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História Crawling - Tomarry - Balinhas de limão


Escrita por: Trevo_Cobre

Notas do Autor


Oi, trouxe mais um capítulo para vocês
Espero que gostem, aproveitem bastante!

Capítulo 4 - Balinhas de limão


Eu já estava com tudo em mãos: varinha, pena e tinta, capa da invisibilidade, mapa do maroto e o diário. Saí do dormitório sem ser visto e observei se havia alguma movimentação no castelo, parecia que todos estavam dormindo, ou pelo menos fora de alcance. Suspirei e caminhei a passos largos até o escritório de Snape. Eu sabia onde era, pois sempre que nosso esquadrão anti Horcrux precisava se reunir durante o reinado de terror de Umbridge, ou íamos para lá, ou fazíamos a reunião na casa dos gritos. Não que meu professor de poções parecesse muito receptivo durante esses encontros.

Não havia vigilância, o quarto de Snape era interligado com o escritório, ou seja, trancas sofisticadas e feitiços poderiam ser considerado desnecessários, pois ninguém seria louco o suficiente para tentar roubar debaixo de seu gigantesco nariz. Quer dizer, ninguém a não ser eu, seria tão louco a ponto de tentar invadir o lugar. Assim que entrei no cômodo, olhei ao redor e constatei que provavelmente as provas deveriam estar na gaveta da escrivaninha. Tirei a capa e coloquei as coisas que havia trazido comigo sobre a mesa.

Tentei abrir a única gaveta, mas vi que estava trancada. Sem pensar duas vezes, lancei o feitiço alohomora. A gaveta se abriu com um estrondo, aquela não havia sido a melhor das decisões, constatei. Olhei para o mapa preocupado que tivesse acordado Snape, mas não vi nada. Não queria demorar fazendo aquilo, então, mais rápido que nunca, peguei a minha prova e comecei a transcrever as questões para o diário.

Será que você pode melhorar sua letra? Quase não consigo entender o que está escrito. Respondi com mau humor. Estou com pressa, não quero correr o risco de ser pego apenas para caprichar na letra.

Está com medo por acaso? Snape deve estar roncando alto essa hora.

O nariz dele parece propício para isso, mas infelizmente quase arranquei a gaveta com alohomora, o sono dele deve ter sofrido uma perturbação.

Está me dizendo que ele está perto?

É uma forma de ver a situação. Escrevi imaginando que, atrás da porta escura do lado esquerdo cômodo, meu professor de poções deveria estar enrolado nas cobertas.

Não me surpreendi quando Tom escreveu me chamando de idiota, eu teria discutido se não estivesse com pressa para terminar com aquilo. Vamos, é a última pergunta, qual... Minha escrita tremeu quando ele percebi que Snape havia se movido no mapa. Completamente desesperado, escrevi a questão rapidamente, transcrevi a resposta como um louco, então guardei tudo as pressas, fechei a gaveta, joguei a capa sobre mim e saí da sala quase ao mesmo tempo em que Snape atravessou o quarto indo em direção ao escritório. Suspirei aliviado quando ganhei distância suficiente para não ser pego. 

Cheguei ao dormitório comemorando a vitória, abri o diário e escrevi um Conseguimos! Que foi automaticamente absorvido pela página, estava tão feliz que nada teria me abalado, a não ser a resposta que recebi. Parabéns, me escreva quando sua prova for zerada. Olhei para a frase com o estômago se revirando de nervoso, se não fosse noite, poderia jurar que minha visão havia escurecido por longos segundos.

O que quer dizer com isso? Escrevi suando frio.

Aceitei passar as respostas, nunca disse que eram as certas. Engoli em seco, aquilo não podia ser sério... Eu com certeza ia queimá-lo se fosse verdade. Boa noite... Harry.

