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História Crônicas de Heróis - Arrependimento


Escrita por: UchihaAika

Notas do Autor


Oi!

Capítulo 54 - Arrependimento


Itachi

 

 

 

O tio de Itachi mantinha as mãos duramente cruzadas sobre a mesa, e uma carranca sobre o queixo endurecido. Carranca talvez sequer fosse a melhor palavra para descrever aquilo que ele via no rosto do rei de Austerin, que apenas o era porque Itachi havia permitido. Ele enxergava a raiva, talvez já transformada em ódio. Madara Uchiha podia estar a salvo atrás das fronteiras de Austerin, mas ele não era capaz de aceitar, de maneira alguma, que seus dois prisioneiros mais valiosos tivessem escapado entre seus dedos em um momento tão crucial. Especialmente assassinando dois de seus guardas. Aquilo era demais para o homem mais orgulhoso que Itachi conhecia.

–  Quem eles pensam que são?! Matar nossos soldados desse jeito… pai, se me permite, quero comandar a equipe de busca. Encontrarei os ratos em qualquer buraco sujo em que tenham se enfiado, isso eu garanto.  –  Disse Obito Uchiha. Este também não parecia nada satisfeito, mas não ganhava de seu pai.

–  Eu permito, pois você, filho, é o único em que confio de fato. Tenho certeza de que não falhará comigo.

–  E não falhará.  –  Karia disse, em tom penetrante que não abria espaço para dúvidas. Os olhos lilases dela correram de Obito para Itachi, e ali permaneceram. Ele tratou de desvia-los o mais rapidamente possível.

Lembrava-se que sua mãe não gostava da presença de Karia, e de alguma forma, sempre que a mulher estava por perto, Mikoto voltava à sua memória. Pouco a via, por um tempo ficara sem nem mesmo saber que ela acompanhava Madara na guerra, mas quando a viu pela primeira vez, ficara extremamente surpreso. Seu tio dava ouvidos à mulher, e talvez ela possuísse muita coisa além da estonteante beleza, que a acompanhava mesmo que sua idade já tivesse passado dos trinta anos.

–  Reunirei poucos homens, pois não precisaremos de muitos. Eles não pegaram cavalos, não roubaram nada além do machado de Styg, o que significa que estão a pé, fracos e desarmados. Não será nada difícil trazê-los de volta.

–  Eu sei, filho. Parta. Encontre-os.

Obito beijou a mão de Madara sobre o seu anel de rei: ouro puro com um grande rubi incrustado na frente.

Logo depois, Karia segurou o rosto de Obito entre as mãos finas e beijou sua testa com lábios coloridos de vermelho escuro.

–  Não consigo aceitar que tenham sido tão imprestáveis a ponto de deixá-los fugir!  –  Esbravejou Madara, após Obito deixar o pavilhão.

Itachi achava aquilo muito bem feito. Seu tio precisava aprender, de uma maneira ou de outra, que não era dono de ninguém, e que uma coroa na cabeça e um anel de ouro no dedo não o faziam melhor que qualquer outra pessoa. Uma pena que apenas dois fugiram, e não todos.

Por vezes, Itachi percebia-se torcendo para que Tsunade Senju prosperasse, e conseguisse tomar seu povo de volta derrotando os austerinianos. Ainda que ele fosse um austeriniano, não enxergava nada de certo naquilo que seu tio e os Lodes Protetores faziam. Eles haviam distorcido ao máximo o significado que, para Itachi, sempre fora o significado de ser um rei. Meu pai parecia não concordar comigo, mas tenho a terrível sensação de que ele concordaria menos ainda com Madara, e que sentiria ainda mais vergonha de mim por saber que fui o responsável por entregar a coroa a ele. 

–  Não seja tão duro consigo mesmo e com seus homens, vossa graça. Havia uma fronteira a ser protegida, e isso, que era o mais importante, foi feito com êxito. Os prisioneiros escaparam, mas muitos deles restam.

O olhar que Madara dirigiu a Karia foi duro e prolongado.

–  Você sabe muito bem que os que fugiram eram os que mais importavam.

Itachi sabia que a menina era Hanabi Hyuuga, e por isso possuía grande importância como refém. Já o rapaz, ele não tinha ideia de quem era. Sequer sabia de sua existência até aquele momento: quando começaram a falar da fuga dos dois prisioneiros protegidos (que não eram exatamente protegidos, no sentido integral da palavra).

