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História Criminal - Capitulo 27


Escrita por: chaotic_vhs

Notas do Autor


Olááááá!
Uh estava doente de novo então sem condições de atualizar, mas cá estamos.

Esse capitulo está sem revisão, então relevem qualquer erro!

Capítulo 27 - Capitulo 27


 

Sasuke PVO 

 

Seis meses e meio, faltando uma semana para o sétimo mês, e finalmente eu havia sido liberado do hospital há cerca de uma semana, embora ainda estivesse com repouso e uma atenção redobrada em mim. Tudo aos poucos ia voltando ao normal na medida do possível, embora todos estivessem me mantendo em uma bolha de superproteção onde ninguém sequer me contava o que havia acontecido com Shisui e Sasori, mas sinceramente nesse momento eu estava feliz em esquecê-los por hora. Esquecer tudo e esquecer que havia uma mira na minha testa. Pain, Nagato e Konan estavam bem, incrivelmente, o mais velho estava de molho depois das cirurgias pelos tiros, mas estava sendo tão paparicado que duvido que estivesse realmente ligando para isso. Obito e Itachi estavam em guerra entre o meu primo alegar que os filhos eram dele e meu irmão dizendo que já tinha se apegado como pai, Deidara e Hashirama no meio tentando apaziguar e tio Madara a dois passos de bater nos quatro, ou em quem entrasse na frente. 

 

Mas nenhum deles me importava, nada estava tomando minha atenção ultimamente porque gerar duas crianças estava sugando tudo o que eu tinha. Finalmente eu tinha começado a ganhar peso e isso estava deixando meu rosto, mãos e pés redondos como se eu fosse um pão caseiro — mesmo Naruto me dizendo que estava adorável e eu ainda parecesse uma lombriga que comeu de mais — minha barriga estava pesando uma tonelada e minhas costas estavam acabadas. Dormir era uma lenda distante agora e eu passava boa parte da noite acordado vendo séries ou qualquer coisa para me distrair do tédio, além de ter adquirido um estranho hábito de, independente da hora que fui dormir, acordar às quatro e meia da madrugada com fome, muita fome. Mas o pior não era isso, não eram as dores ou falta de sono, e sim o fato de que eu vivia com tesão. Tesão, tesão, tesão. Eu queria foder a todo momento, não fazer amor ou transar, era foder. Estava sempre duro, sempre querendo uma, acordava Naruto de madrugada — o único momento que estávamos sozinhos com as pessoas dormindo sem futricar nossa paz —  só para isso, ou o chamava para ajudar no banho, para pegar algo no armário de cima, qualquer coisa para uma rapidinha. O Uzumaki já estava pedindo arrego e eu queria lhe dar um soco porque ele passou minha gravidez toda reclamando que eu estava sem vontade de fazer e agora não queria mais. Até o fim da gravidez eu explodiria com tanta oscilação de humor. 


 

— Sasuke. — ouvi a voz de Itachi pela terceira vez, me chacoalhando. — Acorda. 

 

—  Estou acordado! —  respondi de mau humor, tirando os óculos de sol, às vezes eu questionava a inteligência genial que tanto falavam de meu irmão, qual o problema de entender que eu não quero conversar? —  O que você quer? 

 

Ele elevou uma sobrancelha, suspirou em seguida e negou, colocando uma bandeja na mesa ao meu lado com frutas, suco, salada e frango. Finalmente havia feito calor e estávamos em uma área aberta planejando o chá revelação ou sei lá o que, Menma e as outras crianças do santuário estavam pulando na água da piscina jogando bola e eu podia ver um Deidara sem paciência cortando adesivos redondos e os colocando em plaquinhas enquanto Obito apontava para o que ele fazia falando sem parar.

 

— Só te fazer comer, só isso. — meu irmão disse, sentando na cadeira ao lado da minha, deixei os fones de lado, assim como o celular, me arrumando na espreguiçadeira para comer. —  Seu humor está péssimo. 

