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História Contradições - Caminhonete


Escrita por: amanur

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 25 - Caminhonete


Contradições

by Amanur

...

25

...

 

 

Duas semanas se passaram, quando desci do taxi em frente ao meu prédio.

Eram três e meia da tarde. Eu sabia que a essa hora o Sasuke não estaria em casa, de modo que consegui subir as escadas com tranqüilidade até chegar ao meu apartamento. Eu havia deixado o meu celular ligado até acabar a bateria, portanto, a primeira coisa que fiz foi ligá-lo no carregador. A segunda coisa foi olhar na geladeira o que havia para comer. Mas para minha surpresa, ela estava mais vazia do que o meu estômago. Na verdade, estava completamente limpa. Estranhamente vazia.

 

Tipo assim, como se ninguém comesse há alguns dias.

Desconfiada, fui até a sala. E para os temores dos meus temores, as coisas do Sasuke haviam desaparecido. Não havia nem sombra, apenas o pó da suas coisas.

 

Corri para o aparelho telefônico fixo, disquei alguns números, e a esperei que atendesse.

 

— Pelos pentelhos do Naruto, criatura, onde foi que você se meteu, Sakura! Está todo mundo preocupado com você, sua debilóide!

— Deixemos os elogios e explicações para depois, Karin. O Sasuke foi embora! — choraminguei.

— MAS É LÓGICO QUE ELE IRIA EMBORA, SUA ANTA! VOCÊ ACHOU QUE ELE IRIA TE ESPERAR ETERNAMENTE?

— Eternamente, não, mas, pelo menos, duas semanas, ora bolas...

— E tem mais, chuchu! Você não andou lendo os jornais ultimamente, não?

 

Engoli a seco.

 

— Não. Por quê? — perguntei, morrendo de medo do seu tom de voz.

— Hehe. Acredito que ele tenha deixado um caderno na sua cesta de revistas, na sala.

 

Olhei para a cesta, ao lado da minha poltrona, que ficava abaixo da janela. Realmente, havia um jornal jogado ali. Puxando o fio do aparelho, fui até ela. Sentei, peguei o jornal, e fui folheando algumas páginas, com o fone entre a orelha e o ombro.

 

— O que tem aqui para eu ver, Karin?

— Vá na seção dos classificados, querida.

 

Eu não gostei nem um pouquinho disso. Mas foi o que fiz, com o coração na boca. Folheei mais algumas páginas, até abrir o caderno de classificados, com um titulo gigantesco.

 

“POLÍCIA PROCURA POR ESPOSA FUJONA QUE SE RECUSA A DAR O DIVÓRCIO AO MARIDO. ” — e havia uma foto minha, sentada numa cadeira de plástico, com a coluna encurvada, perto de uma piscina. Era da casa do amigo da Karin, aquele em que eu havia sido arrastada com as costelas pintadas com hematomas. Abaixo da fotografia, havia mais um textinho: “O marido oferece uma recompensa para quem encontrar a foragida. Ele alerta que sua esposa pode ser extremamente perigosa!”

 

O Sangue subiu até a cabeça.

Filho da puta!

Cretino!

Canalha!

Corno!

Veado!

Desgraçado!

 

Além da notícia ridícula, no final das contas, ele havia mesmo tirado uma foto minha, mesmo eu tendo tido que não permitia!

 

Tsc. Como se esse fosse o meu maior problema!

Ao olhar novamente para a chamada da página, o sangue desceu novamente e quase foi aos pés, junto com a minha consciência me matando de vergonha.

 

— Não acredito que ele fez isso... — sussurrei tão baixinho, em voz rouca, que achei que ela não iria me ouvir.

— Pois é... Acredite se quiser. Ele está atrás de você, feito louco. Louquinho da silva!

— Sim, pra fazer tudo isso, ele só pode ter enlouquecido mesmo! Pirou o cabeção! Mas o que é que ele tem na cabeça, pra achar que pode sair por aí divulgando a minha foto em jornais? Isso é um ultraje! Inadmissível! Vou processar aquele filho da mãe por difamação e exposição da minha pessoa! Eu disse, Karin, eu disse! Esse cretino só quer me ferrar!

— Calma, Sakura, calma! Nem tudo está perdido.  Tenho certeza de que se você conversar com ele, com calma, tudo se resolverá! Á propósito, querida — ela fez uma curta pausa, e ouvi algum ruído do outro lado da linha, que não pude identificar — Eu comprei uma saia longa ma-ra-vi-lho-sa, em promoção!

— Karin, pouco me importa a tua saia! Será que é pedir demais para você se focar no meu problema?