–  Por que o rapaz importa tanto?  –  Percebeu-se perguntando. Os dois olharam em sua direção, Madara agiu como se tivesse lembrado de sua presença apenas naquele instante.

–  Pensei que não tivesse interesse nos assuntos que envolvem a guerra, Itachi.

–  De fato não tenho.  –  Retrucou, sem prolongar o assunto. O que quer que fosse, realmente não era de sua conta. Itachi tinha coisas mais importantes com o que se preocupar, como por exemplo em voltar para casa e afundar-se em livros, em busca de respostas para todos os enigmas e problemas com os quais havia batido de frente naquela longa jornada.

–  Ótimo, pois seu lugar de fato não é aqui. Amanhã mesmo enviarei você e Karia de volta para Torreal, escoltados por alguns guardas. Vocês deverão chegar mais rapidamente assim, e em segurança. Percebo agora que não devia ter trazido nenhum dos dois.

Karia pareceu transtornada com aquele último comentário.

–  Você é mesmo um ingrato, Madara.

Ela girou, com as saias roxas rodopiando sussurrantes ao redor de suas pernas, e saiu da tenda. Itachi havia tido convívio suficiente com aquele exército para saber o quanto a presença de Karia o incomodava (isso que seu convívio havia sido realmente escasso). Não sabia por que todos se incomodavam tanto com ela, inclusive a mãe, sendo que ele, particularmente, não sentia nada de estranho sobre sua presença. Lembrava-se de Naruto, ainda novo, perguntando se Karia era uma bruxa. Será que ele perguntaria isso hoje? Como ele se parece hoje? E Sasuke… será que se parece com nosso pai? Tenho a impressão de que deve lembrar mais minha mãe.

–  Por que está mandando ela embora?  –  Perguntou ao tio.

–  Os homens não gostam da presença dela, e isso atrapalha tudo. Mas não é de sua conta, de qualquer forma. Arrume suas coisas e amanhã voltará ao seu ninho quente e protegido.

Meu ninho não é quente nem protegido desde que minha mãe foi assassinada. Mas ainda assim, é o ninho que me resta. Eram fênix, eles diziam, que renascia das cinzas. Sua mãe não renascera das cinzas, nem seu pai. Ele, certamente não seria mais capaz que os outros dois.

Deixou o pavilhão de seu tio transtornado, tal como Karia. Sentia mágoa de Madara mais vezes do que gostaria, e a mágoa trazia consigo o sabor amargo do arrependimento. Quando o arrependimento chegava, tentava convencer a si mesmo de que não poderia estar fazendo nada de melhor para Austerin se estivesse no lugar do tio, mas a resposta vinha automaticamente, gravada em um rosto de olhos verdes e cabelos cor-de-rosa… se aquele rosto de fato fosse real, possivelmente já não mais existia, juntamente com tantas outras pessoas inocentes. E aquilo, ele tinha certeza de que não teria feito caso tivesse assumido o trono de seu pai. Poderia não ter sido um bom rei para Austerin, mas seria um rei melhor para os seres humanos.

No restante do dia, Itachi não saiu de sua tenda nem mesmo para sentir a luz do sol contra sua pele. Teria uma viagem longa o suficiente pela frente, onde sequer conseguiria escapar do sol, então podia evitá-lo por um dia sem problemas maiores.

Sentia falta de Shisui para conversar, e especialmente da biblioteca. Havia tantos livros que ainda não tinha explorado, e agora havia tanta coisa nova para descobrir. Inicialmente ele se arrependera amargamente de ter vindo naquela jornada, pois nem mesmo seus irmãos haviam surgido em seu caminho. Mas havia acontecido algo único, especial o suficiente para acabar com qualquer arrependimento, e agora Itachi sabia por onde começar. Até hoje ninguém havia conseguido descobrir quem assassinara seus pais. Ele, contudo, descobriria. Havia uma mancha vermelha que surgira em dois momentos de sua vida, e que precisava ter algum significado. A mancha o empurrara para aquela jornada, e nela descobrira que a mancha poderia também ter relação com o assassinato de seus pais.

Pegou no sono quando estava escurecendo, e no outro dia foi acordado antes mesmo de o sol nascer, para preparar suas coisas.

