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História Crazy? Im not crazy. - O Meu Sacrifício


Escrita por: kidleader

Notas do Autor


2014
vamu pular (4x)

Consegui! Uhull!

Nem revisei só pra não dar menos nem mais hahaha #desculpa

Capítulo 26 - O Meu Sacrifício


Jessica’s POV

 

Ela já estava batendo há alguns minutos. Eu não queria vê-la, não queria parecer fraca. Sabia que se olhasse para sua face agora talvez não tivesse forças para manter a compostura, talvez chorasse feito uma criança que precisa de carinho e atenção.

 

- Sica, por favor! - ouço-a dizer mais uma vez. - Por favor, nunca mais vou te pedir mais nada!

 

Só podia estar brincando… Eu que viva tirando-a de enrascadas, eu! Tiffany e ela poderiam ser melhores amigas, mas elas não sabiam cuidar uma da outra. Sempre recorriam à mim nas emergências.

 

- Por favor… - ela diz, dessa vez seu tom é mais desesperado. Sua voz está estranha, meio estrangulada, como se não conseguisse mais conter o choro.

 

Não conseguia ficar parada vendo ela sofrer. Olhei-me no espelho uma última vez.

 

“Ok, você não vai chorar, você não vai chorar.” - repetia para mim mesma.

 

Andei até a porta e destranquei-a, abrindo-a em seguida. A Yuri levantou-se de um salto, ela estava sentada no corredor, escorada na parede ao lado de minha porta, ainda de uniforme.

 

- O que você quer?! - pergunto. Ela parece sem jeito e envergonhada, seus olhos estão muito vermelhos, seu nariz também.

 

- Posso entrar?! - fala. Uns meses atrás, se ela pedisse para entrar em meu quarto isso não seria grande coisa. Mas agora, a percepção de que iria ficar com ela, sozinha, fechada, provocava reações estranhas em meu interior. Mesmo assim abro espaço para que ela passe. Fecho a porta atrás de mim e ela permanece parada no meio do quarto, sem saber o que fazer com as mãos.

 

- Pode sentar, se quiser. - falo. O quarto de hóspedes da casa do meu tio eram bem espaçosos e havia um pequeno sofá ali. Mas ela senta-se em minha cama. - O que quer?

 

- Belo quarto. - ela diz, olhando ao redor.

 

- Não foi para ver meu quarto que você veio aqui. - digo, fria. - Seja breve, tenho mais o que fazer.

 

- Eu… Eu queria me desculpar. - ela fala e noto que evita meus olhos.

 

- Pronto, já fez. Pode sair agora. - falo. Ela me chamou de amiga inútil que só diz besteiras. Tudo para defender aquele idiota. Ela me magoou de uma forma terrível e tudo o que tem a dizer é “desculpa”? Quem ela pensa que sou?

 

- Por favor, Sica. Eu sei que falei muita merda. - ela diz, agora olhando para mim, receosa.

 

- Sim, falou. - já que é para falar dos erros, vamos lá.

 

- Eu sinto muito! Por favor, me perdoe. - ela está implorando.

 

- Você acha que guardei rancor? Não guardei não. Já está desculpada, pode ir embora se drogar com seus amiguinhos. Eu não tenho mais nada a ver com isso. - enquanto falo posso sentir minha garganta arder. As lágrimas estão se formando.

 

- O que você quer dizer com isso?! - ela pergunta, preocupada.

 

- Que você estava certa. Não sou sua mãe, nem sua namorada. Que você pode fazer o que quiser da sua vida e não precisa de uma inúltil que nem eu para dizer todas aquelas besteiras. - vomito toda a mágoa nela de uma vez. Ela me olha, muito arrependida, mas isso não me convence. - Eu não me importo mais com você. Faça o que quiser e me deixe em paz.

 

Você pode achar que foi fácil para mim dizer tudo isso. Mas pronunciar que não me importo mais com ela foi uma das coisas mais difíceis que já fiz na vida. Ela se levanta e deixa as lágrimas caírem sem cerimônia. Seguro as minhas, seria confuso chorar bem agora.

 

- Eu sinto muito Jessica… Eu sinto muito… Você não me falou nenhuma besteira… Você só me diz essas coisas para o meu próprio bem… Eu sei disso Jessica. Eu sinto muito por ter dito o que eu disse… - ela parece quase desesperada, chega a me sacudir de leve enquanto implora. Suas mãos estão geladas.

