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História Da Infância à Adolescência - Capítulo XIV. Invocação do Demônio Escarlate


Escrita por: AoKiriDay

Notas do Autor


Olá pessoal! SIMMM, EU FINALIZEI o 1º Arco! Esse é o último capítulo da primeira fase! Espero que vocês gostem! Pessoalmente, eu me diverti de-mais escrevendo. Senti tantas emoções com esses capítulos que nem sei.
Enfim, tenham uma boa leitura e deem uma lida nos comentários finais, pois tenho umas informações sobre o próximo arco

Capítulo 14 - Capítulo XIV. Invocação do Demônio Escarlate


Ela tinha caminhado até lá sem nenhuma resistência, sem dizer uma só palavra. O moreno a assistiu por trás durante todo o caminho, ela com os ombros tensos e a cabeça baixa. Algo muito intenso tinha acontecido durante o enfrentamento daquela noite.

— Você pode ir agora. — disse a ruiva, não o olhando nos olhos assim que ambos chegaram na frente do quarto. — Afinal, homens não podem entrar aqui.

Ele arqueou uma sobrancelha.

— Também é proibido brigar dentro do colégio. — murmurou ele, pegando as chaves da mão dela e abrindo a porta. — O Lass pediu para eu te acompanhar, então é isso que vou fazer.

Elesis mordeu o lábio, mas permaneceu quieta. Ela podia estar nervosa com todo o ocorrido, mas a presença de Sieghart ainda a irritava num nível incompreensível.

Qual foi a surpresa dos dois ao se depararem com Dio, Rey e Lire sentados no sofá, na meia luz. O trio abriu a boca, arregalando os olhos, extremamente surpresos. Rey se levantou de supetão e foi até Elesis, a puxando, sua expressão nervosa.

— Onde você estava?! — a rosada indagou, apertando os ombros da ruiva.

Lire juntou as mãos, os olhos molhados.

— Você sumiu e não voltava, eu não sabia o que fazer! — Lire explicou, parecendo muito nervosa.

— Gente, calma. — Sieghart falou, parecendo surpreso com o drama.

— O que vocês dois estavam fazendo? Já é de madrugada, Sieg, você nunca sumiu assim também. — disse Dio, chegando perto do moreno.

— Elesis, você estava tão estranha esses dias... Você sumia do nada e também começou a se afastar. E logo depois de sofrer o acidente, então claro que a gente estava preocupada. — Rey explicava, seus olhos vibrando de preocupação.

Sieghart coçou a cabeça, tentando pensar em qualquer coisa.

— Desculpa. — Elesis disse, baixando os olhos.

Todos olharam para ela, pensando se tinham ouvido direito. Era estranho ouvir tal palavra saindo da boca de uma pessoa como ela.

— Eu preocupei todos vocês. Mas eu não vou me afastar mais, por que tudo está resolvido agora. — ela baixou o olhar, conseguindo sorrir, só um pouquinho.

Sieghart sentiu um aperto no peito ao vê-la falando daquela maneira. Era verdade, o problema estava resolvido, mas agora tinha outra coisa que a estava perturbando, era óbvio.

Rey suspirou.

— Se você diz. — Lire murmurou, ainda preocupada.

— Elesis, preciso conversar com você apenas um minuto. — Sieghart disse, puxando a ruiva para a cozinha. — Já voltamos, pessoal. Não se preocupem.

— O que está acontecendo? — Rey sussurrou, nervosa com tudo e extremamente curiosa. — Por que eles estão juntos?! Dio?!

Dio acalmou a rosada, sabendo que algo maior estava envolvido.

— O Sieghart até mesmo se esqueceu que nós dois estávamos sem conversar faz dias. — explicou para as meninas. — Ele tem que estar muito transtornado para esquecer tudo. Ele estava claramente muito preocupado com ela, mas os dois não vão nos dizer agora. Vamos deixa-los, okay?

— É, você tem razão. — Rey murmurou. — Lire, eu vou esperar a Elesis. Você deveria ir descansar.

Depois da cozinha, Sieghart fez Elesis passar pela lavanderia e ir para o lado de fora, onde ficava a varanda, fechando a porta de deslizar atrás de si. Ele tirou algo do bolso.

— Você deixou cair isso aqui.

Elesis arregalou os olhos, pegando o objeto nas mãos. Era uma pulseira com um pingente de pedra de rubi, o formato era de uma flor.

— Hm. — ela agradeceu com um aceno de cabeça.

Sieghart estendeu a mão, afastando o cabelo de Elesis do rosto. A bochecha estava muito inchada, o hematoma vermelho. Ela se afastou, defensiva.