 

—  Eu sei. —  disse, pegando o frango e a salada, os mexendo antes de comer, realmente faminto embora os bebês estivessem chutando meu estômago, não me deixando respirar nessa posição. —  É difícil manter o bom humor com duas crianças te chutando por dentro e pessoas te sufocando a todo momento, sabia? —  Itachi elevou as sobrancelhas, erguendo as mãos em rendição, mas podia ver os cantos de sua boca se contraindo para não rir. —  Como vai com os bebês? Obito, Shisui e essas coisas? 

 

— Uma porra. —  respondeu e negou, os olhos indo até Obito do outro lado da área, as sobrancelhas unidas. —  Shisui não sabe quem é o pai, literalmente, ele não sabe, apontou cinco pessoas possíveis e estamos esperando o resultado dos exames, mas sinceramente não sei, eu amo as crianças, quero ser pai. 

 

—  Porque vocês simplesmente não dividem a guarda? —  eu sabia bem o porquê, mas queria ver aquela cara de nojo e ódio em meu irmão. 

 

Itachi e Obito tem essa rixa desde que eu me lembro por gente, disputando em tudo, fosse no video game, no futebol, na escola e até em quem comia mais rápido. Era o único momento em que não pareciam dois velhos de oitenta anos e sim dois garotos de oito anos. Obviamente eles não aceitariam nunca a guarda compartilhada, mas antes que ele pudesse me xingar ouvimos Deidara explodir, jogando a tesoura aberta contra Obito e o mandando enfiar os adesivos no cu. 

 

— Eu amo tanto ele. —  Itachi sorriu admirando o loiro pegando a vassoura da mão de Konan e tentando acertar meu primo na cabeça. 

 

— Puta que pariu. —  neguei baixinho e voltei ao meu prato enfiando mais comida na boca, junto ao suco. — Você ficou sabendo que o Kakuzu fez um bolão para apostarem em quem é o pai? 

 

— Fiquei. — revirou os olhos, voltando ao mau humor e se levantou, sentando ao meu lado, colocando as mãos em minha barriga. —  Como estão os bebês? 

 

— Agitados. —  levei a mão até os chutes, bem acima, perto das costelas. — Eles não me deixam dormir e estão pesados, minhas costas doem. 

 

— Está acabando. —  senti um beijinho em minha bochecha e o abracei, nem eu mesmo entendia o motivo de meu humor oscilar tanto. — Estava conversando com Madara, achamos melhor você ficar aqui até ganhar e os primeiros meses dos bebês, mesmo se acharmos Tobirama. —  me limitei a fazer que sim, passando a comer minha salada de frutas. —  Achamos alguns acampamentos pelas redondezas, mas eles não estão mais na montanha, está seguro por enquanto. 

 

—  Então agora que temos um local definido posso montar o quartinho deles? — perguntei mais animado agora, um quase bico ao passar a última manga no leite condensado. 

 

— Só se eu te ajudar. —  ele me deu um empurrãozinho e rimos. 


 

Antes que eu pudesse responder, Naruto pulou em nós, literalmente pulou. Os braços pesados do loiro foram jogados por cima de nossos ombros e eu quase cai no chão de joelhos e não fosse por Itachi que o olhou bem feio, ele estava molhado e cheirando a protetor solar, com os cabelos loiros pingando água em nós. 

 

—  Sasuke, fala pra minha mãe que você quer que eu arrume a surpresa do chá de bebê e que eu vou ser criativo! —  olhei para trás, onde Kushina e Hashi estavam planejando a festa do chá, HIdan também estava lá levantando os polegares e sorrindo, olhei a Naruto novamente e ele fazia bico. 

 

— Deixe o Naruto fazer a revelação. —  revirei os olhos, me perguntando o motivo de eu ter inventado esse maldito chá, Hidan e o loiro comemoraram e os dois mais velhos bateram o pé. — Agora sai de cima de mim. 

 

— Vocês não vão entrar na água? — Deidara voltou de sabe-se onde só de shorts largos para piscina, sem os curativos recém tirados e as feridas se cicatrizando. 

