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História Confusions Of A Girl In Crisis - Me and Ana


Escrita por: JessieNatyB

Notas do Autor


Oi, gente.
Não aguentei a espera e postei o capítulo antes rsrs Até porquê eu não sabia se ia ter net pra postar amanhã, pois estou viajando a trabalho e nem sempre tenho net por perto.
Espero que gostem desse capítulo. Esse cap é muito especial para mim.
Deixem comentários.
Beijos.

Capítulo 10 - Me and Ana


Dois dias depois.

- Senhor Poynter?

                Acordo com alguém me chamando.

- Sim?

                Olho em volto e vejo que Jessica está sendo instalada no quarto.

- Como ela está, doutor?

- O quadro dela é instável...

- Opa! Com licença. - Harry aparece na porta. - Bom dia.

- Continue, por favor, doutor. - olho pra Harry.

- Como estava dizendo. O quadro dela é instável. Ela está tendo dificuldades respiratórias, está com uma grave desidratação, a pressão arterial está baixa e o coração está tendo que fazer um grande esforço para mantê-la viva. O risco de uma parada cardíaca é grande. Os corte foram costurados e estão começando a cicatrizar, adiante recomendarei uma pomada para amenizar as cicatrizes. Mas o que eu gostaria mesmo de alertar é sobre o quadro de anorexia.

- Anorexia?

- Sim... Seu peso está muito abaixo e o risco dela vir a falecer é grande. Queremos interferir nisso; quero sugerir um tratamento numa clínica no norte de Londres. É uma clínica especializada no tratamento de anorexia em crianças e adolescentes. Conversaremos mais sobre isso quando ela acordar.

 

♠♠♠

 

P.O.V. Jessica

 

- ... tratamento de anorexia. - ouço uma voz ao fundo, como se meu ouvido estivesse trancado.

                Abro meus olhos com um esforço enorme porquê sinto-os tão pesados. Minha garganta está seca e eu preciso de água.

- Água. - sussurro.

- Ela acordou. - ouço uma voz familiar. Mas não consigo ver quem é.

- Água. - peço novamente.

                 Aos poucos minha visão vai entrando em foco. Vejo Dougie me oferecendo um copo de água.

                Tento levantar o braço para pegar o copo, mas mal consigo me mexer. Dougie leva o copo, de vagar, até minha boca, me ajudando a tomar água.

- Obrigado.

                Olho ao redor e vejo Harry... E um médico.

- O que houve? - olho para Dougie.

                A última coisa que me lembro foi de levantar da cama, ir no banheiro... E me cortar várias vezes. Olho para meus pulsos, agora envoltos de gaze.

- Eu trouxe você aqui. - Dougie fala.

                Aqui? O médico. Um hospital.

- Olá, Jessica. Sou o Dr. Peterson. Como você está se sentindo?

- Eu estou bem. - a mentira escapa de meus lábios facilmente. A verdade é que estou cansada, de tudo.

                Olho para Dougie e sinto culpa.

- Me desculpe.

- Você tinha prometido...

- Eu sei. - desvio meus olhos dos seus. - Me desculpe, Dougie.

- Tudo bem. - ele pega meu rosto e faz-me olhar em seus olhos, novamente. - Você está bem agora.

- Hum-hum. - o médico pigarreia. - Com licença, senhor. Precisamos alimentá-la.

- Meu estômago está indisposto. - suspiro.

- Você precisa comer. Pedirei que tragam algo para você comer. Depois, voltarei para conversarmos.

                Sei que não adianta tentar rechaçar a comida, serei obrigada a comer. Olho de Harry para Dougie.

- Por que você...?

- Dougie se preocupou com você. Levei ele até sua casa. Encontramos você no banheiro. - Harry explica.

- Jessica. - Dougie chama. Eu olho para ele. - Na palestra que Harry deu, sobre anorexia; quando você disse que a anorexia era um estilo de vida... Você estava falando sobre você?

- Sim...

- Com licença. - entra um enfermeiro com uma bandeja em mãos. E logo atrás dele entra Danny e Tom; Danny traz um buquê de flores amarelas.

- Hey! Olá.

                Observo os quatro se cumprimentarem enquanto o enfermeiro arruma a bandeja em minha frente. Quando ele termina, saí me deixando sozinha com os quatro.

- Oi. - Danny sorri. - Eu trouxe flores.

- São lindas. - sorrio. - Obrigado.

- Oi Jessica. Como está se sentindo? - Tom pergunta.

- Cansada...

- Você tem que comer um pouco. - Harry fala.

- Eu sei... - suspiro; encarando a comida e imaginando meu prato vazio.

