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História Contradições - Noivado


Escrita por: amanur

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 6 - Noivado


Contradições

by Amanur

...

Capítulo 6

...

 

Eu não sei por que as pessoas têm necessidade de celebrar as coisas. É só mais um evento na sua vida, que ninguém mais vai se lembrar daqui a uns anos. Não é como se fosse mudar o mundo. Parece que há uma necessidade descontrolada em esfregar na cara dos outros as suas “conquistas”, porque se você não fizer isso, todo mundo vai te olhar torto, como se você não fizesse parte daquele mundo. É como essas reuniões em famílias, que eu sempre detestei. Quando eu não ia, todos os meus parentes me olhavam como se eu fosse uma ovelha negra, mesmo eu nunca tendo feito nada de errado, nada contra eles. Era só por não ter ido ao maldito churrasco de fim de semana em família! As pessoas não entendem, não aceitam que eu poderia ser diferente. Que, talvez, eu gostasse da minha individualidade, e que aquilo não tinha nada a ver com elas. Não era nada pessoal, era apenas algo particular da minha personalidade.

 

Ok, talvez fosse um pouco pessoal, sim. Afinal, quem não tem um tio que não cala a boca, ou uma tia que pergunta dos namorados (por que diabos tem que estar sempre no plural?) me obrigando a dizer na frente de todo mundo que eu não tinha nem mesmo um, ou um primo que não para de te atazanar com asneiras que não lhe interessam? Quem não tem?

 

Mas as pessoas têm que celebrar a porcaria da vida. O nascimento, o primeiro ano de vida, e o restante dos anos também, a primeira formatura, o namoro, o casamento, a solteirice, a gravidez, o primeiro apartamento, o primeiro carro, a faculdade... Diabos, até na morte a pessoa não ficava em paz.

 

Eu detestava muito tudo isso.

Pelo menos, no meu primeiro noivado, eu iria comemorar da melhor forma possível! Afinal, eu teria uma boa foda com o homem dos meus sonhos, apesar de estar bastante ansiosa/nervosa com isso.

 

Eu passara a noite inteira de sexta feira fazendo faxina no meu apartamento só para recebê-lo. Até mesmo preparei uma torta salgada, por que, afinal de conta, se conquista o homem pela barriga, não é isso o que dizem?

 

E agora eu estava usando um vestido casual, solto, leve, de algodão, sem calcinha e sem sutiã. Eu me sentia muito malvada e perigosa, uma puta safada (nas palavras dele), por que nunca fui de sacanagens, mas aquilo tinha lá seu charme, seu encanto. Tinha gosto de aventura, de ação, adrenalina... Era como a Karin havia mesmo dito, eu me sentia detentora de um poder que jamais imaginara que poderia ter em mãos.

 

Ou no meio das pernas, melhor dizendo.

 

Enfim, Itachi chegou às 15 horas da tarde. E aquele homem maravilhoso estava surpreendentemente sexy numa camiseta branca, sem estampas, e calças jeans. Estava completamente diferente daquele homem sério, todo certinho, sempre em seu terno e gravata em que estávamos acostumados a ver. E, pasmem, ele estava com os cabelos soltos, meio rebelde, com aquele ar de menino malvado.

 

— Oi. — eu disse, que nem uma boboca sorridente.

 

Mas o Itachi era um homem mais maduro, mais experiente, mais direto. Agarrou-me ali mesmo, me empurrando para dentro, sem nem me cumprimentar. Fechou a porta com um chute ao estilo coice de cavalo (e não sei por que cargas d’água achei isso tão sexy!), e foi nos guiando para o meu quarto, a única porta aberta ali dentro. Eu não tinha certeza ainda se gostava dessa falta de romantismo da parte dele, se estava mesmo tudo bem com esse negócio de ir direto ao ponto. Mas eu também não tinha tempo para pensar nisso naquele momento, pois ele me empurrou para a cama, e abriu minhas pernas. Sorriu ao me ver sem calcinha, balbuciou alguma coisa, e meteu a cabeça ali, me fazendo arquejar as costas. Pelo menos, ali, eu podia gemer e gritar o quanto quisesse, sem me preocupar com colegas de trabalho nos ouvindo.