 

— Não. —  Itachi respondeu por mim e logo Madara e Obito se juntaram a nós na mesa, o mais velho com um prato de comida e meu primo com uma taça de marguerita. 

 

— Por quê? — o loiro mais velho se aproximou da mesa fazendo bico. 

 

— Ah mas está quente, porque não vão entrar? — meu noivo soltou meu irmão para me abraçar e me dar um longo beijo na bochecha. —  Vamos, Sasukinho, vamos… 

 

— Não, sem chances, o sol está quente demais. — respondi tentando o tirar de mim. — Para eu to com calor, desgruda Naruto. 

 

— Vão nadar sim! — ouvi tio Hashi e, quando dei por mim, ele estava atrás de tio Madara, o pegando pela cintura e o levantou, jogando na piscina a poucos metros de nós.  —  Vai amor! 

 

Nós nos calamos enquanto nos entreolhamos preocupados, quase em desespero, tio Madara se levantava lentamente da água, as crianças rindo e Obito, Itachi e eu corremos para a beira para ver. Ele estava literalmente tremendo de ódio e os cabelos estavam todos jogados sobre o rosto, tio Hashi estava morto. 

 

— Pensa rápido! — gritou Deidara, empurrando meu irmão e meu primo na água antes de pular atrás.

 

Eu era o próximo, sabia disso , estava pronto para correr dali mas quando me virei Naruto já me tinha nos braços e pulou comigo na água. Incrível, agora estávamos os quatro ensopados na água, minha barriga e seios estavam marcando totalmente na camisa molhada e eu só queria me afogar de vergonha. Madara tentava desesperadamente tirar os longos e pesados cabelos do rosto e os arrumar para trás, Itachi estava na mesma e Obito se lamentava pela bebida perdida e misturada à água.

 

— Ah qual é, sejam mais esportivos! — Hashirama começou, espirrando água no marido. —  Água é divertida.

 

— Eu tenho cara de quem está se divertindo, Hashirama? — meu tio gritou, ainda tinha pelo menos meio quilo de cabelo na cara, a única solução foi mergulhar e arrumar tudo abaixo da água, voltando para cima com tudo para trás. — O que foi, Bito, amor? Se machucou quando pulou? — ele rapidamente mudou o foco e só então percebemos como Obito estava amuado no canto. 

 

— Eu… perdi meu olho.  —  ele respondeu baixo e eu não entendi de início, até ele elevar o rosto com o olho oposto ao das cicatrizes fechado. — Acho que caiu na água…


 

Em alguns segundos a piscina virou um pandemônio, todas as crianças, meus tios e Deidara estavam procurando a maldita prótese do olho de Obito enquanto eu saia pela escada da piscina sendo ajudado por Kushina e Minato preocupados se eu tinha me machucado ou se a barriga havia batido na água, respondi apenas que estava bem e continuei a sair da água, me enrolando em uma toalha antes de ir direto ao banheiro para entrar na água quente do chuveiro, Eu estava me sentindo péssimo, nunca fui uma pessoa insegura com meu corpo mas… os seios arredondados, ainda que não muito grandes, e a barriga mais grandinha não eram coisas que eu queria exibir assim para os outros e, mesmo sendo idiota e tosco, talvez até bobo, eu já estava chorando quando dei por mim. 

 

— Maldito arrombado. — murmurei para ninguém em especial enquanto apertava meus seios um de cada vez, tirando o excesso de leite que estava acumulando pois uma única vez com ele empedrado no hospital foi o bastante para eu nunca mais querer repetir a dose de os deixar sem tirar novamente. — Vou te matar, Naruto, matar. 

 

— Oh então não é um bom momento? — ouvi a voz tão característica atrás do vidro do box e me virei para olhar seu contorno antes que ele abrisse a porta, colocando apenas a cabeça para dentro. — Eeeh ainda está bravo comigo?