— Tem que por uma gaze nesse ferimento. Amanhã ele vai estar verde. — ele disse, nada animado em disfarçar seu tom de seriedade.

— Você não precisa ser gentil comigo. — Elesis disse, afastando-se dele, virando para olhar o jardim. Ela apoiou seus braços, sua expressão distante. — Vocês ouviram tudo não é? Quando eu falei de você.

— Uhm... — ele fez um som que parecia estar entalado na garganta. Claro que ele a tinha escutado pronunciar coisas péssimas sobre ele. Tinha magoado muito, mesmo tendo vindo dela.

Elesis suspirou.

— Pode ir embora. Eu me sinto cansada, então caso tiver algo para conversar podemos fazer isso amanhã.

Sieghart abriu a boca, mas não sentia que podia falar. Era tão estranho. Ela estava diferente hoje. O olhar acuado, medo emanando dela. Tinha algo que ela escondia por trás da máscara de indiferença que ela insistia em utilizar.

— Elsteiner, o que aconteceu hoje-,

— Esquece o que você viu hoje. — ela o interrompeu. — Você nem mesmo precisa cumprir o nosso trato desde que você nunca mais fale sobre essa noite.

Ela virou-se para ele, o olhar feroz.

— Okay?

Ele não pôde nem responder, pois a ruiva passou por ele e sumiu. Quando Sieghart chegou na sala, Dio era o último a esperá-lo.

— Ela foi com a Lire para o quarto. Vamos para o dormitório, Sieg?

O moreno afirmou com a cabeça, colocando as mãos nos bolsos.

— Sim, vamos voltar. Já aconteceu muita coisa numa noite só. — ele murmurou, acompanhando o mais novo para fora, mantendo o silêncio.

 

XXX

 

No dia seguinte, Elesis foi pega de surpresa quando entrava para a sala de aula.

— ELESIS! O que houve ontem à noite?! — gritou Amy, acompanhada de Arme e mais um bando de meninas.

— É você não é?! A “Demônio Escarlate”! — interrompeu Elena, quase subindo por cima da cabeça de Arme.

— Não poderia ser outra pessoa além de você! Diga a verdade! — Arme disse, segurando o braço da ruiva em completa euforia.

— Mas o quê? O que está acontecendo? — Elesis indagou, tentando achar explicações. “Demônio Escarlate”?

Rey e Lire entraram na sala, o movimento aumentando, os olhos curiosos e indagações em volta dela. Elesis suou frio.

“Eles estão sabendo de ontem a noite? Quem contou?! Lass não faria isso. O Sieghart...!”

— GENTEEE! — Amy gritou, afastando todos. — DEIXA A MUSA FALAR!

Elesis piscou, assustada. Alguém lhe apontou o celular e mostrou algumas fotos. Era óbvio que era ela e Pole. As duas em vários momentos da disputa.

O ângulo... Tudo apontava para a pessoa menos provável.

Mais tarde, durante o almoço, Elesis saiu do refeitório, se perguntando onde estavam as meninas do fã-clube. Provavelmente nos quartos, escondendo-se da vergonha de terem apanhado.

Elesis parou no corredor, suspirando. De repente, ela estava famosa, todos a paravam e comentavam sobre a “surra que ela deu na arrogante líder do time de beisebol, Wendy Pole”.

Foi confirmado naquele dia que Wendy e suas companheiras eram um grupo fanático por Sieghart, porém, elas já tinham perturbado inúmeros alunos no colégio, chantageando diversos deles para alimentar seus péssimos hábitos. Ao mesmo tempo em que Elesis deu uma lição nelas, a ruiva também conseguiu desfazer um rumor de que Sieghart era a pessoa por trás das chantagens. E como soma de tudo isso agora ela era muito admirada por ter feito nada além de justiça.

— Mas ele não deve ter espalhado as fotos. Não pode ser... — Elesis disse a si mesma, sentindo aperto no peito.

— Fui eu, Elesis. — disse uma voz atrás de um pilar do corredor.

— Lass?

A ruiva andou até ele. O albino estava sentado na beirada do andar, com uma expressão de desculpas.

— Eu devo pedir desculpas por não ter ido te ajudar enquanto estava na disputa. Apesar de que eu disse que eu e o Sieghart iríamos te ajudar, tudo o que fizemos foi apenas coletar as provas. — Lass disse, coçando a testa. Seu olhar meio baixo.

 Elesis balançou a cabeça, sorrindo levemente.

