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História Crush - (Extra) Como lidar com o ciúme.


Escrita por: jeonhurts

Notas do Autor


Olha quem tá de volta!

Eu prometi pra mim mesma que postaria esse extra antes do fim do ano, e por muito pouco não consigo cumprir essa promessa. Sabem como é, a falta de criatividade bateu na porta e eu abri. Muita gente já sabia desse capítulo antes dele começar a ser escrito, então eu peço desculpas por ter feito vocês esperarem tanto por isso aqui @_@

Enfim, enfim. Agradecimentos especiais pra Yasmim, pra Mariana e também pra Mi, isso aqui nem estaria sendo postado se não fosse por vocês, muito obrigada por tudo. Um agradecimento especial também pra cada um que leu, favoritou e comentou, de verdade, eu sequer imaginava que alguém leria essa tentativa de fluffy fracassada, muito menos que iriam gostar.

Agora são uma da manhã e eu tô morta, juro que corrijo os erros amanhã.
Boa leitura, espero que curtam! ♡

Capítulo 2 - (Extra) Como lidar com o ciúme.


Fanfic / Fanfiction Crush - (Extra) Como lidar com o ciúme.

– Eu tenho certeza de que vocês vão conseguir ganhar esse jogo. Estarei lá na arquibancada, gritando o seu nome e xingando quem quer que torça contra o nosso time. – brinquei, dando uma piscadela. Um sorriso pequeno surgiu nos lábios rosadinhos do rapaz à minha frente, mas aquela expressão tensa e ansiosa se recusava a abandonar seu rosto. Um suspiro escapou da minha garganta ao mesmo tempo em que meus braços enlaçaram o pescoço de Taehyung e meus dedos se enrolaram em seus fios de cabelo castanhos. – Não consigo enxergar o motivo de tanto nervosismo. Vocês chegaram até aqui sem perder nenhum jogo, não há o que temer. – sorri, tentando reconfortá-lo. – Dê o seu melhor dentro de campo, se concentre no jogo e, acima de qualquer outra coisa, tome muito cuidado.

– É um jogo de futebol – o castanho riu. –, não uma luta de boxe. E você precisa entender que o jogo de hoje não é uma partida qualquer, é a final do campeonato. Todos nós sonhamos com esse momento desde o começo da temporada, não podemos perder logo agora. Estou preocupado porque sei que o outro time é tão bom quanto nós. Um erro nosso e podemos colocar tudo a perder. – os olhos avelã foram para o chão, demonstrando toda a insegurança que ele sentia naquele momento.

– Eu já te disse, tenho certeza de que vocês irão ganhar. E mesmo que não ganhem, não será o fim do mundo. A vida é feita de vitórias e derrotas, a gente também precisa aprender a perder. – murmurei de modo compreensivo. – Por mais que você seja o melhor jogador que eu já vi e o melhor capitão que esse time poderia ter, não será sempre que vocês conseguirão vencer. Essas coisas fazem parte, sabe. – depositei um selar em sua bochecha, trazendo sua atenção para mim novamente. – Apenas dê o seu máximo e será recompensado.

Taehyung deu um risinho. – Recompensado por você? – as mãos dele foram até a minha cintura e apertaram o local. Eu ri quando notei as segundas intenções em sua frase, mas concordei com a cabeça do mesmo modo.

– Também.

– Isso me deixa um pouco mais motivado. – sorriu malicioso, arrancando-me uma risada um pouco mais alta.

Eu nunca me acostumaria com a sensação de ter os lábios de Taehyung grudados aos meus. Meu coração palpitava toda vez que isso acontecia e as minhas pernas ficavam bambas, mal suportando o peso do meu corpo. Minha mente ficava nublada e eu não conseguia pensar em mais nada e nem ninguém além de Tae. Eu gostava daquelas sensações, não me importava em perder o controle do meu próprio corpo e parecer um bêbado sempre que nos beijávamos. Eu sabia que causava reações parecidas nele também, então isso me acalmava e tranquilizava um pouco os meus batimentos cardíacos tão acelerados. Era fofo o modo como Taehyung me segurava, como se eu fosse escapar de seus braços a qualquer segundo – o que nunca aconteceria, e todos nós temos consciência disso –, os braços firmes na minha cintura e o corpo terminantemente colado ao meu.

– Acho que você precisa ir agora. – sussurrei, praticamente sem ar nos pulmões. Minhas bochechas ardiam e minha respiração estava acelerada, mas isso não impedia o castanho à minha frente de continuar me roubando selares. Eu já conseguia escutar os berros animados dos torcedores de ambos os times que entrariam em campo em poucos minutos, e isso acabou me trazendo para a realidade novamente. – O jogo está prestes a começar e eu nem sei se o Jimin conseguiu guardar um lugar pra mim! Ele deve estar querendo me estrangular por causa da minha demora.

– Realmente. – Taehyung riu e balançou a cabeça em concordância. Levou uma das mãos até a minha bochecha e afagou o local com carinho, fazendo com que um sorriso bobo surgisse em meu rosto. Não me culpe, pessoas apaixonadas agem de modo idiota. – Obrigada por estar aqui. Me sinto mais confiante e motivado a vencer sabendo que você vai estar naquela arquibancada, torcendo por mim. – ele suspirou fraquinho, como se um peso tivesse sido retirado de seus ombros, e eu não pude deixar de me sentir orgulhoso de mim mesmo por ter conseguido amenizar o nervosismo que o assombrava até poucos momentos atrás.