 

Então, comecei a gemer alto, ainda abracei o pescoço dele com as pernas, enquanto ele afundava lá dentro sua língua. Rebolei ali, na boca dele, enquanto ele apertava minhas coxas, minha bunda, e subia para a cintura. Aí, o libertei das pernas, e ele rapidamente tirou a camisa, arrancou o cinto da cintura, e arriou as calças exibindo sua gloriosa ereção.

 

Ele ficava tão lindo nu, que mesmo que se soltasse um pum eu o acharia sexy.  

 

Eu me coloquei de quatro sobre o colchão, e fui engatinhando até ele, me sentindo muito levada. E acho que ele estava gostando, porque sorria daquele jeito, meio safado, com aquele olhar matador. Aí, agarrou meus cabelos, puxando-os para que eu o encarasse.

 

— Você é uma menina muito malvada, Sakura. — sorriu — Me conte, você trepa assim com seu noivo também?

 

Aí, eu parei de sorrir, pensando naquilo. Se eu tivesse um noivo de verdade, provavelmente eu seria muito mais comportada, naquela coisa de papai e mamãe o tempo todo. Pelo menos, tinha sido assim com todos os meus outros namorados.

 

E pensar no Sasuke naquele instante não era muito legal.

 

— Não, Itachi, é só com você! — conclui.

— Ótimo! — então, ele empurrou minha cabeça para cima do seu membro ereto, e chupei apenas a ponta, enquanto massageava suas bolas com as mãos.

 

Ele urrava, tentando me fazer engolir tudo aquilo, e sempre que ele fazia isso, eu apertava com um pouco mais de força suas bolas, o fazendo recuar.  Mas ele estava gostando daquela brincadeirinha, por que em seguida ele me empurrava de novo, sem reclamar.

 

Depois, ele me fez virar de costas para ele, ainda de quatro sobre o colchão, ergueu a saia do meu vestido, deu uns tapinhas na minha bunda, e se pôs a me lamber toda, de frente para trás, e ainda murmurava do quando gostava do meu cheiro.

 

Mal sabia ele o quanto eu gostava de sua língua, também.

Depois, ele me puxou, tirou meu vestido, e sugou com força meus seios, enquanto eu massageava deslizava os dedos por todo seu cabelo, louca pra esfregar meu corpo todo no dele.

 

Ficamos uma meia hora só nas preliminares, nos esfregando, nos amassando, nos lambendo, nos arranhando. O liquido entre minhas pernas já escorria pela virilha, e eu estava louca para escalar uma montanha, tão excitada, tão cheia de energia me sentia.  E o Itachi também, não parava de expelir seu pré-liquido, tão duro estava. Seu pênis estava tão rígido que parecia prestes a explodir a qualquer momento, enquanto me enchia de beijos por todos os cantos do meu corpo.

 

— Ah, que se dane! Não aguento mais! — ele resmungou.

 

Daí, ele me jogou na cama, abriu as minhas pernas, e veio com tudo para cima de mim, me penetrando daquele jeito meio rude, faminto, voraz, me fazendo me contorcer e revirar os olhos em prazer. Ele estocava com força, puxava meus cabelos, lambia os meus lábios, apertava os meus seios, e urrava feito um animal incansável. A cama rangia, a cabeceira batia contra a parede, e eu já gritava, implorando por mais.

 

Quando achei que ele fosse gozar, ele saiu de cima de mim, ficou de joelhos sobre o colchão, me virou de costas para ele, e me colocou de quatro. Lambeu minha bunda, enfiou um dedo, depois dois, tira-e-bota, tira-e-bota. E então, penetrou seu membro na minha traseira, enquanto estapeava minha bunda.

 

Ali, ele socava de vagar, com calma, sem pressa, mas firme, enquanto sua mão, por trás de mim, massageava minha vagina. Eu rebolava para ele, gemia, me contorcia ainda mais, prestes a alcançar meu clímax.