— Obrigada. Sem vocês eu não teria nem ao menos a iniciativa de ir atrás delas.

— Sim. Mas agora você até mesmo se tornou “Demônio Escarlate”.

— Hahaha! — Elesis riu, sem poder se conter. Ela sentiu o rosto corar, mas estava bem. — Culpa sua.

Ela o socou no ombro de leve, mas o albino apenas disse:

— Hm.

Depois, Lass e Elesis ficaram um instante quietos, curtindo o momento. Tudo tinha dado certo, enfim.

— E agora? Posso ir relatar para a Lothos?

O corpo de Elesis se encolheu involuntariamente. Ela pensou e pensou, buscando em sua mente o que ela realmente estava sentindo. Suas emoções eram muito confusas e, apesar daquela raiva latente da noite anterior, hoje ela não se sentia a mesma, nem de perto.

Ela não queria o mal de ninguém.

— Não Lass. Se você puder deixar tudo isso de lado, vai ser ótimo.

O albino a observou naquele momento. Seus olhos vibraram levemente, de admiração e de emoção. Elesis era alguém muito especial, afinal.

— Como quiser. — Lass disse e se levantou. — As garotas estão na enfermaria, caso for do seu interesse saber. Agora eu preciso ir resolver outros assuntos. Os dias continuam, não é?

Ele acenou e foi andando por seu caminho, deixando Elesis sozinha com um genuíno sorriso. Era um pequeno sorriso, mas era real. Ela ainda deveria agradecê-lo devidamente por tudo, mas agora ela tinha algo importante a fazer.

 

XXX

 

Wendy apertava a roupa de cama, os olhos baixos. Seu cabelo estava solto. Queen estava sentada do seu lado, também de olhar baixo, o mesmo para Elyzabeth, que em pé estava com as mãos juntas.

As três tinham os rostos vermelhos, mas a sensação era de culpa e de vergonha. Na frente delas, Sieghart, com as mãos nos bolsos.

— Eu bem que tinha avisado, Wendy. Eu nunca concordei com nenhuma decisão de nenhum fã-clube meu. Inclusive, já fiz vários pedidos para fecharem esse tipo de atividade, mas parece que a Lothos gosta de se divertir vendo o circo pegar fogo. — ele pausou, suspirando. — Sorte a de vocês por decidirmos não entregar as provas de todas as vítimas que vocês fizeram nesse colégio. Vocês só vão responder pelo ataque à Elsteiner.

— Não preciso da pena daquela cadela. — resmungou a morena, virando o rosto. — Eu não me importo com nada mais!

— Você não se importa em ser expulsa e nunca mais ser aceita em colégio nenhum? Você é filha do dono de uma influente empresa de material primário no leste do país. Você não tem nenhuma responsabilidade com seu futuro? — Sieghart indagou, cruzando os braços.

— C-Cala a boca, Sieghart!

Queen e Elyzabeth encolheram-se, assustadas pela forma desafiadora que Wendy respondeu ao rei do colégio.

— Então eu estou errado? — ele indagou, os olhos impiedosos.

A morena rangeu os dentes, as lágrimas formando nos cantos dos olhos.

— Mas eu vou ser expulsa de qualquer forma, então não eu não me importo! Eu nunca consegui fazer você se apaixonar por mim, então eu fiz de tudo para tentar chamar a sua atenção enquanto meu pai tentava desesperadamente conseguir uma aliança com a sua família através de um casamento entre nós dois!

Sieghart continuava frio.

— Nós já demos uma resposta oficial em relação a isso. Por que insistir?

— Mas que pergunta mais idiota! — a morena explodiu, virando para ele. — Por que eu gosto de você!

Sim. Não era como se Sieghart não soubesse. Não era convencimento. Simplesmente, um dia ele tinha sido gentil com a garota e ela invocou que tinha que se casar com ele. Isso acontecia tanto que ele mal podia contar nos dedos. No entanto, essa paixão que as pessoas nutriam por ele, independentemente de ser algo real, nunca poderia ser retribuída.

— E eu já te dei uma resposta quanto a isso. Eu não costumo me apaixonar. Então já sabe... Me esqueça e pare de perturbar as pessoas que estão ao meu redor. Você não tem o direito de controlar a vida dos outros.

Wendy começou a chorar de verdade nesse momento, mas era claro que ela não tinha desistido ainda.

— Por que você dá atenção para aquela ruiva então?!

Sieghart entreabriu os lábios, pego de surpresa pela pergunta.

— Você não é cega. Deve ter percebido que entre mim e ela não existe nada. Nós nos odiamos, para ser sincero. — respondeu, franzindo o cenho.