– Você sempre terá o meu apoio, pra tudo. – murmurei, apertando ainda mais o seu corpo contra o meu. – Agora vai, anda! Você tem um campeonato pra ganhar. – sorri abertamente, empurrando-o fracamente pelo ombro. Taehyung riu e assentiu, roubando-me mais um selinho antes de se virar e sair correndo em direção aos vestiários.

E aquele sorriso idiota e apaixonado continuava presente no meu rosto, sem dar nenhum sinal de que pretendia sair.

[...]

Gritei do começo do jogo até o fim, e obriguei Jimin a gritar comigo também. Nosso time manteve a vantagem de dois gols até o final, mas o time adversário não desistiu ou recuou em momento algum. Os meus olhos ficaram focados em Taehyung durante todo o tempo, eu estava preocupado com ele. Berrei quando um jogador do outro time o derrubou no chão, berrei quando o juiz não aplicou nenhuma penalidade e berrei ainda mais quando notei que, devido à queda, Taehyung começara a correr de modo lento e ainda por cima mancava. Meu coração quase parou quando o vi parado no meio do campo, apoiado em seus próprios joelhos, respirando ofegante e com uma carinha de dor.

– Isso é futebol, Jeongguk, eles estão acostumados a se machucarem desse jeito! Relaxa aí, tenho certeza que o seu namoradinho tá legal. – Jimin tentou me tranquilizar ao perceber que eu estava prestes a ter um colapso ali mesmo. Acho que eu teria feito um vexame se ele não estivesse ali comigo, e agradeci aos céus por ter um amigo como Jimin sempre ao meu lado.

Ele já havia me segurado pelo capuz do moletom quando eu ameacei invadir o campo pra dar um soco na cara daquele juiz mequetrefe, jogado uma garrafinha de água em mim quando notou que eu estava suando mais do que os jogadores e ainda dividiu comigo o cachorro quente que tinha comprado – aquele troço era mais caro que um celular novo e eu simplesmente me recusei a pagar um preço daqueles num simples cachorro quente.

O momento é de crise, amigos.

Quando o jogo – finalmente – terminou, eu pulei tanto que Jimin me bateu e ordenou que eu parasse, pois a arquibancada já estava tremendo e ele tinha certeza de que ela desabaria se eu continuasse quicando feito um idiota. Ignorei suas palavras rudes e tentei sair daquela muvuca de pessoas que havia se formado no meio da arquibancada – precisei empurrar uns e acabei derrubando outros pra conseguir escapar daquela confusão, mas isso aí a gente deixa quieto. Assim que consegui chegar ao campo lotado de torcedores e jogadores, o rosto vermelho, suado e sorridente de Taehyung foi tudo o que os meus olhos conseguiram captar.

Ele parecia tão feliz que eu fui obrigado a sorrir também. Seus companheiros de time davam batidinhas em suas costas e todos eles gritavam animados, comemorando a vitória tão merecida e fazendo festa ali mesmo, no meio de campo. Sequer notei quando os meus pés começaram a se mover inconscientemente em direção a Taehyung, como um ímã. Eu sabia que ele estava encharcado de suor, fedido e grudento, mas minha vontade de abraçá-lo era maior do que tudo naquele momento. E era isso o que eu faria, claro, se um corpo forte e robusto não tivesse entrado na minha frente de supetão, se jogando contra o Kim com força e o abraçando apertado – justamente como eu deveria estar fazendo naquele momento.

Aquele garoto usava o uniforme do time da nossa escola, mas eu não o reconhecia. Ignorei a pontada de ciúme que surgiu com força em meu peito e comecei a caminhar novamente, mas desta vez com o rosto um pouquinho mais sério e os olhos ameaçadores na direção do estranho que estava agarrado ao pescoço de Tae.

Assim que o Kim me notou ali, empurrou o rapaz que o abraçava e alargou ainda mais o sorriso enquanto vinha na minha direção. Seus braços puxaram-me com firmeza pela cintura e eu sequer me importei quando sua camisa suada se colou ao meu peito, consequentemente molhando de suor o meu moletom limpinho. Agarrei-o pelo pescoço e o puxei para mais perto, murmurando próximo ao seu ouvido dezenas de parabéns e dizendo várias e várias vezes que ele deveria ter me dado ouvidos, pois eu sabia que eles seriam os vencedores daquele campeonato desde o começo. Taehyung riu baixinho e concordou, apertando-me ainda mais naquele abraço e fazendo com que um sorriso satisfeito surgisse em meu rosto.

Quando nós nos soltamos, alguns minutos depois, vi que o desconhecido que se jogara contra Tae e o abraçara com força ainda estava ali, nos observando com um singelo sorriso. Olha, eu sei que é errado essa coisa de julgar sem conhecer e tal, mas a cara daquele garoto me pareceu tão falsa quanto essas bolsas “de marca” vendidas em camelô. Eu não sabia se era só o meu ciúme pensando por mim, mas ele realmente não me pareceu nem um pouco confiável, nem um pouco mesmo.

Lembrei-me que Jimin havia me dito que seu radar da falsidade berrava quando ele se aproximava de algumas garotas da sua turma de francês, mas eu não tinha entendido o que ele queria dizer com aquilo. Bem, até agora. O meu radar da falsidade – se é que eu tinha um também – me alertava que aquele garoto não era uma boa pessoa, e que aquele sorriso de cobra peçonhenta não era nada verdadeiro.

Taehyung me abraçou de lado e eu enlacei meu braço ao redor da sua cintura quando o estranho se aproximou de nós. Encarei-o como se tentasse desvendar suas intenções apenas pela sua expressão, mas quando ele me encarou, tratei de colocar um sorriso amarelo na cara. Ele aparentava ser amigo de Tae – e pelo modo como se abraçaram, deveriam ser bem próximos –, então, até que eu descobrisse seu verdadeiro propósito com aquele sorriso falso de naja, o trataria bem e não seria mal educado.

