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História Crônicas de Heróis - A ingratidão em querer ser livre


Escrita por: UchihaAika

Notas do Autor


Olá <3
Aí vai o capítulo duplo de presente do meu aniversário pra vocês hahahaha

Capítulo 101 - A ingratidão em querer ser livre


Jiraiya

 

O barco atracou no porto de Torreal com algum atraso, pois diferente do que esperavam, os ventos não tinham sido assim tão favoráveis.

Apesar de tudo, ali estavam, finalmente. Aquela cidade para a qual Jiraiya não pensara que retornaria tão cedo surgia novamente diante de seus olhos, com alguma imponência, mas também com um cheiro bastante desagradável que acabava com sua graça.

Mas está bastante deserta, aparentemente.

– Há algo de estranho com essa cidade. – Disse o pai de Jiraiya, quase como se pudesse ler seus pensamentos.

– O que tem de estranho? – Questionou Tobia.

– Está meio… morta. Torreal costuma ser um pouco mais agitada que isso.

– Ah sim, claro. Mas em tempos de guerra… – Jeiyren interrompeu Tobia imediatamente.

– Em tempos de guerra devia estar fervilhando, pois as pessoas buscam abrigo nas capitais que geralmente têm mais defesas… hm… bem estranho.

Caminharam pelo porto, reencontrando os magos que haviam seguido nos outros dois barcos e que, por isso, não viam há dias. Jiraiya respirava novamente o ar de uma capital, lembrando-se dos terríveis dias de sua infância solitária em Capital Konoha. Torreal cheira mal, mas Capital Konoha fede o dobro… a cidade mais suja do continente.

Lembrava-se de correr pelas ruas em meio a lama e  aos dejetos, sem uma mãe para repreendê-lo. Havia ficado doente umas quantas vezes, mas sempre havia uma senhora bondosa que morava na esquina do beco e que providenciava as ervas necessárias para curar a febre e as dores.

– Então vocês chegaram, ha!

Quando Jiraiya ouviu aquela voz, mal pôde acreditar. Uma intensa alegria tomou conta de seu coração.

– Hiruzen! – Gritou, e correu para abraçar seu velho companheiro (que inclusive parecia mais velho do que ele se recordava).

– Moleque Jiraiya, olha só para você!

Hiruzen segurou o rosto de Jiraiya entre as mãos e sorriu.

– Nem parece mais um moleque, agora até parece um homem.

– E você agora parece um velho que não aguenta nem mesmo ficar em pé.

Hiruzen não riu.

– Pois saiba que minhas pernas e pés ainda funcionam muito bem, tanto que aqui estou. E ainda tenho muitos anos para viver.

– Disso eu não tenho dúvidas.

– Meu velho amigo Hiruzen! Vê-lo é sempre tão difícil que, quando acontece, eu penso que estou sonhando! – Disse o pai de Jiraiya.

– Eu quando encontro você sinto-me intimidado, desejo desaparecer novamente.

Jeiyren soltou uma gargalhada tão alta que chamou a atenção de todas as pessoas ao redor, inclusive fazendo com que alguns acompanhassem o riso mesmo sem conhecer o motivo.

– Você é uma pessoa inexplicável!

Abraçou o velho Hiruzen, que pequeno e magricela do jeito que era, desaparecia nos braços do grande e musculoso Jeiyren.

– Quando foi que chegou a Torreal, Hiruzen? – Jiraiya perguntou.

– Cheguei ontem.

– E você também achou a cidade incrivelmente pouco movimentada? – Questionou Tobia. Hiruzen apertou a mão do mago em saudação.

– Está, de fato, e há um bom motivo para isso.

– Então, vocês são os magos? – Um guarda da cidade perguntou, com outros três logo atrás. Jitaiya sentiu-se bastante intimidado por aquilo, mas aparentemente Jeiyren não teve o mesmo sentimento. Ele rapidamente tomou frente.

– Sim, somos nós. Eu sou o líder do Clã, inclusive, Jeiyren é como me chamo, muito prazer.

– E o que traz todos esses magos para a nossa cidade? É algo que não temos lembrança de ter ocorrido na história.

Jiraiya olhou instintivamente na direção dos portões do castelo, para ver se nenhum exército vinha em sua direção a fim de repreendê-los.

– Estamos aqui por motivos de interesses maiores… a humanidade está em risco, e temos planos de reduzir esse risco, meu senhor. Mas para isso, precisaríamos falar com vosso rei…

O cavaleiro praticamente interrompeu o pai de Jiraiya em seu discurso.

– O rei não está mais aqui. Após alguns prejuízos, ele partiu em direção à fronteira, para lutar aquela que julga ser a última batalha desta guerra, a batalha que dará a ele o domínio sobre o continente.

Os magos que ali estavam entreolharam-se em segredo, mas todos tinham algum entendimento, por mais superficial que fosse, sobre o que aquilo poderia significar. Era provável que o rei pretendesse utilizar a pedra Lápis-Lazúli para ter êxito em seus planos para o futuro de Letoria.  

– E quando foi que o rei partiu?

– Há três dias.