Quase rasguei a página de ódio. Tudo aquilo era uma afronta, praticamente um pedido para morrer. "Harry"? Desde quando eu havia dado permissão para ele me chamar assim? Desde quando... Continuei com meus devaneios enfurecidos até o dia clarear, mas, mesmo assim, não consegui escrever nenhuma resposta. Eu havia começado aquilo quando escrevi para Tom, deveria saber que era um erro.

 

~

 

Depois que o salão comunal começou a ganhar vida, andei até o refeitório, pronto para comer algo que me trouxesse um pouco de alegria. Depois, fui para a aula, não estava com disposição para falar com ninguém, meus únicos sentimentos eram raiva e depressão por perder mais um ano. Mais um ano em Hogwarts, sem amigos e sem liberdade. Eu ansiava por mudanças, era para ser o começo de uma nova vida. Sem guerra, sem trevas. Sem Tom. Mas nada disso parecia mais próximo que meus fracassos estudantis.

Me sentei no fundo da sala na aula de poções, queria não chamar atenção, mesmo que soubesse que Snape iria me ridicularizar de qualquer forma. Me preparei para as possíveis frases que meu professor diria, algo como "Uh, Potter, ganhou um zero maior que sua cabeça" ou "Esplêndido, sr.Potter, seu cérebro deve ter vazado pela cicatriz para não ser capaz de responder a um simples teste", talvez ele realmente se perguntasse como eu, um garoto idiota, fora capaz de destruir o maior bruxo das trevas de nosso tempo. Respirei e tentei me preparar psicologicamente para aturá-lo o ano seguinte inteiro me perturbando por reprovar, mais um ano aguentando seu mau humor e ressentimento. 

Assim que Snape entrou na sala de aula, o professor começou entregar os testes nas carteiras, um de cada vez. Fui o primeiro a recebê-la. Virei a prova devagar, iria queimá-la junto com o diário, mas, inesperadamente, percebi que tinha conseguido tirar nota máxima. Tom havia me enganado, de novo. Sorri.

Sorri como um idiota por pelo menos dez minutos, aquela prova... Iria mandá-la para Sirius com um bilhete me gabando da minha inteligência e sabedoria, tinha certeza que isso iria animar meu padrinho e render uma boa discussão entre ele e Snape a próxima vez que se vissem. Além de tudo era um ótimo "Cala a boca" para todos que disseram que eu ia reprovar, mesmo que o mérito não fosse completamente meu.

— Sr. Potter, devo parabenizá-lo por sua esplêndida prova. Tenho certeza, portanto, que não será problema compartilhar como conseguiu atingir a nota máxima com seus colegas — olhei ao redor, tanto a Grifinoria como a Sonserina tinham os olhos sobre mim. Hermione sacudiu a cabeça como se fosse óbvio que eu havia colado, e eu admitia que realmente, aquilo tudo foi bem óbvio — Estamos esperando.

— Hãn... Eu tive um... É-é, eu tive um momento de lucidez sobre a matéria. Foi tipo uma bênção, eu senti uma luz pairar pela minha cabeça e de repente a minha prova estava... Fácil — falei evitando o olhar mortífero que Snape me lançou.

— Então você teve.. Um momento de lucidez sobre a matéria? — A fala pausada de meu professor me fez engolir em seco.

— É. Pode ser que sejam as balinhas de limão que Dumbledore me deu quando passei pelo corredor ontem — Eu não sabia mais o que estava fazendo, apenas não queria ser reprovado — Acho que elas foram a causa de tudo.

— Balinhas abençoadas, Potter? Espera mesmo que eu acredite nisso? — dei de ombros, eu não esperava que ele acreditasse, apenas que me deixasse em paz. Se Snape pudesse me matar, tenho certeza que teria feito isso — Responda.

— É, foi isso, comi balinhas abençoadas do Dumbledore — Metade da turma estava se segurando para não rir, a outra metade me olhava como um homem morto — Mais alguém tem alguma pergunta? Não? Que pena.