Ugh, Deus, quando foi que eu comecei a pensar exatamente igual ao Jimin?! Preciso urgentemente rever as minhas amizades.

Os outros jogadores do time passaram gritando atrás de nós e atraíram a atenção de Tae por alguns instantes. Eles apontavam para o Kim e o parabenizavam pela conquista, berravam que a braçadeira de capitão do time estava em boas mãos e que aquela conquista seria comemorada pelo resto do ano. Chamaram-o para ir festejar também, mas Taehyung recusou com um gesto de cabeça e um aceno rápido. Ele já havia me falado que não era muito fã de festas, que se sentia sufocado e zonzo quando estava em um ambiente apertado e cheio de pessoas, como se fosse desmaiar a qualquer segundo. Os colegas de equipe pareceram entender, pois apenas o parabenizaram novamente, acenaram animados e então foram em direção à saída do campo.

Tae pigarreou antes de focar sua atenção novamente em mim e no garoto estranho parado bem à nossa frente. – Jeon, esse aqui é o Yugyeom. Ele é o centroavante do time, e hoje foi a primeira vez dele como titular no campeonato. – explicou, abraçando-me um pouco mais forte. Eu apenas concordei com a cabeça, encarando o garoto que tinha um sorriso supostamente simpático nos lábios. Alguma coisa nele não me cheirava bem, mas eu simplesmente não conseguia adivinhar o que era. – Você jogou muito bem, cara, meus parabéns! – Taehyung parabenizou-o, parecendo animado pelo amigo.

Ergui as sobrancelhas ao notar o sorriso do garoto crescer ainda mais e suas bochechas – já rosadas por causa de toda a correria e esforço que havia tido no jogo – tomarem um tom ainda mais rubro.

– Obrigado, hyung, você também foi incrível. – o tal Yugyeom respondeu. De repente as orbes negras se focaram em mim, finalmente notando que eu também existia naquela conversa. O garoto, que aparentava ter a minha idade, alargou o sorriso em minha direção e puxou-me para um rápido abraço. Meu corpo inteiro se retesou e eu arqueei de susto, mas ele não pareceu notar. Eu não era muito fã de contato, ainda mais sendo com um desconhecido, e só não o empurrei por pura educação. – É um prazer te conhecer, Jeongguk-ssi. Eu já ouvi falar bastante sobre você, estava curioso para saber para quem o hyung dedica todos os gols que faz. – falou ao se afastar de mim e inclinou a cabeça para o lado, como um filhotinho de cachorro.

Foi a minha vez de sentir as bochechas esquentando. Eu não fazia nem ideia que Taehyung falava sobre mim para os seus colegas de time, ele nunca havia me dito nada sobre. Embora eu já conhecesse todos os outros jogadores e até tivesse amizade com alguns deles, era vergonhoso pensar que Tae conversava com eles justamente sobre mim. Coloquei minhas mãos sobre o rosto, sentindo toda a área queimando e queimando como o inferno, e então o aperto em minha cintura foi ainda mais intensificado.

– Eu juro que só disse coisas boas a seu respeito! – Taehyung exclamou, depositando um carinhoso beijo no topo da minha cabeça. Confesso que, por um instante, cheguei a pensar que ele estava mentindo. Veja bem, eu tenho o título de pessoa mais fechada, teimosa e desastrada do mundo inteiro, e se nem eu mesmo consigo ver uma qualidade a meu respeito, imagine Tae? Mas ele sorria de modo tão encantador, seus olhos brilhavam com tanta intensidade que eu simplesmente acreditei cegamente em suas palavras.

– Espero que sim. – foi a única coisa que respondi. Estava encabulado demais para proferir qualquer coisa a mais.

Yugyeom deixou um suspiro escapar enquanto seu olhar variava entre Taehyung e eu. O sorriso continuava em seus lábios, intacto, e por um segundo me perguntei se sua boca já não estava dolorida.

– Enfim, hyung, eu já estou indo. Combinei de ir comemorar a vitória com uns amigos, nós vamos à uma pizzaria aqui perto. – falou, gesticulando com a mão. – Vocês querem ir com a gente?

Taehyung me encarou, como se perguntasse se eu estava a fim de ir. Ele pareceu entender meu olhar de cansaço e desânimo, pois balançou a cabeça negativamente enquanto sorria de lado em direção a Yugyeom – este que parecia ansiar por uma resposta positiva nossa.

– Hoje não. – Tae respondeu, e pela primeira vez o garoto à nossa frente parou de sorrir. Ele fez um biquinho e inclinou a cabeça para o lado, fingindo estar magoado. – Deixa pra uma próxima, eu meio que já tenho planos pra hoje. – falou, por fim, dando de ombros. Encarei-o, confuso pela sua última frase. Taehyung, por sua vez, sorriu arteiro para mim e cutucou a minha cintura, provocando-me cócegas e fazendo com que um sorriso surgisse em meu rosto.

– Certo. Então nos vemos na escola, hyung. – Yugyeom disse, puxando Tae de meus braços e abraçando-o com força. Arqueei as sobrancelhas, incrédulo, mas me obriguei a permanecer no mesmo lugar, mesmo que minha vontade no momento fosse tirar Taehyung daquele abraço e chutar Yugyeom até que ele sumisse da minha vista. Sorri do modo mais falso possível e acenei para o garoto que agora corria em direção às arquibancadas, provavelmente indo se encontrar com seu grupinho de amigos.

