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História Da Infância à Adolescência - Capítulo XII. Demaquilante de Baranga I


Escrita por: AoKiriDay

Capítulo 12 - Capítulo XII. Demaquilante de Baranga I


A notícia de que Elesis tinha se acidentado já havia se espalhado já há um tempo por todo o colégio. Especialmente quando o Isolet chegou ao refeitório com uma expressão tensa inusual e quase arrancou o braço de Sieghart fora com “Você vem comigo”. O moreno seguiu sim, Lass, deixando sua raiva de Dio para trás e se perguntando o que no mundo poderia ter deixado Lass, que parecia um desses esquisitões inatingíveis, tão aflito.

 Na porta da enfermaria, o albino virou para ele:

— Escuta, a Elesis Elsteiner está aí dentro e ela sofreu um acidente faz pouco menos de vinte minutos.

— O quê? Como?! — Sieghart indagou esbaforido, pego de surpresa pela notícia.

— Ela caiu da escada.

No rosto de Lass o moreno identificou a ironia. Claro que não. A ruiva não era desastrada, só esquentada mesmo. Não a imaginava pisando em falso ridiculamente. Ela não parecia um ser comum desses que tropeça nos próprios pés ou que o chinelo enrosca no chão liso.

Sieghart suspirou.

— Ela está bem?

— Sim. Ela bateu de leve a cabeça e desmaiou. Não machucou nada, por sorte. Ficaram algumas marcas no braço e no rosto.

Assentindo, Sieghart tentava imaginar, apreensivo por ela estar do outro lado da porta.

— Te chamei porque você devia tentar conversar com ela. As pessoas que estão perseguindo ela parecem ter feito isso por sua causa. — murmurou o albino, colocando as mãos nos bolsos. Os olhos azuis estreitaram, tentando visualizar toda a situação. Sieghart mordeu o lábio por dentro.

— E você quer que eu diga o quê? Ela mal me conhece. Nós não nos damos bem, você sabe.

Lass virou-se, visivelmente irritado, e segurou a gola do moreno, assustando uma dupla de meninas que passavam. Ele suspirou, não deixando Sieghart ver seu raríssimo olhar zangado.

— Você vai entrar lá dentro e tentar convencê-la a dizer quem tem mexido com ela nos últimos dias. Eu sei que você tem ideia de quem são os responsáveis e, sinceramente, só precisamos que ela admita. — o albino afirmou, soltando o moreno e cruzando os braços novamente. Seus olhos azuis transmitiam profundo incômodo.

— Mas que saco, hein. — Sieghart resmungou, desistindo completamente de resistir. No fundo, ele não estava gostando nada dessa história, mas o sentimento que possuía pela ruiva era indecifrável, fazendo-o desejar que ele não se aproximasse mais, pois as coisas só tendiam a ficar piores na presença dela. “É impossível que essa garota amaldiçoada como todos dizem... Isso é uma idiotice sem tamanho”.

Ele abriu a porta para entrar, mal percebendo que Lass já havia desaparecido – como sempre, igual a um ninja.

— Oh, se não é meu adorável irmão! — exclamou animado o capitão, se levantando da cadeira ao lado da maca de Elesis. A ruiva arregalou os olhos, colocando um bico feio para ele.

— Ugh! Pode dar meia volta, ninguém te quer aqui. — Elesis disse com um tom de irritação, gesticulando. — Xô, xô!

— Eu sou cachorro, agora?! — Sieghart rosnou, mostrando o dedo do meio para ela.

Ronan riu, batendo no ombro do irmão que era por cinco centímetros mais baixo.

— Por favor, não briguem aqui. Vocês ainda não se acertaram? — Ronan perguntou, se sentando outra vez.

Elesis suspirou, arrumando os cabelos, até então soltos. Ela não olhou para o moreno nenhuma vez. Na bochecha esquerda tinha uma gaze e o cotovelo junto com o antebraço esquerdo estavam enrolados por uma faixa.

Sieghart permaneceu quieto, tentando não deixar sua mente vagar por muito tempo. Ele estava ali por obrigação, negócios, e não para sentir pena da garota ou para achar ela estranhamente atraente machucada e com o conjunto rosinha da enfermaria.