Não respondi, me limitei a revirar os olhos e me virar novamente em direção a água, fazendo uma pequena concha com as mãos e jogando a água no rosto algumas vezes, o senti os braços do loiro pousarem sobre minha barriga e me puxarem para si, fazendo o meu corpo quente tocar no corpo extremamente gelado dele, causando um arrepio desconfortável em minha espinha.

— Eu te amo, muito. — alguns beijinhos foram deixados em minha nuca enquanto suas mãos percorriam minha barriga agora, senti minha pele esticar com os chutes dos bebês procurando pelo pai. — Não fica assim… 

 

— Você me jogou na água fria. — respondi irritado tirando suas mãos de mim. — Não quero te ver agora, Naruto. 

 

— Você parecia estressado, queria te relaxar. — Naruto disse arrastando a voz em manha, eu queria socar sua cara até minhas mãos sangrarem no processo.

— Me jogando na água fria? — revirei os olhos, voltando para dentro do chuveiro e tirei o sabão de meu corpo as pressas. — Eu acabei de sair do hospital, Naruto, os pontos mal fecharam, a queda sozinha já seria perigosa com a porra toda que aconteceu ainda e você… Por Deus!


Sai do box de vidro para a área principal do banheiro, puxando a toalha úmida que eu estava usando e me enxuguei o mais rápido que consegui, ainda fiz questão de pegar a bolsa de Naruto para lhe roubar o short e camiseta que havia levado para se trocar. Era uma vingança justa: as roupas dele pelas minhas, já que meus planos não incluíam entrar na água, então eu sequer pensei em levar uma troca. Antes que ele sequer pudesse reclamar que eu havia vestido o olhei com a melhor — ou pior — expressão de raiva que eu podia fazer, ele desistiu e voltou a seu próprio banho. Não me importei de quem era o creme de pentear em cima da pia e o passei no cabelo para tentar desembaraçar o caos de nós e ressecamento pelo cloro que meu cabelo virou e ia continuar a amaldiçoar Naruto por simples e unicamente existir quando ouvi algumas batidinhas na porta. 

 

— Sasuke, é sua mãe. — era Minato falando e, quando abri a porta de madeira entalhada com desenhos de cobras, ele olhava para baixo, parecia desconcertado, apenas me entregou o telefone e balançou os ombros. — Bem, eu não sei se ainda quer falar com ela, mas ela disse que quer muito falar com você, enfim, não sei se é um bom momento, mas… 

 

— Obrigado, eu vou falar. — disse baixinho e peguei antes de voltar para dentro e me sentar sobre o vaso fechado, Naruto já estava fora do banho e se ajoelhou a minha frente, me dando um beijinho na bochecha e acenando positivo para mostrar que estava comigo, respirei fundo antes de colocar o celular na orelha. — Oi. 

 

— Sasuke. — a voz do outro lado da linha vacilou, como se ela estivesse pensando no que falar ou não tivesse certeza no que estava fazendo. — Você está bem?

Ponderei se deveria mentir ou dizer a verdade, contar que Tobirama invadiu o único lugar que achávamos seguro e quase me sequestrou, se eu deveria falar que quase perdi e se sequer deveria contar que eram gêmeos, mas no fim apenas dei de ombros ainda que ela não pudesse ver. Mentir. Mentir é melhor, eu não sei mais as intenções deles, não sei quem são agora e nem o que pensam. 

 

— Estou bem, estamos bem. — disse, dando ênfase no plural, para que ela se lembrasse bem da merda toda que fez com o filho grávido. 

 

— Eu e sei pai… — a voz vacilou de novo e eu revirei os olhos, queria xingá-la, mas também queria ver até onde ia essa porra e até onde ela ia manter o teatrinho. — Nós queríamos nos desculpar por… Por aquele dia. Achamos que seria legal você e seu irmão virem para Konoha de novo, podemos conversar e… 

 

— Não! — eu disse de uma única vez, pronto para desligar. — Não vou voltar ai depois de tudo, porra, não me importo o quão culpada você se sente ou o quanto estão te olhando feio na porra do seu circulozinho ridiculo de amizade, nós não vamos. 


