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História Copy Girl - Snow and Pizza


Escrita por: DarthUnicorn10

Capítulo 28 - Snow and Pizza


Fanfic / Fanfiction Copy Girl - Snow and Pizza

- Acho que nunca vi umsorriso tão grande assim na minha vida - Paul riu, enquanto eu fazia uma cesta e sorria ainda maior. - Daqui a pouco suas bochechas vão rasgar.


- Você por acaso é o policial dos sorrisos, Paul? - Perguntei irônico. - Está proibido sorrir assim?


- E tudo isso é por causa da ina? - ele perguntou me ignorando e terminando de vestir a blusa para treinarmos.


Nossa professora de inglês levou alguns alunos para uma olimpíada de soletração, o que nos garantiu uma aula vaga para treinarmos alguns arremessos.


- Porra, eu ainda estou morrendo por causa desse resfriado - murmurei tentando controlar mais um dos meus espirros, o que foi inútil. - Mas é como eu disse à Nina, nem se os guaxinins dominarem a Terra eu deixo de fazer o que vou fazer hoje.


- Eu odeio guaxinins - Paul sussurrou, e eu concordei com ele. - Mas antes de qualquer coisa, eu preciso te mostrar isso.


Ele correu até a arquibancada, pegando seu celular e correndo de volta a mim.


- Olha o que chegou essa manhã. - ele praticamente esfregou a tela em meu nariz. - Os idiotas entregaram na minha outra casa e agora, vou precisar buscá-la depois.

 Na tela havia uma Ferrari maravilhosa, minha boca pareceu salivar quando ele passou para as outras fotos.


- Por que diabos você comprou ela?! - Perguntei indignado, mas sorri logo depois. - Você sabia que eu ia ganhar essa aposta de qualquer jeito, não é mesmo? Ah, Paul.


- Cala a boca - ele gargalhou. - Na verdade, seu babaca, eu comprei para mim, só para poder te fazer inveja.


Sacudi seus cabelos, rindo e tossindo ao mesmo tempo

- Sai pra lá com essa sua tosse nojenta, Ian - ele me empurrou. - Acho que vou matar as últimas aulas para namorar.


- E a garota que você estava namorando, senhor garanhão?


- Terminei com ela - Paul deu de ombros. - Foi a minha primeira namorada que não caiu de amores por você, me sinto muito bem por isso. E eu estava falando sobre namorar minha Ferrari novinha.


- E por que terminou com ela? - Insisti, arrumando meus cabelos suados pelo treino. Mesmo com o frio extremo, eu estava sentindo meu corpo pegar fogo

- Sei lá - ele suspirou. - Acho que não encontrei a pessoa certa, e ela também sentia o mesmo.


- Nem pensar, não confio em você ainda - ele esbravejou.


- Pois pode confiar, a única que eu quero provavelmente está na biblioteca, ajudando mais algum idiota com as provas de recuperação - eu disse simples, e Paul veio para apertar minhas bochechas

- Desde quando você é tão meloso e ciumento? - ele riu. - Chega a ser esquisito.


Bufei arremessando a bola em sua barriga, o fazendo  grunhir de dor.


- Cala a sua boca - falei e apontei para a cesta. - Agora acerta pelo menos uma para irmos pro intervalo.


- Você quis dizer "para eu ir ver Nina", não é? - Ele gargalhou, mas quando lhe lancei um olhar ameaçador, o mesmo ergueu os braços e arremessou a bola 

 - Você errou, babaca - bufei. - Agora vamos logo.

-x-

Depois de me trocar e correr até a biblioteca - tendo a certeza que  Nina estava ajudando Luke - eu precisei frear os meus pés para conseguir abrir a grande porta de madeira em silêncio. Como sempre, só algumas pessoas perdiam o tempo de intervalo para ficarem na biblioteca, e achei estranho quando vi Nina sozinha na última mesa esquerda. Aquele moletom estava engolindo seu corpo, me perguntei se ela comprava moletons que ficariam grandes nela de propósito. Isso é obvio, Ian.

Aproveitei sua concentração no livro de capa vermelha, e caminhei em meio prateleiras, rindo baixinho quando a vi suspirar virando a folha com os seus pequenos dedos. Me apoiei na cadeira ao seu lado, lhe dando um beijo na bochecha e vendo seu corpo se enrijecer por completo e ela se virar de abrupto.