– E então – Tae falou, chamando a minha atenção. –, o que achou dele?

Eu queria ter dito que minha primeira impressão sobre Yugyeom não tinha sido nada boa, mas não consegui. Queria ter dito que não gostava do modo como ele olhava para meu hyung, que detestava o fato deles parecerem tão próximos. Mas eu simplesmente não o fiz, muito pelo contrário. O meu sorriso – é, aquele falso – alargou-se ainda mais e eu fiz sinal de joinha com ambos os polegares enquanto balançava a cabeça para cima e para baixo lentamente.

– Ele me pareceu bem… – as palavras pareceram sumir, assim, de repente. Tae continuava me encarando com um olhar esperançoso, então eu simplesmente engoli o bolo que se formara em minha garganta e me obriguei a completar a frase. – Legal. – falei por fim, sem realmente saber o que dizer.

– É – o castanho balançou a cabeça em concordância. –, o Yugyeom é muito legal, e também talentoso. Eu realmente espero que o treinador o escale como titular nos jogos da próxima temporada, o garoto é bom. – falou, dando um suspiro aparentemente cansado. Bagunçou os cabelos molhados com uma das mãos enquanto a outra segurou a minha semelhante, entrelaçando os nossos dedos. – Enfim, vamos embora? Eu estou tão cansado que poderia dormir aqui mesmo, no gramado. – riu.

Balancei a cabeça em negação. – Mas nem pensar! A primeira coisa que você vai fazer quando chegar em casa é tomar um bom e longo banho, sério. Todo esse suor já tá me dando nos nervos. – brinquei enquanto fazia uma careta de nojo, vendo-o rir um pouco mais e me encarar com um olhar arteiro.

– Bem, nós vencemos o campeonato. Acho que mereço pelo menos um abraço, não? – perguntou, aproximando-se de mim com os braços bem abertos. Meus olhos se arregalaram e eu neguei prontamente, desesperado.

– Nem pense nisso!

E poucos segundos depois lá estava eu, correndo como um maluco pelo gramado do campo com um Tae risonho e suado atrás de mim.

[...]

O dias pareciam se arrastar e eu já não aguentava mais tudo aquilo. A tão aguardada semana de provas havia chegado e todos estavam uma pilha de nervos, sem tempo para nada além de estudar. Eu sequer conseguia me alimentar bem, quem dirá dormir. As olheiras debaixo dos meus olhos já estavam tão escuras que eu me assustava toda vez que olhava meu reflexo no espelho. A minha aparência era de um zumbi – acho que até um pouco pior. Meu mau humor estava tão grande a ponto fazer Jimin preferir ficar em silêncio quando estava ao meu lado, temendo dizer algo que acabasse me irritando e que me fizesse chutá-lo até a morte.

Mas a semana de provas não era a única culpada pelo meu mau humor, não.

A amizade entre Tae e aquele garotinho do time de futebol – eu prefiro não citar o nome dele, espero que me entenda – já estava me dando nos nervos. Os dois estavam sempre juntos, conversando e rindo à beça, como se fossem melhores amigos. Eu nunca tive problemas com os outros amigos e colegas de Taehyung, mas esse tal Yugyeom não me descia de maneira alguma. Ainda não conseguia acreditar que ninguém notava o modo como ele olhava para Tae, parecia um misto de admiração e – muito – carinho. Nunca fiz a linha ciumento e repudiava aquele sentimento com todas as minhas forças, mas eu simplesmente não conseguia me controlar quando via os dois andando abraçados e sorrindo um para o outro.

Um verdadeira afronta!

– Não acho que ele queira algo a mais que amizade com o Tae. – Jimin falou. Nós dois estávamos sentados na arquibancada da quadra de futebol da escola, cabulando a aula de literatura e assistindo o treino do time de futebol. – Além do mais, eu tenho certeza que o Taehyung teria se afastado desse tal Yugyeom se tivesse notado qualquer segunda intenção nessa amizade. Não entendo o motivo de toda essa preocupação, qual é, não confia no teu quase namorado? – perguntou, dando-me um leve empurrão com o ombro.

Fiz uma careta.

– Eu confio no Tae, só não confio nesse garoto aí. – resmunguei. – Além do mais, o Taehyung é a pessoa mais lerda que eu já conheci em toda a minha vida. Ele só ia perceber que o Yugyeom estava a fim dele quando os dois já estivessem se pegando! – exclamei enquanto balançava as mãos. Jimin riu da minha irritação e eu bufei, nervoso e sem ter a mínima ideia de como acabar com aquela situação. – Ele está até me deixando de lado por causa daquele garoto, dá pra acreditar numa coisa dessas? – perguntei, meu tom de voz saindo mais fino e incrédulo.

Jimin arqueou as sobrancelhas e tirou um pacote de batatinhas da mochila, abrindo-o rapidamente. – Como assim?

– Ele sempre me dispensa quando eu o chamo pra sair. Diz que tá ocupado com o time, que precisa treinar pros jogos que estão vindo, que não tem tempo pra sair comigo…

– Certo, e qual é o problema nisso? – meu amigo indagou, parecendo não compreender a gravidade da atual situação. – Jeongguk, o Tae é o capitão do time de futebol, é totalmente compreensível que ele se dedique tanto à equipe. – resmungou enquanto jogava um punhado de batatinhas na boca, mastigando de boca aberta e fazendo com que milhares de farelos voassem no meu rosto.

