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História Crazy? Im not crazy. - Back Hug


Escrita por: kidleader

Notas do Autor


Oi ;)

O título é em homenagem à musica do albúm (que é linda de morrer, por sinal)
Lá embaixo deixo um link com a música e a letra em inglês.

Até mais.

Capítulo 33 - Back Hug


Yuri’s POV

 

Abro um olho só, ela ainda está aqui. Não quero vê-la. Sim, estou falando de minha mãe. Acho que já sei porque ela estudou medicina. Tem lugar mais limpo que hospital? É tipo LEI o hospital estar limpo. Aqui é seu habitat natural. Estou me sentindo um lixo, parece até que morri e voltei do mundo dos mortos. Eu pensei que fosse morrer. Seria muito melhor se tivesse morrido, agora teria que ouvir além do discurso antidrogas, o discurso anti-suicídio também. AISH!

 

Não “planejei” minha morte, eu apenas estava mal e me “excedi”. Mas já que deu nisso, não custava nada morrer, né?! É melhor que viver essa vida fodid… que eu vivo. E agora seria estigmatizada como suicida em potencial. Please, kill me now.

 

- Você tem que parar de tratá-la assim…  - ouço meu pai dizer.

 

- Assim como?! - pergunta minha mãe quase histérica.

 

- Fale baixo, estamos num hospital, mulher! - ele fala. - Você tem que parar de ser tão… fria com nossa filha.

 

- E você é um exemplo de pai, não é?! - ela revida. Aish, será que eles não podem ter essa DR em outro lugar?!

 

- Não sou. Mas de agora em diante quero ser… Nós quase a perdemos… - ele diz e tenho a impressão de que sua voz está diferente, tipo voz de choro. Omo, será que estou presenciando meu pai chorar pela primeira vez na vida?

 

- E você acha que eu não quero?! Você sabe como me senti quando soube?! Sabe a culpa que senti?! Sabe o medo que tive de perdê-la depois de bater nela?! - meu pai chorar é uma coisa que me surpreende… mas MINHA MÃE CHORAR por MINHA causa era algo que fugia a todo e qualquer conceito que eu tinha dela. Tive que abrir os olhos para ver se era verdade. Ela tinha as duas mãos no rosto e eu podia ver lágrimas escorrendo dali. Fechei os olhos rapidamente.

 

- Querida… - ouço meu pai dizer, provavelmente vai abraçá-la.

 

- Eu falhei com ela.. Eu… Eu nunca fui uma mãe de verdade. - ela diz entre soluços. - Não quero perder minha menina para essas drogas…

 

MINHA MENINA?! Nossa, será que quase morrer faz com que todo mundo que te odeia comece a te amar?!

 

Não, não pode ser. A Jessica no mínimo ficou mais brava ainda. Jessica… Ela me largou justamente por causa dessas coisas que tomo. Ela estava certa. O que uma dependente química como eu pode fazer por ela? Ela precisa de alguém que esteja lá sempre, lembrando-a do quanto ela é bonita e de que ela não precisa pesar 30 kg para isso. Alguém que atenda quando ela telefonar, alguém que não tenha marcas de agulha nos braços, que não tem que ir aos lugares mais sórdidos e podres apenas para conseguir um saquinho cheio de pó.

 

- Ah, desculpe, não sabia que… - fala uma voz e meu coração da um pequeno pulo, tenho certeza disso. A dona da voz é a Jessica, a reconheceria em qualquer lugar.

 

- Entre, Jessica. - fala minha mãe. - Nós precisamos ir em casa, você pode fazer companhia para a nossa Yuri?

 

- Cl-claro… - ela diz, nervosa. Minha mãe provoca esse tipo de reação nas pessoas, mas talvez o nervosismo se deva ao fato dela estar chorando e ainda mais sendo gentil “nossa Yuri”. Dava até vontade de rir.

 

Ouço a porta se fechar. Eles se foram. Sinto-me incrivelmente nervosa com o fato dela estar ali, sozinha, no quarto comigo. O que ela vai fazer?! Por que veio?! Calma, Yul, se continuar assim ela vai perceber que está fingindo. Sinto sua pele macia tocar meu rosto, ela está acariciando minha testa. A ponta de seus dedos delineiam suavemente meu rosto. É como se, através desse toque, ela estivesse me desenhando em sua mente. Estou me sentindo incrivelmente tensa. Tento me manter calma. Depois de algum tempo, que me pareceu um século, ela tira sua mão dali e senta-se na cadeira que ficava ao lado de minha cama. Suas duas mãos encontram a minha, mantendo-a entre elas. Elas são quentes e aconchegantes. De Ice, aquela garota não tinha nada.

 

- Eu tive tanto medo… - a ouvi dizer baixinho. - Eu tive tanto medo de você morrer… O que eu iria fazer sem você?