 

Mas ele não estava pronto para desistir ainda. Saiu de trás de mim, se deitou na cama, e me colocou montada sobre ele. Comecei a cavalgar em cima do seu membro, para cima e para baixo, como se estivesse montada num belo touro, enquanto ele apertava meus seios e puxava meus cabelos.

 

Então a explosão veio num belo e duradouro orgasmo. Acelerei a cavalgada, me apoiando sobre o peitoril dele, gemi mais alto, enquanto ele batia nos meus seios. Meu orgasmo não parecia ter fim, quanto mais eu pulava, mais me derretia sobre ele, mais eu queria dele.

 

Então, quando minhas forças se extinguiram, ele me jogou na cama, se levantou, me puxou para a beirada do colchão, abrindo minhas pernas para o alto, e se colocou no meio, me socando com toda a sua força e masculinidade. Eu gritava de prazer, arranhava seus braços que se apoiavam no colchão, e ele urrava. E então, veio o jato firme e forte, cheio de espermatozoides para a alegria de um banco de doações, mais algumas estocadas em mim, e ele desaba ao meu lado, exausto e suado.

 

Mas ele sorria para mim, bastante satisfeito.

E eu sorria de volta, sem saber bem o motivo.

 

Na verdade, eu estava bastante consciente de que aquilo tudo era pura e simplesmente carnal. Estávamos ali puramente pelo prazer do sexo, e nada mais. Mas, no fundo, acho que eu ainda tinha esperanças de que eu fosse capaz de conquistar aquele coração.

 

Nós acomodamos melhor na minha cama, e ainda chegamos a cochilar por alguns minutos. Depois, acordei com ele carinhosamente passando o dedo em minhas costas, e sorri.

 

— Por que você está aqui, Itachi?

— Do que está falando?

— Estou falando de nós dois.

— Você é uma mulher muito atraente, Sakura. E sempre me senti atraído por coisas “proibidas”, e, principalmente, gosto da influência que exerço sobre as mulheres. Só isso. — deu de ombros.

— Convencido.

— Não é convencimento. É ter consciência do próprio poder, do que sou capaz. E acho que nem você sabe do quanto é capaz de fazer um homem enlouquecer. Seu noivo ficaria duas vezes mais furioso se soubesse de todo o seu potencial feminino.

— Por que você não se casa?

 

Ele revirou os olhos.

 

— Gosto da minha liberdade.  Não ter que dever satisfações a ninguém...

— Você não tem medo de envelhecer sozinho? Acho que não preciso dizer que mulheres jovens não se interessam por idosos...

— Hehe. Talvez, quando eu encontrar a pessoa certa, eu mude de ideia.

 

E eu não poderia ser essa pessoa?

Talvez ele apenas não tivesse visto isso ainda.

 

Ficamos mais alguns minutos em silencio, trocando carícias, até minha campainha tocar. Alguém havia deixado a Karin entrar no prédio, e agora ela apertava aquele maldito botão sem parar.

 

Rapidamente, o Itachi juntou suas roupas, e se escondeu no meu armário, enquanto eu colocava meu vestido pelo avesso. E então, corri para atender a porta.

 

A ruiva já estava toda produzida, com um discreto vestido preto, de salto altos, e o cabelo solto. Até um colar de pérolas ela usava.

 

— Não acha que está exagerando para um noivado fajuto? — resmunguei, num tom meio sussurrado para o outro não me ouvir.

— Eu sei, mas faz tempo que comprei esse vestido, e não tinha tido a oportunidade de usá-lo. Agora tenho! — e sorriu.

— O que está fazendo aqui?

— Vim te ajudar a se arrumar para a sua festa de noivado, é claro. Trouxe meu estojo de maquiagem, trouxe alguns broches para cabelo... Trouxe até alguns esmaltes que acho que vão ficar fantásticos em você.  — ela já foi entrando sem ser convidada, e foi direto para o meu banheiro — Você não tomou banho ainda?

— Não...

