O japonês caminhava de um lado para o outro enquanto roía a unha já curta, mesmo que ousasse dizer que não estava nervoso, era nítido seu nervosismo, e o mesmo tinha nome e sobrenome.
Sicheng já o causava uma leve ansiedade normalmente, mas desde que o outro o chamará para um encontro com tanta atitude, coisa que até demorou para entender, sua ansiedade só aumentou, afinal, não sabia ao menos para onde iriam.
Vestia um jeans preto, uma camiseta azul comum e uma jaqueta escura, nada muito ousado mas arrumado o suficiente para não parecer desleixado, até mesmo arrumou os fios de um jeito diferente, os jogando mais ainda para o lado, usava um pouco de maquiagem e havia escolhido seu melhor perfume.
Quando ouviu as batidas na porta, quis gritar e até mesmo chacoalhar Doyoung enquanto gritava, mas o mais velho nem ali estava, então apenas respirou fundo e abriu a porta vagarosamente, e então todo seu nervosismo se foi, o sorriso de Dong era tão radiante que por alguns segundos, se esqueceu de seu nervosismo, se esqueceu de tudo, porque naquele momento, só aquele sorriso importava, e se esforçaria ao máximo para mantê-lo a tarde todinha.
Sicheng vestia uma camiseta preta de mangas longas com alguns desenhos nas mangas e uma bermuda jeans desfiada, uma roupa despojada, o que fez Yuta relaxar, aquilo significava que não iriam para nenhum lugar extravagante, não que esperasse isso de Sicheng, mas ainda sim, o tranquilizava.
– Oi... Yuta? – Balançou a mão em frente ao rosto do outro, logo o vendo despertar de uma transe, o que o fez sorrir.
– Ah! Oi... Vamos? – Sorriu, vendo o chinês concordar, então logo já andavam pelos corredores.
Caminhavam tranquilamente pelo campus, e a cada segundo a curiosidade de Yuta somente aumentava, queria morrer por ter que suportar não saber ao menos para onde iria, e Sicheng jamais o diria, o sorrisinho sapeca do mesmo era impagável, então Yuta apenas concordava e seguia andando, deixando o nervosismo e o sorriso de Dong e consumirem.
Para Sicheng, ainda era estanho andar ao lado de Yuta, não que fizessem isso com frequência, mas mesmo se fizessem, jamais se acostumaria com a quantidade de pessoas cumprimentando o japonês, Sicheng admirava a forma como Yuta era querido por todos e sentia-se feliz por saber que era uma das pessoas que cada vez mais tinham o prazer de conhecer o japonês, não conhecê-lo somente pelo mesmo ser um jogador ou um cantor, conhecer quem Nakamoto realmente era, conhecer o mundinho do mesmo, e Sicheng sentia-se bem com isso, que aos poucos, conhecia mais e mais o japonês, e mesmo que no final de tudo não ficassem juntos, sabia que teria um bom amigo para a vida toda.
Logo que atravessaram os limites da faculdade, caminharam um pouco mais até chegarem na estação de metrô, o que só deixou Yuta ainda mais curioso.
– Ainda não vai me dizer para onde está me levando?
– Não, eu não vou! – Sorriu, colocando as mãos para trás e rindo.
– E se você estiver me sequestrando? E se eu não gostar do lugar? – Perguntou, tombando a cabeça para o lado enquanto se posicionava ao lado do chinês, esperando pelo metro.
– Não vou te sequestrar, Yuta! – Riu baixo – E se você não gostar do lugar, nossa amizade já pode acabar por aqui.
– Vou confiar em você... – Observou o metro parar e as pessoas saírem do mesmo.
– Pode confiar... – Segurou o pulso do japonês e o puxou para dentro – Eu tenho um bom gosto!
E antes que Yuta pudesse responder, o metro deu partida e apenas conseguiram sorrir.
Por sorte, naquele dia o metro não estava tão cheio, então conseguiram um bom lugar para se sentar, então rapidamente, Sicheng puxou o celular e os fones de ouvido, logo conectando no aparelho e dando play em sua melhor música.
Come A Little Closer, Cage The Elephant.