– Ugh, Jimin, mastiga de boca fechada! Sua mãe não te deu educação, criatura?! – reclamei, vendo-o rolar os olhos e dar de ombros. – Enfim, o problema aqui não é o futebol. Eu realmente não me importo que o Tae passe horas e horas no campo, essa é a obrigação dele e eu a compreendo totalmente. O meu real problema é que o Yugyeom também está no time, ou seja, quanto mais tempo o Taehyung passa ao lado dos companheiros de equipe…

– Mais tempo ele passa ao lado do Yugyeom. – Jimin completou, parecendo finalmente entender. Eu concordei com a cabeça e suspirei fundo. – Sabe o que eu realmente acho disso tudo?

– O quê?

– Que você tá ficando maluco. Tudo bem que o Taehyung é o tipo de pessoa que ama contato físico e que tá sempre agarrado com os amigos, mas aposto que não passa disso. Ele não seria capaz de trocar você por esse garoto aí. – apontou com o queixo para Yugyeom, este que agora se alongava enquanto conversava com o técnico do time. – Além do mais, vocês ainda nem são namorados. Acho melhor você maneirar nesse ciúme antes que o Tae perceba e fique magoado contigo. – falou por fim, enfiando a mão cheia de batatinhas na boca e desviando o olhar para o treino que acontecia na quadra.

Uma profunda tristeza se apossou de mim. Foi aí que eu me lembrei que Taehyung e eu não éramos namorados, e eu que eu não tinha direito algum de sentir tanto ciúme de uma pessoa que não era nada minha. Eu gostava de Tae, e muito. Aquele sentimento em meu peito parecia aumentar a cada momento que eu passava ao lado dele, a cada sorriso que ele me dava. Meu coração doía só de imaginá-lo ao lado de outra pessoa, sorrindo e fazendo brincadeiras com alguém que não fosse eu. Eu estava muito, mas muito fodido. Deveria parar de fazer suposições e aproveitar o meu – pouco – tempo ao lado de Tae, mas minha mente era perversa e insistia em me lembrar a todo momento que ele simplesmente poderia não gostar de mim na mesma intensidade na qual eu gostava dele.

Observei Yugyeom se levantar do chão da quadra e correr em direção a Taehyung com um sorriso enorme no rosto após conversar com o treinador. Os dois riram alto e se abraçaram com força, pareciam comemorar alguma coisa. Meu coração doeu ao notar que eles fariam sim um bonito casal. Ah, eu realmente deveria parar de pensar naquele tipo de coisa. Só me deixava ainda mais triste, preocupado com toda aquela situação. Mas parecia simplesmente impossível quando eu os via abraçados, agarrados um ao outro e trocando sorrisos empolgados. Eu me sentia cada vez mais excluído, como se fosse o único a não notar que estava sobrando.

– Argh, Jeongguk, será que dá pra parar de fazer essa cara de cachorro abandonado? – Jimin reclamou, dando-me um peteleco bem no meio da testa. – Você tá parecendo uma menininha, um frouxo. Já sei, andou assistindo aqueles filmes de romance de novo, não foi? – perguntou. A incredulidade estava estampada em meu rosto; será possível que Jimin não tinha piedade do meu momento dramático? – Ah, qual é, não tem motivo pra você ficar desse jeito! O Taehyung gosta de você e você gosta dele, ponto final. Não é como se ele fosse te dar um chute na bunda pra ficar com esse garotinho aí, vai por mim, o Tae não é disso. – deu de ombros, comendo mais um pouco das batatinhas.

– Acho que você só vai entender o meu lado quando se apaixonar por alguém.

Jimin riu. – Eu já me apaixonei, tá bom? E foram várias e várias vezes. Você é quem tá vivendo a primeira paixão, criatura, não eu. – suspirou, apoiando uma das mãos no meu ombro e encarando-me com seriedade. – Não é porque as coisas não parecem dar certo nesse momento que você tem que se desesperar, jogar tudo pro alto. Estar em um relacionamento não é fácil, mas você precisa manter o controle da situação. – deu-me alguns tapinhas.

– Manter o controle da situação? – repeti sua fala. – Não me parece tão fácil assim na prática. – resmunguei enquanto observava Taehyung correndo para lá e para cá na quadra. A expressão cansada que ele carregava no rosto me fazia querer ir até ele apenas para ter certeza de que estava tudo bem, porém, antes mesmo que eu pudesse falar a palavra “ciúme”, Yugyeom havia surgido como um demônio ao seu lado. – Nada, nada fácil. – disse entre dentes.

– Ainda não consigo entender toda essa sua raiva pelo Yugyeom. Ele parece ser um cara bacana. – Jimin falou, e na mesma hora eu o encarei com o semblante mais descrente que pude formar.

– Você deve estar de brincadeira com a minha cara, Park Jimin! O garoto olha pro Taehyung como se fosse atacá-lo a qualquer segundo! – exclamei, tão irritado que já podia sentir meu rosto inteiro começar a queimar. – Não é possível que apenas eu perceba isso, não é possível. – murmurei para mim mesmo enquanto bagunçava meus próprios cabelos. O desespero era aparente não só em minhas feições, mas também em minhas ações. Eu não conseguia entender como mais ninguém além de mim notava o modo como Yugyeom encarava Tae ou o tratava; era sempre com tanto carinho, tanta admiração, tanto cuidado.

– Eu não te disse? Você tá ficando maluco, Jeongguk. – Jimin falou, parecendo não dar tanta importância ao meu mini surto. – Qual é, não seja tão exagerado. É mais do que nítido que Yugyeom sente admiração pelo Tae, mas pudera! Ele é o capitão do time de futebol e já ganhou diversos títulos liderando o time, além de ter sido nomeado o melhor jogador da temporada passada. – deu de ombros. – Até eu sinto admiração por ele. – riu.