— Não finje demência! — Wendy gritou, apontando para ele. — Eu sou uma garota! Eu nunca te vi tão zangado perto de alguém. Você é o Sieghart! Você é sempre calmo e tranquilo, sempre tão controlado! Mas com ela é diferente!

O moreno fechou os dedos dentro dos bolsos. Sentia que estava sendo encurralado.

— Uma qualquerzinha igual ela... — rosnou a morena, batendo com força na cama. — Uma canabana nojenta, uma brutamonte sem respeito nenhum!

— Cala a boca. — Sieghart a interrompeu. Ele já não estava mais afim de conversa.

— Ela disse que você não era homem! Ela disse que você era um covarde, narcisista e inútil!

— CALA A BOCA! VOCÊ ACHA QUE EU NÃO SEI DISSO?! — Sieghart desferiu as palavras num estrondo, fazendo-a calar.

Ele parou um instante, se recuperando.

— Acho que é você que não sabe de nada. Você acha que eu não sei, mas eu a ouvi dizer tudo isso, claramente. Mas mesmo assim, ela está errada, por que ela não me conhece de verdade. Nenhuma de vocês. — ele inspirou ar, continuando. — O que eu sei sobre a Elesis Elsteiner, é que ela é tão garota quanto as outras. Que ela chegou aqui já sendo odiada por várias pessoas sem motivo algum. Ela tem todos os motivos para ficar na defensiva. Eu agi feito um idiota, então é claro que ela me odiaria também!

Wendy engolia o choro, ainda muito nervosa com tudo.

— Então...

— Mas ainda assim. — ele a interrompeu. — Ela não é uma brutamontes. Ela não é uma qualquer. Ela só é uma garota normal. E ela deve ser respeitada como todo mundo deve ser. Sim, ela é uma grossa e nada empática, mas ela nunca precisou chantagear ninguém para se sentir melhor. Ela é disciplinada e tem suas ideias bem claras. Ela só está protegendo a si mesma. Não há nada de errado nisso.

— Sieghart!

O rapaz fechou os olhos e virou-se. Não tinha mais nada a dizer, tendo elas compreendido ou não.

Logo que fechou a porta atrás de si, o moreno respirou fundo.

“Eu perdi a calma de novo. Acho que no fim a ruivinha consegue me deixar irritado mesmo não estando por perto”.

— Belo discurso.

Sieghart saltou para o lado, sentindo o rosto pegar fogo até os confins do mundo. Era ela!

— V-Você... P-Por quê?

Elesis estava corada também, mas sua face ainda estava séria, fingindo não estar tão surpresa com o que tinha ouvido.

— Acho que com isso nós podemos finalizar o trato. — ela disse baixo, cruzando os braços também.

Era estranho. O clima ficou pesado enquanto os dois caminhavam em direção ao pátio.

— E o duelo? — indagou ele.

— Podemos fazer isso depois. Acho que você vai esperar até que eu me recupere não é? — ela disse, mostrando o braço enfaixado e a bochecha coberta de gaze.

Ele sorriu debochado apontando o rosto dela.

— Você parece que comeu um sapo. Seu rosto parece um balão de tão inchado.

— Cala a boca, idiota. — ela resmungou, parando.

Sieghart parou também, olhando-a de verdade agora. A ruiva estava com o cabelo solto, a expressão tranquila. Ela vestia a camisa branca do uniforme, a saia vermelha e as botas, a meia calça preta.

— Eu não vou te agradecer por nada. — ela disse, meio hesitante e olhando-o fixamente.

— Eu não esperava que você fosse agradecer também. — disse o moreno em resposta, sorrindo por dentro.

— Só que eu retiro o que disse sobre você naquela hora. Tudo bem assim? — ela indagou, virando-se de lado, meio irritada.

Ele abriu os lábios.

— Hm. Tudo bem. — disse ele, tentando não reagir muito eufórico.

— Então tudo bem. — ela disse baixo, voltando a caminhar.

— Okay...

Sieghart ficou quieto um tempo enquanto continuavam o caminho, até que algo veio à sua mente.

— “Demônio Escarlate”. — disse ele, soltando um risinho de escárnio.

Uma veia saltou na testa da ruiva, assim como o rubor, que subiu até as orelhas da ruiva.

— Você não podia ficar quieto um minuto?!

 

Continua

Ela tinha caminhado até lá sem nenhuma resistência, sem dizer uma só palavra. O moreno a assistiu por trás durante todo o caminho, ela com os ombros tensos e a cabeça baixa. Algo muito intenso tinha acontecido durante o enfrentamento daquela noite.