E então antes que Yuta pudesse dizer algo, Sicheng levou um dos fones até o ouvido esquerdo do mesmo, e então fechou os olhos, aproveitando a música junto ao outro, não sabia se o outro curtia a banda ou o gênero musical, mas só quando olhou o outro de relance e ouviu murmurar um verso, apenas sorriu e fechou os olhos novamente, prestando atenção em cada palavra.
Come a little closer, then you'll see
Come on, come on, come on
Quando deram-se por si, já haviam chego onde queriam, então saíram do metrô, subindo as escadas e por fim, saindo da estação, Sicheng não pode dizer palavra alguma, apenas sorriu de forma divertida e puxou Yuta dali, caminhando pela rua movimentada em meio aos outros ali, não conseguiam deixar de sorrir, não sabiam bem o motivo, mas a presença alheia os deixavam animados, então apenas sorriam.
– Certo, quero que feche os olhos! – Parou em frente ao japonês.
– Mas a rua 'tá lotada, não tem como andar sem eu enxergar... – Olhou para os lados, vendo casais, amigos, família e etc.
– Confie em mim... – Riu, indo atrás do japonês e cobrindo os olhos do mesmo – De uns 10 passos para frente, não se preocupe, pode ir!
– Você me paga, Sicheng! – Riu, fazendo o que o outro pediu, 10 passos.
– Certo... Você pode olhar em 3... 2... 1! – Retirou as mãos dos olhos do outro, o vendo sorrir imediatamente.
O letreiro do fliperama brilhava em tons de azul e amarelo, contrastando com o preto do estabelecimento. Yuta não pode deixar de sorrir de forma quase que assustadora, mal podia acreditar que Sicheng havia o levado até li.
– Eu não acredito... Esse é um dos meus lugares favoritos do mundo todinho! – Passou as mãos pelos fios e rosto, ainda bobo — Eu não venho aqui já faz um tempinho, mas eu ainda amo isso aqui!
– É ótimo saber disso! – Riu baixo – Vem, vamos brincar...
Empurraram a porta, que ao ser aberta, fazia um barulho divertido, mas que mal era notado devido aos sons de tantas máquinas.
Nem foi preciso dizer muitas palavras, ambos correram até uma das várias máquinas destinadas a Street Fighter, um dos diversos jogos que costumavam a jogar na infância, o local tinha desde os clássicos como Pack-Man, Donkey Kong, Galaga, Mário e etc, até aos jogos de realidade virtual.
Fizeram questão de jogarem todo um por um, vez ou outra apostavam em quem ganharia em Mario Kart, e depois de muito sufoco e alguns leves empurrões de trapaça, Sicheng conseguiu vencer.
– Isso foi roubado, Sicheng!
– Claro que não, eu ganhei de forma justa, eu não tenho culpa de você ser ruim!
– Você me paga... – Negou com a cabeça, rindo e puxando o chinês para um brinquedo mais simples, uma máquina com uma cesta onde se acertava bolas de basquete – Você é tão bom jogador quanto é torcedor?
– Meu trabalho é nas arquibancadas! – Riu, mesmo que amasse esportes, não levava jeito para uma parte dos mesmos, mas naquele momento, um sentimento de competitividade já começa o tomar, então apenas começara a jogar bolas de basquete de forma um tanto exaltada e empolgada.
Jogavam as bolas cada vez mais rápido, mal tinham a noção da pontuação já que haviam esquecido de marcar, então somente jogavam cada vez mais forte ou mais rápido, mas antes que Sicheng pudesse fazer uma grande cesta, o tempo se esgotou, fazendo ambos bufarem.
Depois de revezarem em diversas máquinas, ousaram experimentar jogar usando óculos de realidade virtual, esperou que uma das funcionárias os arrumassem num local específico e os ajudassem, então logo já estavam em um mundo pós apocalíptico lutando um contra o outro numa grande batalha com lâminas, vez ou outra podiam jurar que aquela era uma verdade, o que deixou tudo muito estranho o tirarem os óculos e rirem, vendo tudo da forma como haviam deixado.
– Você quer comer? Eles tem uma lanchonete aqui dentro! – Sicheng sugeriu, vendo o japonês concordar, e logo já caminhavam e sentavam-se numa mesa preto com neon amarelo.
