História Crossed Destinies - Somos muito diferentes!

- Você estava com ele, né? – eu estava andando pela casa me preparando para ir trabalhar enquanto PV andava atrás de mim feito uma sombra.

- Com ele quem, Paulo Vitor? – perguntei já cansada dessa ladainha.

- “Com ele que, Paulo Vitor?” – repetiu minhas palavras com uma voz fina.

- Eu nem falo assim, cara – revirei os olhos.

- Foda-se! – disse estressado. – com quem mais poderia ser? A não ser que você tenha outro cara na sua vida.

- Tive muitos caras na minha vida nos últimos anos – disse sabendo que isso o deixaria ainda mais estressado. – no entanto, no momento eu não tenho ninguém e não devo satisfações pra ninguém além de mim mesma. – pisquei pra ele o vendo bufar.

 - EU NÃO SOU NINGUÉM? – perguntou já gritando.

- Eu não sei, você é? Porque você não parece querer entrar na minha vida. Não desse jeito.

- Que jeito? – perguntou estendendo as mãos em sinal de dúvida.

- Me controlando, me sufocando, querendo que eu apague meu passado. – enumerei com os dedos. – precisa de mais alguma coisa? – questionei. Ele ficou alguns minutos em silêncio. Entrei no meu quarto e ele continuava andando atrás de mim o que estava me deixando ainda mais estressada do que eu já estava.

- Vocês transaram? – perguntou depois de longos minutos em silêncio.

- Meu Deus, Paulo Vitor! Que diferença isso faz agora?

- Você sempre responde perguntas com outras perguntas? – dei de ombros – alias, faz diferença pra mim – voltou ao assunto.

- Sim, nós transamos. – respondi enfim – se sente melhor agora? – ele não me olhava. Por um minuto eu me senti mal por ter dito aquilo, mas ele queria saber a verdade, né? PV ficou mais alguns minutos em silêncio e eu voltei a arrumar minha bolsa. Tomei um susto quando meu corpo se chocou contra a parede e o seu corpo se colou ao meu. Sua respiração estava a centímetros da minha pele e quando eu sentia o vapor quente meus pelos se eriçavam.

- Foi bom pra você? – perguntou no meu ouvido, fazendo meu corpo todo reagir. Não consegui responder – tão bom como o nosso “quase”? – eu respirava ofegante.

- É melhor voc... – antes que eu pudesse terminar de falar, Paulo Vitor colou seus lábios nos meus de forma desesperada e cheio de pressa. Minhas mãos estavam presas nas costas me impedindo de empurra-lo, mas eu nem queria mesmo. Sua boca desceu pelo meu pescoço, mas logo subiu para a minha novamente.  Sua língua passeou pelo céu da minha boca me deixando extasiada. Por quanto tempo eu poderia ficar ali, beijando ele? Se dependesse de mim a vida inteira, mas pelo jeito dependia dele e PV tinha planos diferentes.

- Tenho que ir – disse assim que se afastou, me deixando ali desnorteada.

- O que? – perguntei respirando com dificuldade. Ele me olhou, mas baixou o olhar. Não conseguia me olhar nos olhos.

- Tenho que ir. Os meninos estão me esperando.

- Qual é o seu problema? – perguntei furiosa.

- Meu problema? – me olhou de verdade pela primeira vez naquele dia – olha o que você fez com nós.

- “Nós”? Tem certeza que existe um nós? Porque eu acho que eu e você não somos nada. – disse de braços cruzados.

- É assim que você nos rotula?

- Rotulo? Paulo Vitor, nós estamos ficando não tem nem um mês e você quer um rotulo? – me olhou indignado.

- É pelo jeito nós somos bem diferentes mesmo.

- Só agora você foi perceber isso? – perguntei indo atrás dele enquanto ele saia do quarto. – você tá pensando o que, Paulo Vitor? Isso aqui é vida real. Não é nenhum filme da Julia Roberts não. O que você pensou? Que nós fossemos ser iguais e nós daríamos milagrosamente bem e viveríamos felizes para sempre?

- Tá bom, Khyara! Eu já entendi. Você quer curtir e eu quero relacionamento. Eu só pensei que estivéssemos na mesma – eu fiquei em silêncio sem nem conseguir responder.

- É melhor a gente ir, né – um dos meninos disse se levantando do sofá sendo acompanhado pelos outros.

- Como assim você quer relacionamento? Porque você nunca me disse?

- Se você não consegue perceber é porque não dá pra gente ficar junto mesmo né? – disse como se fosse obvio.

- AH VAI PRO INFERNO, PAULO VITOR – ele estendeu as mãos como quem não entende nada e saiu em direção ao elevador. Voltei para o meu quarto e terminei de me arrumar.

Uma semana depois

- Você acha que eu peguei muito pesado com ele? – Jessica revirou os olhos.

-Se você acha que pegou muito pesado então tem que ir atrás dele e não ficar aqui falando o tempo inteiro “Ai, você acha que eu peguei muito pesado?”, “será que ele vai me perdoar?”, “será que ele tá chateado?” – disse com a voz fina.

- “Vai se ferrar, Jessica” – disse da mesma forma.

- Eu não me lembro de você ter dito isso. Quando foi? – agora foi minha vez de revirar os olhos.

- Quando você estava ai desesperada achando que estava gravida eu não fiquei reclamando de você. – semicerrei os olhos.

- Falando nisso, já pensou um Douglinhas vindo ai? Em? – cruzou os braços.

- As pessoas usam camisinha, Jess. Não é porque você não usa que ninguém mais vai usar – pisquei pra ela que me olhou de cara feia. Ficamos em silencio um tempo, eu bebericava o suco que havia pedido, mas sem vontade alguma para beber e Jess fica me olhando, me deixando incomodada.

- Olha só Khyara, se você tá se sentindo mal ou tá sentindo falta dele então vai atrás, cara. Sei lá, pede desculpa pelas coisas que você falou e por não ter percebido que ele gostava de você. Se precisar faz um strip-tease pra ele, ou qualquer coisa – sorri balançando a cabeça em negação – mas faz alguma coisa porque eu não aguento nem mais um dia você com essa sua cara de luto. – a olhei por alguns segundos tentando entender o que eu realmente deveria fazer. É claro que eu estava sentindo falto de Paulo Vitor, mas ele me aceitaria assim tão fácil? Ou ele me chutaria assim que me visse na porta da casa dele? Será que eu não deveria esperar ele vir atrás de mim? Ele viria? – se você ficar esperando ele aparecer vai acabar ficando sozinha. – abri a boca varias vezes pra falar alguma coisa, mas não consegui. Jessica lia meus pensamentos.