– Mas é diferente. – resmunguei. – Não sei porque, mas é diferente.

Jimin respirou fundo e me encarou ligeiramente preocupado. – Não se preocupe tanto com isso. Eu já te disse, Taehyung é um cara legal, ele gosta de você pra caramba e eu tenho certeza que não seria capaz de te trocar por qualquer outra pessoa. – o tom de voz do meu melhor amigo era calmo e tranquilo, como se ele estivesse conversando com uma criança. – Agora coloca isso na sua cabecinha e não deixa sair daí, tá legal? Sua mente é tão perversa e estranha que até eu me assusto às vezes. – murmurou.

Dei uma mínima risada. – Cala a boca.

– Certo, certo, eu cansei desse papo. – disse enquanto se levantava e batia as mãos nas coxas, limpando-as dos farelos de batatinha. – Vou à cantina, tô morrendo de fome. Me acompanha?

[...]

Após o término das aulas, comecei a caminhar em direção ao ponto de ônibus que ficava bem em frente ao prédio onde eu estudava. Taehyung mandara uma mensagem no penúltimo período avisando que não poderia me dar uma carona pois tinha assuntos a tratar com Yugyeom e os dois iriam sair para resolvê-los. Minha cara de cu deveria ser enorme, já que Jimin se aproximou de mim sem dizer absolutamente nada – embora um sorriso ladino ocupasse seus lábios. Ele se despediu de mim e seguiu rua abaixo, alegando que sua mãe pedira para que ele a buscasse no trabalho antes de ir para casa.

Antes que eu pudesse continuar meu caminho até o ponto de ônibus, senti meu pulso ser puxado com uma força desmedida. Taehyung estava parado ao meu lado, sorrindo carinhosamente em minha direção enquanto Yugyeom permanecia um pouco afastado de nós, provavelmente esperando-o para que pudessem ir.

– O que é? – perguntei, sem querer soar tão rude, mas já soando. Estava zangado e com ciúmes, não tinha a mínima obrigação de ser educado, mas Tae não merecia que o tratasse daquele modo. Por sorte a minha, ele não pareceu notar meu tom indelicado, pois o sorriso em seu rosto continuou lá.

– Quero que me encontre amanhã. – falou. Abri a boca para respondê-lo, mas ele continuou. – Às oito, naquele parque perto do bosque.

Ergui as sobrancelhas, confuso. – Não posso faltar aula amanhã, Tae. Preciso ver os resultados das minhas provas, marcar a recuperação com os professores. Não tem como adiar pro sábado? – perguntei, um pouco receoso.

Tae rolou os olhos. – Até parece que você ficou de recuperação em alguma coisa. É um gênio mirim, o aluno mais inteligente de toda essa escola! – sorriu brilhantemente e deu-me uma piscadela.

– Não seja exagerado. – resmunguei, mas tenho certeza que ele não escutou.

Taehyung tinha o costume de me colocar num pedestal, de sempre me elogiar e falar o quanto eu era inteligente. Eu nunca concordei com suas palavras. Embora Tae fosse a pessoa mais sincera que eu já havia conhecido, o que ele dizia sobre mim não parecia condizer com a realidade. Tudo bem que eu sempre tive problemas em relação à minha autoestima – e esses problemas, inclusive, fizeram com que minha mãe chegasse à conclusão de que eu precisava de um acompanhamento psicológico para parar de pensar coisas negativas sobre mim mesmo –, mas, sei lá, aqueles elogios pareciam não ser verdadeiros.

Não que eu pensasse que Taehyung mentia para mim quando me elogiava, longe disso. As palavras dele eram sempre sinceras e cheias de carinho, como se ele quisesse provar para mim mesmo o valor que eu tinha ao seus olhos. Ele tinha uma impressão errada sobre mim. Eu não era tão inteligente quanto ele dizia, nem tão bonito para que ele estivesse sempre me elogiando e dizendo que meus olhos eram brilhantes e meu sorriso reluzente. Acho que era bem aí que a minha insegurança achava uma brecha pra entrar na minha mente e fazer uma bagunça lá dentro.

Eu não me achava o suficiente para Tae. Ele era um cara simpático, lindo e absurdamente talentoso. Tudo bem que os meus sentimentos por ele eram tão fortes que não haviam palavras para descrevê-lo, mas isso parecia não bastar. Eu tinha medo que Taehyung acabasse encontrando alguém melhor do que eu – e isso não seria tão difícil assim, vai por mim – e resolvesse me dar um pé na bunda; meu coração doía só de pensar na hipótese de vê-lo ao lado de alguém que não fosse eu.

– Vamos lá, eu sei que ando um pouco ausente, quero compensar isso. – Tae fez um biquinho bonitinho e pendeu a cabeça para o lado. Ele parecia um filhote de cachorrinho implorando por carinho. – Uma falta não vai manchar o seu histórico impecável, eu prometo. – e juntou ambas as mãos, olhando-me esperançoso. Eu bufei e olhei para os meus tênis sujos, já sabendo o que viria a seguir. Tae riu ao notar que eu estava prestes a ceder, e então continuou. – Qual é, por favor, eu tenho algo realmente sério pra falar com você.

– E por que não fala agora? – rebati.

– Porque não a escola não é lugar pra isso. – resmungou.

Eu ri brevemente. – Nós não estamos na escola, estamos na rua.

– O que deixa tudo ainda pior! Nós não vamos conversar aqui, e se não for me encontrar amanhã, eu nunca mais falo com você. – cruzou os braços e arrebitou o nariz, encarando-me como se esperasse por uma resposta minha. Tae conseguia ser uma verdadeira criança quando queria; insistia e perturbava até que suas vontades fossem realizadas, levando-me à loucura com seu poder de persuasão que até hoje me deixava confuso e curioso para saber como diabos ele fazia aquilo. – E então?