 

Sinto pequenas cócegas quando alguns fios de seu cabelo deslizam em meu braço quando ela repousa a cabeça ali, mantendo apenas uma das mãos na minha.

 

- Eu te amo. - ouço-a dizer entre pequenos soluços. Ela está chorando.

 

Eu sei que deveria mostrar que estava acordada, segurar sua mão com força e dizer que a amava de volta. Mas eu estava com muita vergonha dela. Muita. Eu a magoara, ela me dispensara e eu quase morri pelo motivo dela ter me dispensado: as drogas.  Como vou encará-la agora?

 

- Achei você! - ouço a voz da Tiffany falar um tempo depois.  A Jessica solta minha mão instantaneamente.

 

- Cadê a Tae? - ouço a Jessica perguntar.

 

- Ela… ela não estava muito bem… Volta depois. - depois de conhecê-la por tanto tempo, sei que algo não está bem.

 

- Brigaram outra vez? - pergunta a Jessica e agora sua voz parecia normal. Aish, essa babo ficava fingindo estar bem.

 

- Não… - a outra responde. - Mas o que você está fazendo aqui?! As enfermeiras estavam atrás de você em seu quarto para aplicarem a medicação.

 

Omo… O que ela tinha?! Por que estava internada aqui também?

 

- Omo! Ela acordou! - ouço E VEJO a Tiffany dizer. A notícia de que a Jessica estava ali também me fez esquecer de tudo e abrir os olhos. Faço-me de confusa.

 

- Mushroom… - falo e percebo que minha voz está rouca.  Olho para a Jessica e ela está com o aspecto doentio mesmo. Seus cabelos estão assanhados, ela exibe olheiras e me parece bem fraca. Há um suporte de soro ao seu lado, semelhante ao que está ao meu lado. Do seu braço sai um pequeno tubo ligado a um soro meio amarelado pendurado no suporte. - Sica…

 

- Seus pais me pediram para te fazer companhia enquanto eles não voltam. - ela diz, rápido demais, como se estivesse me dando uma desculpa.

 

- Volte para seu quarto, então. Você precisa tomar sua medicação. - fala a Tiffany. Jessica olha de lado para mim, posso ver sua cabeça maquinando alguma coisa, mas parece falhar, pois se dá por derrotada e começa a andar até a porta. Começa, pois quase cai no caminho, se apoiando com dificuldade na parece. -OMO! Tá vendo? Fique aí, vou pedir para trazerem uma cadeira de rodas para você.

 

- Você não está comendo direito. - falo em tom de reprovação. Só então me lembro que não tenho o menor direito de dizer nada. Sou a suja falando da mal lavada.

 

- Não me diga… - ela fala, está mais fria do que gelo outra vez. - Digo… É. - diz arrependida.

 

- Desculpe… Eu não deveria me meter… Não sou a melhor pessoa para te dar conselhos. - eu digo e ela me encara, séria.

 

- Não é mesmo.. - diz e eu me sinto mal, sabe? Aquela sensação de que está fazendo tudo errado? Desvio meus olhos dos seus. - Mas eu também não sou.

 

- Hm? - não entendo o que ela quer dizer.

 

- Eu também não sou a melhor pessoa para te dizer como viver sua vida. Corro tanto risco de morrer quanto você. - ela diz e eu fico olhando para ela feito boba, sem saber o que dizer.

 

- Prontinho. - diz a Tiffany entrando com a cadeira e quebrando o silêncio formado. Mas a Jessica não se senta. Ela vem andando vagarosamente até mim e deposita um beijo em minha testa.

 

- Você fica boa logo e eu fico também. Combinado? - pergunta, me olhando pertinho, nos olhos.

- C-c-comb-b-binado. - respondo e ela sorri. É um meio sorriso, sabe? Mas isso ganhou meu dia.

 

Tiffany’s POV

 

Eu nunca planejo o próximo corte. Na verdade eu costumo contar os dias em que fico sem me machucar, sabe? Igual aos alcoólatras que ficam para sempre sóbrios. Cada dia é uma pequena vitória.  Sei que é difícil para uma pessoa “normal” entender esse comportamento. Não estou falando dessa modinha idiota de se cortar só porque seu artista favorito o faz. Na verdade eu odeio quem faz esse tipo de coisa, se eu pudesse, trancaria todos esses idiotas em um quarto escuro cheio de bullying e se isso não os ensinasse uma lição, eu mesma faria questão de matá-los. Não, não estou sendo violenta. Estou sendo racional. Uma pessoa retardada dessas merece uma lição à altura. Poxa! Passo pelo inferno para tentar me livrar disso e vem um idiota qualquer e começa a se cortar só porque é “legal”? Legal é minha mão na cara dele!