O pai de Jiraiya suspirou e passou a mão pela testa. Ele raramente ficava nervoso (ou raramente demonstrava), mas naquele momento estava deixando sua preocupação bastante clara.

– Certo, meus amigos. Então eu e meus companheiros seguiremos nosso caminho para a floresta. Precisamos do nosso contato direto com a natureza, e essa cidade só atrapalha as coisas.

Os cavaleiros não ofereceram resistência aos magos. Os seres humanos confiavam neles, mas desconfiavam plenamente das bruxas. Era triste, e ao mesmo tempo curiosa, a implicância que os seres humanos tinham com a figura feminina, tanto as suas próprias mulheres como as fêmeas de outras espécies.

Jiraiya foi para o lado de seu pai enquanto caminhavam, e Hiruzen estava no outro lado.

– Não temos certeza se o rei tem conhecimento sobre a pedra sob o castelo. Ele pode ter partido deixando-a no lugar em que estava, motivo pelo qual precisamos rastreá-la antes de qualquer coisa. E a floresta é um ótimo lugar para isso, um lugar em que a magia flui mais naturalmente, vocês bem sabem.

Mas tinham uma longa caminhada até a floresta. Estavam no porto, e precisavam atravessar a cidade inteira. Mas o que é uma caminhadinha para alguém que já viajou tanto? Jiraiya não sentia nem um pouco de preguiça com relação àquilo. Na verdade, sentia-se em casa.

Deram então início a travessia, passando pelo princípio de muralha que, aparentemente, estava sendo construído. Hiruzen, que veio para o lado de Jiraiya, falou:

– Houve um grande imprevisto por aqui, há três noites. Aparentemente, uma das pessoas capturadas do reino de Konoha, despertou algum dom… influência da Lápis-Lazúli, eu não tive qualquer dúvida. De qualquer forma, esse dom fez com que ela libertasse todos os capturados e destruísse parte da cidade, e também parte do exército do rei Uchiha. Essa é a razão pela qual ele partiu.

Jiraiya sentiu-se bastante surpreso com a revelação, e conforme eles passavam pelas colinas, conseguiu ver alguns rastros da destruição causada: alguns edifícios enegrecidos por um incêndio, manchas de sangue pelo chão.

– Parece que foi sangrento. – Jiraiya comentou.

– Sem dúvidas foi. Aquelas pessoas… elas sofriam maus tratos inimagináveis. Ninguém suporta toda essa dor e descaso sem criar ódio, ou no mínimo raiva. Quando você oferece o seu pior a uma pessoa, você já deve esperar que ela possa oferecer algo ainda pior… e é por isso que existe tanto ódio entre as pessoas. São poucos aqueles que estão dispostos a oferecer o seu melhor.

– Mesmo aqueles que oferecem o melhor podem vir a receber o pior. Talvez aí resida a dificuldade.

– Sim, isso também é verdade. Parece que você aprendeu muito, não só com nossas andanças, mas com o seu tempo no Clã.

Conforme eles andavam, as pessoas abriam o caminho, observando com curiosidade aquele grupo peculiar. Alguns percebiam que eram magos, e então gritavam com deleite, e passavam a segui-los.

– Aprendi muita coisa sim. Mas sinto que ainda tenho muito a aprender… eu estava pensando em, depois que tudo isso passar, depois que conseguirmos destruir a pedra, voltar à vida de contador de histórias. Sinto que com tudo o que aprendi no Clã, as histórias podem ser ainda mais grandiosas.

– E o seu pai já sabe disso?

Jiraiya ainda vinha pensando sobre como poderia comunicar a Jeiyren, mas não tinha certeza. Não conseguia imaginar uma forma de dizer aquilo sem soar ingrato após tudo o que o pai havia feito por ele.

– Ainda não. Mas não sabemos nem mesmo se vamos sobreviver ainda.

– Isso é uma verdade bem verdadeira. Não sabemos, e eu diria que é até mais provável que acabemos mortos…, mas se sobrevivermos, eu o acompanharei nessa nova etapa.

Jiraiya sorriu. Não podia esperar nada diferente de Hiruzen, seu velho companheiro, que o salvara da solidão e do abandono.

– Eu sempre soube. Mas por onde você andou durante esse período em que não nos vimos?

– Não muito longe. Estive ao extremo Sul de Konoha e depois ao extremo Sul de Austerin, sempre nas costas, próximo à praia, e sempre perto de Torreal, para quando a hora chegasse. E ela não demorou a chegar. Enquanto isso eu conheci pessoas e histórias magníficas para contar pelo mundo.

– O Sul é sempre um bom lugar… geralmente frio.

– Sim. Em breve estará nevando por lá.

Mais pessoas se aproximavam dos magos, mas eles apenas seguiam seu caminho. Uma moça pediu a Jiraiya que lesse seu futuro, e Jiraiya apenas ofereceu um sorriso de desculpas, pois já sabia que não poderia fazer aquilo. Nem mesmo a magia pode ter certeza sobre o seu futuro, tudo depende da sua próxima decisão.