 

A ligação ficou em um silêncio insuportável, meu peito se afundou enquanto eu fungava baixinho tentando não chorar e o loiro a minha frente esfregava o polegar sobre meu olho tentando limpar uma lágrima solitária, o ouvi sussurrar algo como um ”tudo bem”, mas não conseguia confiar enquanto ouvia o murmúrio os meus pais do outro lado da linha, como se ela tivesse tampado o microfone para falar com papai do outro lado da linha. 

 

— Nós entendemos que possam estar magoados conosco, mas, por favor, é nossa chance de acertar tudo e reconstruir o que quebramos, você logo terá seu filho e nós queremos estar com você. — ela disse, a voz novamente se arrastando com um drama que eu não conseguia suportar, mas também não conseguia sequer mover um músculo, nem tinha certeza se estava ouvindo ou não. —  Por favor, faremos um almoço no próximo dia primeiro, espero que venham. 

 

Não respondi, me limitei a desligar o telefone e o deixar sobre o balcão da pia. Ambas minhas mãos foram para os ombros de Naruto, ainda que eu não o encarasse realmente, eu apenas olhava perdido para baixo, ofegante e meio desnorteado. 

 

—  O que foi? —  ele perguntou, eu podia ouvir o som de irritação escondida no fundo de sua voz. —  O que foi, porra, Sasuke fala alguma coisa? Tá com dor? Com medo? Alguém morreu? 

 

—  Meus pais querem me ver, eu e o Itachi. 



 

Deidara PVO


 

Eu ainda estava fugindo de meus pais e da conversa que eles queriam ter, mas por sorte estavam focados demais em ver as coisas para os netos então eu ainda tinha meu passe livre para saracotear livre. Naruto e Konan tinham me ajudado muito nas últimas semanas a melhorar, a comer, tomar banho, viver com o mínimo de dignidade e eu não podia deixar de ser grato a Obito quando eu estava quase  entrando na construção onde Sasori e Shisui estavam presos, quando eu estava a dois passos de voltar a me entregar ao ruivo, ele apareceu para recolocar minha mente no lugar, me ajudou a pensar e a não fazer mais merda, mesmo que desde então ele não tenha falado tanto comigo.  

 

A tarde estava terminando de um jeito agradável para a maioria. Jantamos juntos e Menma realmente ficou muito amigo de Log, o filho mais velho de Orochimaru e Kabuto, Madara decidiu que não era um dia agradável para matar o marido e o incidente na piscina ficou por isso mesmo — tirando, claro, o vergalhão roxo e verde que está no braço de Hashirama após um beliscão que o fez até sair do chão. Naruto acabou levando Sasuke para casa em que estávamos hospedados mais cedo que nós e Itachi fora junto por um problema que, neste momento, eu preferia não me meter. E pela primeira vez em muito tempo, em meses… em quase um ano, eu queria viver a arte novamente. 

 

Pela primeira vez em quase um ano desde que descobri que Itachi tinha, supostamente, engravidado Shisui, eu quis pintar novamente, quis esculpir. Eu quis fazer algo relacionado à arte, pela primeira vez em muito tempo eu quis viver mesmo com a dor. 


 

Eu consegui um kit de tintas, pincéis e um pouco de argila pelo vilarejo abaixo do santuário e me sentei perto de um pequeno rio para esculpir pelo fim de tarde e, após queimar as argilas, estava pronto para pintá-las. Fora difícil no começo pois eu estava a tanto tempo sem o fazer que eu não sabia que cores usar então comecei com a minha cor favorita, fazendo toda a base de amarelo, então passei ao azul marinho contornando os olhos do bichinho, orelhas e focinho, descendo para o corpo em redemoinhos espiralados e pontilhados. 