 

Estou falando aqui de angústia, de desespero intenso. De uma tortura interna que me impede de fazer qualquer coisa por causa da dor. Dor esta que se mistura com todos os outros sentimentos que carrego dentro de mim.

 

Ao saber do estado da Yul, da incerteza de sua sobrevivência, essa dor se tornou mais forte e não liguei para o número de dias que fiquei “limpa” de cortes, simplesmente me tranquei no banheiro e deixei a dor escapar um pouco de dentro de mim. Se eu me arrependo? Sim. No momento em que paro de me cortar, chego a quase explodir de arrependimento. Agora estou bem mais arrependida, pois a vi chorar ao ver meus cortes.

 

Pergunto-me se sou a pessoa certa para ela.  Já fiquei com outra em sua cama só por causa de ciúmes bobos. Posso arrumar mil motivos para brigar com ela (mesmo sem ter nenhum motivo real). Posso traí-la em um momento de raiva intenso (rezo para nunca fazer isso, mas sei que sou capaz, sim). Eu posso ser egoísta o suficiente, manipulá-la e conseguir o que quero. Sou capaz de fazer tudo isso,  sem me dar conta. Posso fazer algo assim e só ter consciência do que fiz depois que não tenha mais volta. E eu não quero fazer isso. Eu não quero magoá-la. Ela é uma pessoa ferida. Uma pessoa ferida igual a mim.

 

Ela apareceu mais tarde naquele dia, mas mal nos falamos, passamos o tempo inteiro nos revezando entre visitar a Yuri e a Jessica.  Depois de umas duas horas, ela veio se despedir.

 

- Já vou, Fany-ah… - diz, da porta do quarto da Jessica, onde eu estava no momento.

 

- Omo! - digo me levantando e indo até ela. - Já?!

 

- É… minha mãe anda preocupada comigo, não quero fazer ela imaginar coisas. Vou para casa. - ela diz e nem ao menos se despede direito. Coloco a mão em seu ombro e a faço se virar para mim.

 

- Está chateada? - pergunto.

 

- Não é isso… - ela diz, eu sei que ela está triste. Posso ver nos seus olhos.

 

- É pelo que você viu, não é? - insisto.

 

- Sim… - ela responde. - Mas também não acordei muito bem hoje. Até mais, Fany-ah.

 

É quando ela me dá as costas que percebo o quanto preciso dela, o quanto ‘não sei viver sem” ela. Não é uma questão de eu ser a pessoa certa para ela ou não, mas ela era a ÚNICA pessoa para mim, disso eu sabia agora.

 

Pessoas com meu problema costumam se entregar completamente à outra pessoa, sabe?! Costuma ser até doentio em casos extremos. Eu não acho que dessa vez seja apenas meu “transtorno” ditando as regras. Sinto que não posso mais perdê-la. Sinto que ela é parte de mim, de verdade, como se fôssemos algo mais do que “namoradas”. É como se minha alma estivesse conectada à dela e pudesse definhar se um dia se separassem. Não aguento mais vê-la dar nenhum passo. Corro em sua direção e abraço suas costas. Sinto ela se assustar com minha atitude, claro, ninguém espera ser abraçado assim no meio de um corredor no hospital. Sinto seu perfume e tenho que dizer isso, mas eu adoro esse cheiro. Não é só o shampoo, não é só o perfume, não é só os hidratantes que provavelmente ela usa. É a combinação de tudo. Faz-me lembrar de algo bom, me dá paz, tranquilidade, tudo aquilo que não encontro sozinha. Fecho os olhos, tentando manter na memória cada sensação que aquela combinação de aromas me faz sentir. É o tempo em que ela finalmente relaxa e põe as mãos sobre as minhas em sua barriga.

 

- Eu sei que te machuco também quando me machuco… - digo, ela ouve, em silêncio. - Eu estou tentando, de verdade. É difícil, Taetae. Não vou te dar uma desculpa. Nem vou te dizer que não vai mais acontecer, porque vai. Eu sinto muito por isso, mas sou assim. Vai levar um tempo até que eu possa superar esse meu problema. Até lá só te peço que acredite em mim, que acredite em nós.

 

- Eu acredito em ti, Fany-ah. - ouço-a dizer, baixinho e emocionada.

 

Tenho a sensação de que ela pode ouvir meu coração gritar de felicidade. De que ela pode sentir minha alma brilhar… Talvez porque eu possa sentir a dela fazer o mesmo e ainda mais do que nunca neste exato momento em que meus braços estão ao seu redor..

 


Notas Finais


Desculpa se não revisei, está tarde. ;3
Eu acho que estou desenvolvendo algum grau de dislexia... juro que escrevi baceça em vez de "cabeça". Então, se encontrarem algo assim... finjam que não viram, araso?

Back Hug: http://www.youtube.com/watch?v=ZGtVoadl07U


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