A aula continuou. Vez ou outra Snape me fazia alguma pergunta tentando conferir se eu tinha muitos momentos de lucidez sobre a matéria, o que, no caso, só comprovou que eu havia colado. No final da aula, estava guardando meu material e tentado sair o quanto antes da presença furiosa de meu professor, quando, de repente, Draco passou por mim, jogando todos meus cadernos no chão.

— Oh, sinto muito, Potter — Ele falou e pisou na minha prova — Mas não tem com o que se preocupar, vai poder gabaritar a mesma prova ano que vem, quando descobrirem como colou.

— Talvez se seu pai comprar o professor, você consiga gabaritar uma prova uma vez na vida. parece que seu cérebro não consegue isso sozinho — desafiei sem abaixar a cabeça.

— O que disse?

— Você é surdo? Ou talvez, o tempo que teve que ouvir seu pai despejando veneno em seus discursos puristas, tenha afetado algo além de seu juízo — vi os olhos de Draco se ascenderem com fúria. Ele poderia fazer o que quisesse quanto a isso, eu sabia que não estava falando nada além da verdade.

 Antes que o Malfoy pudesse revidar, Snape me chamou.

— Potter! Preciso que fique mais um pouco. Temos assuntos a tratar — Draco se foi com um olhar que prometia que eu me arrependeria de ter feito aquilo. Juntei minhas coisas do chão sem pressa, não queria falar com Snape — Vamos, Potter, não tenho tempo para perder com você.

— Do que se trata?  — perguntei vendo que o homem havia se aproximado.

— Não se faça de sonso. Nós dois sabemos, assim como a classe inteira, que você não tinha condições de gabaritar um teste meu — O professor falou tão próximo de mim que tive conter o impulso de dar um passo para trás.

— Não sei do que você está falando — disse fazendo o possível para manter uma expressão neutra.

— Potter, pela última vez, não minta para mim — Ele praticamente rosnou — Me diga quem te passou cola e eu vou ser bonzinho e não descontar nota da pobre criatura que você extorquiu.

"Pobre criatura... Está mais para uma cobra ardilosa" pensei e me perdi em devaneios, quando me lembrei de responder já tinha esquecido a pergunta.

— Hã?

— Potter... — Snape fechou os olhos e apertou a ponte do nariz, nesse momento, Rony entrou me salvou.

— Harry! McGonagall está chamando por você, temos prova agora — olhei para o professor de poções e depois para meu amigo.

Entre Snape, o homem que havia garantido que minha vida fosse um inferno em Hogwarts, e Ron, meu "amigo" que me tratou feito lixo nos últimos dias, eu não sabia quem preferir.

— Terminamos isso depois, Potter — O moreno falou por fim, acabando com minha indecisão. Corri para perto do ruivo.

Assim que estávamos fora do alcance de Snape, Ron voltou a falar.

— Não sei como conseguiu fazer aquilo, mas pelo menos você segurou as pontas e não se rendeu, acredite, é melhor manter a mentira que reprovar — olhei para ele e, em seguida, agradeci por me salvar. Minerva não havia marcado prova alguma — Não foi nada, além disso... Desculpe Harry, de verdade. Falo tanto por mim como pela Mione, é só que... Coisas aconteceram e provavelmente vai ficar pior, não queremos te envolver nisso. Você é meu amigo, mas eu perdi o controle e... Eu, só... Acho que nunca passei por algo assim.

— Rony, o que pode ser pior que enfrentar o lorde das trevas e sua seita? — Ele comprimiu a boca em uma linha fina.

— Mulheres e... Sentimentos — Ron respondeu simplesmente, franzi a testa. Estava prestes a perguntar o que ele queria dizer com aquilo quando o ruivo falou — Acredite, não vai querer se envolver nisso.

Sem dar mais nenhuma explicação, meu amigo me deixou plantado no corredor. Suspirei, talvez a raiva não fosse o melhor caminho. Se Ron e Hermione precisavam de tempo, então respeitar isso era o melhor a se fazer. 

