1. Spirit Fanfics >
  2. Crônicas de Heróis >
  3. Déjà vu

História Crônicas de Heróis - Déjà vu


Escrita por: UchihaAika

Notas do Autor


Oi (:

Capítulo 96 - Déjà vu


Kakashi

 

 

 

Por mais bonito que a natureza tivesse feito com que aquele dia fosse, Kakashi e todos os outros moradores de Ribeirinho sabiam que não viria coisa boa dali. O exército konohano estava muito, muito próximo, mais do que poderiam esperar inicialmente, e sua movimentação, ele conseguia ver bem, estava estranha naquele dia. Haveria uma batalha, e a possibilidade de a batalha alcançar o vilarejo era bastante concreta.

–  Hoje não será um bom dia para pescar. –  Avisou a Seyren, seu filho. –  É melhor que recolha a jangada.

–  O clima está ótimo. –  Seyren respondeu sem olhar para ele.

–  Não estou falando do clima, rapaz.

Apenas naquele momento o filho de Kakashi olhou para a mesma direção que ele, distante, no horizonte, onde os exércitos se movimentavam.

–  O que você vê lá?

–  Movimentação para a batalha. E eles estão muito próximos, é possível que venhamos a ser envolvidos nessa batalha. Devemos ficar em nossas casas, protegidos.

E eu terei que exercer meu papel de pai e cavaleiro, mesmo sem a minha mão da espada. Que maravilha. Não sabia se era capaz de fazer aquilo. Vinha ensinando algumas técnicas a Seyren e até mesmo a Surya, e consequentemente, treinando sua mão esquerda, mas ainda não era suficiente para uma verdadeira batalha, especialmente porque ele acreditava que nunca mais precisaria de tais habilidades. Ainda assim, aquele pouco treinamento teria que ser suficiente, ao menos para salvar a vida de suas crianças. Nem que aquilo fosse a última coisa que fizesse na vida. Até porque já fiz demais, já vi muitas pessoas perderem suas vidas. Talvez minha hora esteja finalmente chegando.

–  Não irei para o rio hoje, então. Devo estar com você, com minha irmã e minha avó, e protegê-los.

Kakashi olhou para o filho com uma repreensão muda no olhar.

–  Não é porque você começou a aprender a usar uma espada de madeira que já pode sair lutando. O único capaz de proteger aqui, sou eu.

Seyren soltou um riso debochado.

–  Vai enfiar a espada no coto como se fosse uma extensão?

Por vezes, o filho de Kakashi conseguia ter um humor bastante sombrio, e ele tinha certeza de que o rapaz tinha aprendido aquilo com a avó.

–  Manejarei com a outra mão. Utilizar uma espada vai muito além de ter uma mão para segurá-la, Seyren, e um dia você saberá disso. Agora vamos, precisamos avisar aos demais.

Entretanto, não precisariam avisar, aparentemente. Cavaleiros de Austerin passavam, montados sobre seus cavalos, alertando aos moradores que se protegessem, pois um ataque ocorreria em breve.

Pessoas largavam o que estivessem fazendo para serem capazes de salvar suas vidas. Quando Kakashi alcançou a casa que vinha dividindo com a sogra e com os filhos, encontrou Surya e senhora Fyona na porta, olhando na direção do mensageiro que havia passado apressado.

–  Vocês ouviram isso? –  Perguntou a mulher mais velha.

–  Sim, ouvimos. Não devemos sair de casa, entrem agora.

Surya pareceu bastante afobada, talvez pelo nervosismo.

–  O que vai acontecer? Será que vamos morrer?

Kakashi segurou a filha pelos ombros. Ao mesmo tempo em que se parecia muito com Elissara, ela demonstrava ser mais sensível a qualquer coisa. Kakashi apenas sabia que precisava protegê-la. E ainda assim, ela, com suas habilidades, salvou minha vida.

–  Não deixarei que ninguém faça nada a vocês. Mas uma batalha se aproxima, então, precisamos cuidar uns dos outros. Tranquem a casa inteira.

Fecharam as poucas janelas e as portas, com trancas de pedaços de madeira envelhecidas. Se alguém quisesse arrombar as entradas da casa, não teria muita dificuldade com aquilo, Kakashi logo percebeu. Seu risco estava além do que ele inicialmente esperara.

Foi até o canto onde dormia, sobre um colchão de palha improvisado. Ao lado do colchão, guardava algumas das coisas que fizera questão de manter consigo do tempo em que viajava pelo mundo, que não era um tempo tão distante. Quando segurou o punho de sua espada com a mão esquerda, automaticamente lembrou-se de Sasuke e de Naruto, do som de suas gargalhadas na infância e também mais tarde, quando já tinham se tornado homens feitos. Embora estivesse feliz em Ribeirinho com seus filhos, sentia falta daqueles dois.

