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História Crawling - Tomarry - Mentindo


Escrita por: Trevo_Cobre

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 5 - Mentindo


Acordei pela manhã com dor de cabeça, eu sabia que tinha exagerado na reação ontem a noite com Tom, mas não queria falar sobre aquilo. Apenas fiz minha higiene matinal, arrumei as coisas (acrescentando o diário ao material escolar) e fui para o refeitório. Todos os alunos da Grifinória estavam de bom humor, não era para menos, os jogos garantiam pontos a mais na copa das casas, mas, por algum motivo, eu sentia que não fazia mais parte de tudo aquilo.

Meus amigos não se falavam a dias e a tensão no ar era palpável. Os professores queriam me comer vivo por pedir um trabalho extra a cada 15 minutos para conseguir ter nota suficiente. Mais da metade de Hogwarts gostava de me olhar feio, me culpando pelo caos dos últimos anos no mundo bruxo. Além disso, todo o meu "patriotismo" quanto a Grifinória havia evaporado depois de perceber que em pouco tempo eu estaria me formando e nada daquilo fazia sentido na vida real. Talvez eu realmente não fizesse mais parte daquele universo.

Comi rápido e fugi para um lugar sem movimento, iria me preparar para enrolar Snape e queria algumas dicas de alguém com experiência em mentir. Que a minha crise moral fosse para o inferno, eu precisava da ajuda de Tom Riddle.

Oi. Escrevi e olhei ao redor confirmando que estava sozinho. Pode me dar umas dicas de como mentir para Snape? Apesar da pergunta ter desaparecido, não houve resposta. ... Porque você sabe, estou fodido e preciso de ajuda. Como sempre.

Você não tem mesmo mais o que fazer... Chorou muito ontem a noite? Contive o impulso de revirar os olhos.

Estava ocupado demais pensando em como me safar de Snape, então não. Esperei por mais um tempo até perceber que Tom não iria me responder. Vai me ajudar?

Estou muito ocupado agora, então não. Entendi a jogada, respirei fundo, estava chegando a conclusão que o futuro ex lord das trevas tinha um certo apreço por me ver por baixo. Me desculpe, da próxima vez vou me lembrar de derramar algumas lágrimas sobre as páginas apenas para saciar o seu ego.

Perfeito. Estava prestes a perguntar a razão dele ser tão obcecado em tornar a minha vida uma droga quando alguém chamou por mim. Por um segundo pensei que fosse Snape e então tudo estaria acabado.

— Harry! Espero que não esteja mantando aula — Hagrid falou me lançando um olhar de repreensão, mas em seguida ele sorriu. Discretamente, fechei o diário.

— Não, eu só estava... Tentando escrever uma carta para Sirius, queria contar sobre o teste de Snape — Me levantei e comecei a andar com Hagrid pelo corredor — Tirei nota máxima, acho que ele vai ficar orgulhoso.

— Tenho certeza. Acho que não tive oportunidade de falar na época, mas fico feliz que você esteja recebendo o apoio de um padrinho como ele — O gigante colocou a mão sobre meu ombro, sabia que ele era sentimental quando se tratava de família — Ele também deve estar aproveitando muito agora que a guerra acabou, Azkaban faz nós apreciarmos a nossa liberdade, ainda mais depois da injustiça que ele sofreu...

— Vocês tem mais em comum do que pensam... Além do mais, você é como um segundo padrinho para mim — falei e vi Hagrid secar uma lágrima, pouco depois nos despedimos e eu segui para a sala da próxima aula.

Eu tinha amigos ali. Pessoas que se importavam. Era estupidez minha não ver isso por acontecimentos recentes. Me peguei refletindo se foram apenas as pessoas ao meu redor que mudaram, ou se eu mesmo estava mudando.

Só quando estava na metade do caminho, me dei conta que aquela era justamente a aula de Snape. Me encostei em um canto e rabisquei uma página do diário. Tom! Me ajude a mentir. Isso não é um pedido. Quanto mais alunos passavam por mim, mais nervoso eu ficava para ter uma resposta. Vamos! Na minha próxima crise existencial, vou guardar minhas lágrimas só para você. Quando vi que Snape estava prestes a iniciar a aula me desesperei. Vou colocar fogo em você e fazer um assado de cobra na fogueira.

Que bela homenagem. Suspirei e comecei a suar nervoso quando ouvi o professor começar a chamada dentro da sala. Espiei pela porta, vendo que ele observava meu lugar com um sorriso diabólico. Apenas pareça confiante e lembre-se que sempre dá para consertar uma mentira com outra. Ah, e não ceda à pressão, aja com naturalidade.