— Imaginei... Você está cheirando a sexo. — e apontou para a minha cama completamente bagunçada — Eu vou fingir que não vi que o Itachi está aqui. — ainda sussurra no meu ouvido, apontando para os sapatos dele, me fazendo ficar verde de vergonha. E aí ela aumentou propositalmente seu tom de voz — Bom, vou fazer o seguinte, enquanto você toma BAAANHOOO, eu vou na FARMÁAAACIIIAAAA da esquina para comprar uma cera quente para te depilar.

— Eu não preciso de depilação! — protestei.

— Precisa, sim! — resmungou entre os dentes.

 

Revirei os olhos e a acompanhei até a porta.

 

— E aí, o que achou do pênis dele? — me perguntou, aos cochichos.

— Não vou falar sobre isso com você!

— Por que não? Eu sempre quis uma amiga para poder falar sobre sexo. O Suigetsu tem o pinto pequeno, mas é muito bom!

— Eu não quero saber! — protestei.

— Acho que de todos os homens que já levei pra cama, o Itachi é o que tem o pau maior. Só não gosto muito como ele é empinado pra cima.

— Eu gosto...

— Sério?

— Vá embora, Karin! — fechei a porta na cara dela.

 

E fui correndo até meu armário, para tirá-lo de lá. Ele já havia saído do quarto, e colocava a camisa. 

 

— Vou para casa me arrumar também. — ele disse — Vejo você e seu noivo no restaurante... — sorriu.

 

Na porta, ele ainda me deu outro beijo demorado, passando sua língua por toda minha boca. E me olhou daquele jeito meio safado e sorriu torto.

 

— Sabe o que seria legal? — perguntou.

— Que eu não estivesse noiva? — chutei esperançosa.

— Se você beijasse seu noivo na minha frente, e depois apertasse minhas bolas, sem que ninguém visse!

— Hein? Beijar meu noivo? Por que eu faria uma coisa dessas? Hahaha... — Deus do céu!

— Estou curioso para conhecê-lo. Ele deve ser um cara interessante, para ter te escolhido.

 

Eu não quis pensar no que ele poderia estar sugerindo com aquilo, por que estava nervosa demais lembrando que “meu noivo” era o irmão dele.

 

Sorri, sem saber mais o que lhe dizer. Aí, finalmente, ele foi embora, e eu queria desaparecer.

Mas antes de pensar em pular a janela da sala, a Karin já estava de volta. E mexia em todas as minhas coisas do meu quarto quando saí do banho.

 

— A reserva para o restaurante deu bem barato. — ela não parava de falar — Umas trezentas pratas. Não acredito no quão mão de vaca o Naruto é! A mão dele consegue ser tão fechada quanto xoxota de freira. Mas, não se preocupe, vai dar tudo certo.

— Eu só consigo pensar no chilique que o Itachi vai dar quando se der conta de que o irmão dele é o noivo.

— Ainda bem que eu trouxe minha câmera. — ela resmungou, jogando o meu vestido em cima de mim, para vesti-lo.

— Eu tenho a impressão de que o relacionamento deles não é muito bom...

— Você viu que linda as minhas unhas postiças?

— E se houver baixaria? — indaguei, colocando o vestido.

— Essas unhas estavam em promoção na loja. Cinco pares por dez pratas! Tive que levá-las. Meus cílios também são postiços.

— E o pior de tudo é que os pais deles estarão lá!

— Eu trouxe um par de cílios postiços pra você também! Eles vão ficar ótimos nesses seus olhões verdes.

— Eu já estou vendo tudo. Vou passar a maior vergonha da minha vida.

— Relaxa! Já te falei para parar de neuras! Pare de pensar nas coisas, e viva o momento!

 

Era fácil para ela falar, já que não seria a vitima da história.

 

Enfim, uma hora depois, eu estava pronta na frente do espelho. O vestido prateado realmente ficou bom, fazendo um contraste legal com meus cabelos cor de rosa, presos num coque solto. E as sandálias também não estavam nada mau.

 

Pegamos um taxi até o restaurante, localizando num bairro nobre. O lugar não era dos maiores, mas era bem arrumado. Os garçons vestiam uniformes brancos, as mesas estavam cobertas por toalhas brancas e as cadeiras, pintadas de branco, tinham estofados brancos.