— Não tem nada para “acertar”. Eu ficaria agradecida se ele nunca mais aparecesse na minha frente. — Elesis resmungou, pegando uma caixa com laço em cima do criado-mudo ao lado de um vaso cheio de lírios.

— Hmf, não estou aqui por querer, garota. — Sieghart retrucou. — Eu soube do seu acidente pelo Lass.

A ruiva arqueou levemente a sobrancelha.

— Sei. O Lass é muito mais preocupado do que eu imaginava, então. — Elesis disse, ainda sem olhar para os dois presentes, comendo um bombom da caixa.

— Por enquanto é melhor você descansar, Elesis. — Ronan disse, com um sorriso leve. — Espero que estejam bons.

— Estão ótimos, Capitão. Não precisava, de verdade. — agradeceu, olhando para ele, sem muita emoção no olhar.

Sieghart mordeu o lábio. O irmão sempre fora atencioso com as pessoas, mas não imaginava que ele tinha uma proximidade com a ruiva dessa forma ao ponto de dar doces.

— Enfim. — interrompeu o moreno, fazendo Elesis olhá-lo cheia de agressividade e defensiva. — Eu preciso falar com você, ruivinha, sozinhos.

— Sozinhos? É algo que você precisa esconder de mim? — Ronan indagou num sopro de ar, a voz tão séria quanto o olhar de irmão mais velho desconfiado.

— É um assunto somente entre nós dois. — Sieghart explicou, tirando a mão do bolso.

A ruiva assistia a isso também desconfiada. Ninguém merecia os dois prestes a se bicar quando ela estava ali com dor.

— Você gosta de me perseguir, não é, Sieghart? — Elesis perguntou, rindo provocativa. — Eu já não mandei você sumir da minha vista uns dias atrás?

O moreno fechou os olhos por um instante em busca de algum autocontrole.

— Escuta, eu não estou aqui por querer, Elsteiner. Tenho uma coisa para resolver com você, uma coisa que definitivamente é da sua conta, então faça o favor, pelo menos uma vez, e me poupe de ficar aqui mais do que eu preciso.

Elesis ficou séria e olhou para Ronan. O azulado deu de ombros.

— Já que está tão sério, eu vou deixar vocês sozinhos. — Ronan disse, desistindo muito a contragosto e saindo logo depois de pegar seu blazer. — Me mande uma mensagem caso precisar de algo, Elesis.

— Ok. Obrigada.

Sieghart sentiu um ar pesado logo que o irmão passou por si. Ele tinha acabado de ouvir “mensagem”, isso queria dizer que os dois tinham o contato um do outro!

Logo que sobrou o cômico par na sala, Sieghart abriu a boca cheia de veneno, incapaz de se segurar:

— Você é amiguinha do meu irmão, agora? Já estão tão íntimos que podem se falar por mensagem?

A ruiva apertou os olhos e o punho. Com certeza se pudesse ela se levantaria da cama para dar uma surra nele.

— Eu não tenho obrigação de te responder nada, seu intrometido. Que tal encurtar esse momento tão excruciante que é olhar para a sua cara e dizer logo o que veio fazer aqui?

— Tão lúdica. — zombou ele, sem rir. — O lance é que eu fiquei sabendo que as pessoas que estão mexendo com você estão dizendo fazer isso por minha causa. O quanto isso é verdade? Eu preciso saber.

O moreno cruzou os braços e se encostou na parede, esperando uma resposta que demoraria a vir. Elesis tinha um olhar pensativo, o que intrigou o mais velho.

Por um tempo ambos ficaram em silêncio. O cabelo todo repicado de Elesis, Sieghart reparou, estava muito diferente do primeiro dia em que a conheceu, com a franja desnivelada sobre a testa, os fios maiores de um lado do que o outro e, ainda, combinava muito com a personalidade selvagem que ela tinha. Além disso, enfaixada, ela parecia uma samurai saída diretamente de um filme. Ele quis sorrir, mas seu cérebro não permitiu que seus lábios respondessem.

A brisa fez a cortina se movimentar lentamente e, assim, também os fios que sombreavam a face atormentada de Elesis.

— Eu não preciso da sua preocupação. — murmurou ela.