— Você pode ir agora. — disse a ruiva, não o olhando nos olhos assim que ambos chegaram na frente do quarto. — Afinal, homens não podem entrar aqui.

Ele arqueou uma sobrancelha.

— Também é proibido brigar dentro do colégio. — murmurou ele, pegando as chaves da mão dela e abrindo a porta. — O Lass pediu para eu te acompanhar, então é isso que vou fazer.

Elesis mordeu o lábio, mas permaneceu quieta. Ela podia estar nervosa com todo o ocorrido, mas a presença de Sieghart ainda a irritava num nível incompreensível.

Qual foi a surpresa dos dois ao se depararem com Dio, Rey e Lire sentados no sofá, na meia luz. O trio abriu a boca, arregalando os olhos, extremamente surpresos. Rey se levantou de supetão e foi até Elesis, a puxando, sua expressão nervosa.

— Onde você estava?! — a rosada indagou, apertando os ombros da ruiva.

Lire juntou as mãos, os olhos molhados.

— Você sumiu e não voltava, eu não sabia o que fazer! — Lire explicou, parecendo muito nervosa.

— Gente, calma. — Sieghart falou, parecendo surpreso com o drama.

— O que vocês dois estavam fazendo? Já é de madrugada, Sieg, você nunca sumiu assim também. — disse Dio, chegando perto do moreno.

— Elesis, você estava tão estranha esses dias... Você sumia do nada e também começou a se afastar. E logo depois de sofrer o acidente, então claro que a gente estava preocupada. — Rey explicava, seus olhos vibrando de preocupação.

Sieghart coçou a cabeça, tentando pensar em qualquer coisa.

— Desculpa. — Elesis disse, baixando os olhos.

Todos olharam para ela, pensando se tinham ouvido direito. Era estranho ouvir tal palavra saindo da boca de uma pessoa como ela.

— Eu preocupei todos vocês. Mas eu não vou me afastar mais, por que tudo está resolvido agora. — ela baixou o olhar, conseguindo sorrir, só um pouquinho.

Sieghart sentiu um aperto no peito ao vê-la falando daquela maneira. Era verdade, o problema estava resolvido, mas agora tinha outra coisa que a estava perturbando, era óbvio.

Rey suspirou.

— Se você diz. — Lire murmurou, ainda preocupada.

— Elesis, preciso conversar com você apenas um minuto. — Sieghart disse, puxando a ruiva para a cozinha. — Já voltamos, pessoal. Não se preocupem.

— O que está acontecendo? — Rey sussurrou, nervosa com tudo e extremamente curiosa. — Por que eles estão juntos?! Dio?!

Dio acalmou a rosada, sabendo que algo maior estava envolvido.

— O Sieghart até mesmo se esqueceu que nós dois estávamos sem conversar faz dias. — explicou para as meninas. — Ele tem que estar muito transtornado para esquecer tudo. Ele estava claramente muito preocupado com ela, mas os dois não vão nos dizer agora. Vamos deixa-los, okay?

— É, você tem razão. — Rey murmurou. — Lire, eu vou esperar a Elesis. Você deveria ir descansar.

Depois da cozinha, Sieghart fez Elesis passar pela lavanderia e ir para o lado de fora, onde ficava a varanda, fechando a porta de deslizar atrás de si. Ele tirou algo do bolso.

— Você deixou cair isso aqui.

Elesis arregalou os olhos, pegando o objeto nas mãos. Era uma pulseira com um pingente de pedra de rubi, o formato era de uma flor.

— Hm. — ela agradeceu com um aceno de cabeça.

Sieghart estendeu a mão, afastando o cabelo de Elesis do rosto. A bochecha estava muito inchada, o hematoma vermelho. Ela se afastou, defensiva.

— Tem que por uma gaze nesse ferimento. Amanhã ele vai estar verde. — ele disse, nada animado em disfarçar seu tom de seriedade.

— Você não precisa ser gentil comigo. — Elesis disse, afastando-se dele, virando para olhar o jardim. Ela apoiou seus braços, sua expressão distante. — Vocês ouviram tudo não é? Quando eu falei de você.

— Uhm... — ele fez um som que parecia estar entalado na garganta. Claro que ele a tinha escutado pronunciar coisas péssimas sobre ele. Tinha magoado muito, mesmo tendo vindo dela.

Elesis suspirou.

— Pode ir embora. Eu me sinto cansada, então caso tiver algo para conversar podemos fazer isso amanhã.