                Sinto que sou observada e isso só faz a pressão sobre mim aumentar. Reviro o prato e dou uma pequena garfada. Levo a comida à boca. Mastigo. Engulo. E torno a repetir o processo.

                Reprimo as sensações de enjoo e mágoa que ameaçam me levar às lágrimas. Meus olhos secam instantaneamente. Minha garganta arde.

                Largo os talheres; não posso mais comer.

- Não consigo. - murmuro.

- Vou chamar o médico. - Tom anuncia.

                Ele saí da sala e retorna minutos depois com o Dr. Peterson e uma enfermeira, que retira a comida.

- Você comeu muito pouco. Como está se sentindo?

- Bem. - o médico me olha desconfiado.

- Ótimo. Antes de você acordar, estivemos conversando e, eu gostaria de sugerir um tratamento para a anorexia. Você é jovem, tem muita coisa para viver e não precisa passar pela doença sozinha. Eu não sou a pessoa mais indicada para falar sobre isso, por isso pedi a Dr. Headey para vir falar com você. Posso pedir para ela entrar?

- Não sei se quero falar sobre isso.

- Ela pode ajudar você. - Dougie insiste.

- Tudo bem.

                O doutor saí do quarto e no lugar dele retorna uma senhora loira, de aparência seria.

- Boa Tarde. - ela cumprimenta os rapazes. - Boa Tarde, senhorita Batiuk.

- Doutora.

- Por favor, me chame de Emília. - Ela traz uma cadeira para perto de mim. - Sei que está cansada de ouvir a mesma pergunta, mas vou fazê-la assim mesmo... Como você está?

- Bem.

- Sim, claro. - ela me olha seria. - Doutor Peterson me disse que eu poderia encontrar uma certa resistência ao conversar com você. Isso é verdade?

- Talvez...

- Eu gostaria de saber se você tem interesse em se tratar?

                Direta.

- Eu não sei... Estou confusa.

- Eu gostaria de ajudar você a tomar a decisão. Eu sou psicóloga e dona da Clínica Scaborough Farm, onde tratamos de anorexia em crianças e jovens. A clínica fica ao norte de Londres e nós contamos com uma equipe bem treinada para cuidar das nossas meninas

- Como funciona? É tipo consulta semanalmente?

- As pacientes são internadas na clínica durante o tratamento...

 

 

                A conversa com a Doutora resultou em me confundir ainda mais... Eu quero me tratar, quero ser normal e acima de tudo quer ficar bem comigo mesma. Mas eu não quero engordar, não quero me sentir fracassada de novo.

                Esta tarde. A doutora foi embora; Danny, Harry e Tom também. Só resta eu e Dougie, que saí pra comer algo rapidamente.

                Repenso no meu dia. Depois da conversa com Emília eu fui levada para o banho e alimentada, novamente. E enquanto estive comendo comecei a sentir dores no coração e fui levada às pressas a emergência.

- Outra parada cardíaca. A próxima ela pode não aguentar. - o médico diz.

                E isso me deixa com medo.

 

 

- Hey! Eu soube o que aconteceu. - Dougie entra no quarto. - Você está bem?

- Não. - desisto de ser forte. Começo a chorar.

                Dougie senta-se ao meu lado e me abraça.

- Tudo vai ficar bem. - ele passa sua mão em meus cabelos.

- Eu estou com medo. Eu não quero morrer.

- Você não vai morrer. Eu não vou deixar você morrer. - Dougie enxuga minhas lágrimas. - Mas para isso você tem que tomar uma decisão; você sabe qual, não é?

- Sei...

- Acho que agora você deveria tentar dormir. - Dougie olha em seu relógio. - Já está tarde...

- Eu... Eu estou com medo... E se eu fechar os olhos e... Eu não posso, Dougie.

- Tudo bem, eu estou com você.

- Obrigado.

                O silencio ocupa o lugar. Olho nos olhos de Dougie. Ele está perto, muito perto. Seus lábios sorriem um sorriso gentil. Sua mão em meu rosto faz um leve carinho e ele se aproxima. Seus lábios tocam os meus, suavemente. Fecho os olhos e me entrego a esta pura sensação.

- Hum-hum. - uma enfermeira pigarreia. - Eu vim trocar o soro.

                A mulher troca o soro rapidamente e saí, deixando Dougie e eu sozinhos, novamente.

- Eu... Eu queria te perguntar algo... Sobre a anorexia. Quero dizer, o por quê?

- O porquê da anorexia?

                Falar sobre isso é reviver meu passado. É doloroso. Mas eu preciso.