 

Não havia muita gente no local, além do Naruto, o Shikamaru sem sua namorada do xerox, e mais algumas pessoas estranhas sentadas na roda, que eu não conhecia. Eles haviam juntado quatro mesas para que todos ficassem juntos no grupo.

 

— São alguns amigos meus e do Naruto, só para fazerem volume... — ela esclarece.

— Claro.

 

Cumprimentei a todos e puxei uma cadeira. Enquanto eles conversavam, eu não conseguia me aquietar. Minha perna não parava de balançar, como se tivesse adquirido vida própria.

 

— Ei, Sakura, — Naruto parecia bem alegre, com seu copo de bebida pela metade, e isso me deixou um tanto apreensiva — sabe o que seria legal? Se você encarnasse a Noiva Rebelde, como naquele filme!

— É Noviça Rebelde, seu palerma! — Karin resmungou, lhe dando um tapa na cabeça.

— Ela poderia fazer uma versão noiva rebelde, e fugir daqui. Ou melhor ainda, encarnar a  noiva de Chuck, matando todo mundo com uma faquinha!

— Talvez eu comece por você, Naruto! — eu disse.

 

E, então, a Karin me cutuca por baixo da mesa. Olho para ela, e ela discretamente me indica o outro lado do salão, onde Sasuke entrava com seus pais. Rapidamente, me levantei, por que não sabia mais o que eu poderia fazer. E todos na mesa se viraram para ver o mesmo que eu, mas Karin ainda me sussurrou um “relaxa” para mim.

 

Se eu relaxasse, acabaria tendo uma diarreia, consequência do nervosismo, então, não relaxei. Fiquei tensa até o ultimo fio de cabelo.

 

— Pai, mãe, esta é a minha noiva Sakura. — ele disse, nos apresentando. Rapidamente, saí da mesa (batendo em tudo quanto é canto) para cumprimenta-los com um abraço e aperto de mãos.

 

Os pais deles não eram exatamente idosos, deveriam estar na casa dos cinquenta, no máximo sessenta anos. Se vestiam muito bem, ele num terno sem gravata, e ela num vestido simples e discreto, mas bastante elegante. Só de pensar que eu estava prestes a cumprimentar os pais do Itachi, minhas pernas tremiam.

 

No entanto, quando me aproximei para o real cumprimento, tive vontade de sair correndo.

O pai dele parecia um amor de pessoa. Daquelas que não sabem parar se sorrir. Tanto que parecia falso demais para ser verdade. Eu não gosto de gente falsa, não gosto sequer de gente mentirosa, mas eu estaria sendo muito hipócrita se demonstrasse alguma antipatia a ele, devido à calamitosa circunstância da ocasião em que todos se encontravam naquele recinto. Então, sorri de volta enquanto apertava sua mão.

 

Além disso, a mãe dele era o verdadeiro problema ali, por que, veja só, enquanto ele era só sorrisos, ela não sorria um centímetro sequer. Seu rosto parecia uma pedra de tão dura.

 

— E ainda por cima, ela é uma criança! — a mãe dele resmunga, quando tentei me aproximar dela.

— Não, mãe, é claro que ela não é uma criança! Ela tem... — e aí, o Sasuke me olhou, com aquela cara de pavor.

— Tenho vinte e três anos, senhora. — sorri, nervosa.

— Vinte e três anos? Então por que pinta o cabelo como se fosse uma adolescente? — a velha indagou, indignada.

— Bom, por que eu gosto da cor, e a minha capacidade intelectual não é afetada pela tinta, quer a senhora acredite ou não. — sorri.

 

Ela não gostou muito do meu tom, cruzando os braços e erguendo a sobrancelha, meio despeitada, mas eu não me importei. Até sorri para ela. E Sasuke também sorriu, como se concordasse comigo, o que foi muito estranho, já que estávamos sempre em discordância.

 

Enfim, puxei uma cadeira para ela se sentar, bem no meio da mesa, e ainda tive que ouvir mais desaforos.

 

— Isso é trabalho para um homem fazer... — resmungou.