No final de sua caminhada, já próximos à floresta, o princípio de muralha que rodeava a cidade estava destruído, restando apenas algumas pedras amontoadas no chão, quebradas ou enegrecidas. Continuaram a caminhada e adentraram a floresta, deixando as pessoas que os seguiam para trás. Quando já estavam suficientemente envolvidos na mata, e não havia nada além de plantas e pequenas vidas ao seu redor, eles pararam. Jeiyren depositou a bola de cristal lilás sobre a terra, e sentou-se, de pernas cruzadas, diante dela.

– Jiraiya, me acompanhe. Os demais façam uma corrente de energia a nossa volta, pois hoje precisaremos… poderemos ir longe.

Jiraiya sentou diante de seu pai e do cristal, e sentiu um arrepio na espinha.

– Aonde iremos?

– Nós tentaremos rastrear a Ametista das bruxas, depois de encontrarmos nossa pedra. Precisamos saber onde está, com quem… se estiver com a bruxa que tem a Lápis-lazúlia, as coisas podem piorar. Mas se não estiver, temos a chance de tentar entender o que se passa na cabeça dela, o que ela quis dizer com “o destino da humanidade”.

Jiraiya olhou para os magos que os rodeavam, todos muito atentos às palavras do líder do Clã.

– Bem, então vamos lá. Precisamos concentrar o máximo de energia que pudermos, então, vocês conhecem as palavras…

Os magos que os rodeavam começaram a falar algumas palavras em um idioma que Jiraiya não conhecia. Eles repetiam, sem pausa, as palavras, enquanto seus olhos permaneciam fechados. Aos poucos. Jiraiya sentiu seu corpo ser inundado pela energia que todos aqueles magos enviavam em sua direção, como se estivesse no mar e as ondas chegassem até ele vez ou outra, mas nunca retornassem para o oceano.

– Vamos, filho.

Jeiyren puxou as duas mãos de Jiraiya para cima do cristal, e ambos, com as mãos sobre aquela pedra, fecharam os olhos e concentraram-se em si mesmos, na energia que recebiam daqueles magos. Jiraiya mentalizou a pedra Lápis-lazúli, e mais rapidamente do que em qualquer outra vez, viajou até ela.

Ao lado do pai, estava em alguma estrada do reino, por onde um grande exército seguia em uma coluna aparentemente infinita. A estrada sulcada estendia-se pelo horizonte envolta por árvores e arbustos, sob um céu nublado que indicava a iminência de chuva. A julgar pelas poças que surgiam aqui e ali no caminho do exército de Austerin, já havia chovido um bocado.

À frente, o rei seguia, e Jiraiya já tinha visto ele antes, em uma outra oportunidade. Os grandes cabelos pretos e volumosos estavam agora amarrados, mas seu rosto estava sério e austero. Ele podia ser um homem assustador, Jiraiya nunca antes duvidara, mas agora tinha aquela certeza.

Atrás do rei, uma carroça era puxada por três burros, com alguns materiais sobre. Mas o que mais prendeu sua atenção, foi uma grande arca de madeira com entalhes que Jiraiya desconhecia, aparentemente letras de algum antigo idioma.

– É ali que ela está! – Jeiyren praticamente gritou.

Então, eles atraíram um olhar especial. Uma mulher ruiva, com cabelos esvoaçantes como chamas de um incêndio, olhou em sua direção como se pudesse vê-los. Ela estava ao lado do rei. Quando Jiraiya encontrou os olhos dela, reconheceu instantaneamente.

– É ela, pai. A bruxa que havia aparecido para nós na outra vez.

Jeiyren estreitou os olhos, e pareceu assustado quando a viu.

– Tão jovem… Como pode?

Ela era, de fato, muito jovem, aparentava até mesmo ser mais nova que Jiraiya. E, apesar disso, era extremamente poderosa, eles já tinham experienciado na pele o quanto.

– Não sei. Mas acho que já vimos o suficiente e devemos rastrear a Ametista agora. Afinal, existe a chance de acabarmos voltando para cá.

Jeiyren pareceu perceber aquilo apenas por meio das palavras de Jiraiya. Rapidamente, eles saíram dali, e retornaram para a realidade onde os magos os rodeavam.

– O rei levou a pedra Lápis-Lazúli consigo. – Jeiyren avisou, e algumas manifestações de desagrado foram ouvidas. Eles sabiam o que aquilo podia significar. – E a bruxa que tomava conta da pedra quando tentamos acessá-la anteriormente, está com ele. Por isso, já sabemos que eles podem ter planos em conjunto que tragam grandes problemas, e devemos nos apressar. Mas antes, precisamos verificar sob a posse de quem está a Ametista.

– Se a Ametista estiver com essa mesma bruxa você sabe que nossos planos provavelmente não irão funcionar! – Senhor Lucah manifestou sua preocupação de forma bastante clara. Jiraiya não pôde deixar de ficar nervoso ao imaginar.

– Vamos. – O pai de Jiraiya chamou, e ele obedeceu instantaneamente. Concentrou sua energia e, no minuto seguinte, estavam novamente na estrada…

Mas aquela era uma estrada diferente. O terreno era montanhoso, com algumas árvores de porte médio e um rio correndo ligeiro e límpido ao fundo. Uma mulher e uma senhora andavam sobre seus respectivos cavalos, conversando tranquilamente enquanto dividiam alguma comida que Jiraiya não pôde identificar. Não conseguia vê-las com clareza, estavam muito distantes da estrada.