- Que susto, Ian - ela levou uma das mãos até o coração, e eu sorri sapeca arrastando a cadeira para me sentar bem ao seu lado, puxando a sua também até que estivéssemos grudados, com minha mão passando por trás de suas costas. Ela sorriu envergonhada olhando para os lados e depois de perceber que estávamos completamente sozinhos, se permitiu aconchegar-se mais em meu peito

- Está nevando muito -  suspirou. - Candice disse que as aulas seriam canceladas hoje, mas não daria mais tempo para avisar os alunos. Acha que vão interditar as ruas?


- Nah - neguei apertando seu ombro e sentindo o cheiro doce dos seus cabelos. - Eu disse que nada iria me impedir de fazer o que eu quero hoje, não é?

Ela sorriu triste, e eu me perguntei o que  estava a deixando assim.

- Luke disse que iria ao banheiro já faz uns quinze minutos -ela riu baixinho, e percebi que ela estava querendo mudar o rumo da nossa conversa. Mas se era para vê-la feliz e sorridente, eu guardaria tudo o que estava louco para dizer para mais tarde

- Talvez ele tenha caído na privada - murmurei, e ela me deu um tapinha tentando esconder o sorriso.


- Você está melhor? Do resfriado, eu quero dizer - concordei com a cabeça, me lembrando da quantidade de sopa que minha mãe também havia me obrigado a tomar durante a janta.


- E você, já comeu? - Perguntei rapidamente, me lembrando que Nina sempre deixava sua alimentação para lá quando lhe pediam ajuda com alguma matéria.


- Eu comi dois bolinhos - Ela corou, e eu achei adorável o fato dele ter cochichado, como se comer dois bolinhos fosse um crime


Eu sei que já havia admitido que estava apaixonado por ela, mas era tão novo o fato de precisar estar ao seu lado a todo instante. De sentir o seu cheiro, de ver seu sorriso, de sentir seus dedos apertarem minha jaqueta como ela sempre fazia. Era engraçado como eu adorava sua voz suave e amava o fato de que seu corpo se encaixava completamente ao meu. Eu estava tão apaixonado que meu coração batia mais forte só por senti-la me beijar sem motivo algum.


- Não acho que dois bolinhos tenham te alimentado - disse risonho, ela escondeu o rosto na curva do meu pescoço, levando arrepios a todos os lugares do meu corpo

- É-é claro que me alimentaram -  bufou. - Eu não estou com fome.


Segurei em seu queixo para puxar seu rosto para cima, e os olhos castanhos se chocaram com os meus no mesmo instante em que inclinei meu rosto, pronto para colar nossos lábios e ver se realmente ela havia comido bolinhos. Então ouvimos alguém limpar a garganta.


- Hm, me desculpem... - Luke disse sem jeito.


Nina se afastou rapidamente, arrumando o cabelo e se atrapalhando toda para pegar o livro esquecido em cima da mesa. Bufei para mim mesmo e saí do lugar onde provavelmente Luke estava sentado

- Eu te espero no meu carro depois da aula, baby - beijei suas bochechas coradas, e ela concordou sem jeito, eu sabia muito bem que o apelido a deixava corada. Luke também parecia extremamente envergonhado, e eu não pude me conter em acenar para ela antes de sair.


( Nina POV )


- O troco dos seus quatro bolinhos do almoço - Candy estendeu a mão para mim, e eu fiquei completamente envergonhada por me lembrar de ter dito a Ian que havia comido apenas dois. Peguei o dinheiro e o guardei rapidamente. Candice me olhava de canto, estava bem calada ultimamente, o que estava levando calafrios por toda minha espinha. Candice calada nunca foi um bom sinal.

Mordi o lábio inferior quando vi Ian atravessar a porta de saída distraído com Michael e provavelmente indo me esperar em seu carro. Candice olhava para a porta também, e uma pulguinha atrás da orelha parecia indecisa em perguntar o que estava havendo ou não perguntar.


- Candice... - Comecei, mas ele fez que não com a cabeça.