- Quando eu tinha nove anos minha mãe me levou ao pediatra por causa de uma infecção no ouvido e o pediatra disse: "O que você vai fazer com o peso dela?". E minha mãe disse: "Como assim, o que vou fazer? Ela tem nove anos. Qual é o problema com o peso dela?". E ele disse: "Ela está gorda. Ela está gorda. Ela tem nove anos, não é gordura de bebê.". Comecei uma dieta aos nove anos, eu ingeria mil calorias. Emagreci três quilos e ganhei um caderno do Mickey. Achei o máximo, era um incentivo. Eu achei ótimo... De tempos em tempos, eu comia e vomitava. Eu fazia isso várias vezes, por três ou quatro dias... e acabava ficando... desidratada e tinha de ser hospitalizada. Eu não sei quando foi a primeira vez que comecei a me sentir feia. Eu não sei quando foi que perdi o controle ou quando troquei meus pratos favoritos por tabelas de calorias e medo. Ou o dia que escolhi não comer. O que eu sei é que eu mudei minha vida. Para sempre... - suspiro e começo a chorar.

- Você não precisa continuar se não quiser. - Doug me abraça.

- Sim; eu preciso. - tomo um folego e continuo. - Vou contar um episódio especial, que não foi nada agradável. Comecei de manhã, na padaria perto de casa... onde comprei uma dúzia de donuts. Eu fui... ao Burger King... peguei pãezinhos recheados e um croissant de bacon e queijo. Depois, fui ao Mcdonalds... e pedi pratos para o café da manhã. Então, passei em uma mercearia... e peguei mais algumas coisas. Dois potes de sorvete... e não sei, uns docinhos. Fui para casa... comi os donuts... e as coisas do Burger King e do Mcdonalds... mas fiquei tão cheia que achei que fosse morrer. Tive dores no peito e tudo mais. Então eu vomitei... e comi todo resto. Então, no almoço... eu fiz... tudo de novo... Quando eu penso na anorexia, é mais ou menos como... a anorexia me fez ficar assim. Você não se importa se tiver que morrer para ficar magra, porque já não está feliz mesmo. As pessoas me diziam que já estava muito magra, mas eu não achava isso. Eu queria ver essa magreza com meus próprios olhos e é quando você decide parar de comer, mas, mesmo assim, você não vê. Você não percebe a maneira que está vivendo. Você se vê assim. Às vezes eu desejava que minha vida acabasse... Mas não é o que eu quero agora... Eu quero viver.

- Você vai...

- Shhh... Em meio ao caos que eu mesma criei; em meio a fome e ansiedade, encontrei o que eu procurava em mim: descobri o meu vício e os meus motivos. Eu sei qual é o meu problema, eu sei quais são os meus medos. E... eu preferia nunca ter descoberto. Eu preferia a ilusão de achar que tudo era uma questão de peso.

- Como... assim?

- As pessoas acham que é tudo uma questão de peso. Eu acho que... Bem... Para elas as pessoas ficam com anorexia porque querem ficar muito magra... porque elas veem as pessoas na passarela, nas revistas... capas... e pensam: "Eu quero ser assim.". Isso até que é uma história perfeita... Mas essa não é a verdade... pode ser para algumas pessoas... mas essa não e a única razão. Eu não fiquei com anorexia porque me inspirei nas modelos... é a imagem que tenho na minha cabeça... um ideal. Não é ninguém, sou eu mesma. Existe uma imagem na minha cabeça... que é a minha ideia... mas não é uma pessoa de verdade. E eu só queria que meus pais me notassem. Depois que ganhei irmãos eu me sentia deixada de lado e... eu queria que eles me notassem. Mas eu não entendia que a anorexia me afastava das pessoas, cada vez mais. E hoje, posso dizer que minha relação com meus pais é quase nula... Depois de algumas vezes, eu fui internada e... a primeira vez que me disseram que eu ia morrer, eu pensei: "Vocês me disseram isso há uma semana e eu não estou morta agora, estou? E ainda perdi um pouco de peso." Você vai até o limite. Este é o meu limite, Dougie... Eu... obrigado por me ouvir.

- Obrigado por confiar em mim e me contar essas coisas... Agora, tente descansar.

                Confirmo com a cabeça e me deito.

- Dougie. - olho-o sentar-se na poltrona ao lado da cama. - Você vai estar aqui quando eu acordar?

- Claro. - ele sorri. - Eu ficarei aqui com você.

- Boa Noite.

- Boa Noite.


Notas Finais


Oi, sou eu de novo!
Espero que tenham gostado do capítulo.
Ah... E eu queria agradecer aos comentários no capítulo anterior. Todas vocês que me escrevem são muito fofas *-*
Então, logo logo vou postar o próximo capítulo, prometo!
Beijos.


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