– Vamos para mais perto. – Disse Jeiyren. Um toque dele bastou para que, repentinamente, estivessem ao lado das duas mulheres.

A mais jovem era incrivelmente bela. Jiraiya arriscaria dizer que ela mais bonita que Tsunade (a mulher mais bonita que ele alguma vez tinha visto), tinha um olhar profundo e enigmático. E, além disso, era ela quem carregava consigo a ametista, em um cordão ao redor do pescoço, pesando entre os seios e destacando-se contra o vestido.

– É ela… – Jeiyren comentou, um tanto quanto perplexo. – E essa outra é a velha Reika, deuses sejam bons! Tiramos a sorte grande aqui, Jiraiya.

– Você conhece essa senhora?

– Qualquer pessoa conhece!

As duas, que conversavam, repentinamente pararam, e um finco surgiu entre as sobrancelhas da velha Reika, acrescentando-se às inúmeras rugas de seu rosto.

– O que foi? – A mulher jovem perguntou.

– Alguém está aqui… estão nos rastreando.

A mais nova pareceu ficar repentinamente sobressaltada, e pôs a mão sobre a ametista.

– Kirara?

– Não… não. Definitivamente não. Essa não é uma energia como a das seguidoras de Dórya, não mesmo. Energia de magos, Konan, isso sim. Mas por que eles estão nos rastreando?

Jeiyren deu uma de suas características gargalhadas, e de alguma forma, a bruxa mais velha pareceu ouvi-lo.

– Sou eu, Reika. No momento em que a vi, sabia que reconheceria nossa presença. Estamos no rastro da pedra Lápis-lazúli, vamos destruí-la. Quem a tem é uma bruxa.

– Jeiyren, que tipo de história é essa? Que bruxa?

Konan olhou para Reika parecendo perplexa, sem entender o que ela dizia.

– Uma bruxa de cabelos ruivos e olhos lilases. 

– Pensei que você saberia me dizer o nome. –  Disse ela, revirando os olhos.

– Isso eu não sei.

– Bem, uma pena. Ela deve ser seguidora de Dórya, pois elas tinham planos de pegar essa pedra há muito, muito tempo... não é nada bom que esteja sob sua posse agora.

– Definitivamente não. Ela é muito poderosa. Nós estamos em seu rastro, e uma vez que estejamos perto da pedra teremos maior facilidade para tomá-la…, mas seria bom se tivéssemos sua ajuda.

– Konan aqui ao meu lado é a herdeira de Dreiya. Nós estamos seguindo para o local onde as seguidoras de Dórya estão para realizar a última etapa do seu plano, e acho provável que essa bruxa aí de quem fala esteja indo para lá também. É possível que venhamos a nos encontrar em breve.

– E que lugar seria esse?

– A Cadeia das Seis Irmãs.

Jeiyren pensou um bocado.

– O rei estava passando por uma estrada sulcada em meio à mata densa, com árvores de porte alto e arbustos também altos ao chão… essa geografia é característica da região mais ao Norte das terras dos Uchihas e mais ao Sul das terras dos Inuzuka. Pode ser que eles estejam indo para a Cadeia das Seis Irmãs de fato, mas acredito que ainda é cedo para ter certeza.

– Continue rastreando, Jeiyren. Uma hora ou outra você encontrará algo que lhe dê essa resposta.

– Continuarei. E nós, veremo-nos em breve.

Em um segundo Jiraiya e Jeiyren estavam de volta no centro da roda de magos. Eram mais de sessenta naquele momento.

– Podemos comemorar ao menos isso: a Ametista está com uma jovem bruxa chamada Konan, e a velha Reika está sendo sua tutora. Ela está ao nosso lado, e se necessário, teremos seu auxílio para tomar e destruir a Lápis-lazúli.

– Que boa notícia! – Exclamou Hiruzen, seguido de comemorações vindas dos demais magos que os rodeavam.

– Mas vocês sabem que não temos tempo para comemorar. Precisamos seguir nossa longa caminhada, sem descanso, aproveitando-nos do fato de que a tropa deles, com milhares de pessoas, move-se de maneira lenta.

Jeiyren retirou da bolsa um pedaço de citrino, a pedra bruta, com mais ou menos o tamanho da palma de sua mão. Ele segurou-a com força, e pronunciou algumas palavras naquele idioma que Jiraiya desconhecia. O amarelo-alaranjado da pedra pareceu brilhar, e então, Jeiyren soltou-a… e ela não caiu. Ela permaneceu parada diante dele, flutuando. Jiraiya percebeu que ela tinha um formato arredondado com uma única ponta, que naquele momento estava virada exatamente para a direção na qual Jeiyren caminhou.

– Essa pedra abrirá nossos caminhos. Ela seguirá exatamente aquela intensa energia que eu estou procurando. – Explicou o pai.

– É simples assim?

– Não tão simples. A energia da Lápis-lazúli facilitou muito. Quando temos algo com pouca energia, torna-se mais difícil rastrear.