–  Você acha que isso será necessário? –  Senhora Fyona perguntou, referindo-se à sua espada.

–  Não sei, mas caso precise, tenho ela em mãos.

Surya estava um tanto quanto aterrorizada, mas Kakashi tinha certeza de que não era devido à batalha. Ela vinha ajudando os curandeiros do exército de Austerin, e aprendendo muito com eles, portanto convivia de perto com as consequências da guerra. Naquele caso, entretanto, havia o risco de que sua família sofresse as consequências que ela tanto conhecia. Talvez, naquele momento, Kakashi fosse capaz de compreendê-la muito bem. Ele estava passando pelo mesmo temor. Já havia vivenciado a experiência de campo de batalha, de soldados e cavaleiros feridos, mas agora, estava entre as pessoas inocentes que poderiam sofrer aquilo. Não era um lugar confortável, de maneira alguma. Não estive confortável em meio à batalha, mas aqui é muito pior.

Em meio à batalha, ele não tinha responsabilidade sobre ninguém. Poderia ser reconhecido e admirado caso alcançasse algum êxito, mas se morresse lutando, seria apenas mais um corpo em meio a tantos outros. Ali, entretanto, ele não podia morrer. A não ser que morresse para garantir a proteção daqueles que estimava.

Sozinho, porém, o que poderia fazer?

–  Eu estarei com essa faca. –  Surya falou, capturando uma faca velha que utilizava para fazer comida em casa. Kakashi não levantou objeções, uma vez que qualquer coisa poderia servir como defesa.

No lado de fora, os sons da batalha se tornaram audíveis. Estavam próximos do vilarejo, embora não batalhassem em suas ruas. Ao menos não ainda, mas podem vir para cá. Caso a rainha de Konoha ganhasse aquela batalha, eles deviam estar preparados para o pior, afinal Madara Uchiha havia feito coisas horríveis com o povo dela. Desde então, ela havia conquistado um único pedaço de terra de Austerin, do qual não haviam recebido notícia, pois os exércitos estavam acampando no caminho entre aquele vilarejo e este.

–  Devemos nos proteger ao máximo, e caso algo aconteça, precisamos fugir. Se Tsunade Senju tomar nosso vilarejo, o pior está reservado para nós. –  Kakashi disse. Seu filho empalideceu.

–  Por quê?! Não fizemos nada para essa rainha!

Lá fora, o som da batalha ficava cada vez mais medonho. O barulho de ferro, de cavalos e de gritos humanos era bastante intenso, mas os gritos eram sempre a parte mais incômoda.

–  Nós especificamente não fizemos nada, mas nosso rei fez. E nós pagaremos por isso.

Seyren estava, ao mesmo tempo, com medo e enfurecido.

–  Não é justo!

–  A justiça no mundo quase não existe. –  Surya falou por Kakashi, surpreendendo-o. Ele não diria aquilo, em primeiro lugar. Não entendia o que se passava na cabeça de sua filha para que ela dissesse algo tão intenso.

–  A justiça existe sim, Surya. –  Disse senhora Fyona. –  Mas apenas para aqueles que têm poder. Nós não o temos, então pagaremos pelos erros dos que têm. Essa é a lógica.

Kakashi não respondeu nada àquilo, pois sabia que era bastante verdadeiro. Apenas pegou sua espada reserva, que era um palmo menor, e entregou a Seyren para que se protegesse da maneira que pudesse. Quanto à sogra, tomou em mãos o machado que utilizavam para cortar lenha no inverno, velho e meio cego, mas tudo o que tinham.

As horas então arrastaram-se por um longo período de tempo. Em algum momento, o campo de batalha silenciou, e Kakashi esperou pelo pior. Conseguiu escutar à distância comemorações, mas os sons não faziam nenhum sentido lógico para que ele pudesse diferenciar quem havia ganhado a batalha. Pensou em abrir a porta e observar, mas aquilo seria arriscado demais. É melhor esperar. Algum mensageiro deve passar aqui. Ou, pelo contrário, a rainha e seu exército devem nos atacar.

E com aquele pensamento esperou ainda mais, por um período ainda maior. A apreensão estava se misturando a uma curiosidade, pois todo aquele movimento parecia intenso, pacífico, e ao mesmo tempo, nenhum mensageiro vinha até eles para comunicar a vitória.

–  Eu sairei para ver o que aconteceu. –  Kakashi afirmou, sem conseguir aguardar.