Sieghart abriu a boca, mas não sentia que podia falar. Era tão estranho. Ela estava diferente hoje. O olhar acuado, medo emanando dela. Tinha algo que ela escondia por trás da máscara de indiferença que ela insistia em utilizar.

— Elsteiner, o que aconteceu hoje-,

— Esquece o que você viu hoje. — ela o interrompeu. — Você nem mesmo precisa cumprir o nosso trato desde que você nunca mais fale sobre essa noite.

Ela virou-se para ele, o olhar feroz.

— Okay?

Ele não pôde nem responder, pois a ruiva passou por ele e sumiu. Quando Sieghart chegou na sala, Dio era o último a esperá-lo.

— Ela foi com a Lire para o quarto. Vamos para o dormitório, Sieg?

O moreno afirmou com a cabeça, colocando as mãos nos bolsos.

— Sim, vamos voltar. Já aconteceu muita coisa numa noite só. — ele murmurou, acompanhando o mais novo para fora, mantendo o silêncio.

 

XXX

 

No dia seguinte, Elesis foi pega de surpresa quando entrava para a sala de aula.

— ELESIS! O que houve ontem à noite?! — gritou Amy, acompanhada de Arme e mais um bando de meninas.

— É você não é?! A “Demônio Escarlate”! — interrompeu Elena, quase subindo por cima da cabeça de Arme.

— Não poderia ser outra pessoa além de você! Diga a verdade! — Arme disse, segurando o braço da ruiva em completa euforia.

— Mas o quê? O que está acontecendo? — Elesis indagou, tentando achar explicações. “Demônio Escarlate”?

Rey e Lire entraram na sala, o movimento aumentando, os olhos curiosos e indagações em volta dela. Elesis suou frio.

“Eles estão sabendo de ontem a noite? Quem contou?! Lass não faria isso. O Sieghart...!”

— GENTEEE! — Amy gritou, afastando todos. — DEIXA A MUSA FALAR!

Elesis piscou, assustada. Alguém lhe apontou o celular e mostrou algumas fotos. Era óbvio que era ela e Pole. As duas em vários momentos da disputa.

O ângulo... Tudo apontava para a pessoa menos provável.

Mais tarde, durante o almoço, Elesis saiu do refeitório, se perguntando onde estavam as meninas do fã-clube. Provavelmente nos quartos, escondendo-se da vergonha de terem apanhado.

Elesis parou no corredor, suspirando. De repente, ela estava famosa, todos a paravam e comentavam sobre a “surra que ela deu na arrogante líder do time de beisebol, Wendy Pole”.

Foi confirmado naquele dia que Wendy e suas companheiras eram um grupo fanático por Sieghart, porém, elas já tinham perturbado inúmeros alunos no colégio, chantageando diversos deles para alimentar seus péssimos hábitos. Ao mesmo tempo em que Elesis deu uma lição nelas, a ruiva também conseguiu desfazer um rumor de que Sieghart era a pessoa por trás das chantagens. E como soma de tudo isso agora ela era muito admirada por ter feito nada além de justiça.

— Mas ele não deve ter espalhado as fotos. Não pode ser... — Elesis disse a si mesma, sentindo aperto no peito.

— Fui eu, Elesis. — disse uma voz atrás de um pilar do corredor.

— Lass?

A ruiva andou até ele. O albino estava sentado na beirada do andar, com uma expressão de desculpas.

— Eu devo pedir desculpas por não ter ido te ajudar enquanto estava na disputa. Apesar de que eu disse que eu e o Sieghart iríamos te ajudar, tudo o que fizemos foi apenas coletar as provas. — Lass disse, coçando a testa. Seu olhar meio baixo.

 Elesis balançou a cabeça, sorrindo levemente.

— Obrigada. Sem vocês eu não teria nem ao menos a iniciativa de ir atrás delas.

— Sim. Mas agora você até mesmo se tornou “Demônio Escarlate”.

— Hahaha! — Elesis riu, sem poder se conter. Ela sentiu o rosto corar, mas estava bem. — Culpa sua.

Ela o socou no ombro de leve, mas o albino apenas disse:

— Hm.

Depois, Lass e Elesis ficaram um instante quietos, curtindo o momento. Tudo tinha dado certo, enfim.

— E agora? Posso ir relatar para a Lothos?

O corpo de Elesis se encolheu involuntariamente. Ela pensou e pensou, buscando em sua mente o que ela realmente estava sentindo. Suas emoções eram muito confusas e, apesar daquela raiva latente da noite anterior, hoje ela não se sentia a mesma, nem de perto.