Pegaram os cardápios e observaram as opções de fast-food, os lanches dos mais variados com as bebidas mais bizarras, muitas vezes inspiradas em algum jogo ou personagem.
Logo escolheram seus devidos hambúrgueres, os maiores e mais recheados possíveis, e quando chegou, mal podiam acreditar na grandiosidade daquilo.
– Preciso tirar uma foto disso, esse lanche e maior que a minha cabeça! – Yuta riu, tirando algumas fotos do lanche e até mesmo algumas do chinês quase quebrando o maxilar para conseguir dar um mordida no lanche 10 vezes maior do que aparentava, mas comeram de bom grado, afinal, aquilo era como uma refeição dos deuses para os dois ali.
– Por que me chamou para sair? – Limpou o próprio dedo sujo de molho.
– Sabe... Eu não sei exatamente, talvez porque sejamos amigos! – Deu de ombros, logo fazendo uma careta pelo refrigerante cheio de gás – Yuta, independente do que aconteça, eu gosto de você, você é mais do que as pessoas costuma ver, todo mundo pode te ver como o jogador, o garoto bonito, o cantor, mas eu te vejo muito além disso, e a cada dia mais eu descubro algo novo sobre você, então independentemente, quero ter sua amizade para sempre!
Yuta mal tinha palavras, somente o sorriso bobo que carregava era o suficiente para expressar o que sentia. Sicheng era uma das melhores pessoas que tivera o prazer de conhecer e se aproximar cada vez mais, não sabia bem o que seria do futuro dos dois, mas por hora estava feliz por só tê-lo ali, seja da forma que fosse, Sicheng vinha ganhando um espaço especial em seu coração a cada dia mais.
– Obrigado... Por tudo! – Sorriu ameno, observando o sorriso fofo do chinês.
Logo voltaram a comer em meio ao barulho de máquinas e falatórios, mas sentiam-se incrivelmente bem, bastava a presença um do outro.
* »»——⍟——««*
Sábado poderia ser classificado como o melhor dia da semana, depois de quinta-feira, é claro, segundo Mark. Mas esse em especial, ele experienciaria algo que jamais iria esquecer.
Sua primeira festa do pijama.
Jaehyun teve a brilhante ideia durante a semana, Mark costumava ir toda hora para casa do Seungmin mas nunca para a dele, então resolveu ligar para os respectivos responsáveis de Seungmin e de Wonyoung para convidar eles para irem dormir lá.
Mark estava muito animado e não conseguia falar de outra coisa desde que seu pai comentou sobre o plano, passou a tarde de sexta feira arrumando seus brinquedos e deixando seu quarto o mais impecável possível. Taeyong por outro lado, quando perguntou no dia anterior para o pequeno do porquê dele estar tão animado, acabou percebendo o que estava prestes a acontecer...
E de fato aconteceu. Jaehyun quando chegou do trabalho perguntou se ele não poderia ajudar a cuidar das crianças junto com ele no sábado. Para Taeyong já estava muito difícil dar conta de cuidar do Cereal e de Mark ao mesmo tempo imagina eles dois e mais duas crianças de três anos.
Foi por volta das três horas da tarde, para o apartamento do outro e agora a menos de 30 minutos dos convidados chegarem, a casa estava um caos completo.
– PAI, CADÊ MEU MACACÃO! – Mark gritou do andar de cima, com uma voz que Taeyong conhecia bem, estava desesperado e prestes a chorar.
Taeyong estava consigo na cozinha arrumando e fazendo com cuidado os lanchinhos que as crianças iriam comer durante o dia. O mais velho tinha preparado um cardápio hiper saudável, mas Taeyong esclareceu que em festa de pijama a graça era comer besteira e coisas gostosas. Então estavam correndo para preparar tudo. Jaehyun estava cortando laranja para fazer um suco enquanto Taeyong despejava os salgadinhos em potes.
– Taeyong você pode... – parou assim que se virou e o viu tão ocupado quando si.
Jaehyun estava o completo desastre, Taeyong nunca o vira daquele jeito. A roupa estava toda manchada de comida e o cabelo completamente desorganizado. Soltou um leve risinho e foi até o mais velho.