–  Eu irei com você! –  Seyren determinou, e Kakashi soube que não adiantaria ir contra ele. Ambos abriram a porta e saíram.

Algumas pessoas já tinham saído de suas casas, e olhavam na direção do acampamento dos konohanos, montado bastante próximo do vilarejo, à beira do rio, no lado oposto da fronteira. Então, eles ganharam. Seu destino poderia não ser dos melhores a partir daquele momento, porém, até então, o exército de Konoha parecia não se importar com sua presença.

–  Parece que Konoha ganhou, entretanto, eles não nos atacaram… o que você acha que está acontecendo? –  Perguntou Seyren.

–  Eu não sei… talvez eles estejam montando acampamento antes de nos atacar, mas não faz sentido. Geralmente o saque ocorre logo após, no calor da batalha, quando as piores barbáries são cometidas.

Felizmente Kakashi nunca tinha vivido na pele aquela situação, mas já tinha ouvido muitas histórias, algumas ali mesmo do vilarejo fronteiriço de Ribeirinho, sobre o que soldados eram capazes de fazer após uma batalha. A humanidade deixava de existir neles, mesmo que temporariamente, enquanto em alguns ela se extinguia por completo para a eternidade.

–  O que houve, pai? –  Surya perguntou, chegando acompanhada de Fyona.

–  Vocês deviam ter ficado lá dentro! –  Kakashi repreendeu. Seria capaz de proteger um deles caso fossem atacados naquele exato momento, mas aquele era o seu máximo.

–  Não parece existir perigo aqui fora. –  Retrucou a sogra de Kakashi. –  E tanto eu quanto Surya somos mulheres livres, para o caso de você ter esquecido, Sor.

Kakashi ignorou a provocação, mas sabia que ela tinha razão. Embora ele desejasse proteger os filhos, não tinha direito de fazer muita coisa, depois de ter ficado longe por todos aqueles anos.

Então, uma movimentação estranha ocorreu. Três cavaleiros galoparam em direção ao vilarejo, pela beirada do rio. Kakashi percebeu que dois deles vestiam armaduras idênticas, douradas, com mantos escarlates pesados, que mal esvoaçavam pelo galopar. São da guarda real Senju. No meio, entre os dois homens, vinha uma mulher de cabelos dourados, brilhosos como o próprio ouro contra o sol poente. É a rainha?

–  Protejam-se! –  Ele alertou aos outros três. Entretanto, quando o trio Senju chegou próximo ao vilarejo, reduziram seu galopar a um trote suave, até estarem muito próximos de todas aquelas pessoas.

Kakashi tinha uma curiosidade quase mórbida em ver novamente, após tantos anos, a rainha de Konoha tão de perto. Naquela outra vez, ele não sabia quem ela era, embora devesse ter sabido desde o princípio. Tanto ele quanto o próprio Izuna tinham sido fatidicamente inocentes quanto a uma moça que utilizava roupas finas e, ainda assim, frequentava uma taverna em uma zona não tão rica da capital. Mas Kakashi se recordava muito bem de seus cabelos dourados, do rosto comprido, porém delicado, dos lábios rosados e os olhos grandes e castanhos. Era, de fato, uma beleza rara.

E ali estava ela novamente, diante dele. Embora os anos tivessem passado, Tsunade Senju tinha apenas ganhado ainda mais graça. Cavalgava como se tivesse nascido sobre o dorso de um cavalo, tamanha destreza possuía. E seu rosto agora tinha feições mais adultas, que apenas a valorizavam mais. Se ela tivesse permitido a Izuna que sobrevivesse, ou se seus próprios atos imprudentes tivessem permitido isso, certamente ele estaria deslumbrado naquele momento, observando as últimas luzes do sol baterem contra o rosto encantador da rainha do Oeste.

–  Vocês, moradores de Ribeirinho, escutem bem! –  Gritou ela. Sua voz era alta, grave e imperativa. –  Sou Tsunade Senju, rainha do Oeste, do reino de Konoha! Eu vi um estrangeiro invadir minhas terras, atacar meus vilarejos e cidades, transformar meus conterrâneos em escravos de maneira absurdamente cruel! Quando isso aconteceu, eu jurei a mim mesma que faria tudo diferente. Não seria o monstro que ele foi! Por isso, cá estou. Seu vilarejo fronteiriço agora foi conquistado, me pertence! Vocês são povo de Konoha agora! E como tal, têm minha proteção e amor! Não permiti, e nem permitirei, que alguém faça com vocês aquilo que Madara Uchiha fez com o meu povo!