- Só me escuta - Ela olhou para mim, e fechou os olhos por alguns segundos, tomando folego para falar. - Nós somos amigas há anos, somos amigas desde quando eu aprendi que amava química, ou quando descobri que você gostava de Star Wars tanto quanto eu. Nós passamos por tantas coisas juntas, o hospital, esses idiotas do basquete, o jornal da escola. Eu sei que não preciso te dizer nada disso, sei que você se lembra, Nina. Mas eu estou tão preocupado, eu digo tudo isso sobre Ian e a aposta porque eu amo você, amo minha melhor amiga e não quero permitir que ele acabe com seu coração, porque está escrito em sua testa como você sente algo forte por ele, e eu tenho medo disso. Muito medo. Entenda o meu lado, por favor, Neens.

Minha mente parecia dar voltas, e tive a certeza absoluta que ela estava desabafando comigo quando lágrimas começaram a se juntar nos seus pequenos olhos azuis. Em meio aquele corredor lotado de alunos loucos para irem para casa, minha melhor amiga estava chorando por mim.


E o problema é que eu sempre parecia ter uma solução para tudo, na verdade, Candice sempre tinha uma solução para tudo. Minha solução mais rápida (e mais eficaz) foi abraçá-la. Abraçá-la bem forte, daqueles abraços que chegam a machucar seus músculos, mas que deixam o coração quentinho e seguro.


- Não saia com ele hoje - ela pediu baixinho, enquanto eu comprimia os lábios e acariciava seus cabelos macios. - Vamos deixar isso tudo para trás, por favor.

Abracei seu corpo mais forte, se é que isso era possível.


- Por favor, dê uma chance a Ian - sussurrei, tentando engolir o caroço que havia em minha garganta. - Por favor.


Ela negou com a cabeça e com um pouco de luta de minha parte retirou os meus braços de sua cintura.


- Candice... - A chamei, vendo ela  olhar para mim e abaixar a cabeça, sorrindo triste logo em seguida.


- É melhor você ir - ela apontou para a porta. - Eu sei que nada que eu diga ou faça vai mudar, então vai, Neens. Vamos acreditar nessa mentira que você mesmo está criando, se jogando de cabeça. E acredite em mim, eu estarei lá quando você quebrar a cara, você sabe Nina.

- Por que eu te amo, amo de verdade - ela passou a mão pelos meus cabelos. - Joseph está me esperando, e acredito que você já tomou sua decisão de ir ou não.


Antes mesmo de eu poder concordar, Candice já estava se afastando com sua mochila nas costas, ajeitando a blusa azul e andando em passos apressados.


Olhei para o meu armário e deixei de lado o fato de que precisava levar meus livros para casa, pois se deixasse para sexta-feira, eu provavelmente esqueceria.

Mas quem se importa? Eu tinha problemas maiores do que livros do terceiro ano em meu armário.


Minha cabeça parecia doer agora, como milhares de elefantes dançando balé e fazendo passos que necessitavam de pulos extraordinariamente altos. Talvez eu odiasse elefantes como Ian odiava guaxinins.


Ian


Precisei de alguns segundos novamente para poder assimilar que aquele sorriso enorme estampado em seu rosto era para mim, e pude sentir minhas mãos suarem, assim como minhas pernas fraquejarem quando o mesmo abriu a porta do carro. O estacionamento já estava livre de neve, mas eu continuava completamente encolhida em meu moletom, imaginando que pegaríamos um grande trânsito para ir onde quer que Ian esteja pensando em me levar

- Oh, entre antes que você morra de frio - ele disse rapidamente, e eu o ouvi sua voz abafada dizer em como o inventor do aquecedor merecia receber um prêmio Nobel.


- Eu estou preocupado - Ian falou ligando o carro. - Essa neve... Hey, você esteve chorando?


Neguei com a cabeça, pensando em uma mentira rápida para enganá-lo sobre minha conversa com Candice. Eu odeio mentiras, mas às vezes preciso concordar que são necessárias.


- Acho que também estou ficando resfriada - sussurrei, e vi alguns garotos jogarem bolas de neve uns nos outros, tentando parecer normal para ele.

 - Resfriada? - Ele perguntou, me olhando como se soubesse da mentira, soubesse que eu estava escondendo algo e que sabia muito bem que eu era uma péssima mentirosa. Mas preferi acreditar que tudo isso era invenção de minha cabeça, afinal, mentir não poderia ser tão difícil assim.


- Acho que vou começar a me agasalhar com três blusas ao invés de duas - sorri fraco, e Ian concordou rapidamente, buzinando logo em seguida para um carro vermelho parado na saída do colégio.