– Ei... – se aproximou e colocou suas duas mãos sobre o rosto alheio, limpando uma das bochechas do outro com o polegar. – Sobe, se arruma e ajuda o Mark, eu dou um jeito aqui! – passou seus braços sobre os ombros dos outro. – Acho que as mães vão ficar com um pé atrás se te virem desse jeito...
Jaehyun não conseguia identificar desde quando Taeyong começará a ficar mais carinhoso e a ceder mais, mas estava tão feliz por isso. Por poder o ter em seus braços com mais frequência, poder chegar em casa e receber alguns beijos e de vez em quando algo a mais.
– Obrigada. – proferiu antes de deixar um doce selar nos lábios de Taeyong.
Saiu da cozinha correndo, subiu as escadas e se dirigiu ao quarto do seu pequeno menino que estava emburrado.
– Oi meu príncipe! – foi até a cama do pequeno e o pegou no colo, fazendo ele desfazer o rostinho bravo. – Você quer usar um macacão? Acho que vai acabar fazendo você se incomodar durante o dia... – Mark abraçou o pescoço do pai mas ainda parecia triste com a ideia de ficar sem uma de suas roupas favoritas. – O que você acha de colocar sua roupinha de pinguim, hm?
Essa ideia não havia passado pela cabeça do pequeno, então seus olhinhos já estavam brilhando com a ideia de usar seu pijama hiper confortável que era basicamente uma fantasia de pinguim.
– Vamos tomar banho, papai! – sorriu.
– Vamos, neném!
Taeyong por outro lado, já estava tentando alternativas de como se duplicar, o suco já estava pronto mas os lanchinhos estavam longe de estarem. Faltava menos de 10 minutos para o horário marcado e a única coisa que o tranquilizava era que, pelo menos a casa já estava arrumada. Separou o milho para fazerem pipoca mais tarde e despejou alguns biscoitinhos em alguns potinhos.
O interfone tocou e o que parecia que não ia ficar pior, conseguiu ficar. Taeyong ainda escutava o barulho do chuveiro o que significava que os dois ainda estavam no banho, ou seja, teria que abrir a porta.
Já elaborava as mais diferentes desculpas para ele ter ido atender a porta, para que os pais não achassem Jaehyun irresponsável ou coisa do tipo, mas no final das contas sequer foi preciso...
– Chanzinho? – perguntou assim que viu o mais novo do outro lado da porta, segurando a mão de uma pequena menininha. Sabia que era a pequena Wonyoung, Mark contava todos os dias sobre ela e Taeyong sequer conseguia esconder que estava animado pra conhecer os dois pequenos.
O nervosismo todo de Chan pareceu sumir assim que viu o mais velho.
– Taeyong?
– Eu sou a Wonnie! – a menina estendeu sua mãozinha para cumprimentar Taeyong.
Foi impossível não abrir um sorriso ao desviar sua atenção para a pequena que estava usando um vestido azulzinho e um tênis branco, fora isso uma coroa pequenininha brilhante em sua cabeça.
– Oi Wonnie, Mark está saindo do banho, já desce para brincar com você viu! – se agachou e afagou o cabelo da menina. – Eu que vou cuidar de vocês hoje à noite, prometo que a gente vai se divertir bastante! Pode me chamar de Tae.
Ela confirmou com a cabeça e abriu um pequeno sorrisinho.
– Se cuida viu meu amor... – se agachou e acariciou o rostinho da menina. – Vou ficar com saudade. – fingiu que ia começar a chorar e a pequena o abraçou com todo carinho que tinha em si.
– Jaja eu to de volta! – passou seus bracinhos pelo pescoço do irmão. – Te amo!
Taeyong não sabia como reagir aquele momento. Costumava ver Chan andando de um lado para o outro com Doyoung, sabia que ele era uma pessoa ótima, mas naquele momento se arrependeu por não ter se aproximado antes ou por sequer não saber quem era aquela pequena garotinha na vida dele.
– MARK NAO CORRE NA ESCADA! – escutaram um grito de Jaehyun um tanto quanto abafado pois estava bem longe da porta.