Kakashi sentiu vontade de rir. Não por não acreditar na rainha do Oeste, ou por zombar de suas palavras, mas pelo simples fato de que aquela mulher era capaz de surpreendê-lo em todos os momentos. Não havia existido um único instante em que seu destino cruzara com o dela sem que ela fosse responsável por causá-lo um grande espanto.

Os olhos castanhos da rainha pareceram brilhar contra o sol alaranjado quando ela voltou a falar:

–  Vocês são meu povo agora! E eu convido aqueles que quiserem lutar ao meu lado, para resgatar nossos conterrâneos, que venham! Vamos lutar!

Ao olhar para o seu redor, Kakashi percebeu que muitas pessoas sorriam olhando na direção dela. Perguntou-se como seria se Madara Uchiha estivesse ali, dizendo suas palavras de conquista. Sem dúvidas seriam palavras muito diferentes, mas ele também tem a lábia doce e venenosa.

–  Ela é incrível! –  Surya comentou. O encantamento estava presente em sua voz e na forma como olhava na direção da rainha.

–  É uma grande mulher, sem dúvidas. Basta ver pela postura dela. –  Disse Fyona. Kakashi olhou novamente para a rainha, que recebia palavras de alguns dos moradores do vilarejo.

–  Ela é forte e corajosa, disso não tenho qualquer dúvida.

Depois daquilo, alguns dias se passaram com o vilarejo sob o domínio dos Senjus. No terceiro dia, houve uma tentativa de tomada por parte dos austerinianos, mas sem sucesso nenhum. Enquanto isso, a filha de Kakashi começou a tomar papéis importantes entre os curandeiros do exército konohano, tanto que vinha passando mais tempo por lá, entre os feridos, do que em casa, como costumava passar.

Entre aquilo tudo, o que mais despertava a atenção de Kakashi era a forma fascinada como ela sempre falava da rainha Tsunade Senju.

–  Os curandeiros estavam me contando que ela proibiu o exército de cometer estupros, e que executou aqueles que desobedeceram suas ordens. Parece até mentira, não é mesmo? –  Ela dizia, com os olhos a brilhar contra o fogo.

A cada dia, Surya trazia uma nova história sobre a rainha. E Kakashi começou, em certo ponto, a enxergar-se em sua filha, uns quantos anos mais novo e cheio de esperanças. Ela estava agindo com a rainha Tsunade Senju exatamente da mesma forma como ele havia agido com Izuna Uchiha quando ele chegara ao seu vilarejo. Tanto que não foi surpreendente para ele quando, após mais de uma semana trabalhando como curandeira do exército, sua filha manifestou um desejo que ele não sabia se devia apoiar. Estavam jantando, um delicioso caldo de peixe com cebola, ervilha e nabos.

–  Eu quero seguir com o exército de Tsunade Senju, como curandeira. Quero ajudá-la no que eu puder, mesmo que ela não me conheça.

Seyren riu.

–  Ela não vai dar a mínima para a sua presença ou ausência, Surya. Mas se você quer tanto ir com ela, eu posso te acompanhar.

A garota se impressionou tanto quanto Kakashi com ela proposta.

–  O que você está falando? –  Perguntou para o filho. Ele deu de ombros.

–  Nunca saí desse maldito vilarejo, passei minha vida inteira fazendo a mesma coisa sempre e sempre. Se Surya vai mudar, não vejo por que eu não deva fazer o mesmo.

–  Vocês não podem ir embora. –  Kakashi acabou dizendo, atraindo atenções curiosas e indesejadas dos filhos em sua direção.

–  Por que não, pai? Você pode ir conosco. Passou a vida inteira viajando…

–  Não, Surya. Eu parei agora, e vocês não devem nem mesmo começar.

Seyren arqueou uma sobrancelha.

–  Pelo jeito como você sofreu pra ficar aqui, e pelas histórias que você conta, não parece ter sido algo ruim viajar pelo mundo.

De fato, não havia sido algo ruim. Na verdade, Kakashi tinha dúvidas sobre qual havia sido a melhor coisa de sua vida: o casamento e os filhos, ou a vida livre. Mas sabia que seus filhos não deviam viver daquele modo. Elissara pediu para que eles fossem escondidos de mim…

–  Não foi algo ruim, mas vocês não devem… vocês amam esse vilarejo. O mundo é diferente do que vocês imaginam.

–  Nunca saberemos se não sairmos daqui. E não amo coisa alguma desse lugar. –  Seyren voltou a teimar. Kakashi perdeu a paciência.

–  Sua mãe jamais aceitaria! Ela escondeu a existência de vocês de mim justamente para que eu não levasse vocês para esse lado, e agora bastou que eu volte, para que vocês estejam fazendo exatamente aquilo que ela não queria!