Ele piscou, não esperando outra resposta além dessa. Ele estava prestes a sair do recinto, fingindo não se importar e deixar a garota fazer o que quisesse. Afinal, ela nunca economizou saliva para xingá-lo e mandá-lo pastar. Ele nunca insistia com as pessoas quando não era desejado. Era demais para seu orgulho.

No entanto, ele parou ao lado da cama. Foi como se ele tivesse se movido sozinho. Seus pensamentos não estavam seguindo suas ações.

— Você é uma idiota! — ele xingou, os dentes quase cerrados.

Elesis levantou o olhar, a cara fechada, mas sem dizer nada. Ela não parecia ela mesma assim.

— Você não sabe em que posição está?! Acha que estou aqui por pena ou por que quero te ajudar? Não seja convencida! É com o meu nome que estão brincando! Que ganho eu teria se tentasse acabar com você através de outras pessoas?! Eu já disse que nos meus problemas ninguém se mete, principalmente se for meu assunto com você! Eu mesmo posso me resolver com você e ninguém vai se intrometer!

A ruiva ouviu isso tudo extremamente confusa. Bem, ela ao menos entendia que com certeza não era pela vontade de Sieghart que o fã-clube tinha atacado.

— Fufu... Haha... — ela riu nasalmente, apertando as cobertas, olhando para baixo.

— Comeu algo estragado, ruivinha? —Sieghart indagou, ainda se recuperando do momento. — Sua risada é esquisita.

Ela corou um pouco e parou de rir, olhando-o com raiva.

— Entenda que eu só estou considerando tudo por que foi o Lass que te mandou aqui! Se eu me juntar a você dessa vez, você tem que me jurar que não vai mais cruzar o meu caminho, Sieghart!

— Oh, então estamos fazendo tratos, agora? Eu não posso te prometer nada disso, Elsteiner. Eu estudo aqui, é inevitável que a gente se encontre.

Ela apertou a coberta, tentando pensar em alguma coisa vantajosa para exigir. Era o momento para acabar com todos os seus problemas em uma única vez!

— Você vai me pedir desculpas pelo que fez no refeitório.

Sieghart pensou um instante. Ele não gostava da ideia, só que ela poderia pedir algo pior se ele não aceitasse.

— E você tem que lutar comigo. — ela desafiou, afiando os olhos, nada fofa.

— Espera, você não está pedindo demais? — ele retrucou, totalmente contra a ideia.

— E TAMBÉM... — ela pronunciou em voz alta, interrompendo qualquer chance de fala dele. — Você vai manter sigilo sobre tudo o que você vir enquanto estivermos indo atrás das pessoas que fizeram isso comigo.

— O quê? Por quê?

Ela rangeu os dentes, virando o rosto. Ela era pura fúria naquele momento.

— Eu estou sendo chantageada. Eles têm coisas sobre mim que eu não quero que se espalhem de forma nenhuma por aí.

— Oh...

O moreno tomou um tempo para raciocinar. Será que ele perguntava? Porém, a ruiva parecia ler seus pensamentos, pois ela soltou um “tch” e fitou-o cheia de desprezo.

— São fotos constrangedoras. Eu preciso pegá-las de volta.

Sieghart coçou o queixo, pensando nas vantagens de se unir à ruiva. Era verdade que a luta com ela tinha sido intrigante. Pedir desculpas era um NÃO muito grande, mas agora ele tinha um motivo muito maior para aceitar, somado ao fato de que ele se livraria de algumas pessoas problemáticas: ele poderia ver fotos constrangedoras de Elesis!

— Hm. Acho que posso fazer o que me pediu. — ele anunciou, sorrindo. — Quem exatamente está envolvido?

— Espera, você vai jurar?

— Okaaay, eu posso jurar! Vou cumprir seus pedidos, feliz? Eu vou pedir desculpas oficialmente, aceitarei o duelo e não vou nunca falar sobre essas fotos caso eu vê-las.

— Quando você pedir desculpas você tem que dizer “Eu sou um idiota metido e fui um tremendo babaca, eu não presto e sou um perseguidor doente da cabeça, além de mulherengo, mas tenho pau pequeno”.

Sieghart sentiu uma veia saltar de sua testa.

— Não abusa, ruivinha. Meu tamanho é mediano.

— Eu não ligo. — ela deu de ombros.