–  Sua graça pediu para que vossa alteza leve apenas uma pequena arca com poucas roupas, e deixe o restante para ser carregado pelo exército maior. Ele não pretende enviar para vossa alteza e a mulher mais que uma carroça puxada por bois, para que a viagem não se arraste.

Itachi concordou, pegando a menor arca que tinha trazido e colocando apenas mais dois calções, duas túnicas e dois justilhos de couro fervido, além de roupas íntimas, uma capa e outro par de botas. Além daquilo, não precisaria de muita coisa, caso sua viagem de fato fosse rápida como esperavam.

–  Vossa alteza pode seguir em paz, que os escravos tratarão de desmontar o acampamento mais tarde.  –  Disse o rapaz.

Os escravos… será que ele ao menos sabe o que está dizendo? O rapaz não podia ter mais de treze anos, possivelmente não entendia de uma maneira mais ampla nada do que estava acontecendo ali. Não compreendia a injustiça que Madara estava cometendo com aquelas pessoas, pois estava cego demais por uma justiça mentirosa que era plantada em sua cabeça por um discurso feito com maestria. Ou será que estou errado? Pois é isso que vejo meu tio fazer, e é isso que vejo esses pobres homens seguirem.

Itachi tinha pena deles, de fato. Desejava que muitos deles pudessem encontrar uma nova forma de observar o mundo, para então compreender tudo de uma forma mais desprovida de ódio.

O rapaz selou seu cavalo, um palafrém sarapintado de castanho, e Itachi montou, seguindo para onde um grupo de quinze cavaleiros se reunia ao redor de Karia. Foi aberto espaço para que Itachi entrasse também no espaço entre eles, enquanto ao lado, dois homens guiavam uma carroça grande puxada por dois bois.

Madara beijou a mão de Karia, que parecia irritada sobre o dorso de seu cavalo.

–  Em breve voltaremos a nos encontrar. E você cuide dela, Itachi.

Ele apenas assentiu. Cuidaria dela por ser uma mulher e por nunca lhe ter feito algo de mau, e não por seu tio ordenar, com aquele seu tom real, que fizesse isso. E então, eles iniciaram sua cavalgada.

Itachi não podia deixar de notar que Karia olhava apenas para frente, com as narinas salpicadas por adoráveis sardas dilatadas de irritação.

–  Ainda está irritada com meu tio?  –  Ele acabou perguntando. Sua viagem seria longa demais para que a realizassem em completo silêncio. Além disso, ele nunca havia conversado com Karia antes. Talvez ela tivesse algo interessante a dizer, talvez soubesse qualquer coisa sobre a mancha vermelha…. Porque ela é uma bruxa, eu diria, mas preciso lembrar que não sei se ela é de fato.

Os olhos lilases e pálidos de Karia olharam em sua direção, não desprovidos de qualquer simpatia, e um sorriso breve surgiu em seus lábios coloridos, naquele dia de um leve tom de rosa.

–  Estou, pois ele é um ingrato. Ao menos, permitiu-me voltar com uma companhia mais agradável que a dele.

Karia tinha uma voz musical, ele nunca havia notado tão claramente como naquele instante. Itachi limitou-se a sorrir em resposta.

–  Você também parece se sentir aliviado por seguir em frente sem ele em seu encalço.

Ou estou aliviado por não precisar mais conviver com o terror que ele está causando para todas aquelas pessoas.

Em segredo, Itachi torcia para que a menina Hyuuga e o rapaz desconhecido conseguissem fugir para o mais longe possível, e nunca mais fossem encontrados por seu primo.

–  Meu único alívio é poder estar em casa mais cedo.

–  Nada como estar em casa. Especialmente quando a casa é um lugar protegido dentro de muralhas e mais defesas quase impenetráveis. Pouco se precisa ver das barbaridades que o mundo de fora nos mostra… também gosto de estar em casa.

Itachi nunca imaginou que o Latíbulo da Fênix fosse visto por Karia como casa. Ainda que ela passasse a maior parte do tempo por lá com seu tio, ele não a tratava como parte de sua família, e nem mesmo do conselho, ainda que muitos soubessem que ela sussurrava aos seus ouvidos mais do que os outros conselheiros.

–  E quando foi exatamente que o Latíbulo da Fênix virou sua casa? Perdoe-me pela pergunta um tanto quanto indiscreta, mas desde que nasci vivo lá, e poucas foram as vezes em que a vi naquele lugar.

Karia sorriu para ninguém em específico.