Bufei, rolando os olhos. – Tudo bem. Mas eu já deixo bem claro que você será um jogador de futebol morto se essa falta me prejudicar de alguma forma. – procurei soar o mais ameaçador possível, mas soube que havia falhado no momento em que Tae riu e concordou com a cabeça.

Ele me deu um abraço rápido e em seguida caminhou até Yugyeom, puxando-o pelo braço em direção ao prédio da escola novamente. Por um momento eu havia até me esquecido que aquele garoto estava ali, então vê-lo correndo ao lado de Tae provocou uma pequena dorzinha em meu peito. Ignorei a minha desconfiança que berrava para que eu fosse atrás dos dois – afinal, o que eles pretendiam fazer na escola após o horário de aula? – e decidi que ir para casa era minha melhor opção no momento. Desejando que um ônibus passasse por cima de mim e me poupasse de sentir aquele maldito ciúme que parecia me consumir mais a cada segundo, suspirei fundo e comecei a caminhar novamente.

Não sabia o que esperar do dia seguinte.

[...]

Minha madrugada foi tão horrível quanto queijo estragado. Eu simplesmente não conseguia pregar os olhos por mais de uma hora; sempre acordava suado, ofegante e tremendo da cabeça aos pés. Tive tantos pesadelos que até perdi as contas, mas conseguia me lembrar perfeitamente que Tae estava em todos eles. Nos pesadelos ele sempre me dizia que eu não era o bastante para ser seu namorado, ou então que já estava apaixonado por outra pessoa e que por isso queria terminar o nosso suposto relacionamento. Aqueles sonhos pareciam tão reais que era impossível eu acordar de algum deles sem lágrimas nos olhos e o coração despedaçado, mal conseguindo respirar. Durante a madrugada eu tentei me ocupar com qualquer outra coisa que fosse – já que estava claro que eu não conseguiria dormir sem ter outro pesadelo –, mas não consegui.

Permaneci jogado na cama até as sete da manhã, pensando em tudo e nada ao mesmo tempo. Ao notar que me atrasaria se não me arrumasse logo, levantei-me. Caminhei até o banheiro com uma disposição igual a zero e repleto de olheiras debaixo dos olhos. Tae provavelmente fugiria de mim antes que pudesse terminar comigo apropriadamente, merda, eu estava parecendo um zumbi. Sorte a minha que meus pais já haviam saído para o trabalho, então eu não precisaria enfrentar o questionário da minha mãe sobre a minha cara de morto e os bocejos que escapavam da minha boca a cada segundo.

O caminho até o parque não foi muito longo. O ônibus estava vazio e eu me sentei atrás, como sempre. Minha cabeça doía e a minha vontade era de dar pra trás, fazer meu caminho até a escola e enfrentar os três períodos de química sem nem pestanejar. Mas eu não podia fazer isso, não podia adiar o que – eu achava que – estava por vir. Por um momento xinguei a mim mesmo por ser tão pessimista a ponto de pensar apenas coisas negativas a respeito da conversa que Tae queria ter comigo, mas aquilo parecia ser mais forte do que eu; era praticamente impossível evitar que uma onda de hipóteses ruins tomasse a minha mente e me obrigasse a esperar apenas o pior.

Quando cheguei ao local marcado com Tae, ele já estava lá. Me olhou, sorriu – e meu coração bateu mais forte nesse momento, mas você já deve saber disso –, e segurou a minha mão, arrastando-me parque afora sem me dar chances de negar.

Eu realmente daria de tudo pra ver a minha cara naquele momento. Deveria estar impagável, já que Taehyung riu ao olhar pra mim e pareceu contente ao notar minha reação. Meus olhos se encheram de lágrimas ao notar os diversos corações de papel jogados pela grama. Em cada um deles havia uma frase, isso eu conseguia notar, e o meu maior desejo naquele momento era parar e ler um por um – mas aquilo não seria possível, já que Tae continuava me puxando com uma força desmedida e sequer me dava chances de reagir. Também tinha uma árvore enorme, e o tronco marrom dela era iluminado por várias luzinhas que piscavam na cor branca – a minha predileta. Ao notar uma toalha xadrez estendida na grama e uma cesta posicionada em cima dela, ri de modo incrédulo, sem crer no que os meus próprios olhos enxergavam. Tudo estava tão absurdamente lindo, simples e perfeitamente organizado, como só Tae saberia fazer. Um sentimento de alívio tomou posse dos meus pensamentos naquele instante, um peso enorme parecia ter finalmente saído das minhas costas. A mão de Taehyung continuava segurando a minha, firme, e aquilo me fez sorrir como o idiota apaixonado que eu realmente era.

– Eu queria fazer isso há algum tempo, sabe. – ele me segredou, falando tão baixo que eu mal podia escutar. – Mas esperei até que o momento certo chegasse. E o momento é agora. – eu o encarei e, céus, ele parecia tão mais bonito naquele moletom. O sorriso em seu rosto era a coisa mais bonita que eu já havia visto em toda a minha vida, e foi impossível não sorrir junto. – Foi tudo planejado às pressas, então eu espero que goste.

Eu balancei a cabeça, exasperado. – É perfeito.