 

- Já chega, Yul… Vá embora. Não quero mais me meter com você ou com seus amigos… Eu não me importo mais com você. - era muito duro dizer isso, mas era isso que eu deveria fazer. Quanto mais ficava perto dela, mais cinza meu coração ia se tornando. Eu estava me torturando.

 

Eu não consegui mais conter minhas lágrimas e deixei algumas caírem enquanto soluçava baixinho. Era uma amizade longa que eu estava quebrando. Um laço mais forte do que eu mesma. Desvio os olhos dos dela, não aguentaria observá-la neste momento. Sinto seus dedos gelados em meu rosto, limpando as lágrimas que caíam por ele.

 

- Eu me importo contigo. - a ouço dizer enquanto desliza de leve seus dedos pelas maçãs do meu rosto. É a primeira vez que ela me toca assim. - Eu me importo tanto… tanto…

 

A situação me deixa sem graça, sem chão, sem razão. Não sei o que está acontecendo.  Meu estômago reage forma instantânea, sinto um frio na barriga e meu coração bate tão forte que tenho medo de que ela possa ouvi-lo. Evito olhar para ela, quero gritar para que pare agora mesmo o que está fazendo, mas não encontro as palavras. Elas fugiram de mim como que para me pregarem essa peça.

 

- Não me deixe agora… Eu eu fiz de tudo para não te magoar nunca… - ela está chorando muito agora. - Você é tudo o que mais me importa…

 

Como assim? Não há como evitar olhar para ela agora. Do que ela está falando?!

 

- Como sou patética! - ela fala com um sorriso triste ainda chorando. - Não devia dizer essas coisas. - diz me dando as costas.

 

Coloco a mão em seu ombro e a viro para mim. Ela parece destruída, nunca a tinha visto assim.

 

- Do que está falando?! - pergunto.

 

- Não importa, Sica-ah. É melhor assim… é melhor que vá. Eu nunca te faria bem. - ela diz, tentando se livrar de minhas mãos. A puxo mais para perto.

 

- Fala! - exijo.

 

- Não posso…

 

- Fala logo!  Sua egoísta, covarde! - a raiva sai outra vez. - Eu fiz tudo por você, Yul… Tudo! E olha o que você faz comigo.

 

- Egoísta?! EGOÍSTA?! - ela se irrita com meu comentário. - Sabe o que eu tive que sacrificar por você?! Sabe?!

 

- O que?! Teve que comer minha comida no castelo?! - eu não sabia do que ela estava falando e queria descobrir.

 

- Você realmente pensa que sou egoísta, Jessica?! - ela pergunta e eu demoro um pouco a responder, sem saber o que devo falar.

 

- S-sim… - falo um pouco receosa.

 

- Ok, então você vai ver o que é ser egoísta. - ela diz, e dessa vez se aproxima com agressividade de mim e me puxa para si.

 

Não tenho nem tempo de pensar quando ela encosta seus lábios nos meus sem qualquer delicadeza e reivindica meus lábios. Tento afastá-la com toda a minha força, mas ela me segura com firmeza. O sentimento de antes, o frio, as borboletas tomam conta de mim e penso não ter forças para fazer mais nada. Mas ainda assim quero que ela se afaste. Não quero ser mais uma de suas conquistas, mais um de seus lances. O que eu sentia por ela era verdadeiro e todo o romantismo que imaginei ao seu lado passava longe dessa agressividade toda. Dei-lhe alguns tapas, ela segurou uma de minhas mãos e com a outra segurava minha cabeça contra a sua. Sem que eu pudesse reagir, ela trocou de lugar comigo e me empurrou em direção à cama. Desisto de lutar quando sinto seu corpo sobre o meu, não havia muito o que fazer nessa situação. Apesar da agressividade, seus lábios eram macios e ela teve o cuidado de não me machucar com toda essa luta. O aroma cítrico de seu perfume está mais claro dessa vez (sem estar misturado com  outros cheiros como bebida e cigarro). Sem perceber passo a corresponder o seu beijo, chegando a lamentar mentalmente quando ela para de me beijar de repente, passando a olhar para mim séria, com o rosto molhado pelas lágrimas e os olhos tristes.