– Parece que tem muita coisa que eu não aprendi.

Jeiyren riu.

– Está falando do nosso idioma? Você, como um mero iniciante, não teve tempo nem preparo suficiente para aprendê-lo. Mas não tema, Jiraiya. Quando a hora chegar, eu me certificarei de que você saiba exatamente quais palavras devem ser ditas.

E assim, eles seguiram o citrino, com toda a pressa possível de quem tinha que evitar um grande problema iminente. Jiraiya ainda não tinha clareza sobre qual era, de fato, o problema, mas sentia em seu âmago a intensidade daquilo, e a necessidade de seguir no caminho daqueles magos, sem desviar.

 

 

 

 

Hanabi

 

 

A sensação de poder fazer o que quisesse sem o sentimento de estar envolvida por correntes ou de estar sendo vigiada e perseguida… aquela sensação ainda não era plenamente vivenciada por Hanabi. Era frequente que sentisse aquele desespero crescer em seu interior, fazendo com que a respiração ficasse mais difícil, como se o ar fosse denso demais para entrar em seus pulmões e nunca saciasse sua necessidade. Nesses momentos, Hanabi desejava sair correndo. Mas então, olhava para o lado e via Hinata, Sakura, Naruto e Sasuke, e lembrava-se de sua situação. Além disso, tinha Kirin, a amável cadelinha que a consolava sempre, com uma inacreditável sensibilidade. Recordava-se então que não era mais uma prisioneira, e não estava sendo perseguida. Na verdade, estava no caminho da sua outra prisão, aquela que não havia sido oficiada como uma, mas a era da mesma forma: Hyunin.

Iria voltar para o seu querido pai, que fingia que ela não existia e, quando lembrava, fazia questão de encontrar alguma forma de esquecer novamente. Com aquelas pessoas malditas e hipócritas que a maltratavam apenas para sentirem que estavam, de alguma forma, agradando ao Lorde que na verdade não dava a mínima importância às suas existências. Todos eles muito parecidos com Obito Uchiha, inclusive, cada um compartilhando uma de suas piores características. Porque sim, Hanabi podia ter assassinado Obito e ter causado a ele todo o sofrimento que ele causara a ela outrora, mas ele continuaria a viver ao seu redor. Em suas cicatrizes, em seus traumas, em seus medos… Em Hyunin.

Sentia-se ingrata, e até mesmo muito mal, quando olhava para Hinata após pensar todas aquelas coisas. Sua irmã havia feito muito por ela, até além do que ela esperaria, e amava-a demais por isso, mas não podia, não sentia que tinha qualquer força, para retornar à casa de Hinata. Seu sentimento era de que se todo aquele sofrimento sob as mãos dos Uchihas havia servido para algo, era para retirá-la daquele contexto, e para fazê-la entender que jamais deveria voltar.  

Agora, estavam na estrada há três dias, bem mais próximos da Cadeia das Seis Irmãs. Durante o caminho, perdera a conta de quantos cadáveres de irmãos seus encontrara, pessoas que tinham vivido em cativeiro com ela e que ela conhecia, mesmo que à distância. Pessoas cujo sofrimento ela tinha compreensão profunda, e que ela gostaria de ter sido capaz de fazer uma pequena coisa a mais para salvá-los por completo, para permitir que voltassem para suas casas. Mas nada disso é possível, porque a vida não é completamente justa comigo.

Agora, Hanabi enxergava de maneira meio embaçada, mas muito melhor do que no dia anterior, e neste muito melhor do que naqueles que o sucederam. Tinha tido a sorte de não ficar cega de primeira, mas agora, não sabia se teria a coragem ou a força necessária para utilizar novamente o tal Byakugan. Ainda não tinha conseguido tentar, talvez para evitar uma possível nova desgraça em sua vida. Pois tudo o que ela fazia parecia ter um resultado muito ruim, cedo ou tarde, até mesmo aquelas coisas que inicialmente demonstravam ser boas. O Byakugan era um presente magnífico, que havia permitido a ela libertar muitas pessoas. Entretanto, viera tarde demais, pois ela nem mesmo pudera salvar Sasori, e também não havia sido suficiente, pois muito dos seus haviam morrido no caminho para casa. Além, é claro, de trazer consequências que podiam destruir seu corpo por completo. Mais do que ele já havia sido destruído.

– Estamos chegando no vilarejo. Poderemos comprar algumas roupas novas, ao menos para você e para Sakura.

Ambas tinham suas roupas banhadas em sangue, mas as roupas de Hanabi eram ainda piores, pois estavam também imundas e com o cheiro desagradável da escravidão impregnado em seu tecido grosseiro. O vestido velho e feio de estopa tinha por única finalidade preservar a intimidade de seu corpo, mas seus pés estavam desnudos, e o couro sob deles havia se tornado uma crosta suja e dura como pedra.

– Não serão roupas muito boas, mas sem dúvidas serão melhores do que estas que utilizam. – Hinata completou.