 

Olhei para o Sasuke, que sorriu meio torto, se desculpando.

E pensar que aquilo tudo nem era para um noivado de verdade.

E pior, eles também eram os pais do Itachi, e se algum dia eu ficasse com ele, teria que aturar isso do mesmo jeito.

 

Eles se sentaram, e eu sentei. De um lado, o Sasuke, do outro, a mãe dele.

 

— Por que não é você que está sentado aqui? — murmurei para ele.

— Por que eu também não gosto dos meus pais. — ele murmurou de volta.

 

Ótimo, e eu quem tinha que aturá-los?

 

Naquela mesa, todo mundo estava em silêncio, naquele constrangimento glacial. Para quebrar aquele clima irritante, resolvi apresentar a turma para os pais dele. De um em um, pacientemente, fui citando os nomes das pessoas que estavam ali como convidados, mas a mãe do Sasuke parecia nem um pouco interessada, olhando para os lados, enquanto o pai dele sorria para todos.

 

Isso me deu muito nos nervos. Eu não entendo por que algumas pessoas implicam com as outras, sem mesmo lhes dá uma chance para provarem que não são o que aparentam (sim, eu sei, “olha só quem fala!” Mas é verdade, eu não entendo isso!). Não que eu realmente aparentasse alguma coisa, quero dizer, eu sorri, fui simpática e legal com todos. Não tinha por que ela não ter ido com a minha cara. Era só por causa do meu cabelo? Ou será que tinha a ver com a minha postura? Eu não andava mais encurvada, embora os hematomas ainda permanecessem ali. Seja lá o que fosse, nada daquilo justificava.

 

Então, a Karin, para amenizar o clima, chamou o garçom e pediu para que eles começassem a servir os pratos. E logos, todos estavam servidos com deliciosas fatias de salmão a um molho escuro, com algumas folhas de rúcula, e uma colher de salada. O prato parecia realmente requintado, mas com porções tão pequenas que pareciam brinquedos em miniatura.

 

Comecei a enfiar garfadas na boca, louca para que aquela noite horrorosa terminasse de um vez, mas, infelizmente, havia gente ali disposta a prolonga-la.

 

— Você é noiva do meu Sasuke, mas sequer sabe que ele é vegetariano? — a mulher, de repente, estava me encarando com aquela sua cara de pedra. E com ela ali, bem ao meu lado, parecia muito mais ameaçadora do que de longe — Olha só como o coitadinho sequer consegue olhar para carne!

 

E realmente Sasuke estava ficando verde.

Rapidinho, Naruto se espichou sobre a mesa e puxou o prato do Sasuke para si, e colocou o salmão em seu próprio prato.

 

— Seria um grande desperdício! — o loiro ainda resmungou, de boca cheia — Ainda mais por que eu estou pagando por isso...

 

Sei que a Karin deu um pisão no pé do primo idiota, por que ele se contorceu, de repente, enquanto ela mesma abria o sorriso para os pais do Sasuke.

 

Felizmente, eles não ouviram o que o idiota disse.

Infelizmente, eu tive que ouvir a velha suspirar pesadamente, revirando os olhos, e ainda resmungar algo sobre a falta de classe do meu colega de trabalho.

 

Comecei a contar de trás para frente, para manter a calma. Dez velhas chatas, nove velhas chatas, oito velhas chatas...

Mas, pensando bem, talvez eu devesse até mesmo agradecer por não ser meu real noivado, por que detestaria com todas as minhas forças, quero dizer, mais do que já estava detestando, aquela noite.

 

E pensar que o pior ainda estava por vir.

Aparentemente, eu havia me esquecido do Itachi, que entrava no restaurante naquele exato momento. Ele estava elegante como sempre, em seu terno e grava, os cabelos presos num rabo-de-cavalo baixo, com seus fios muito bem domados. Mas ao mesmo tempo em que ele era o colírio para os meus olhos, era o colesterol para o meu coração.