— Mas a saia é muito linda mesmo. Preta, com um estampado floral branco. Com uma sapatilha nos pés, vou ficar diva!

— Acho que essa sua sapatilha vai ficar mais bonita quando eu enfiá-la na tua cara. — resmunguei entre os dentes.

— Falando em cara, eu comprei também um estojo de maquiagem ma-ra-vi-lho-so! Por que você sabe como é, né? Não se pode mais sair de casa sem o reboco do dia a dia, que as barangas estão sempre de olho em qualquer buraquinho de cravo.

— Imagina, então, o que elas vão dizer para a cratera que eu vou abrir nessa tua cara, se você não calar a boca e me ouvir! Aliás, de onde ele pretende cagar dinheiro para pagar uma recompensa???

— Ah, sobre isso... Ele disse que ia dar o dinheiro que você deve a ele para pagar a recompensa.

— COMO É QUE É?

— Ele é bem esperto, se pensar bem. Por que assim que você for pega, será obrigada a pagar o dinheiro de qualquer jeito.

— VOCÊ ACHA???? — berrei tão alto que doeu minha garganta.

— Ai, Sakura, credo, como você é ogra! Eu já disse pra você relaxar! Tome um banho, passe um creminho gostoso no corpo, vá se deitar, tire o sono dos deuses, que quando você acordar será um novo dia. — dizia ela, bem sem noção — E então, você conversa com o Sasuke. Sei que tudo vai dar certo.

— Karin, só te digo uma coisa: não vai ser nem aqui, nem na China, e nem em Nárnia que vou dar o divórcio aquele filho da mãe! Aliás, é agora mesmo que não vou dar o divórcio a esse cretino, e ponto final! — desliguei o telefone, já que ela não estava disposta a me ouvir mesmo.

 

De repente, me bateu aquele pavor.

Eu não fazia a menor idéia do que fazer. Outra vez.

Eu estava encurralada num beco sem saída. Eu estava completamente presa a ele. Desde o inicio ele me tinha na palma de sua mão.

 

De repente, tive um click. Sabe, desses quando se acende uma luz que ilumina tudo. Não o meu melhor click, mas ainda era um click. E era melhor ter um clickzinho mixuruca, do que não ter nada!

 

Num ato desesperador, peguei o envelope com o dinheiro que meus pais havia me dado (escondido atrás do guarda-roupas), joguei dentro de uma mochila junto com algumas roupas e saí correndo de casa com o celular nas mãos. Na verdade, eu não sabia o que iria fazer co aquele dinheiro, se iria jogá-lo num rio, deixá-lo num cesto de lixo para qualquer um pegar, ou entregá-lo ao primeiro mendigo que encontrasse na rua.

 

Eu não sei no que eu estava pensando. Só sabia que tinha pegar aquele dinheiro, e afastá-lo de mim.

 

Enfim, disquei mais alguns números, sem me importar com a minha moral, ou a falta de bom senso, e aguardei ela atender.

 

— Quando eu disse que não queria mais ver a sua cara, isso também significava que não queria ouvir a sua voz... — disse, meio rabugenta.

— Eu sei que você me adora. O problema é que estou com outro problema. O Sasuke deu queixa na polícia sobre o meu desaparecimento, e agora até a minha cabeça está valendo uma grana. — expliquei.

— Interessante. Conte-me mais sobre isso...

— Não se atreva a me denunciar, sua mocréia loira.

— Não tenho o menor interesse nisso.

— Será que você pode vir me buscar? Estou com medo até de pegar um taxi e o motorista reconhecer o meu rosto. — resmunguei, baixando a cabeça ao ver que uma senhora passava pela rua, pensando que deveria ter coberto a cabeça com uma touca ou chapéu.

 

Ouvi sua risadinha debochada do outro lado da linha.

 

— Pode ou não pode? — insisti.

— Ok, eu posso. Que saco... Em quinze minutos passarei aí. — ela disse. E encerramos a ligação.

 

Sentei-me na calçada, com a mochila entre as pernas, esperando a mocréia chegar. Enquanto isso, eu espiava de canto as pessoas que passavam por mim. De repente, tive a sensação de estar sendo observada pelo mundo inteiro.

 

E o tempo se arrastava, e ela não chegava.

A Karin tentou me ligar, mas não atendi.

Então, uma caminhonete prata parou na minha frente.  Pulei para o banco do passageiro, enquanto ela saia do carro.

 

— Ei, o que está fazendo? — indaguei, me perguntando se ela não tinha noção de que eu estava com pressa para sumir dali.

— Relaxa! Eu só quero checar o pneu de trás. Acho que está murcho. — disse.