Respirei fundo uma última vez, guardei o diário e entrei na sala com a desculpa de ter me atrasado com Hagrid, o que não era completamente uma mentira, apesar de não ser exatamente a verdade. Me sentei ao lado de Neville, não queria me isolar naquele dia, mas assim que fiz isso, me arrependi.

— Potter, que bom que decidiu se juntar a alguém hoje, tenho certeza que Longbottom irá apreciar sua ajuda — Snape falou enquanto passava entre algumas mesas — Já que está indo tão bem nessa matéria, vai ser de grande ajuda aos seus colegas menos privilegiados.

Isso arrancou alguns risos da sonserina, engoli em seco ao mesmo tempo em que Neville corava e se atrapalhava por conta da atenção. Olhei para o teto rezando para a aula acabar logo, minha reação não passou despercebida por Draco, que fez questão de dificultar ainda mais a situação.

— Professor Snape, será que podíamos fazer a poção que caiu no teste? Aquela da terceira questão, acho que seria uma bom para fixar na mente e... — O loiro fez uma pausa e olhou para mim com um sorriso perverso — É claro que Potter pode escrever o modo de preparo no quadro enquanto você nos ajuda com os ingredientes, afinal, não vai ser nada demais para um cérebro tão brilhante.

— É uma ideia genial, Draco. Vamos, podem começar a pegar as coisas... — olhei para Draco com ódio mortal. Assim que ele se juntou à multidão que se formava próximo aos armários de materiais, pude jurar que Hermione deu uma cotovelada em suas costelas antes de ir até minha mesa.

— Harry... — Ela olhou para trás para conferir que Snape não estava nos vigiando e me passou uma listinha rabiscadas às pressas — Boa sorte e desculpe pelo que disse.

Eu teria agradecido, mas, me dei conta Mione já havia se afastado. Me levantei e fui para o quadro negro, escrevi o passo a passo, tomando cuidado para colocar as instruções na ordem certa e também para não ser pego com o pedaço de papel. Entretanto, assim que percebi, a lista tinha sido tomada de minhas mãos por ninguém menos que Severus Snape. Fechei os olhos.

— O que é isso, Potter? — senti minha alma fugir do corpo por um segundo.

— É um pedaço de papel — falei secando as mãos suadas no uniforme.

— Não me tome como um idiota, é esse o segredo? Está colando com pedacinhos de papel e achou que podia passar despercebido? — Já havíamos conseguido a atenção da sala inteira, olhei para o quadro e tomei coragem.

— Não estamos em uma prova, professor Snape, e eu queria garantir que todos os passos estivessem na sequência correta, então tomei a liberdade de escrever tudo em um papel antes de passar no quadro — tentei manter uma postura confiante, mas estava quase tremendo de nervoso.

— Você escreveu isso? É engraçado, me lembra a caligrafia da senhorita Granger — lancei um olhar para Mione, que encarou a própria mesa enquanto as bochechas assumiam um tom rosado.

— Ela está me ajudando com aulas de caligrafia, que bom que percebeu a melhora na letra, fico muito satisfeito que meus esforços estejam sendo reconhecidos — Snape inspirou profundamente e amassou o papel nas mãos.

— Para a carteira, Potter — obedeci sem hesitar, evitei chamar a atenção o resto da aula e saí o mais rápido que pude de lá.

O resto do dia foi comum, tirando o fato que Cedric puxou assunto comigo uma ou duas vezes. Eu e o lufano não éramos próximos, mas eu sabia que ele se sentia em dívida comigo desde que ajudei a salvá-lo durante a luta no cemitério e por isso, eu deixava que, de vez em quando, ele fizesse algo por mim ou sugerisse algo. Durante a tarde escrevi minha carta para Sirius, ela foi curta e pareceu mais bem-humorada do que eu realmente me sentia.

 

Sirius,

Estava querendo te deixar a par dos acontecimentos, mas nunca achava tempo para escrever. As coisas ficaram corridas por causa da semana de testes, mas já está quase acabando e isso é perfeito. Consegui nota máxima em poções, Snape está furioso com isso, mas valeu a pena.

De resto, tudo está mais ou menos igual, sem grandes novidades. Eu só precisava me gabar um pouco e mandar notícias para não me sentir culpado por quase nunca te enviar cartas.

Do seu afilhado favorito, Harry (Segue anexo minha prova).

 

Após despachar a carta, me senti uma péssima pessoa por ocultar minha pequena briga com Rony e Hermione e, principalmente, por estar falando com Tom. Afastei o sentimento ruim, me lembrando que meus amigos já haviam feito as pazes comigo, mesmo que não estivéssemos nos falando com frequência e sobre Tom... Simplesmente era uma péssima ideia falar algo sobre. Eu sabia que no momento que alguém descobrisse, o diário seria queimado e, eu não sabia o porquê, mas sentia como se isso fosse errado, mesmo que  soubesse que era o correto a se fazer. Era conflituoso. Odiar Tom, falar com ele. Não odiá-lo, mas não conseguir perdoá-lo completamente.