Tae parou de andar e fez com que eu virasse de frente para ele, segurando ambas as minhas mãos e respirando fundo, como se estivesse tomando coragem. – Eu não sou muito bom com as palavras, você sabe, então quero que escute sem me interromper. – riu fraco. – Não sei dizer exatamente quando foi que acabei me apaixonando por você, mas aconteceu. Meu coração bate forte quando você sorri e minhas pernas tremem quando você me beija e, merda, isso soa tão ridículo. – suspirou. – Mas é a mais pura verdade. Eu sei que você não se enxerga como eu te enxergo, e eu me pergunto se você é cego ou algo parecido pra não notar o quão espetacular você é. Deus, eu juro que não entendo como é que você consegue ser tão bom. – olhou para cima rapidamente, mas logo tornou a me encarar. – Eu me pego pensando em você no meio da aula, no horário de almoço, e até mesmo nos treinos de futebol. Droga, você não sai da minha cabeça em nenhum momento, e isso já tá me enlouquecendo! Eu queria muito saber como foi é que você faz eu me sentir mais encantado e apaixonado por você a cada segundo que passamos juntos, mas acho que ninguém saberia explicar isso. – deu de ombros, erguendo a mão para secar as lágrimas que escorriam livremente pelo meu rosto. – O que eu sinto por você é algo profundo e intenso, e eu cheguei a conclusão de que não consigo mais estar numa relação indefinida contigo. Você é muito importante pra mim e, por mais que nenhum de nós dois realmente se importe com rótulos ou títulos, eu não posso perder a chance de ver você usando uma aliança idêntica à minha no dedo. – sorriu brilhante, levando a mão que anteriormente secava meu rosto até o bolso de trás da calça e tirando de lá uma caixinha bonita e aveludada. – Então, Jeon Jeongguk, o garoto mais bonito e inteligente que eu já conheci, a pessoa que tem a voz mais doce que eu já escutei, o dono do sorriso mais lindo de todo esse mundo – falou, aproximando-se de mim com cautela. –, você quer namorar comigo?

Eu estava prestes a enfartar. Meu coração batia forte e eu respirava tão rápido que poderia me engasgar com o ar. Minhas mãos suavam e tremiam como nunca e, embora eu sentisse que estava prestes a desmaiar, não poderia deixá-lo esperando por uma resposta. Ele parecia tão nervoso quanto eu, ah, não era possível que ele ainda achasse que eu seria capaz de dizer não. Abracei-o com tanta força que pude jurar ouvir um resmungo de dor, mas realmente não me importei com isso.

– Sim. – murmurei, emocionalmente incapaz de dizer qualquer coisa a mais.

E quando ele me beijou, naquele momento, eu não pude me sentir mais feliz. Mandei para o inferno todos aqueles pesadelos que haviam me atormentado durante toda a madrugada – no fim, eram apenas pesadelos. As mãos de Tae apertando a minha cintura deixavam bem claro que ele não pretendia me dar um pé na bunda, muito pelo contrário. Ele me puxava como se quisesse me manter perto dele a cada segundo, como se não tivesse coragem de desfazer aquele gostoso abraço. E eu agradecia profundamente por isso, porque era ali, unicamente nos braços dele, que eu conseguia me sentia seguro e amado como nunca antes.

[...]

– Eu não esperava por isso. – falei, incrédulo.

Eu havia acabado de descobrir que Yugyeom, o garoto que supostamente era apaixonado por Tae, na verdade tinha ajudado com o pedido de namoro, desde a decoração até a escolha das alianças que agora estavam em nossos dedos. Não sabia o que dizer naquele momento. Um misto de vergonha e arrependimento por ter pensado – e dito – coisas ruins a respeito do garoto começou a aparecer, e eu não pude me sentir mais ridículo naquele momento. Yugyeom não era e nunca seria uma ameaça e, pelo modo como Tae dizia que ele havia se empenhado em ajudar em tudo o que podia, cheguei a acreditar que talvez ele fosse nosso fã número um. Fiz um lembrete mental para não me esquecer de agradecê-lo na manhã seguinte, quando o visse na escola. Ruim ou bom, ele havia sido uma das peças mais importantes em toda aquela história, e eu prometi para mim mesmo que nunca mais julgaria alguém sem conhecê-la apropriadamente. Acho que o meu radar da falsidade não funcionava tão bem quanto o de Jimin, então resolvi aposentá-lo até segunda ordem.

– Achei bonitinho ver você se mordendo de ciúme – Tae riu. –, mas não entendi porque não veio conversar diretamente comigo para resolvermos esse assunto. Gosto quando compartilha as coisas comigo, não é bom guardar tudo sozinho. – murmurou, carinhoso.

Eu suspirei. – Eu sei, me desculpe.

– Não se desculpe por isso. – sorriu abertamente. – Apenas converse comigo quando algo estiver te incomodando. Eu gosto de te ver sorrindo, e juro que farei qualquer coisa pra te deixar feliz. – falou por fim, deixando-me encabulado a ponto de me fazer esconder o rosto na curvatura de seu pescoço. Eu nunca me acostumaria com o carinho presente até mesmo nas palavras proferidas por ele; todo aquele sentimento parecia tão irreal.

Embora a insegurança ainda estivesse lá, tentando achar uma brecha para se manifestar, o que realmente me acalmava era saber que Taehyung estava disposto a gostar de mim por nós dois; ele queria, acima de qualquer outra coisa, fazer com que eu me visse do jeito que ele me via. E eu era tão, mas tão sortudo por tê-lo como namorado. Apenas por um momento resolvi deixar tudo de lado e me aconcheguei melhor naquele abraço, sentindo todo o amor que ele poderia me oferecer e desfrutando ao máximo daquele sentimento que eu sabia que seria eterno.


Notas Finais


@supportaekook

vamo ser amiguinhas no twt ♡
deem muito amor ao meu filho yugyeom ♡


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