O barulho do crânio se partindo era música para seus ouvidos, nada o excitava tanto.
Se lembrava das diversas cenas em que vira, dos gritos apavorados, das vísceras á mostra, do sangue jorrando por inúmeros lugares, dos corpos violados e mortos repetidamente, um após o outro...
Assistir, fazer parte, ser ele á provocar tais sentimentos, os gritos, o terror imposto em suas vítimas. Isso era real, fazia parte de quem ele era agora.
Puxou a faca escondida na bainha e olhando nos olhos negros e já sem vida do homem, cortou-lhe os cantos da boca, imprimindo um sorriso. Afinal, ele era um deus e não permitia tristeza em sua presença.
Sorriu vendo sua magnifica obra de arte.
Retirou da mochila o caderno e o lápis e começou a rabiscar cada detalhe da cena, maravilhado e extasiado como o artista que era.
*
Ganhar a confiança do homem tinha sido extremamente fácil, o idiota facilitava de diversas maneiras. Havia conhecido Eren em uma viagem de negócios e desde então partilhavam a cama e a vida, no caso de Armin, uma vida cheia de mentiras e segredos.
Eren facilitava e em muito sua obsessão, não tinha parentes vivos e muito menos amigos, era como um cachorrinho obediente onde bastava um carinho e lá estava o homem, cheio de amor e devoção. Calculava cada passo a ser dado e como o ótimo ator que era, retribuía o amante de todas as formas possíveis, aliás o importante era a conexão, não tinha prazer em torturar desconhecidos.
Sentou-se na poltrona da sala fumando um cigarro e observando o rapaz de bonitos olhos verdes trabalhar atento ao seu notebook. O olhar de predador passando imperceptível por sua presa.
Foi fácil convencê-lo a passarem uns dias na casa de campo, nada que uma chantagem emocional inocente não resolvesse.
Levantou dando a volta na mesa se posicionando atrás dele, afastou os cabelos castanhos dando-lhe um demorado beijo no pescoço.
- Preciso terminar os relatórios, foi por isso que viemos pra cá...
- Preciso de você agora!
Sabia jogar e compreendia que o outro cederia tão facilmente. Escondeu o sorriso de vitória ao ver Eren fechar o notebook e se levantar para segui-lo.
- Tenho uma surpresa pra você...
O olhar de expectativa era tudo o que ele queria e com o homem a sua frente isso parecia fácil de mais. Adorava saborear cada emoção e amava mais ainda em como elas se transmutavam á medida em que o entendimento preenchia os olhos daqueles que um dia lhe juraram amor.
Pegou uma gravata e vendou os olhos do amante, se surpreendendo em como era simples domá-lo, finalmente a vitima perfeita.
- O que vai fazer?
- Hoje vamos jogar um jogo, amor.
Viu o sorriso de Eren se alargar, sabia que o rapaz era competitivo em todas as áreas e adorava os jogos de sedução propostos pelo namorado. Armin sempre o deixava ganhar, mas ele não ganharia dessa vez, não mais.
- Vou amordaçar você, tudo bem?
Esperou o sinal positivo do homem e então pegou outra gravata, deu um beijo demorado em seus lábios passando em seguida o tecido, dando um nó apertado na parte de trás.
Acariciou suavemente o pescoço de Eren e desabotoou sua camisa jogando-a sobre a cama. Deteve-se por um instante na calça cáqui, sorrindo divertido ao ver a ereção já tão visível do outro, puxou o restante das roupas sem nenhuma delicadeza recebendo um gemido abafado. Guiou-o com cuidado até estar totalmente deitado na cama e abriu a gaveta da cômoda retirando as algemas já gastas, prendendo os pulsos á cabeceira. Agora sim poderia aplicar sua técnica...
*
Não sabia quanto tempo havia se passado desde que o namorado o havia amordaçado e o prendido á cabeceira, a espera o torturava ao mesmo tempo em que o excitava, porém uma pequena faísca de medo o consumia, mas logo era reprimida, não tinha o que temer. Ouviu um barulho de metal e tentou imaginar qual brinquedinho novo Armin havia comprado dessa vez e porque diabos cantarolava sem parar “singin’ in the rain”, o loiro nunca sequer cantava.
Sentiu as mãos tão conhecidas juntarem seus pés um em cima do outro e esperou pela carícia tão bem vinda, mas no lugar só veio a dor.
*
O cenário parecia perfeito aos seus olhos. A imagem de Eren algemado e com estacas fincadas em seus pés e coração com certeza era sua grande obra, o olhar morto com o qual ele agora o olhava era o toque a mais em sua magnifica representação. Só de lembrar a expressão de horror em suas orbes quando ele lhe tirou a venda, o grito que não saia por falta de entendimento ao olhar para os pés e vê-los completamente pregados, a dor percorrendo todos os nervos acima, paralisando completamente seu corpo e as lágrimas que não poderiam deixar de ser retratadas. O corte profundo no pescoço era a cereja do bolo. Eren estava magnifico.
Folheou as páginas observando maravilhado cada detalhe de suas realizações. Amara cada um deles e por isso os havia eternizado para sempre, seriam sua Mona Lisa e um dia percorreriam o mundo em belíssimas pinturas.
Fechou o caderno, agora contendo sua oitava obra e se pôs de pé. Abriu o galão de gasolina, jogando o liquido por todo o cômodo, parando apenas para olhar mais uma vez os lindos olhos esmeraldinos, agora sem vida, do rapaz.
Riscou o fósforo e o viu ser consumido pelas chamas, um desperdício mas extremamente necessário.
- Adeus Eren!
Não havia arrependimento, muito pelo contrário, o homem o havia servido muito bem.
Juntou seus pertences e saiu pela porta antes do fogo consumir todo o lugar.
Já havia calculado seu próximo passo e encontrado outra vítima perfeita, Levi Rivaille, um homem que morava sozinho no centro da cidade e que como Eren não tinha parentes próximos, nem amigos.
Sorriu deliciado não contendo o êxtase de começar o trabalho, tinha alguém novo para conhecer e consequentemente mais uma página que ansiava e muito, em ser preenchida.
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