Uma hora depois.
Consegui comprar uma passagem para ir a Roma hoje à noite. Ainda estava em casa arrumando a mala e uma mochila só com o essencial, Lucas estava me ajudando a guardar algumas peças que faltavam.
- Que horas sai o seu voo Manu?
- Às oito e meia.
- Vai do que até lá?
- Nem parei para pensar nisso.
- Sendo assim eu faço questão de levar você.
- Não precisa meu bem.
- Mas eu vou mesmo assim.
- Certo, então porque não vai comigo?
- Esse é um momento bem delicado da sua família, será melhor ficar somente entre vocês. Ainda não sou oficialmente da família se é que me entende.
- Tem razão, mas na hora certa será.
- Verdade, então vamos?
- Sim já peguei tudo.
- Ótimo.
Lucas pegou minha mala enquanto eu trancava a casa, fomos para o carro e dali direto para o aeroporto, e pela primeira vez quase não conversamos.
...
- Sabe que se precisar de qualquer coisa pode mandar mensagem não é?
- Claro que sei Grandão, e muito obrigada por isso.
- Que isso meu amor, tenha uma boa viagem.
Ao dizer isso ele me abraça e me da um beijo de despedida, e logo em seguida vou em direção à viagem mais triste de minha vida.
...
Chegando a Roma minha tia Norma me buscou.
- Oi minha querida, como está bonita e grande também.
- Obrigada tia, também estava com saudades.
- Uma pena termos nos encontrado num momento como este.
- Verdade, muito triste. Aliás, do que o vovô morreu?
- Ele morreu de insuficiência cardíaca, os dois deitaram e na manhã seguinte só a nona acordou.
- Deve ter sido muito triste, mas pelo menos foi uma morte suave.
- Verdade minha querida, agora o que nos resta são apenas as boas lembranças.
Nos abraçamos e logo em seguida fomos direto para o local do velório.
Sempre tive uma ótima convivência com minha família italiana, mesmo morando longe e vindo visita-los só uma vez ao ano que era sempre quando o movimento estava mais fraco ou meus irmãos e eu estávamos de férias, mas mesmo assim tiveram anos em que sempre um da casa acabava ficando por causa dos negócios.
- E como foi de viagem querida?
- Foi tranquilo, por incrível que pareça dormi a viagem toda.
- Que bom que descansou, sua vó está precisando de força.
- Não só ela, mas todos nós precisamos.
...
Depois de meia hora de estrada, encontramos o restante da família, até meus pais e irmãos já haviam chegado estarmos todos ali reunidos era um misto de sentimentos, ao mesmo estávamos felizes por nos encontrarmos, mas ao lembrarmo-nos do motivo que nos unia não era o mais feliz.
Logo de imediato fui dar um abraço em minha vó.
- Olá nona...
- Minha querida, como está bonita, como cresceu.
Naquele momento só consegui abraça-la e pude sentir as suas lágrimas escorrerem no meu ombro, simplesmente não aguentei e chorei também logo após ter conseguido dizer apenas um: Vai ficar tudo bem. Onde toda a família ficou em silêncio observando.
...
O dia foi passando, demos sequência ao velório e ao final da tarde o enterro.
Fomos todos para a casa da minha avó, principalmente pra decidirmos quem se mudaria pra lá para cuidar dela. Enquanto minha mãe e duas tias faziam algo para jantarmos eu, meus irmãos e meus primos conversávamos com a nossa avó para entretê-la um pouco.
Felizmente com a nossa conversa e até a implicância entre primos trouxe um sorriso para ela, o que me fez ganhar a noite.
Uma semana depois.
Aquela não foi a melhor semana das nossas vidas, mas conseguimos organizar como seriam as coisas dali pra frente, a minha tia solteira iria morar com a minha avó, e os demais filhos iriam fazer visitas com mais frequência, e nós do Brasil ao invés de uma faríamos o esforço de vir duas vezes ao ano, e decidimos que iremos revezar quem foi numa data na próxima cuida dos negócios. Espero que de certo.
Lucas sempre que podia fazia questão de me mandar mensagem para saber como estavam as coisas por aqui, sinceramente ele é o melhor namorado do mundo.
Meus pais e meus irmãos já haviam voltado para o Brasil, eu decidi ficar mais um dia, minha prima Olivia decidiu me levar no aniversário de um amigo de infância que não via há anos.
...
Já estava quase na hora de sairmos, decidi colocar um vestido amarelo que vai até o joelho, uma sapatilha preta que combinava com a bolsa que decidi levar, fiz uma maquiagem leve e brincos de argola.
- Vamos prima.
- Calma Olivia.
- Uau, está maravilhosa hein.
- Digo o mesmo prima.
Minha prima estava com um macaquinho azul marinho e um tênis branco, um delineado maravilhoso que nem em horas eu seria capaz de fazer, um batom bem marcado e uma gargantilha dourada.
- Onde é a festa?
- Na casa do Paulo e do Miguel mesmo.
- Bacana, faz tempo que não os vejo.
...
Fomos e chegando lá encontrei vários amigos de infância, e pude lembrar o quão legal era vir pra cá todo final de ano e esperar a queima de fogos todos juntos.
- Manu, quanto tempo! Exclama Paulo vindo em minha direção.
- Paulo.
Nós nos abraçamos ali mesmo e começamos a conversar sobre como estavam às coisas por aqui e eu falando da minha vida no Brasil.
- Então eu não vou ter chances com você mesmo?
- É amigo, talvez numa outra vida.
As horas passaram bem rápido principalmente depois do fora que deu no meu amigo, mas admito que estava um pedaço de mau caminho de tão gata. Porém eu sempre imaginei que ele gostava de mim, e a distância nunca deixou essa esperança nascer, pelo menos em mim.
...
Na manhã seguinte depois de tocar café combinei com minha prima dela ir comigo até o aeroporto, já que queria contar a ela sobre a festa e o que eu não esperava é que ela também queria me contar que finalmente o Miguel se declarou para ela.
Antes de embarcar tirei uma foto com ela postei no story com a legenda:
“Partiu Brasil, hora de voltar.”
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