Ele chutou a beira da cama, assustando-a.

— Tá doido?!

— Por que você me odeia?!

— Olhe no espelho e vai descobrir, desgraçado!

Sieghart e Elesis já estavam agarrando os cabelos quando alguém passou pela porta.

— O que estão fazendo? — perguntou Lass, levemente curioso.

Eles se soltaram, ainda se encarando feio. Sieghart explicou a situação e Elesis esperou pacientemente até ouvir a mesma pergunta que fizeram antes:

— Então, de quem vamos atrás, Elesis? — indagou Lass, juntando as mãos. Seus olhos estavam determinados. Sieghart de pé, tinha os braços cruzados, mas ele também estava totalmente determinado a resolver a situação também.

Ela assentiu com a cabeça.

— Do fã-clube do Sieghart. Vamos atrás de Wendy Pole.

 

 No refeitório.

 

A rosada colocou a bandeja na mesa e tentou chamar a atenção dos rapazes sentados na mesa em uma quietude perturbadora. As comidas ainda faltando no prato, exceto pelo do Zero.

— O que aconteceu aqui? — perguntou Rey, balançando seu namorado. Dio também estava com um olhar distante e até meio ferido.

Rey assistiu Ryan jogar os braços para cima e dar um grito histérico, balançando os cabelos dramaticamente enquanto Jin apenas encarava seu prato com os olhos inchados e sem vida. Dio segurou o ruivo alaranjado e sentou-o de volta na cadeira, fechando os olhos calmamente.

— O que foi? Vocês não vão me dizer? Cadê o Sieghart? — ela insistiu.

— O Sieghart saiu com o Lass. Nós estamos brigados faz uns dias. — suspirou ele, apoiando o queixo na mão.

— Fufufu... — Rey riu nasalmente, cobrindo a boca. Suas bochechas delicadas coraram um pouco. — Os dois estão brigando por minha causa?

Os olhos verdes da morena transmitiam plena zombaria. Ela era quase uma médium nesses casos e sempre fazia as pessoas se assustarem com suas previsões. Rey apenas precisou analisar a expressão do namorado para saber que a razão era essa, pelo menos em parte.

— Ele teve a audácia de dizer que nós nos somos amigos de verdade por que ele é seu ex.

A decepção estava clara no tom do terceiranista, apesar de uma parte em seu coração ter ciúmes da relação que Rey um dia teve com o Rei do colégio. Ele tinha sido ingênuo em pensar que os dois tinham sido bons companheiros?

— Não é como se nosso namoro anulasse tudo pelo que eu e Sieghart passamos antes. Ele deveria entender que eu e você começamos a namorar só ano passado, quando ele sumiu. — Dio falava, completamente envolvido. Aquela sensação de ter traído um amigo ou algo assim. — Mas eu não achei que ele seria tão sério a ponto de não querer que nós dois ficássemos juntos. Aliás, fazia muito tempo que vocês terminaram.

— Hm. Eu acredito que o problema não tem nada a ver com o nosso namoro. — ela comentou, passando a mão na franja de Dio, sorrindo levemente para ele. — Não se preocupe com isso, amor. O Sieghart não liga para quem eu ou você ficamos. Ele apenas está descontando nos outros a própria raiva.

Ryan mexeu-se na cadeira.

— É verdade que ele está nervoso ultimamente. — disse o ruivo. — Não teve pena nem do Jin.

O ex-monge apenas fez um som triste em resposta. Rey apenas sentiu pena dele.

— Bom. Só não toquem em assuntos delicados com aquele idiota. Sieghart ainda deve estar se recuperando e não falou nada por que sente que não é o momento. Okay? Ajam normalmente. — disse a menina, abraçando Dio. — Não fica bravo com ele, tá? O Sieg só tem muitos problemas.

— Eu sei, babe. — Dio respondeu, passando a mão em volta da cintura dela e conseguindo expressar um sorriso leve. Era incrível como ela conseguia trazer razão ao grupo e acalmá-los. Rey definitivamente era uma pessoa a quem se podia confiar, desde sempre tinha sido.

 

Continua


Notas Finais


Obrigada por ler, bjos! Tem capitulo novo semana que vem (é sério, está pronto já s2)


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