 

~

 

Era noite quando voltei para o dormitório. Os dias de partidas de quadribol eram agitados e, por isso, o salão comunal estava cheio de grifinórios conversando e comemorando a vitória. Eu estava feliz por termos ganhado, mas, por conta de tudo que aconteceu durante os últimos um ano e meio, tive que me afastar do time e, mesmo que fosse egoísmo – Um sentimento que conseguia identificar –, não conseguia me sentir tão animado. Sabia que tudo seria diferente se eu estivesse no campo, mas... Eu não estava e minhas chances de ser colocado no time no meio do ano eram baixas. Eu precisaria conversar com o capitão eventualmente.

Por hora, me contentei em me jogar na cama e sentir saudades de tudo aquilo. Suspirei e abri o diário.

Você me enganou. Escrevi simplesmente.

De nada por salvar sua pele da reprovação. Respirei fundo me controlando, eu não conseguia acreditar que tinha passado a noite em claro por conta da mentira. Ficou muito assustado com a pegadinha? Admito que era minha intenção.

Você é desprezível. "E imaturo" completei mentalmente.

Obrigado.

Snape sabe que eu colei, estou fodido.

Ele sabe de quem pegou cola?

"Sim, de uma pobre criatura que eu extorqui" tive vontade de responder.

Não, ele nem desconfia.

Então não me interessa. Revirei os olhos, mas, afinal, o que eu esperava vindo de Tom?

Você não está entendendo, ele vai fazer um inferno na minha vida.

Convenhamos que a vida nunca foi generosa com você, não tem nada de surpreendente nisso. Você está em apuros, e daí?  Fechei a cara, era inacreditável que ele não percebesse que era a causa de tudo.

Não estou em "apuros", estou fodido. Sublinhei a palavra para enfatizar, não queria deixar Tom conduzir a nossa conversa.

Se eu fosse sua mãe já teria lavado sua boca com sabão. Minhas bochechas pegaram fogo, como ele tinha coragem de...

Se você não tivesse matado minha mãe, talvez ela fizesse isso. Escrevi e mordi a língua tentando me impedir de sentir raiva. "Ele não é Voldemort" pensei tentando acalmar meu coração, mas a raiva ainda estava ali.

Vai chorar? Peguei o caderno e atirei-o na parede.

Cobri o rosto com as mãos. Eu estava tentando. Tentando não cair na cilada que eu mesmo havia criado. Tom. Voldemort. Eu não poderia dissociar um do outro se não visse motivos para isso. Tom não estava me dando os melhores motivos para mantê-lo vivo.

Só percebi que Dean tinha entrado no dormitório quando ele falou:

— Está tudo bem? — murmurei um "sim" como resposta.

Trinquei os dentes, estava com tanta raiva que senti os olhos ficarem marejados. Não sabia de quem eu tinha mais raiva, de Tom por ter coragem de agir como se não tivesse destruído a minha vida, ou de mim mesmo por não conseguir parar de falar com ele. "Foi pela prova" me convenci. "Ele ajudou" lembrei. Mas eu sabia a verdade, estava me sentindo sozinho e parte de mim acreditava vividamente que eles, Tom Riddle e Voldemort, não eram a mesma pessoa, não ainda. Eu tinha que acreditar nisso, ou eu mesmo não poderia ser nada além do que acreditavam que eu era. O menino que sobreviveu. Era um título estúpido para alguém que foi envolvido em uma guerra que nunca desejou fazer parte.

Tentei dormir por um bom tempo, mas só consegui depois de juntar o diário do chão e devolvê-lo ao criado-mudo. 

 


Notas Finais


Eai? O que estão achando?
Não sei quando posto de novo, mas a fic está programada para ter continuação, então não se preocupem.
Só não posto se eu morrer.

Até logo! Não deixem de favoritar e deixar um comentário, me incentiva muito <3


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