 

- O-o-o que v-você es-tá fa-fazendo?! - pergunto, por fim.

 

- Sendo egoísta. - ela diz, ainda por cima de mim e dando um meio sorriso. Nunca a vi tão triste em toda a minha vida. - Sinto muito.

 

Ela se levanta e vai embora. E eu fico pensando no que acabara de acontecer.

 

Yuri’s POV

 

Não sei onde estava com a cabeça para ter feito isso. Que droga! Agora ela jamais olharia para mim outra vez.

Há muito eu havia decidido que ser sua amiga seria o suficiente, que eu poderia cuidar dela assim, que isso era o máximo que meu amor chegaria. Então jogo anos no lixo em menos de 1 minuto.

 

[flashback]

 

Tínhamos 12 anos e brincávamos livremente em um parque perto de minha casa. Ela parecia mais desanimada hoje. Desde que a conheci ela era assim, parecia solitária, incompreendida. Fui até o carrinho de sorvete e comprei dois: um de chocolate para mim e outro de limão para ela.

 

- Toma, Sica-ah. - falei entregando-lhe o sorvete. Ela apenas o olha, mas não o pega.

 

- Não quero. - diz, emburrada e de braços cruzados. Ela estava sentada em um dos bancos do parque com um vestido de algodão rosa e um chapéu branco, com uma bolsinha de lado. Estava muito bonita. Desde mocinha ela já gostava de se vestir bem.

 

- Por quê?! - pergunto. Eu não me importava muito com o que vestia. Jeans simples e uma blusa já estava mais do que ótimo para mim. - Eu comprei para você!

 

- Minha mãe disse que vou ficar gorda e feia se tomar sorvete. - ela diz isso enquanto seus olhos claramente me diziam que ela queria aquele sorvete de limão mais do que tudo.

 

- Se você não tomar o sorvete que eu comprei, não falo mais com você. - ameaço. Eu sabia que assim ela aceitaria.

 

- Mentira! Você não vai fazer isso, Yul! - ela diz, chorosa.

 

- Vou sim. - falo balançando a cabeça. - Vou contar até três… Um… Dois… Tr…-ela pega o sorvete de minha mão. Eu sorrio vendo como ela o toma sem culpa agora e parece feliz.

 

Aquele sorriso ganhava meu dia.

 

[flashback off]

 

Não sei quando me dei conta de que gostava dela… Talvez tenha sido da primeira vez que soube que ela estava doente e foi para a o hospital. Talvez tenha sido quando ela me disse estar apaixonada por um garoto da turma… Talvez tenha sido quando a vi no campeonato de Hipismo da escola… Não sei.

 

Eu sabia que ela não me amava de volta então fiz o que pude para esquecê-la. É fácil se entregar aos braços de outra pessoa quando os braços que você quer nunca poderão ser seus.

 

O tempo foi passando, seu problema foi ficando mais grave e eu… Bem, eu fiz algumas escolhas erradas. Quanto mais velhas ficávamos, mais eu via que não era a pessoa certa para ela. Que não sabia lidar com seu problema, que não aguentava vê-la fraca demais, que não sabia cuidar nem de mim mesma.

 

Vi quantos corações parti e jurei que nunca partiria o dela… Jurei que jamais a magoaria igual magoei tantos por aí.

 

Mas meu amor jamais diminuiu. Jamais deixei de amá-la.

 

Quase morri quando vi aquele sujeito tentar se aproveitar dela. Quase xinguei sua mãe mil vezes…

 

Apesar do que sinto nunca tentei nada com ela, exceto por aquele selinho que trocamos, mas eu sabia que ela estava bêbada demais para lembrar. Eu não tentei nada justamente porque a amava. Jamais me atreveria a brincar com esse sentimento. Jamais me perdoaria se o fizesse. E não tenho certeza se conseguiria lidar com ela depois de algo assim.

 

Foi isso que sacrifiquei, Sica-ah. Posso ter sido tudo, menos egoísta. Espero que você me perdoe algum dia.

 

Eu te amo.

 


Notas Finais


é isso.
Sou tão dramática! Estou quase me mudando ilegalmente para o México e virando uma chicana para tentar ganhar a vida como escritora de novela...


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