– Qualquer coisa é melhor que isso. – Hanabi fez questão de ressaltar. O vestido lembrava-a da escravidão, de Obito Uchiha e de seu pai, e fazia com que revivesse mais uma vez aquela maldita parte de sua vida. Às vezes, o cheiro e a textura do tecido faziam com que acabasse sonhando com seu cativeiro e acordasse aterrorizada.

O vilarejo surgiu em seu campo de visão, após algumas hortas amplas. Tinha um templo no centro, e algumas ruas com casas e edifícios pequenos, mas parecia ter um bom mercado. Contava com poucos moradores, mas o suficiente para sustentarem as vendas dos poucos comerciantes.

Passaram entre as hortas, por uma estrada de terra batida que seguia diretamente até o templo no meio da cidade. As primeiras casas começaram a aparecer, e alguns moradores fechavam as portas e janelas para sua passagem, enquanto alguns poucos olhavam para eles com curiosidade.

Quando chegaram mais ao centro, nenhuma porta ou janela se fechou, pois o fluxo de pessoas ali era maior. As tendas eram, majoritariamente, de alimentos e artesanato, mas havia também os tecelões vendendo roupas dos mais variados tipos.

– Esse aqui é a sua cara. – Disse Naruto. Ele era uma pessoa legal e, na maioria das vezes, era o que mais demonstrava compreender o que Hanabi sentia. O vestido que ele havia mostrado era feito com lã colorida de lilás e bordados de renda branca. Hanabi não conseguiu rir, mas forçou um sorriso.

– É mais a cara de minha irmã. Você por acaso nunca a viu vestida como uma Senhora?

O sorriso de Naruto também não foi tão alegre, igual ao de Hanabi. Talvez, um tanto quanto cruelmente mas sem a verdadeira intenção de ser cruel, ela havia tocado em um ponto crucial para Naruto: Hinata era uma Hyuuga, e a herdeira de Hyunin, e ela não deixaria isso tudo para trás a fim de ficar com ele. Pelo menos de tudo o que Hanabi conhecia de sua irmã, aquilo era algo que ela podia ter como certeza. Hinata sempre havia aceitado com muito grado e com muita honra a herança que lhe fora imposta desde o nascimento. E além disso ela ainda está casada com Neji.

– Sempre a vi vestida dessa mesma forma, na verdade. O vestidinho de Senhora que precisou ser rasgado para que ela tivesse maior liberdade para se mover.

Hanabi riu sem humor, lembrando-se que quando fora capturada pelos Uchihas. Utilizava o vestido de senhora cor-de-rosa que Hinata havia praticamente forçado-a a usar, e que ela havia rasgado, além de sujar inexplicavelmente aquele tecido caro e delicado.

– Ela sempre gostou dos vestidos de Senhora que utilizava. Deve estar ansiosa para utilizá-los novamente.

Por mais que Naruto fosse sofrer com aquilo, Hanabi sentia que ele devia se acostumar com a verdade. Uma das coisas que havia aprendido durante sua vida era que, por mais que a verdade fosse dolorosa, ela era a verdade, e não havia nada além dela. Os sonhos e desejos não eram a realidade, e ninguém podia viver por eles para sempre.

– Você está empenhada em me apresentar os fatos, não é mesmo? – Naruto reconheceu.

– Estou. Eu cansei de ver pessoas sofrendo.

Antes que Naruto respondesse qualquer coisa, Hinata trouxe uma túnica de estopa e calções de lã, o que eles tinham condições de comprar no momento. Colocou diante do corpo de Hanabi e, constatando que serviam, comprou. Comprou também umas botas velhas de couro usadas, mas que seriam suficientes até que alcançassem o exército da Rainha Senju e reencontrassem seu querido papai. Então Hanabi teria belas roupas de cetim, linho fino e seda para vestir, mesmo que o pai ignorasse sua existência.

Sakura comprou apenas uma túnica, pois a sua estava acabada. Sua túnica nova era de linho, já usada, mas tinha unicamente a cor verde, bastante escura. Os calções pretos e as botas que ela usava anteriormente ainda estavam utilizáveis, sem manchas de sangue.

Devidamente vestidas, estavam agora preparadas para seguir a caminhada. Quanto antes chegassem até o exército de Tsunade Senju, melhor, pois a partir de lá estariam seguros. Lá, Hanabi teria a certeza de que não voltaria a ser escrava. Agora, andando em terras Uchihas, ela não sentia nenhuma grande segurança em relação àquilo.

Pararam de caminhar apenas à noite, quando estavam em uma terra com rochedos e algumas árvores esporádicas e conseguiram achar um bom espaço para acampamento. Sasuke acendeu um fogo, onde assariam a carne que Sakura havia caçado com seu arco que era do povo élfico. Quando pensava naquele povo, nas histórias sobre Sakura e Sasori serem ehyrim, percebia o quanto havia no mundo para ser conhecido, e desejava ainda menos retornar à infelicidade daquele castelo e de todas aquelas muralhas que o rodeavam.

– O que vocês ehyrim têm de diferente de nós? – Hanabi perguntou para Sakura quando ambas estavam diante da fogueira. Hinata e Naruto estavam conversando alguma coisa, e Sasuke estava arrumando a tenda, com Kirin ao redor tentando brincar a todo momento.

– Como assim?