- Eu odeio trânsito - ele grunhiu, e bateu com as mãos no volante. - Essa mulher é uma...

- Ian - eu ri de seu estresse. - Você vai ficar com rugas se continuar se estressando tanto.


Ele bufou, mas desfez a cara amarrada e sorriu envergonhado para mim.


- Eu não tenho a mínima paciência para essas pessoas que não sabem dirigir - bufou, mas logo em seguida olhou para mim assustado. - Nada contra você não saber dirigir, Neens. Eu estou dizendo essas pessoas...


- Tudo bem - eu ri dando de ombros. - Eu não nasci para dirigir

- Não diga isso - ele apontou para o volante com a mão direita, não tirando os olhos da rua. - É fácil, e eu tenho certeza que você aprenderia rápido.


Olhei pela janela e suspirei. Não era aprender, eu sei que conseguiria dirigir facilmente se quisesse. Por mais idiota que seja (e acredite, eu acho isso muito ridículo), eu não dirigia por puro medo.


Medo de dirigir. Isso é patético para uma garota que está prestes a fazer dezoito anos no domingo.


- Eu não acredito nisso! - Ian exclamou, batendo no volante como sempre fazia quando algo o irritava. Vi um policial pedir para ele encostar o carro, enquanto o mesmo batucava os dedos e xingava baixinho. Só percebi o motivo de todo o alvoroço de carros e alguns policiais quando vi a quantidade de neve sendo retirada da avenida em nossa frente

- Senhor - Ian o cumprimentou e estava pronto para pegar a carteira e todos os documentos quando o policial bigodudo sorriu e negou com a cabeça.


- Não precisa, filho - ele apontou para frente enquanto limpava o resto de doces que haviam grudados em sua bochecha, o entregando que havia devorado um delicioso donuts. - Infelizmente, as ruas para o centro estão interditadas, todas as saídas para lá estão. Então se tiver algum compromisso ou mora por lá, vai ter que esperar algumas horas.


Ian agradeceu o policial, que se apressava para parar outro veículo, e suspirou fundo guardando a carteira. Seus olhos pareciam tristes quando ele se virou para fingir um sorriso e deu de ombros antes de voltar a falar

- Eu disse que faria de tudo -  bufou. - Mas não posso te arrastar a pé em meio a essa neve toda.


- Onde nós iriamos? - Perguntei curioso, e ele sorriu dando ré com o carro, voltando de onde vínhamos.


- No restaurante que te levei a primeira vez - concordei com ele, deslumbrado com seu sorriso. Você poderia achar que alguém tinha um sorriso bonito, mas se conhecesse Ian saberia que aquele sorriso com os dentes branquinhos deixavam qualquer um hipnotizado. Ele era tão bonito

- Eu não sei o que fazer agora! Odeio quando as coisas não saem do jeito que eu quero - bufou, e por um momento imaginei se a aposta caberia no que ele havia dito. Ela provavelmente não estava saindo do jeito que Ian queria. Suspirei cansada vendo a neve cair do lado de fora e pensando se Ian era daqueles garotos que gostavam mais de inverno ou de verão, e se já havia ido à praia. Eu adorava a praia, não para nadar ou surfar, até por que eu não me sinto confortável com meu corpo. É que a praia, o cheiro do mar e areia, é como se todos os problemas fossem embora com a água salgada.


- Nina... - Ian tirou-me dos devaneios, apontando para uma pequena pizzaria na esquina. - Eu sei que não é nada comparado àquele restaurante, mas eu não quero te deixar com fome. Eu conheço o dono da pizzaria, e acredite, é um lixo o local, mas a pizza é deliciosa.

Concordei freneticamente com a cabeça, não querendo contrariar-lo. Ele estava se esforçando tanto apenas para me levar para um almoço que eu estava ficando impressionada. A curiosidade sobre o que ele iria me contar parecia borbulhar no meu estômago, me deixando enjoada e nervosa.


- Onde você vai? - Ele perguntou enquanto eu abria a porta para segui-lo.


Olhei sem entender para ele e apontei para a pizzaria, que era vermelha e tinha uma placa muito estranha de um cachorro cheirando uma pizza de calabresa

- Eu pensei que iriamos comer pizza - disse baixo, arrumando meu moletom e tendo a certeza que não havia o sujado com os bolinhos.