 

Revirei os olhos, porque um pneu murcho num momento daqueles era tudo o que eu queria, né?! E aí, como uma previsão dos infernos, para todos os efeitos, de repente, alguém bate no vidro da minha porta, me fazendo gritar e quase me borrar.

 

— SAIA AGORA MESMO DESSA MERDA DESSE CARRO, SAKURA! — sim, era o Sasuke, e ele berrava enquanto tentando abrir a porta. E eu me grudei nela, puxando por dentro, por que não sabia como trancá-la.

 

Aquilo só podia ser coisa da Karin, pensei comigo mesma. Ela deve ter ligado para ele, assim que soube que eu estava de volta em casa. Teria dado tempo suficiente para ele ir até ali. Aliás, toda aquela conversa fiada, pode ter sido um plano para me atrasar.

 

Mas eu não ia ceder, não ainda.

Então, rapidamente, pulei para o banco do motorista. A chave já estava engatada e o motor ligado. Então, pisei no acelerador no momento em que ele conseguiu entrar no carro. Não que eu tivesse dado tempo a ele para isso de propósito. Foi apenas uma simples coincidência!

 

Eu juro.

 

A caminhonete saiu cantando pneu pela rua, enquanto a coitada da Ino ficou para trás, berrando furiosa e sacudindo seus braços magricelos para todos os lados.

 

De novo, eu não fazia a menor ideia do que estava fazendo. Talvez o bom senso estivesse baixando o cacete em mim, me dizendo que eu estava agindo de forma infantil, ou sei lá o quê. Porque, por outro lado, uma vozinha gritava no meu ouvido para continuar a lutar por aquilo.

 

Aquilo, que eu não sabia bem o que era.

 

Então, continuei a acelerar, guiando o carro pelas ruas a toda velocidade, enquanto Sasuke se contorcia no banco do lado, berrando no meu ouvido.

 

— PARE O CARRO! PARE O CARRO! VOCÊ VAI NOS MATAR DESSE JEITO!

— Não vou parar! Eu não acredito que você fez isso! Você colocou a minha foto nos jornais, me fazendo passar por ridícula pra toda a cidade ver!

— Quem está se fazendo de ridícula é você mesma, por não ter voltado para casa com os documentos assinados, COMO TINHA PROMETIDO!

— Eu nunca disse: eu prometo.

— Você é retardada?

— Devo ser.  — respondo, curta e grossa.

— É, dá pra ver.

 

De repente, faço uma curva para entrar em outra rua, fazendo o carro quase empinar para o o lado, e um motorista buzinar para mim.

 

— Você ao menos tem uma carteira de motorista? — perguntou.

— Não.

— Ótimo. — bufou — Vai ser lindo ver um policial te parar no meio da estrada por dirigir tão mal, ver que você é a minha esposa fujona e ainda sem carteira de motorista! São dois coelhos numa cajadada só, sabia?

 

Rosnei de raiva. Eu queria dar uma bofetada no meio das fuças dele por, de novo, me ter na palma da sua mão. Isso era frustrante, irritante, indignante, insultante e até mesmo lacrimejante, o quanto ele conseguia ser provocante. E tudo o que eu tinha em mãos era aquele volante.

 

Argh!

 

Então, levei o carro para fora da cidade, por ruas menos movimentadas (e a probabilidade de se encontrar algum policial era mínima). E ele percebeu (ou pelo menos achava que sabia) o que eu estava querendo fazer, por que me olhava de canto revirando os olhos. Então, emburrado, se calou. E ainda virou o rosto para o outro lado enquanto continuei a conduzir o veículo. E eu suspirei um pouco menos estressada na doce ilusão de que ele finalmente fosse se comportar e ficar caladinho, mas logo ele voltou a me provocar, como se de repente tivesse tido outra idéia genial para me ter em sua palma.

 

— Então, você vai dirigir até acabar a gasolina? — perguntou, olhando no painel do carro o quanto ainda tínhamos de combustível. E, o pior era que realmente não restava muito. O ícone da gasolina já piscava vermelho, e amaldiçoei aquela loira magricela por não andar com o tanque cheio.

— Não sei. Talvez eu apenas nos jogue de um penhasco, quem sabe. — desdenhei.

— Haha. Boa sorte em encontrar um penhasco antes que a gasolina acabe.

— Não se preocupe, qualquer coisa posso atirar a caminhonete contra uma árvore. — e havia muitas delas a nossa volta.

 

Aí, ele ficou sério.

 

— Por que você não quer me dar o divórcio? É só assinar a porra do papel, Sakura. Achei que era isso o que você queria desde o inicio!