– Wonnie! – Mark pronunciou assim que chegou na porta e viu a menina. Estava com seu pijaminha de pinguim e mais do que pronto pra brincar. – Vem comigo! – segurou a mão da menina e antes de a puxar, cumprimentou Chan que parecia já o conhecer.
As duas crianças entraram no apartamento deixando os outros dois aí ainda plantados.
– Então a criança que você toma conta é o Mark... – Chan fez um pequena pausa para se recordar de todas as vezes que Doyoung já havia comentado sobre. – As coisas fazem sentido agora.
– Doyoung né? – Chan confirmou o que fez Taeyong soltar uma leve risada. – Mas então... essa linda menininha é... sua filha? – Taeyong estava levemente receoso sobre questionar sobre esse assunto, sabia que o menino trabalhava mais do que deveria e tudo indicava que a razão estava nesse exato momento brincando na sala com Mark.
– Não não, ela é minha irmã! – negou rapidamente. – Mas pensando melhor, eu to mais para pai... Meus pais faleceram alguns anos atrás e quem cuida dela sou eu e minha vó, então acho que posso atender como pai também.
Taeyong sempre viu Chan como uma pessoa extremamente alegre o tempo todo, queria conseguir ficar tão feliz quanto o mais novo, ficava imaginando como ele deveria ter uma vida perfeita, mas agora sabia que estava bem longe disso. Agora sentia uma admiração pelo mais novo, tinha consciência que não teria tanta coragem ou força caso estivesse em seu lugar.
– Meus pêsames! Chan, me perdoa eu...
– Relaxa Taeyong, ta tudo certo! – interrompeu o outro é abrindo um sorriso logo em seguida, sentia uma energia muito boa de Taeyong e gostava quando saíam juntos com os outros meninos.
– Oi Chan! – Jaehyun apareceu atras de Taeyong e estendeu a mão para cumprimentar o mais novo, que logo o cumprimentou de volta. – Quer entrar para tomar alguma coisa?
– Eu adoraria, mas eu tenho que ir trabalhar! – observou os outros dois a sua frente, o fato de Taeyong ser baba de uma criança não foi a única coisa que Kim havia contado. – Espero que a Wonyoung não de trabalho, mas caso aconteça algo podem me ligar! Obrigada mais uma vez, pelo convite e por cuidarem dela!
– Fica tranquilo, Chan. Sempre que você precisar pode deixar ela aqui com a gente!
Agradeceu e assim que ia entrar no elevador, Seungmin saiu correndo lá de dentro com uma mochilinha nas costas.
– Tio Jae! – o menor tentava correr o mais rápido que conseguia mesmo quase tropeçando nos próprios pés. Estava mais adorável do que nunca, com sua jardineira e uma blusa branca por baixo.
Jaehyun pegou a criança no colo assim que ela chegou pertinho de si, Taeyong se lembrou do menino da sala de cinema. Ele tinha crescido um pouquinho e parecia estar bem mais animado que naquele outro dia.
– Oi grandão, tá animado? – tirou a mochilinha das costas no menino e entregou para Taeyong. – Cadê sua mamãe?
– Ela estava atrasada, então o tio lá de baixo, subiu comigo. – cutucou a bochecha de Jaehyun de form carinhosa. – Cade o Mark? A Wonnie já chegou?
– Vamos para dentro antes que essa criança morra de ansiedade!
Lee tinha muitas coisas rondando sua cabeça, quais as possíveis brincadeiras para entreter os mais novos, o que iam dar de jantar pros três, como esse tempo todo Chan era praticamente pai de uma criança e ele não sabia ou como Minho trouxe Seungmin e havia assistido tudo e estava prontíssimo para fofocar no dia seguinte.
– Taeyong? – era a terceira vez que Jaehyun o chamava mas ele continuava imóvel perto da porta. Colocou Seungmin no chão e se aproximou do outro. – Tá tudo bem?
– Nossa, desculpa, eu fui longe agora... – apoiou sua cabeça no ombro de Jaehyun e recebeu de reposta os braços do mais velho o rodiando. – Você está cheiroso... perfume novo?