– É que eu nunca percebi nada de diferente em Sasori… para mim, ele era um grande amigo, mas uma pessoa como qualquer outra. – Olhou para Sakura. – E você também não me parece diferente.

Sakura sorriu.

– Não temos grandes diferenças. Ehyrim é a mistura entre humanos e elfos. Temos leves diferenças anatômicas, que não são facilmente perceptíveis, e necessitamos da magia da pedra Lápis-lazúli para viver, enquanto vocês podem viver tranquilamente sem ela.

– E como que você e Sasori sobreviveram sem essa magia?

Sakura deu de ombros.

– Ninguém sabe explicar ao certo. Quase todas as pessoas de nossa espécie estavam nascendo fracas e vivendo poucos anos. Geralmente vivemos de trezentos a quinhentos anos, mas não estávamos indo muito além dos quarenta. Existiam algumas pessoas que já nasciam com a magia em seus corpos, e conseguiam sobreviver… só que essas pessoas foram se tornando cada vez mais escassas. Na época em que eu ainda vivia na Ilha Beltz eram tão poucos…não posso imaginar como está hoje.

– E você e Sasori saíram de lá por isso?

– Saímos de lá pois já não tínhamos família… a única pessoa de nossa família que restava era Chiyo, e ela estava disposta a tomar conta de nós dois.

Hanabi não evitou um sorriso.

– Sasori falava-me com frequência de Chiyo, e do quanto sentia falta dela. Mas ao mesmo tempo também falava sobre estar aliviado por ela não ter sofrido o mesmo destino que nós.

O sorriso de Sakura lembrou-a de Sasori com uma clareza assustadora, quase sentiu como se ele estivesse ali novamente.

– Chiyo é a melhor pessoa que já conheci, e não tenho dúvidas de que ela está em paz agora, assim como Sasori.

Ainda doía muito para Hanabi lembrar que Sasori havia morrido. Por vezes, quando acordava assustada no meio da noite, procurava pela presença dele, a fim de sentir sua segurança, e o desespero a sufocava quando não o encontrava. Apenas ao ver Hinata sentia-se mais calma, mas ainda assim havia uma diferença crucial entre os dois. Enquanto Sasori fomentava sua esperança de liberdade, Hinata fazia com que ela sentisse como se estivesse prestes a ser presa novamente. Por mais que amasse e sua irmã e valorizasse o fato de Hinata ter enfrentado o mundo para salvá-la, ainda tinha aquele sentimento. Sabia que o desejo de Hinata era levá-la de volta para Hyunin. Mas a cada minuto, a cada respirar, tinha ainda mais certeza de que não queria retornar para lá.

– Sasori ainda poderia estar aqui. Bastava que tudo tivesse acontecido mais cedo, e nós teríamos fugido…

Sakura segurou a mão de Hanabi, e havia uma suavidade tranquilizante em seu toque.

– Eu fiquei pensando nos “se’s” por um dia inteiro após ter partido do castelo naquela noite. Agora, eu finalmente entendi que não há por que continuar a se fazer o mártir. Às vezes, coisas acontecem porque os deuses julgam necessário… eu ainda não sou capaz de compreender o porquê de Sasori ter necessitado morrer, mas foi o que aconteceu, e já não podemos mudar isso. O que podemos fazer é seguir. Mantê-lo em nossos corações e em nossas memórias, mas sem culpabilizar-nos… porque o único e maior culpado disso tudo, você sabe quem é. Você conhece o nome dele, Hanabi.

Hanabi sentiu o ódio fluir em seu interior apenas ao pensar sobre aquele nome. No início, seu ódio por Obito Uchiha era maior do que qualquer coisa, e continuava a ser grande por tudo o que ele havia feito para ela. Mas sabia muito bem que qualquer coisa que Obito fizesse, era para conquistar a aprovação daquela única pessoa que ela odiava agora acima de qualquer outra.

– Madara Uchiha.

Sakura apertou sua mão com mais força. Talvez ela conseguisse sentir a raiva que fluía no corpo de Hanabi apenas por lembrar daquele nome.

– Foi ele quem assassinou Sasori, e foi ele quem tirou vocês de casa. Mas não quero incentivar seu ódio, quero apenas que seja capaz de amar um pouco mais a si mesma, Hanabi. Madara não é nossa responsabilidade. Existe alguém, no momento com maior capacidade, que cuidará do futuro dele.

Hanabi sentiu o fogo da raiva diminuir em seu corpo, dando lugar a uma maior tranquilidade. Saber que Madara teria seu merecido destino fazia com que as coisas se tornassem mais aturáveis.

– Sim. Lembrarei disso.

Então, Sasuke aproximou-se de Sakura, e começou a falar com ela sobre qualquer coisa que não era interessante para Hanabi. De alguma forma, sentia que Sasuke desejava ocupar o lugar de Sasori na vida de Sakura, e aquilo a irritava profundamente. Em especial porque parecia, por vezes, que Sakura estava disposta a permitir aquilo. Ninguém jamais tomará o lugar de Sasori. Ao menos não para mim.