 

Me fiz de surda, e continuei a dirigir. Mas uma coisa estranha estava acontecendo comigo. Comecei a ficar nervosa. Tão nervosa que meu pescoço ficou rígido e eu não conseguia virar o rosto para encará-lo. Minhas pernas e mãos tremiam, e as palavras ficaram encravadas na garganta como se não devessem sair.

 

— O que foi, Sakura, o gato resolveu comer a sua língua agora? — ele parecia mais irritado, e a angustia apertou mais ainda no peito.

 

Então, parei o carro de sopetão e desci. Comecei a andar na beira daquela estrada meio deserta, sem olhar para trás porque eu sabia que ele viria atrás de mim.

 

E como previsto, logo ouvi seus passos atrás de mim. E, então, eu surtei e comecei a correr.

É claro que ele também iria correr atrás de mim. E ele correu até conseguir me derrubar no chão, fazendo com que nós dois caíssemos no chão, por que eu comecei a me debater contra ele, nos desequilibramos e beijamos o asfalto. Eu ainda tentei fugir dele beliscando seu braço, tentando empurrá-lo para o lado, mas era óbvio que ele tinha muito mais músculos do que eu.

 

 — Por que você é tão teimosa? — me perguntou, quando conseguiu me imobilizar embaixo dele.

 

Ele estava me olhando diretamente nos olhos, estava meio ofegante por todo o esforço que havia acabado de fazer para me conter. Mas meu corpo continuava trêmulo, e as palavras continuavam encravadas na garganta, assim como o coração tentava escalar pela traquéia.

 

Eu mesma não estava conseguindo me reconhecer, por que era como se eu tivesse perdido completamente o controle do meu corpo.

 

Fechei os olhos, e tomei um longo suspiro.

 

— Está bem, Sasuke, eu assino o documento. — eu disse.

 

Ele continuou a me olhar com aquela seriedade, como se estivesse ficando ainda mais irritado, mas em seguida se jogou para o lado, de costas para o asfalto, olhando para o céu a nossa frente. E eu continuei imóvel.

 

Quando eu estava prestes a me levantar, e pegar o documento que deveria ainda estar na minha mochila, dentro do carro, ele voltou a falar.

 

— Mas afinal de contas, o que diabos a Ino estava fazendo na frente do seu prédio? — de repente, indagou.

— Fiquei na casa dela, durante esse tempo.

 

Ele me olhou numa mistura de surpresa e descrença.

 

— Sério? Na Ino?

 — Bom, eu queria saber dessa historia que o Itachi me contou sobre você ter roubado a Ino dele, porque não fazia sentido algum! Eu não podia acreditar que você fosse mulherengo do que ele! — resmunguei, de repente me irritando outra vez.

 

Ele revirou os olhos.

 

— Que mania chata que as pessoas têm de querer se meter na vida dos outros... — resmungou meio mal humorado — O negócio é o seguinte, conheço a Ino da época da escola! Naquela época, eu era apaixonado por ela, e o Itachi sabia disso, por mais que ele tente negar! Mas eu nunca tinha ficado com ela, eu sequer havia falado com ela, porque a Ino sempre teve aquele nariz empinado e só olhava para os outros garotos populares da escola. E naquela época eu era um magricela sem graça. — revirei os olhos, porque eu sabia que isso não era verdade — Então, quando nos formamos da escola, nos separamos, e nunca mais a vi. Mas isso nunca significou que eu tivesse me esquecido dela. No entanto, três anos depois, descobri que o Itachi estava noivo da Ino. Noivo! É claro que eu fiquei muito puto, por que ele era o meu irmão e ele sabia que eu gostava dela. Mas então, algo engraçado aconteceu depois que ele anunciou seu noivado. A Ino estava olhando para mim. Pela primeira vez, notei que ela me olhava. Afinal, eu não era mais aquele magricela desengonçado da escola, porque malhava e corria e dizia para todo mundo que eu era um fotógrafo bem sucedido.

— Mas você não é! — resmunguei.

— Fica na tua! Enfim, me vinguei dele, conquistando ela. Ela cancelou o noivado com ele, e se casou comigo. Mas dois anos depois, já ciente de que eu não ganhava lá tanto quanto ela imaginava...

— Ou o quanto você dizia que ganhava, né...

— Vai continuar a me interromper, ou vai me ouvir? — perguntou, emburrado.

— Ok, prossiga.

— Como eu ia dizendo, um belo dia, ao chegar do trabalho, a encontrei na nossa cama trepando em cima dele. O resto da história você já sabe.