 

Depois de tudo eu não queria mais tocar em nada relacionado a arte, ela sempre fora para mim meu refúgio, minha doçura, meu lar. Sempre. E maculá-la com a minha dor e meu sangue sempre esteve fora de questão, apenas a ideia de tocá-la com as mãos sujas de pecados era tão nojento e horrível que eu não conseguia pensar e agora, finalmente conseguir a animação e vontade para pintar, para voltar a viver a arte que eu sempre amei. Algo que eu jamais sonhei ser possível novamente. Era o momento mais incrível da minha vida, era como se eu estivesse pintando pela primeira vez de novo. 


 

Ouvi os passos atrás de mim mas achei que simplesmente iria embora em algum momento, porém logo eu os ouvi parando atrás de mim, me fazendo virar rapidamente para trás confuso com a sombra que bloqueou o sol do fim de tarde mim. Obito estava lá, parado com a carranca habitual e o bico nos lábios, tentei sorrir, mas ele não retribuiu. 

 

— Está pintando. — ele concluiu após ver as tintas espalhadas na grama e se abaixou ao meu lado, pegando alguns lenços da caixinha no chão. — Mantenha as tintas na escultura, é bem melhor assim. 

 

— Achei que estava bravo comigo. — confessei fechando um dos olhos enquanto ele passava o papel sedoso em minha bochecha. — Você estava me evitando, então eu achei que não queria falar comigo. 

 

— E o que te faz pensar que não estou agora? — ele comentou, finalmente parando de passar o papel em mim, se sentou ao meu lado. 

 

— Você estar falando comigo? — devolvi em um tom confuso, realmente por não entender essas mudanças repentinas de humor e confusão. — Você está?

— Não, na verdade. — disse e o vi balançar os ombros, não me encarou e se focou em olhar os poucos peixes ornamentais cintilando na meia luz dourada do sol. 

 

— Então por que sumiu? — questionei enquanto tentava ser o menos interessado possível na conversa passando o pincel pelo roxo para fazer o rabinho do bixo agora. 

 

Obito ficou em silêncio por um tempo, o suficiente para eu me questionar se ele tinha ouvido ou entendido o que eu disse, mas por fim ele suspirou e negou, voltando a me encarar. 

 

— Estava com vergonha, não gosto que toquem ou olhem para as cicatrizes e você… 

 

— Eu fui bem ao centro delas. — completei a frase quando ele pareceu perdido, parei de pintar novamente. — As lembranças delas são… muito ruins? — se limitou a assentir positivo. — Não as acho feias. 

 

— Sem piedade. — ele riu e foi amargo, não foi o sorriso bonito que eu vi nas outras vezes. — Eu sei que elas… 

 

— Elas parecem os espirais de Van Gogh. — eu o parei de novo, limpei o pincel na água antes de voltar ao azul escuro e então ir ao rosto dele, deslizando a tinta pelas fendas costuradas entre sua pele bronzeada, ele corou novamente. — Você não é o único que faz arte. — disse por fim bem baixinho. 

 

Ficamos em silêncio por muito tempo, eu continuei pintando azul, amarelo, laranja e roxo em seu rosto e pescoço, ele agora realmente se parecia com o quadro Noite Estrelada, e estava realmente lindo, apenas parei quando uma lágrima borrou minha pintura. 

 

— O que aconteceu? — perguntei pegando um lenço e enxuguei a lágrima, tomando cuidado para não borrar a tinta.

 