- Eu não vou te deixar comer nessa espelunca! - Ian se inclinou no meu corpo voltando a fechar a porta. - Minha mãe está de férias e minha irmã está em casa, elas estão fazendo bicos em uma padaria e voltam só à noite, nós comemos a pizza em casa, tudo bem?


Olhei para a humilde pizzaria e me perguntei o porquê dele não querer me levar aquele lugar. Talvez ele não quisesse estar naquele lugar, afinal, Ian adora restaurantes finos e essas coisas, e acho que teria vergonha de ser reconhecido naquele local. Mas ele disse que era amigo do dono, talvez ele estivesse com vergonha de mim...


- Tudo bem - dei de ombros olhando para os meus dedos finos e escutando em seguida a porta do carro sendo fechada e Ian correndo para a pequena pizzaria.


Eram nesses momentos que eu queria poder ligar a Candice, pedir-lhe um conselho, bombeá-la com minhas inseguranças e até perguntar se meu cabelo estava bonito hoje. Mas ela não suportava Ian. Suspirei pela milésima vez e apoiei meu rosto no vidro, ligando o rádio e me perdendo com as músicas de Ian.


Alguns minutos depois, eu acabei me assustando com Ian cheio de neve nos cabelos e tremendo de frio. Minha primeira reação foi tirar a caixa de pizza e esperar o mesmo se sentar e fechar a porta, acabando com essa friagem que entrava. Seu rosto estava vermelho, e acabei deixando a pizza de qualquer jeito em meu colo para poder tirar os flocos de neve da sua cabeça. 

Ele sorriu quando passei minhas mãos (que milagrosamente estavam quentes) por seu rosto, e eu sorri de volta vendo o mesmo se inclinar para receber mais um pouco dos meus toques.


- Eu comprei meia calabresa e meio quatro queijos - ele voltou a segurar o volante quando retirei minhas mãos de seu rosto. - Espero que goste.


- Ah, sim - concordei, escutando a música, que eu estava ouvindo, acabar.


- Han... - Vi Ian morder o lábio inferior enquanto dirigia, e suas mãos apertavam levemente o volante. - Eu contei a minha mãe sobre a visita que fiz ao hospital junto a você.

 - Você contou? - Minha voz saiu surpresa, e eu limpei a garganta rapidamente. - Eu quero dizer, e-eu...


Na verdade, eu não sabia o que dizer. Primeiro, Ian havia conversado com sua mãe, algo que eu não achei que fosse comum infelizmente. E segundo, ele falou para Edna sobre mim, ou talvez apenas sobre o hospital, mas isso me envolvia de alguma forma.


- Contei - ele me olhou rapidamente, não querendo tirar os olhos da estrada. - Acho que ela ficou feliz, disse que gostava de você

- Ela gosta?! - Tentei esconder a enorme felicidade em minha voz e senti minhas bochechas corarem quando Ian percebeu minha animação. - Q-quer dizer, eu fico feliz por isso, eu também gosto muito dela.


Um silêncio bom se instalou, e eu estava me remoendo por dentro. Talvez fosse a fome e o delicioso cheiro da pizza no carro, mas talvez fosse as borboletas em meu estômago.


- Finalmente - Reclamou logo que paramos em frente à sua casa. Um dos vizinhos de Ian tirava a neve da varanda, acenando para nós

- Deixe que eu levo, baby - Ian murmurou e eu tentei não sorrir com o apelido, escondendo a vergonha enquanto ajeitava os cabelos.


- Fique à vontade, eu vou buscar os pratos e o refrigerante - ele murmurou, e eu o segui até a cozinha, o assustando quando fechou a geladeira com duas latinhas na mão.


- Você não acha melhor comermos aqui? - Perguntei receosa. Mamãe sempre gostou de fazer as refeições na mesa, e eu preferia acreditar que ela me criou desse modo e isso não era mais uma de minhas esquisitices. Ian pareceu escutar o que eu estava pensando, e me entregou as latinhas de Coca-Cola enquanto equilibrava os pratos em cima da caixa de pizza.

- Nada disso - ele sorriu. - Vamos comer na sala, assistindo um programa qualquer.


Concordei sem jeito e partimos até a sala. Ian depois de sentar no sofá e dizer para que me sentasse também, abriu a caixa de pizza e pegou um grande pedaço com a mão. COM A MÃO!