Ela não queria o mal de ninguém.

— Não Lass. Se você puder deixar tudo isso de lado, vai ser ótimo.

O albino a observou naquele momento. Seus olhos vibraram levemente, de admiração e de emoção. Elesis era alguém muito especial, afinal.

— Como quiser. — Lass disse e se levantou. — As garotas estão na enfermaria, caso for do seu interesse saber. Agora eu preciso ir resolver outros assuntos. Os dias continuam, não é?

Ele acenou e foi andando por seu caminho, deixando Elesis sozinha com um genuíno sorriso. Era um pequeno sorriso, mas era real. Ela ainda deveria agradecê-lo devidamente por tudo, mas agora ela tinha algo importante a fazer.

 

XXX

 

Wendy apertava a roupa de cama, os olhos baixos. Seu cabelo estava solto. Queen estava sentada do seu lado, também de olhar baixo, o mesmo para Elyzabeth, que em pé estava com as mãos juntas.

As três tinham os rostos vermelhos, mas a sensação era de culpa e de vergonha. Na frente delas, Sieghart, com as mãos nos bolsos.

— Eu bem que tinha avisado, Wendy. Eu nunca concordei com nenhuma decisão de nenhum fã-clube meu. Inclusive, já fiz vários pedidos para fecharem esse tipo de atividade, mas parece que a Lothos gosta de se divertir vendo o circo pegar fogo. — ele pausou, suspirando. — Sorte a de vocês por decidirmos não entregar as provas de todas as vítimas que vocês fizeram nesse colégio. Vocês só vão responder pelo ataque à Elsteiner.

— Não preciso da pena daquela cadela. — resmungou a morena, virando o rosto. — Eu não me importo com nada mais!

— Você não se importa em ser expulsa e nunca mais ser aceita em colégio nenhum? Você é filha do dono de uma influente empresa de material primário no leste do país. Você não tem nenhuma responsabilidade com seu futuro? — Sieghart indagou, cruzando os braços.

— C-Cala a boca, Sieghart!

Queen e Elyzabeth encolheram-se, assustadas pela forma desafiadora que Wendy respondeu ao rei do colégio.

— Então eu estou errado? — ele indagou, os olhos impiedosos.

A morena rangeu os dentes, as lágrimas formando nos cantos dos olhos.

— Mas eu vou ser expulsa de qualquer forma, então não eu não me importo! Eu nunca consegui fazer você se apaixonar por mim, então eu fiz de tudo para tentar chamar a sua atenção enquanto meu pai tentava desesperadamente conseguir uma aliança com a sua família através de um casamento entre nós dois!

Sieghart continuava frio.

— Nós já demos uma resposta oficial em relação a isso. Por que insistir?

— Mas que pergunta mais idiota! — a morena explodiu, virando para ele. — Por que eu gosto de você!

Sim. Não era como se Sieghart não soubesse. Não era convencimento. Simplesmente, um dia ele tinha sido gentil com a garota e ela invocou que tinha que se casar com ele. Isso acontecia tanto que ele mal podia contar nos dedos. No entanto, essa paixão que as pessoas nutriam por ele, independentemente de ser algo real, nunca poderia ser retribuída.

— E eu já te dei uma resposta quanto a isso. Eu não costumo me apaixonar. Então já sabe... Me esqueça e pare de perturbar as pessoas que estão ao meu redor. Você não tem o direito de controlar a vida dos outros.

Wendy começou a chorar de verdade nesse momento, mas era claro que ela não tinha desistido ainda.

— Por que você dá atenção para aquela ruiva então?!

Sieghart entreabriu os lábios, pego de surpresa pela pergunta.

— Você não é cega. Deve ter percebido que entre mim e ela não existe nada. Nós nos odiamos, para ser sincero. — respondeu, franzindo o cenho.

— Não finje demência! — Wendy gritou, apontando para ele. — Eu sou uma garota! Eu nunca te vi tão zangado perto de alguém. Você é o Sieghart! Você é sempre calmo e tranquilo, sempre tão controlado! Mas com ela é diferente!

O moreno fechou os dedos dentro dos bolsos. Sentia que estava sendo encurralado.

— Uma qualquerzinha igual ela... — rosnou a morena, batendo com força na cama. — Uma canabana nojenta, uma brutamonte sem respeito nenhum!

— Cala a boca. — Sieghart a interrompeu. Ele já não estava mais afim de conversa.

— Ela disse que você não era homem! Ela disse que você era um covarde, narcisista e inútil!