Naruto e Hinata vieram logo depois, quando a carne já estava quase no ponto. Os quatro mais velhos conversavam e riam, mesmo em meio a toda a tensão que os rodeava. Naruto contava histórias de suas viagens posteriores na companhia do tal Sor Kakashi, e Sasuke denunciava os momentos em que ele acrescentava coisas à história, causando risos entre todos. Para Hanabi, rir vinha sido algo bastante difícil e raro. Mas quando Naruto contou sobre sua aventura na Capital Konoha, quando caiu em uma poça de estrume, ela não conseguiu segurar uma leve gargalhada. A sensação foi até mesmo estranha para o seu corpo.

– Olha só, ela ri! – Naruto brincou. Hanabi ofereceu um leve sorriso em resposta.

– Acho que eu não lembrava que podia. Obrigada por ter feito com que eu lembre.

Hinata passou a mão pelos seus cabelos de maneira protetora.

– Você está a salvo, e em breve estaremos seguras. Já pode redescobrir seu riso, Hana.

Será que eu digo para ela agora que não encontrarei sorrisos no mesmo lugar que ela?

Hanabi gostaria de poder ser uma irmã melhor para Hinata, especialmente após tudo o que ambas haviam passado. Quando era mais nova, não pensava sobre aquilo, se tivesse pensado naquela época, hoje teria tempo. Agora que ela reconhecia, já era tarde demais.

Realizaram sua refeição e, então, entraram na tenda velha, aliviados pela falta de chuva. Hanabi sempre se deitava ao lado de Hinata, pois confiava nela com a sua vida.

– Estamos quase chegando, Hanabi. As coisas serão diferentes a partir de agora, posso garantir.

– Diferentes como?

Hinata, que antes estava deitada olhando para cima, virou-se de lado e olhou na direção de Hanabi, mesmo que enxergassem muito pouco em meio à escuridão.

– Nosso pai receberá você melhor. Talvez todos esperem que estejamos mortas, mas quando nos verem, irão se surpreender… quando souberem o que você fez, Hanabi, todos irão idolatrá-la, tal como os prisioneiros…

Havia algo de doce naquela perspectiva, algo que nem mesmo em seus melhores sonhos Hanabi podia sentir como uma possibilidade palpável. Imaginar o pai recebendo-a de braços abertos e elogiando-a por qualquer coisa que pudesse ter feito era irreal, e Hinata devia saber daquilo. Hinata não devia tentar alimentar faltas esperanças.

– Eu não quero voltar, Hinata. – Confessou. Não podia enxergar o rosto da irmã em meio à escuridão, mas seu silêncio repentino foi resposta suficiente, sustentado por um engolir seco.

– Não quer? – Perguntou ela, como se não tivesse ouvido direito.

– Eu não consigo querer voltar… só de pensar em nosso pai, e na forma como todas aquelas pessoas sempre me trataram, eu sinto a agonia crescer dentro de mim. É como se eu estivesse retornando diretamente para o cativeiro, diretamente para as mãos de Obito Uchiha, e isso eu não posso suportar.

A respiração de Hinata ficou mais pesada, e Hanabi pensou que ela provavelmente iria chorar, o que fez com que se sentisse ainda mais terrível. Mas é o meu desejo, e você precisa entender… querer ser livre é a minha maior ingratidão. 

– Nós podemos mudar isso, Hanabi. Depois de tudo o que aconteceu as coisas podem ser diferentes, você sabe que podem.

– Eu não acredito que possam. – Talvez sua resposta tivesse sido seca, mas era necessária. – Eu fui humilhada, torturada e sofri inúmeros tipos de violência, Hinata. Não há nenhuma possibilidade que eu ainda seja a garotinha que você costumava cuidar, a garotinha que você fazia com que acreditasse que era possível a mudança. Você lembra quantas vezes me fez acreditar nisso de maneira frustrada? Eu sei que você sempre fez pensando no melhor, mas as coisas mudaram agora. Eu cansei de ser violentada, e eu não consigo pensar na ideia de retorno. Mesmo que isso signifique ficar longe de você, que é minha única família e que fez tudo o que pôde por mim.

Novamente, Hinata levou um tempo para assimilar. Mas Hanabi sentia um leve alívio por ter sido capaz de falar tudo aquilo que desejava.

– Eu entendo, Hanabi. E não obrigarei você a fazer qualquer coisa, sabe disso…, mas ainda teremos muito tempo para pensar sobre isso. Agora, vamos apenas descansar.

Hanabi não respondeu, mas entendeu. Hinata ainda não tinha aceitado que ela não retornaria para Hyunin. Hinata, sendo quem era, ainda guardava uma fagulha de esperança, pois aquela era uma de suas principais características, era o que havia movido sua vida até ali, onde estavam agora. E aquilo fazia com que Hanabi sentisse uma admiração pura e intensa por sua irmã mais velha, sua segunda (ou terceira) mãe. Mas, infelizmente (ou felizmente), já tinha certeza de que sua ideia não mudaria. Ela jamais voltaria para Hyunin. Mesmo que aquilo significasse abandonar toda a esperança personificada em sua querida irmã.


Notas Finais


Espero que tenham gostado <3
O próximo será do Itachi. Beijos!


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