— Eu tinha oito anos quando tudo aconteceu, quando descobriram que Tobirama era culpado, eu estava passando o dia com ele e meu amigo Kakashi na casa dele, estávamos sozinhos e meus pais me mandavam para lá com regularidade para ele se distrair e não ficar tão sozinho, nesse dia resolvi levar Kakashi porque ele precisava ficar em casa de toda forma já que seus pais iam viajar. A gente estava no chão da cozinha brincando com guache e desenhos e coisas assim, então meu tio me deu um beijo no rosto e disse que precisava fazer algo e que tinha um segredo para me contar, eu disse que tudo bem e continuei brincando, ele foi para o quintal e pegou uma pá e começou a cavar um buraco no quintal e eu era tão idiota que fui oferecer ajuda. Kakashi já tinha sacado que tinha algo errado e ficou amuado, me seguindo pra todo lado. — o vi rir baixinho e negar, desviando o rosto novamente, senti um calafrio no estômago, não conseguia entender como aquele homem trouxe tanta desgraça pra uma só família. — Enfim, ele disse que não precisava de ajuda e me mandou entrar de novo, então o telefone tocou e eu atendi, era papai nos mandando sair da casa naquele momento, para eu correr e não falar mais com Tobirama, eu não estava entendendo mas fiz isso e larguei o telefone correndo em direção á porta para sair de lá com Kakashi junto a mim, infelizmente Tobirama me pegou antes e me fez cócegas me mandando ficar parado, eu caí no chão e ele perguntou se eu queria ver tio Izuna de novo e que sabia onde ele estava escondido, claramente eu fiz que sim extremamente animado e fui com ele, Kakashi disse que estava com vontade de ir ao banheiro então acho que ele meio que se livrou. Tobirama me jogou aquela maldita cova e pulou em cima de mim, ele começou a me socar com um soco inglês várias e várias vezes, disse que ia mandar e a Kakashi pro mesmo lugar que tio Izuna, ele continuou me socando por uns vinte minutos eu acho, Kakashi ligou para meu pai em pânico, não que ele já não estivesse a caminho com policiais é claro, em algum momento Kakashi conseguiu bater nele com a pá e me puxou da cova pela camisa, voltamos a correr mas eu estava tão fodido que mal passados do jardim para a área interna quando fomos alcançados de novo, Tobirama estava tão irado que jogou um vaso no meu amigo e ele também perdeu um olho naquele dia, então para acabar de vez com aquilo ele decidiu nos amarrar e tampar nossa boca, nos jogou na cova novamente e me cobriu com gasolina, ele meio que achou muito engraçado me ver pegando fogo enquanto Kakashi se debatia em pânico esperando o fogo o conseguir também. Eu não lembro de muita coisa depois disso, achei que ia morrer então fiz de tudo para me afastar e queimar sozinho, acordei no hospital dias depois. 

 

Continuei encarando com os olhos arregalados sem saber o que ou como falar. Tobirama era um monstro e isso abaixava mais o nível a cada vez que eu sabia mais sobre ele, apenas continuei pintando enquanto pensava em uma resposta. 

 

— Sabe… — ele voltou a dizer. — Eu e Kakashi costumamos dizer que somos irmãos coalhos, sabe? Porque ele também não tem um olho… — eu ri e ele também, dessa vez de verdade. 

 

— Acho que não é saudável fazer piadas com os traumas, Obito. — disse entre gargalhadas e neguei. — Eu… sinto muito por toda essa merda, mas você continua como um quadro de Van Gogh. 

 

— Só você para ver beleza na morte e na dor. — ele disse baixo com um sorriso pequeno, pegando o celular para ver o desenho e negou, pegando o meu pincel para o limpar novamente, passando na tinta amarela e pintou em meu rosto também. — Sol.

 

— Sol? — questionei, pegando o celular de sua mão para olhar o reflexo vendo o pequeno sol desenhado em minha bochecha esquerda. 

 

— Você é um sol. Alegre, iluminando as pessoas com seu brilho quentinho, mesmo nos piores momentos. 


 

Não irritante. Não uma vadia. Não alguém que tem a obrigação de algo. Apenas eu. Ele me elogiou unicamente porque gostava de mim e da minha presença. 

 

Nossos lábios se tocaram docemente antes que eu sequer pudesse notar ou pensar. Suas mãos seguravam meu rosto bem próximo ao seu e as minhas estavam espalmadas em seus ombros, as tintas estavam se borrando e misturando e eu tinha certeza que seríamos um grande borrão de cores quando nos separarmos, mas agora eu não me importava com isso.

 


Notas Finais


FINALMENTE MEUS AMIGOS QUE SABOR, QUE ALEGRIA, QUE LINDEZA ESSE BEIJO
Deixem mimos para a autora e considerem ir ao meu perfil ler minhas outras historias!


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