- IAN! - Exclamei, e ele me ignorou colocando o pedaço de calabresa em um dos pratos. Eu havia percebido que ele não trouxe talheres, mas não conseguia acreditar que estava comendo o seu pedaço com a mão, sequer colocando em um prato como o meu. - E-eu - Tentei dizer, encarando sua face sorridente enquanto abocanhava o pedaço de pizza, fazendo feições que deixavam bem claras que estava muito bom. - Eu prefiro comer com garfo e faca

- Neens - ele deixou seu pedaço de lado, voltando a colocá-lo na caixa. - Coma assim, veja - Ian pegou o meu pedaço do prato, abocanhando a pontinha e virando-a para mim. -Dá  uma mordida.


Olhei para Ian e suspirei, me inclinando para morder de olhos fechados. A pizza estava deliciosa, e o queijo pareceu derreter em minha boca, eu realmente estava faminta.


- Agora pegue - ele empurrou a pizza em minhas mãos, e eu mordi os lábios a segurando meio sem jeito. - Viu? É bom.

- Mas faz sujeira, e eu posso acabar derrubando em minha roupa ou em seu sofá - murmurei, vendo ele revirar os olhos e morder sua pizza em mãos novamente.


- Coma, Neens - Ele sorriu, e pareceu um tanto nervoso - Eu quero conversar com você depois que comermos, okay?


E por esse motivo, eu devorei meu pedaço de pizza mais rápido do que imaginava. 


(Ian POV)


Meus dedos pareciam tremer enquanto eu terminava de comer o último pedaço, checando se Nina estava satisfeita e limpando suas bochechas sujas. Ela agradeceu pela pizza e sorriu bobo, deixando seu prato perto da caixa de pizza.


Eu estava prestes a desistir sobre contá-la sobre a aposta. E se ela me odiasse? Se ela me mandasse esquecê-la e saísse por aquela porta sem me dar a chance de contar como eu estava apaixonado? Extremamente apaixonado.


- Nina - ela estava olhando para alguns quadros próximos a TV e voltou com sua atenção para mim, me fazendo amolecer por dentro quando vi que ainda tinha alguns farelos da massa em seu rosto. - Eu quero que você só me escute, ok?

 Concordou, enquanto eu limpava novamente suas bochechas rosadas pelo frio e me aproximava mais de seu corpo no sofá pequeno.


- Eu sou um idiota - comecei dizendo, e ela acabou rindo baixinho, me fazendo derreter com aquele doce som. - Eu fiz uma coisa, mas antes eu quero te explicar outra. Eu já magoei você demais, já te fiz coisas horríveis e já te tratei da forma mais grotesca possível. Eu sei que nunca te pedi desculpas por isso, mas eu deveria, e estou pedindo agora. Você aceita?


Nina estava paralisada, mas concordou com a cabeça fazendo sua franja cair nos olhos castanhos. 

- Você me fez ser diferente, entende? Eu sou uma vergonha para minha mãe e uma mentira para os meus amigos, sou também péssimo em física e química, mas esse sou eu. Não o melhor de mim, mas sou eu - apontei para o meu peito, sentindo um nó se formar em minha garganta. - Há um mês, quando eu te vi sorrir para mim eu já sabia que algo tinha mudado. A forma em que eu pensava em você, em que eu gostava de ver como seus olhos ficam quando você sorrir e em como eu adorava te pegar em meus braços. Eu tentei convencer a mim mesmo que estava apenas carente, que queria apenas te beijar e que tudo acabaria logo, mas olha para mim.


Tomei uma quantidade de ar em meus pulmões, juntando forças para continuar.

- Há algumas semanas eu estraguei tudo, Nina. Eu fiz uma coisa que agora vejo em como é ridícula e baixa, e eu estou com medo de te dizer, estou com medo de que você me deixe - Senti lágrimas quentes se juntarem em meus olhos. - E eu não acho que consigo aguentar se você fizer isso porque eu estou... - Fechei os olhos com força, ainda não era hora. - Eu e  Paul apostamos que eu transaria com você antes do baile, apostamos uma Ferrari, uma coisa estúpida e sem valor.


Abri os olhos devagar, com medo de encarar ela. A mesma estava com uma expressão impossível de se ler, seus olhos estavam nos meus, sua boca comprimida e seus dedos apertando uns aos outros. Eu sabia que precisava continuar. Precisava contá-la tudo.








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