–  Desde que Madara começou a precisar de mim por perto. Quando isso começou, você tinha nascido há pouco tempo, eu bem lembro, ainda que eu fosse bastante jovem com meus treze anos.

Itachi mal conseguia acreditar que aquela mulher diante dele era treze anos mais velha. Seu rosto e seu corpo demonstravam a mesma idade de Itachi, não muito além.

–  E por que meu tio precisava de você?

Os penetrantes olhos lilases encontraram os seus de uma maneira que chegou a causar certo desconforto.

–  Ele havia perdido a jovem esposa e enviado o filho para ser criado em um local distante, a terra natal da esposa dele nos desertos. Madara sofria, e eu ajudei-o a superar esse sofrimento. Hoje, contudo, ele não parece se lembrar disso, e honestamente não sei se ainda tenho paciência suficiente para fazer com que se lembre.

Aparentemente eu não sou o único a estar perdendo a paciência com o meu tio. Mas Itachi não sabia se aquilo significava algo. Até agora, ele, Karia e Shisui eram os únicos que haviam perdido a tal da paciência. E Shisui deve estar me esperando enraivecido, não tenho dúvidas. Seu primo não havia gostado nem um pouco quando Itachi confessara que partiria com o exército de seu tio.

O restante da viagem naquele dia correu tranquilamente. Passaram por caminhos acidentados, onde a estrada destacada por profundos sulcos serpenteava entre grandes colinas verdes e outras pedregosas. Alguns córregos corriam ao lado da estrada, e em alguns pontos, lagos mais calmos estendiam-se até que Itachi não mais pudesse enxergar seu fim.

Acamparam à noite, na beira do maior lago que haviam visto naquele dia. Itachi imediatamente soube que se tratava do Lago Profundo pois era amplo e estava abaixo de pequenos penhascos, sobre os quais Itachi se encontrava. Havia poucas árvores ali, mas um gramado amplo sobre o qual podiam montar acampamento tranquilamente. Itachi trazia uma barraca pequena própria, pois não gostava de dividir o espaço durante o sono.

Haviam parado somente no crepúsculo, e quando Itachi terminou de montar sua barraca, a noite já havia tomado conta do espaço. O céu estava limpo onde eles estavam, com as estrelas e uma grande lua minguante enfeitando o céu e o lago, mas distante dali uma tempestade feroz se formava. Não seria bom quando ela os alcançasse, mas não tinham outra escolha senão aceitar a natureza.

Os cavaleiros haviam caçado patos selvagens, e agora assavam a carne em espetos dispostos ao redor de brasas, temperados com alho, cebolinhas e alecrim. Assavam também grandes cebolas, em espetos separados.

Eles costumavam fazer comidas menos ricas em tempero quando no acampamento de guerra, mas agora era diferente, pois acompanhavam o príncipe de Austerin e a acompanhante (ou fosse o que fosse) do rei, Madara Uchiha. Enquanto isso, as pessoas tomadas por Madara como escravas, alimentavam-se dos restos daqueles alimentos tão mal preparados que ninguém desejava comer, e também não possuíam escolha: ou comiam aquilo, ou morriam de fome.

Itachi sentou-se próximo ao penhasco baixo, e observou o céu aberto sobre o local em que estavam. Ao Leste, a grande tempestade se aproximava, os relâmpagos lançavam seus raios luminosos para todo o mundo. Em tempestades como aquela, costumava se lembrar de Naruto e Sasuke mais do que seria agradável, e também de sua mãe e de seu pai. Naruto e Sasuke corriam para o seu quarto quando os trovões ressoavam contra as paredes do castelo como se um gigante tivesse as atacando, e ele acendia uma vela, e lia histórias infantis para os dois. Os irmãos acabavam por dormir em sua cama, e quando Mikoto vinha procurá-los, demonstrava o alívio explícito em seu amável rosto ao perceber que ambos dormiam tranquilamente. Fugaku forçava ao máximo o seu rosto para ser austero, mas Itachi ainda assim conseguia perceber, mesmo que seu relacionamento com o pai não fosse dos melhores: ele amava os dois meninos, e até mesmo gostava de observá-los dormir.

Pensar naquilo era tão estranho… era quase como se tudo tivesse ocorrido em uma outra vida.

–  Você sente falta de seus irmãos, não é?