Os dois ficaram em silêncio, pela primeira vez. Kakashi sentiria o peso da culpa em suas costas eternamente caso os filhos seguissem o mesmo caminho que ele, o caminho que causou a maior decepção de Elissara e depois sua morte.

–  Pois eu acho que você deveria seguir com a rainha, Surya, e que você deveria ir com ela, Seyren.

Quando a senhora Fyona disse aquilo, Kakashi tossiu, involuntariamente, engasgando-se com a própria saliva.

–  Você está dizendo para eles seguirem aquilo que a mãe deles sempre abominou? –  Perguntou Kakashi, após conseguir se recuperar.

–  Eu estou dizendo para eles que são adultos, e que devem seguir os passos que desejarem. Nada prende a eles aqui, Kakashi. Elissara pediu para que você ficasse pois ela te amava e não queria você longe, essa é a verdade. E também porque vocês já estavam casados, você tinha uma responsabilidade com ela. Seyren e Surya, entretanto, não têm responsabilidade nenhuma por aqui.

–  Temos você, vovó. –  Disse Surya, com toda a sua doçura, e segurou a mão da avó.

–  Eu sou uma mulher velha, mas cuido muito bem de mim mesma. Tenho seus tios, que moram logo ali no outro vilarejo, e aqui em Ribeirinho os vizinhos são nossa família também. Eu não sou sua responsabilidade, pois quando vocês nasceram eu já sabia muita coisa da vida. Vocês é que são minha responsabilidade, e eu desejo que vocês possam viver o que desejam viver, que não se prendam… minha pobre Elissara prendeu-se a vida inteira a esse vilarejo e a todos aqueles velhos preconceitos. Ela acabou morrendo sem conhecer nada da vida além de desgosto.

Aquela perspectiva era extremamente triste. Fez com que Kakashi se perguntasse por que diabos havia sido tão estúpido de não levar Elissara consigo. Talvez ela tivesse sobrevivido, e talvez até mesmo tivesse sido feliz.

–  Você tem certeza de que é isso que quer, Surya? –  Kakashi perguntou. A fala de Fyona fez com que pensasse que havia outras possibilidades de felicidade para seus filhos, possibilidades que ele havia falhado miseravelmente em apresentar para Elissara.

–  Eu tenho. Estou determinada a seguir esse caminho.

–  E você, Seyren? Quer ir com sua irmã?

O rapaz sorriu, e havia uma empolgação evidente em seu rosto jovem.

–  É claro. Nascemos juntos, por que nos separaríamos agora?

–  Pois então, preparem-se. Quando o exército de Konoha partir, vocês seguirão esse exército.

Os filhos de Kakashi sorriram.

–  Você tem certeza de que quer isso, Surya? Nunca saímos desse vilarejo. Será nossa primeira vez nesse mundo, sozinhos. Você tem coragem? –  Seyren tinha um óbvio sorriso de desafio no rosto, que era típico dele. Surya revirou os olhos.

–  É óbvio que tenho coragem. Seremos nós dois contra qualquer coisa que venha contra nós.

–  Vocês dois? –  Kakashi perguntou. –  São apenas dois jovens estúpidos que morreriam na primeira noite soltos pelo mundo. A não ser que haja alguém experiente ao seu lado, para cuidar de vocês enquanto se arriscam nessa loucura.

Uma sensação de déjà vu tomou seu espaço, e Kakashi se lembrou da noite em que encontrou Naruto e Sasuke em Torreal, esgueirando-se pela escuridão desejando não serem vistos por ninguém. Tinha quase certeza de que falara algo muito parecido para os dois naquela noite. 

–  Você irá conosco, pai? –  Surya perguntou, com um imenso sorriso.

–  Mas é claro. Se existe alguém que nasceu para viver solto no mundo, esse alguém sou eu.


Notas Finais


Kakashi voltou <3 e ele dará as caras novamente em breve.

Atualizando vocês sobre o andamento da história: estamos, aqui, no capítulo 96, mas minha escrita está no capítulo 105. A atual previsão de término é no capítulo 136 (diminuiu um pouco da última previsão que eu trouxe para vocês). Conforme vou publicando, e trazendo os capítulos duplos, essa expectativa vai diminuindo.
Provavelmente em breve eu publicarei uma nova atualização do mapa da história lá na minha página, pois acrescentei/aprimorei uma nova região importante com a qual eu já entrei em contato na escrita e, portanto, vocês entrarão em contato em breve.

Por enquanto é isso! Até o próximo capítulo, que sera POV do Sasuke.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...