Fiquei nesse conflito por um bom tempo, até que decidi que iria parar de falar com Riddle com tanta frequência. Talvez, se tomasse distância, conseguisse pensar melhor o que fazer sobre o assunto.

 

~

 

A verdade é que minha promessa de me afastar de Tom Riddle foi um fracasso. No segundo em que fiquei sozinho no dormitório, já estava escrevendo para ele. Com certeza eu não tinha escolhas inteligentes.

Me safei de Snape, agora só tenho que manter isso até terminar a escola ou até ele ser demitido. Apesar de parecer algo péssimo, eu me sentia verdadeiramente feliz por estar aguentando firme. Obrigado por me ajudar a mentir.

É sempre um prazer levar os mocinhos para o mau caminho. Sorri enquanto lia aquilo, era estranhamente recompensador estar no "mau caminho". Já está tendo uma crise existencial por ser um mentiroso ou a ficha ainda não caiu?

Na verdade, nem ao menos me sinto tentado a cair em uma crise existencial, você se enganou.

Ah é? E qual a razão disso?

Mentir me ajudou e... Eu comecei a pensar, recentemente, que talvez, eu devesse colocar o meu bem-estar acima do bem-estar dos outros. Fiz uma pausa, aquilo não era mentira. Depois de praticamente salvar o mundo bruxo, eu simplesmente havia sido deixado de lado. Enquanto eu me preocupava com os outros, ninguém estava preocupado comigo, ou quase ninguém.

Já era hora de parar com esse complexo de herói. Quase me senti orgulhoso. Sorri pela segunda vez, era um pouco estranho, mas estava começando a gostar das respostas sarcásticas e irônicas do Riddle.

Orgulhar você? Droga, preciso rever meus conceitos. Escrevi entrando na brincadeira.

Eu disse quase. Ele fez uma pausa. Mas já é um começo, acho que já pode começar a se preocupar. Tem certeza que não deveria estar na sonserina?

Já estou preocupado, e sim, tenho. Verde não realça os meus olhos. Queria saber qual seria a resposta do grande lorde das trevas para isso, mas, bem nesse momento, alguém entrou no dormitório fazendo um escândalo barulhento. Fechei o diário com pressa, não tendo tempo para admirar os primeiros traços agradáveis de Tom.

— O que...? — Era Rony, seguido de Dino e Simas. Meu amigo estava chorando descontroladamente.

— Harry, rápido, não sabemos mais o que fazer — perguntei qual era o problema para meus colegas, mas antes que alguém pudesse responder, Ron sentou na minha cama e começou a chorar no meu ombro — Ninguém sabe o que aconteceu... Será que ele vai ficar bem?

— Nada vai ficar bem — O Weasley falou limpando o nariz na manga do casaco, tentei consolá-lo abraçando-o e dando tapinhas em suas costas. Vi Simas dar de ombros como quem não sabe o que fazer — Ah, Harry...

— 'Tá tudo bem, Ron, fica calmo — O ruivo falou algumas coisas incompreensíveis e, depois de dar uma desculpa esfarrapada, os meus dois colegas saíram do quarto. Aos poucos Rony foi se acalmando — Você quer falar sobre isso ou...

— Não quero falar sobre nada, quero que um hipogrifo faça sapateado na minha cabeça e me mate — murmurei um "Ok" e deixei meu amigo chorar mais um pouco no meu colo — Snif, mulheres, Harry, elas são o mal da humanidade... E claro, tinha que ser ele... Por Merlin! O que tem de errado com eles dois? Quer dizer como pode... E você não entende. Nem eu entendo...

— Aham... — concordei sem saber ao certo o que falar, eu não estava entendo nada.

— E como ela espera que...? Não, jamais! Não dá, Harry... É demais para mim — Sabia que Ron tinha o dom para o exagero, mas até eu estava perdendo a paciência com aquilo. Deixei que ele falasse mais um pouco, antes de mandá-lo para a cama com a desculpa de que seria melhor para sua saúde se ele dormisse um pouco.

Assim que o Weasley deitou na cama e cobriu a cabeça com o edredom, fiquei tentado a escrever mais um pouco para Tom, mas Dino e Simas voltaram ao dormitório e eu desisti, não queria ser pego e ter que dar explicações. Guardei o diário e fui dormir. Antes de pegar no sono, comecei a bolar hipóteses do que havia acontecido com Ron, algo naquela história não me cheirava bem. 

 


Notas Finais


O que acharam? Interessados em saber o que anda acontecendo com Ron e Hermione? Acham que o Tom e o Harry vão se acertar logo ou ainda tem muita coisa pra rolar?

Bem... Até a próxima.


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