para irmã impiedosa. Porém, o fazia lembrar de sua própria relação com seu falecido irmão. Dóia.   

— Desculpa Yoora, foi culpa minha. — Disse se aproximando com um sorriso. — Nós almoçamos fora e eu atrasei o Chanyeol.

— Se-senhor Byun?

— Agora ela gagueja… — Resmungou o moreno, massageando a orelha e a sua irmã lhe lançou um olhar duro, fazendo-o colocar a mãos sobre os ouvidos. Mas ela estava corada também.

— Baekhyun, me chame de Baekhyun, não estamos no trabalho. — Disse simpático.

— Pra ela, você sorri. — Continuou resmungando o moreno e o loiro franziu o cenho por não entender.

— Tudo bem. — Disse Yoora sorrindo.

— Chanyeol nos convidou, espero não atrapalhar.  — Continuou o Byun, se abaixando depois de pegar um lenço umedecido na bolsa que estava no ombro de Chanyeol. Os gêmeos tinham terminado de beber a água, então o loiro se abaixou, limpando  o açúcar da mão e da boca deles.  Yoora suspirou com a cena, era tão fofo.

— Só não baba, noona. — Sussurrou Chanyeol para ela, correndo até Baekhyun quando ela ameaçou bater nele.

— Algum problema?

— Problema nenhum senho... . Baekhyun.

— Ótimo.—  Disse Chanyeol. — Vamos comer uns doces.

— DOCES! — Exclamaram as crianças.

Yoora se derreteu com aqueles dois enquanto andavam pelo campus, parando em algumas barracas para comprar algo ou quando Chanyeol falava com algum amigo. Depois de um tempo, anunciaram no auto-falante que os alunos que iriam se apresentar precisavam ir até o teatro da escola, para se arrumarem.

— Vejo vocês daqui a pouco, não demorem porque senão fica lotado. — Disse o moreno, sumindo entre os alunos. Yoora pegou Seoeon no colo e Baekhyun ficou com Seojun.

Eles compraram um chocolate —  um não, dois porque ambos queriam entregar — para dar a Chanyeol depois da apresentação. Yoora sorriu de lado, pois tinha sido idéia de Baekhyun.

Em meia hora, os meninos se encontravam na primeira fila, cada um em um colo. O local estava cheio, porém aqueles biquinhos manhosos realmente conseguiam qualquer coisa.  Baekhyun tinha participado de show de talentos em sua faculdade também, ele cantou e ficou em terceiro lugar.

Geralmente as apresentações eram mais elaborados, os universitário muitas vezes tem o lado competitivo mais aflorado. Porém, não tinham muitas pessoas se apresentando, por isso depois de algum tempo, Chanyeol entrou em cena. Ele sorriu e acenou para os gêmeos que fizeram festa quando ele apareceu, então seguiu até o piano que estava mais ao fundo do palco.

Uma melodia suave começou a soar e Baekhyun sorriu involuntariamente.

Era uma loucura, mas quando a voz de Chanyeol começou a cantar “All of me”, parecia que o mundo tinha fico em silêncio para ouvi-lo. Ou talvez apenas tenha sido Baekhyun que foi sugado para um universo paralelo, completamente alheio a tudo ao seu redor e submerso em como o moreno ficava bonito ali, com os dedos deslizando nas teclas do piano, os olhos fechados, a voz afinada e, principalmente, a emoção.

 

“‘Cause all of me

Loves all of you

Love your curves and all your edges

All your perfect imperfections

Give your all to me

I’ll give my all to you

You’re my end and my beginning

Even when I lose I’m winning

‘Cause I give you all of me

And you give me all of you”


 

Chanyeol cantava com devoção e isso era tão lindo de ser presenciado que Baekhyun ficou sem fôlego; sem contar que a letra da música também o deixava ansioso, fazia algo borbulhar dentro de si.


 

“How many times do I have to tell you

Even when you’re crying you’re beautiful too

The world is beating you down, I’m around through every mood

You’re my downfall, you’re my muse

My worst distraction, my rhythm and blues

I can’t stop singing, it’s ringing, in my head for you”

 

Assim que a música acabou, Baekhyun sentiu que a bolha ao seu redor se estourou. Ele ouviu palmas e elogios, mas não conseguia fazer tal coisa, apenas fitava o moreno que se curvava, agradecendo a platéia, então, quando os olhares se chocaram e Chanyeol deu aquele sorriso maior que o mundo, Baekhyun percebeu que estava completamente perdido.

 

 

 

 

(...)


 

Apesar de fingir e agir o resto da tarde como se nada tivesse acontecido, Baekhyun sentia a confusão dentro de si; da sua mente e, principalmente, do seu coração.

Os meninos chegaram em casa quase dormindo, então Baekhyun deu banho nos dois e os colocou na cama, antes dele mesmo relaxar em sua banheira e colocar roupas confortáveis. Chanyeol estava na cozinha, depois de sua higiene pessoal também, fazendo um lanche para si, quando o loiro entrou no cômodo.

— Quer também?

— Sanduíche de queijo? Quem diz não para queijo? — Perguntou o mais velho, em tom brincalhão, ele estava feliz com o dia que passou ao lado de seus sobrinhos.

— Exatamente o que eu me pergunto.

— Eu não sabia que você cantava. — Questionou o loiro.