— Então, você se casou com ela mais por vingança do que por amor?

— Não... Eu realmente gostava dela. — ele me olhou — Mas por causa de toda essa merda, eu prometi a mim mesmo que não me envolveria mais com ela, ou com qualquer outra mulher.

 

Ele me olhou com aquela seriedade meio melancólica, como se quisesse me dizer algo com aquilo. Mas desviei o olhar, bem ciente do que estava implícito em suas palavras. E porque era menos doloroso aos meus olhos olhar para o sol que brilhava sobre as nossas cabeças do que continuar a olhar para ele.

 

— E qual foi versão da história que ela te contou? — me perguntou.

— Bom, ela disse que sabia que você gostava dela, na época da escola. Mas não foi porque você era um magricela que ela não olhava para você. Era porque, segundo ela, você gostava de passar o rodo na escola.

— Nunca fiz faxina na escola. — ele zomba.

— E tinha fama de largar as meninas no dia seguinte, com o coração partido. Aparentemente, você tinha uma legião de fãs. Ou melhor, de retardadas.

— Mas ela deveria saber que com ela seria diferente.

— Ela começou a olhar para você, depois do Itachi, porque pensou que você tivesse amadurecido. E caiu nas graças dele novamente, depois do casamento de vocês, porque... Bom, pelos mesmos motivos que o Itachi lhe acusou. Você se focava mais do trabalho do que nela. E lá estava o Itachi, cretinamente tesudo como sempre, de braços abertos para ela e com solidariedade para dar e vender...

— É, bom... Vai ver que essa é a minha sina: amar o que faço, e ficar sozinho por isso.

 

Ele me olhou, novamente. E eu pensei comigo mesma: “bom, é você quem está insistindo em nosso divórcio, não é mesmo, seu idiota?!” Mas eu não disse nada. Afinal, estava claro que ele não tinha intenção alguma de se envolver comigo nem pintada de ouro (já que nem nua, o cretino não quis).

 

Então, me levantei do chão, e fui caminhando de volta até a caminhonete. Peguei minha mochila, abri o zíper, e peguei os dois envelopes do qual não havia conseguido me livrar. Os envelopes mais importantes da minha vida.

 

Tirei uma caneta do bolso interno da mochila, retirei os documentos do envelope, e os apoiei no capô do carro, enquanto Sasuke se aproximava com  as mãos nos bolsos.

 

Assinei a porcaria do divórcio.

 

— Prontinho. Você está livre, leve e solto. — entreguei a ele os dois envelopes.

 

Ele ficou olhando para o menor, sem entender.

 

— O dinheiro que te devo. — expliquei.

— Como foi que você conseguiu esse dinheiro? Não me diga que é da Ino! Ou que você teve que rodar a bolsa em alguma esquina...

— Não se preocupe com a origem do dinheiro. O que importa é que é seu agora.

— Uhum... — resmungou. Ele ainda parecia meio desconfiado.  Ou irritado com algo. Não sei.

 

Só sei que virei as costas, e entrei no carro.                  

 

— Ah, Sakura — ele chama minha atenção, indo até a janela do motorista — Só mais um detalhe: aquela noticia do jornal é falsa...

 

Meu queixo foi ao chão.

 

— Como é que é?

— Às vezes eu tiro fotos para um jornal local, e pedi para um amigo que trabalha lá para imprimir essa página. Então, coloquei no meio daquele jornal, e pedi para a Karin te falar dele. E eu tinha certeza de que você não iria se preocupar com os detalhes, porque você é tão esquentadinha, não é mesmo?

 

Rosnei.

 

— E como é que você sabia que eu iria ligar para ela primeiro? — perguntei entre os dentes.

— Por que você é previsível. E não tem outra amiga, não é mesmo? Pobrezinha! — debochou.

 

Mostrei-lhe meu dedo do meio. Fiquei tão puta por ter caído feito um patinho em sua armadilha que nem sei!

 

Aliás, eu sabia muito bem o que fazer, sim! Para sacaneá-lo, liguei o motor, me aproveitando de que ele ainda estava do lado de fora do carro para dar o pé dali.

 

— EI, NEM PENSE EM ME DEIXAR AQUI, NO MEIO DO NADA! — e veio correndo abrir a porta do passageiro.

 

Mas consegui pisar fundo no acelerador antes que ele colocasse a bunda ali.


Notas Finais


Algum comentário? Esse ficou um pouquinho dramático também, mas acho que era inevitável, já que a fic já está chegando no final (e eles precisam se resolver)... Acho consigo escrever mais uns dois ou três capítulos, mas não se preocupem, prometo final feliz xD


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