A voz dela despertou-o de seus devaneios, mas Itachi sequer havia percebido que ela havia ocupado um lugar ao seu lado. As saias roxas estendiam-se sob seu corpo como se fossem pétalas de uma flor gigante.

–  Certamente.  –  Ele respondeu.

–  Você ainda acha que os verá mais uma vez?

Era estranho pensar sobre aquilo, pois ele não tinha certeza. Estava convencido de que Sasuke havia escolhido abandoná-lo, e agora, mais do que nunca, entendia o motivo. Ele era tão novo e já percebia que Madara não seria bom… como eu, que sempre me achei tão inteligente, pude permitir a mim mesmo acreditar que ele seria bom? Sempre foi tão óbvio…

–  Eu não sei.  –  Respondeu.  –  Mas e quanto a você? Sua família…?

Nada sabia sobre Karia, e duvidava que alguém soubesse. Madara talvez, mas apenas ele, ninguém mais.

O sorriso dela foi sem qualquer humor.

–  Minha mãe vive, em algum lugar desse mundo, fazendo o que nasceu para fazer. Meu pai… este eu nunca soube quem era. Se tive irmãos, não os conheci.

Aquela devia ser uma vida infeliz.

–  O que sua mãe nasceu para fazer?

Karia deu de ombros.

–  O trabalho dela, sobre o qual não gosto de falar. Enquanto isso, eu faço o meu…  –  Itachi a interrompeu.

–  E qual é o seu?

Os olhos lilases pareceram relampejar.

–  Aconselhar… observar… coisas nas quais sempre tive grande talento, confesso. Agora, por exemplo…  –  A mão de Karia deslizou até encontrar a dele, e pousou suavemente sobre ela. Sua pele era macia como seda.  –  Observo que você sofre, meu príncipe. Sofre por seus irmãos, sofre por muitas pessoas… sofre por seus pais.

Itachi sentiu-se ainda mais triste naquele instante, e a mão de Karia, sobre a sua, pareceu tão convidativa… ele quase apertou-a contra o peito, mas se conteve.

–  Sim, meus pais… nunca houve justiça por seu assassinato. Justiça era tudo o que eu queria, mas sequer sabemos quem fez isso.

Manteve oculta a parte sobre a magia vermelha. Aquilo não falaria a ninguém… ou talvez falasse a Shisui, mas apenas a ele. Havia muito a ser investigado, e enquanto nada ficasse claro, qualquer um era suspeito.

Ainda assim, os olhos lilases dela estavam completamente intrigados, e não desgrudavam dos seus.

–  Você suspeita de algo, meu príncipe? Sempre foi muito inteligente…  –  Os dedos dela correram até o seu pulso com tal suavidade que ele quase não percebeu.  –  Parece-me que você já tem algumas ideias sobre o que pode ter acontecido. É de fato um caso muito estranho, que nem mesmo os grandes investigadores de Austerin conseguiram concluir qualquer coisa.

Itachi sabia daquilo, mas precisava ser cauteloso, especialmente com ela. Ainda que Karia estivesse sendo amável, e fosse detentora de uma incrível beleza que ele mal podia resistir, ainda se lembrava de quem ela era: tão próxima de seu tio que certamente contaria tudo a ele.

–  Meu tio Madara diz que foram os Senju, que eles têm a pedra Lápis-lazúli.  –  Respondeu, sendo o mais vago possível. Nada além daquilo devia ser dito, muito menos sobre a moça de cabelos cor-de-rosa, e a luz vermelha.

O rosto dela tornou-se duro.

–  Seu tio Madara está perdido, de nada sabe.

–  Você ainda está com raiva dele?  –  Questionou, ansioso por mudar de assunto.

–  Estou, e estarei por um longo tempo.

–  Eu compreendo. Não é fácil aceitar ingratidão.

–  Não mesmo.

Karia sorriu, e lentamente aproximou-se dele. Itachi sentiu cada músculo de seu corpo congelar quando ela enterrou os dedos finos em seu cabelo e puxou-o para perto. Esperou, com o coração acelerado, que ela beijasse seus lábios… mas ela desviou o percurso e tocou sua bochecha com os lábios macios. Ele quase podia sentir formigamentos na região em que havia sido tocado.

–  Bom saber que ao menos você tem a capacidade de me compreender. Agora, vou descansar, meu príncipe. Tenha uma boa noite.


Notas Finais


Espero que tenham gostado s2
Próximo capítulo será da Sakura. Beijos :*


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