 

Ao ver o Sasuke e seus pais ao meu lado, ele parou no meio do caminho, e ficou nos encarando com aquela expressão estranha, num misto de incredulidade e confusão. E, pensei, é agora que o bicho vai pegar! Pois quando ele conseguiu assimilar a cena, veio marchando em nossa direção, pisando fundo no chão, soltando fumaça pelas narinas e ouvidos. Mas antes que ele pudesse dizer algo, sua mãe se levantou da cadeira ao ver o filho mais velho se aproximar, fazendo meu coração parar por alguns décimos de segundos.

 

— Itachi, meu filhinho querido! O que está fazendo aqui? Não pensei que seu irmão fosse lhe convidar para essa palhaçada também!

— Como assim, o Sasuke é seu noivo, Sakura?

 

Dei de ombros três vezes. Já não estava mais nem aí para o que acontecesse. Que se dane mesmo. O que era um peido para quem já estava todo cagado?

 

— Não é mesmo um disparate? O Sasuke nunca nos falou dessa menina, e de repente, ele nos solta essa bomba de que está noivo. Noivo! Dá para acreditar? — a velha realmente parecia inconsolável — Como se não bastasse a destrambelhada da primeira esposa que teve, ele me arruma uma ninfeta agora!

 

Tá aí uma coisa que gostei de ouvir. Nunca pensei que seria chamada de ninfeta por alguém.

 

— Não foi ele quem me convidou, mãe. Estou aqui como convidado da Sakura. — ele respondeu entre os dentes, fuzilando o irmão que ainda tentava se recobrar do salmão não ingerido.

— Mas como? Você conhece essa mulherzinha? — ela indaga, sem acreditar.

 

Pronto! Eu desisto de vez. Afastei meu prato para longe de mim (e Naruto, que não parava de comer salmão, o fisgou) e bati a testa contra o tampo da mesa. Ainda senti a Karin passar a mão no meu braço, num falha tentativa em me consolar. Mas a única coisa que me consolaria seria evaporar. Talvez, eu devesse mesmo considera as sugestões do Naruto. A porta estava tão atraente, escancarada, como se me dissesse “venha, venha nimim, venha”!

 

Pelo menos, o Itachi parecia ter se tocado de que sua mãe não foi com a minha cara, e se colocou na minha defensiva. Para a surpresa de todos, isto é.

 

— Deixe de grosseria, mãe! A Sakura é minha empregada. A melhor empregada que eu tenho naquele escritório! Não vou admitir que fale dessa forma com ela.

 

Todos olharam surpresos para ele. Inclusive o Sasuke, que ainda me lançou um olhar desconfiado, e ainda resolveu tomar partido naquela discussão infame.

 

— Ééeee, mãe! É isso mesmo! Eu também não vou permitir que fale assim da minha noiva! — disse, enfatizando o pronome possessivo, que me pareceu possessivo demais, até. E ele ainda colocou o braço sobre o meu ombro, me puxando para cima dele — Ela é a mulher que escolhi me casar. É a pessoa que vai me fazer feliz.

 

A mãe dele o olhou, como se estivesse profundamente ofendida.

 

— É mesmo? Ela não sabia que você era vegetariano, imagino que você nem saiba o nome completo dessazinha aí!

— Em minha defesa — resolvi falar — Eu sabia que ele era vegetariano, sim, o que aconteceu é que não fui eu a preparar esse jantar, foram os meus queridos amigos que a senhora fez questão de ignorar. Além disso, é claro que o Sasuke sabe que meu nome completo é Sakura Haruno.

— Viu?! — o idiota disse — É claro que eu sabia que o nome dela é Sakura Haruno! Tsc.

 

Revirei os olhos, vendo que todo o restante do pessoal que estava na mesa, bebia sem parar, nervosos com tudo aquilo. E quem poderia culpa-los?

 

— Claro — a velha resmungou, ainda desconfiada de nós — Aposto que não vão durar nem um ano sequer.

— Bom, então, minha gente, — finalmente, Karin se meteu outra vez — sei que o papo está zuuuuper animado, mas o tempo está correndo e temos um brinde a fazer!

 

Bati com a testa sobre a mesa, outra vez.

E fiquei olhando apaixonadamente para aquela faquinha na minha frente.


Notas Finais


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