— CALA A BOCA! VOCÊ ACHA QUE EU NÃO SEI DISSO?! — Sieghart desferiu as palavras num estrondo, fazendo-a calar.

Ele parou um instante, se recuperando.

— Acho que é você que não sabe de nada. Você acha que eu não sei, mas eu a ouvi dizer tudo isso, claramente. Mas mesmo assim, ela está errada, por que ela não me conhece de verdade. Nenhuma de vocês. — ele inspirou ar, continuando. — O que eu sei sobre a Elesis Elsteiner, é que ela é tão garota quanto as outras. Que ela chegou aqui já sendo odiada por várias pessoas sem motivo algum. Ela tem todos os motivos para ficar na defensiva. Eu agi feito um idiota, então é claro que ela me odiaria também!

Wendy engolia o choro, ainda muito nervosa com tudo.

— Então...

— Mas ainda assim. — ele a interrompeu. — Ela não é uma brutamontes. Ela não é uma qualquer. Ela só é uma garota normal. E ela deve ser respeitada como todo mundo deve ser. Sim, ela é uma grossa e nada empática, mas ela nunca precisou chantagear ninguém para se sentir melhor. Ela é disciplinada e tem suas ideias bem claras. Ela só está protegendo a si mesma. Não há nada de errado nisso.

— Sieghart!

O rapaz fechou os olhos e virou-se. Não tinha mais nada a dizer, tendo elas compreendido ou não.

Logo que fechou a porta atrás de si, o moreno respirou fundo.

“Eu perdi a calma de novo. Acho que no fim a ruivinha consegue me deixar irritado mesmo não estando por perto”.

— Belo discurso.

Sieghart saltou para o lado, sentindo o rosto pegar fogo até os confins do mundo. Era ela!

— V-Você... P-Por quê?

Elesis estava corada também, mas sua face ainda estava séria, fingindo não estar tão surpresa com o que tinha ouvido.

— Acho que com isso nós podemos finalizar o trato. — ela disse baixo, cruzando os braços também.

Era estranho. O clima ficou pesado enquanto os dois caminhavam em direção ao pátio.

— E o duelo? — indagou ele.

— Podemos fazer isso depois. Acho que você vai esperar até que eu me recupere não é? — ela disse, mostrando o braço enfaixado e a bochecha coberta de gaze.

Ele sorriu debochado apontando o rosto dela.

— Você parece que comeu um sapo. Seu rosto parece um balão de tão inchado.

— Cala a boca, idiota. — ela resmungou, parando.

Sieghart parou também, olhando-a de verdade agora. A ruiva estava com o cabelo solto, a expressão tranquila. Ela vestia a camisa branca do uniforme, a saia vermelha e as botas, a meia calça preta.

— Eu não vou te agradecer por nada. — ela disse, meio hesitante e olhando-o fixamente.

— Eu não esperava que você fosse agradecer também. — disse o moreno em resposta, sorrindo por dentro.

— Só que eu retiro o que disse sobre você naquela hora. Tudo bem assim? — ela indagou, virando-se de lado, meio irritada.

Ele abriu os lábios.

— Hm. Tudo bem. — disse ele, tentando não reagir muito eufórico.

— Então tudo bem. — ela disse baixo, voltando a caminhar.

— Okay...

Sieghart ficou quieto um tempo enquanto continuavam o caminho, até que algo veio à sua mente.

— “Demônio Escarlate”. — disse ele, soltando um risinho de escárnio.

Uma veia saltou na testa da ruiva, assim como o rubor, que subiu até as orelhas da ruiva.

— Você não podia ficar quieto um minuto?!

Fim do 1º Arco


Notas Finais


Olá pessoal! Primeiramente, agradeço imensamente a todos que tiveram a paciência de esperar tanto tempo para ler os capítulos. Eu realmente me demorei e no final, não temos nada além de um pequeno avanço na relação de Elesis e Sieg. Pero, pero, estamos caminhando! A história não pára!
No próximo ARCO, teremos: RIVALIDADE. E o que ocorrerá com nossos heróis:

Sieghart para vice-presidente do conselho estudantil?
Um perseguidor tarado!
O Conselho Estudantil e o Jornal da Escola unidos para acabar com a imagem de Elesis!
Uma adversária para Amy na corrida pelo coração de Jin!
Ronan mostra suas presas!
Lass sendo Fofo!
Arme quer ser notada, coitada. Precisa de uma bola de fogo.
Elesis vai parar de brigar com Sieghart?

Tudo isso a seguir. Aguardem (algum tempo pois estou sem computador e agora estou fazendo vários bicos também).


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