Chanyeol deu de ombros, terminando o lanche, enquanto o Byun enchia dois copos com suco de caixinha.

— Não sabe muitas coisas sobre mim.

O menor franziu o cenho. De fato, não sabia praticamente nada sobre o maior; ele faz faculdade de pedagogia, gosta de doces, sabe cantar e… só isso que tinha conhecimento.

— Quer ver um filme? Ou está cansado?

— Não, podemos ver algo.

— Me conta mais sobre você.

— O que quer saber? — Riu o maior, seguindo para sala e se jogaram no sofá. — Sou um livro aberto.

— O que gosta de fazer? — Quis saber Baekhyun sem olhar o outro, não queria parecer interessado demais, então trocava de canal procurando algo para assistir.

— Eu gosto de muitas coisas, de crianças, de parques de diversões, de motos, de cantar e compor…

— Sério?

— O quê?

— Motos e compor músicas? — O Byun disse impressionado.

— Não são obras de arte, mas minhas músicas têm uma melodia legal... e sobre moto, bem, é algo de infância. Eu via meu pai e o vizinho falando de moto o tempo todo, eles até faziam parte de um clube que se juntava e rodava pelo centro da cidade, de vez em quando ele me levava na garupa. Então eu e o filho do meu vizinho crescemos gostando disso e depois, passamos a amar e hoje é um hobby.

— Legal eu nunca vivenciei ou sequer vi nada assim. Meu pai era um contador, ele gostava de ensinar matemática, não era nada tão interessante quanto clubes e motos.

— Se quiser, no final desse mês tem um encontro do clube na minha casa, meu pai vai fazer um churrasco, toda a vizinhança aparece, pode ser legal.

— Eu não sei.

— Pense com carinho. — Disse o maior fazendo manha e novamente aquele bico fofo que Baekhyun tinha aprendido a adorar.

Chanyeol tinha um espírito infantil, porém, suas mãos grandes, olhos brilhantes e lábios tentadores despertavam em Baekhyun algo completamente diferente e nada puro. E, estar ao lado dele no sofá, sozinho e um preso nos olhos do outro sem conseguir escapar, era arriscado demais.

Era tentador.

Em algumas semanas, os dois tinham se metido em diversas situações delicadas, pois estava claro que um resistia ao outro. Eles resistiam porque tinham consciência de que se entregar seria uma confusão. Sem falar nos gêmeos, tinham que pensar no bem deles. Se os dois sem querer vissem algo diferente entre eles, seria uma confusão em dobro.

Porém, mesmo que ambos soubessem sobre tudo isso, eles também perceberam que mais cedo ou mais tarde iriam ceder, já que era impossível negar aquela atração — quase palpável — que os rodeava.

Sem se importar com o que estava dando na televisão ou com o suco pela metade que estava na mesa da sala, Chanyeol se inclinou na direção de Baekhyun. O bico se perdeu em meio a expressão séria e coração acelerado.

Ele foi quase instintivamente para mais perto do loiro, seu corpo parecia implorar pelo do menor. O Byun soltou o ar pela boca, estava rendido, preso na beleza e no desejo de ter um pouco de Chanyeol para si.

Sem que fosse planejado — na verdade, da forma mais inconsequente possível — o menor também se aproximou, nenhum dos dois fechou os olhos, mesmo quando lábios roçaram um no outro. Porque fechar os olhos significa se entregar, fechar os olhos significa não ver mais a idiotice que estavam fazendo e se deleitar naquela sensação. Então, fechar os olhos era um erro.

Porém, Chanyeol gostava do perigo. Gostava de se desafiar a algo novo; gostava das incertezas que seus meninos sempre lhe davam, afinal, quem consegue prever uma criança? Gostava da forma séria de Baekhyun e de desvendá-lo; gostava da alta velocidade de sua moto e talvez, um dia levasse Baekhyun para passear nela. Por isso, fechar os olhos lhe deu aquele nervosismo, aquele medo, mas foi bom, pois só assim conseguiu sentir plenamente os lábios finos de Baekhyun se juntando aos seus. Só então o loiro perdeu o controle, enterrando os dedos nos fios negros para puxar o mais novo para si em um beijo afoito.

Era perigoso, eles sabiam. Mas também, era bom demais.

Ambos se beijaram repetidamente, parando apenas quando precisavam, infelizmente,  respirar. Se encontraram em beijos calmos, longos, curtos ou famintos. Eles se descobriram e se encaixam aos poucos.

As bocas se chocavam, cada vez mais ansiosas e necessitadas. Eles bebiam os sons que o outro fazia, fosse um gemido contido, um rosnado de tesão ou um ronronar entregue.

E amanhã, talvez, eles fingissem que nada aconteceu.

Amanhã, pode ser que se arrependam.

Amanhã, provavelmente, sequer conseguiriam se encarar.

Então, não falaram do amanhã, nem dos problemas, muito menos dos deveres; apenas se beijaram muitas e muitas vezes, querendo cansar do toque alheio, do gosto viciante ou do suspiros rendidos.

Mas isso também não aconteceu.





 


Notas Finais


BEIJOOOOOO CHANBAEK, AAAAAAAAAAAH!
Espero que tenham gostado, volto com mais em breve <3


Eu estou escrevendo PCND para quem ainda não viu <3
https://spiritfanfics.com/historia/park-chanyeol-next-door-5662990

Beijos sz


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