– Hm? Na verdade não deu tempo de passar, eu tomei banho com o Mark no banheiro dele. – Taeyong se desvencilhou dos braços dele e foi até Wonyoung telhar a mochilinha dela também. – Espera... não me diz que aquilo que o Mark espirrou em mim era colônia infantil...
Taeyong olhou pro mais velho e se segurou para não rir.
– Tão cheiroso quanto um neném! – Proferiu antes de se virar para levar as coisas das crianças para o andar de cima.
Jaehyun ficou pertinho das crianças as vendo brincar com alguns bonequinhos, enquanto Taeyong arrumava o lugar em que os três iriam dormir. Separou as cobertinhas, os travesseiros e tudo que era necessário para eles ficarem confortáveis. Taeyong conseguia escutar as risadas de longe e isso já o deixava igualmente feliz. Depois de alguns meses cuidado de Mark já se considerava mais do que apegado ao pequeno e o ver sorrindo e se divertindo era mais que um prazer para o mais velho.
Desceu trazendo mais alguns brinquedos que imaginou que as crianças iriam gostar. O dia estava ótimo e tudo parecia indicar que seria um dia mais do que incrível.
– Olha o que o Taetae trouxe! – posicionou as pelúcias no chão que logo foram atacadas pelos três monstrinhos que estavam sentados no chão.
– Tae, eu preciso atender um dos fornecedores da clínica, fica olhando eles para mim, por favor? – Jaehyun passou por si e sequer esperou a resposta, atendeu o telefone e entrou no escritório, logo fechando a porta.
Sentou no sofá e ficou aproveitando a serenidade daqueles pequenos seres enquanto fingiam ser algum pás das pelúcias fazendo algumas vozes diferentes e engraçadinhas para combinar com o bichinho.
– Wonnie eu posso ser a princesa? – Seungmin perguntou um tanto tímido apontando para a tiara na cabeça da menina.
– Pode sim! – Ela tirou o acessório sem pensar duas vezes de sua cabeça e colocou com maior cuidado na cabeça do outro. – Me empresta sua espada?
Seungmin correu pro cantinho da sala para pegar a espada de plástico articulável que havia trazido na mochila. Taeyong estava adorando assistir aquilo e estava um tanto cômico. Seungmin era a princesa, Wonnie um cavaleiro e Mark um pinguim. Ficava feliz por saber que nessa época da vida ainda não existiam tantos esteriótipos ou sequer preconceitos e pernas torcia para que eles crescem daquela forma e soubessem que poderiam ser e se sentir como bem entendessem, até mesmo como um pinguim, vai saber.
– Tae, prende meu cabelo? – a pequena estendeu um lacinho para que o outro amarrasse. Achou que seria uma missão impossível mas após algumas tentativas conseguiu executar o trabalho até que bem, agradeceria Yuta mais tarde por ter o ensinado em uma das tardes quando estava derretendo enquanto assistia um dos treinos do japonês. – Prontinho meu amor.
A brincadeira de conto de fadas + um penguin se pendurou por mais algum tempo, Jaehyun continuava dentro da sala e Taeyong imaginou que disse uma conversa um tanto quanto seria para estar demorando tanto, mas esse não era o foco do momento. Ele já estava percebendo que a brincadeira estava cansando e criança entediada é sinônimo de bagunça, então resolveu entretê-los antes que desse problema.
– O que vocês acham de brincar de esconde-esconde?
Péssima ideia.
É comum se dizer que não se comete o mesmo erro duas vezes, mas lá estava Taeyong fazendo a mesma coisa que fez logo quando tinha começado a cuidar de Mark.
Os três pequenos pareceram gostar até demais da ideia. Taeyong disse que contaria até 30 e as crianças foram logo se esconder. Estava confiante que não seria um problema encontrá-las, já estava trabalhando lá faziam alguns meses então já considerava que conhecia os cantinhos da casa.
Começou a procura na cozinha, apenas pelo desencargo de consciência de que ninguém ria se machucar ali. Olhou em cada pedacinho daquela sala, foi na piscina, olhou o jardim, perguntou 3 vezes ao Cereal se sabia o de algum deles estava, foi para o andar de cima, olhou o quarto do Jaehyun e a sala de brinquedos e absolutamente nada de nenhum dos três.
– Cara, onde essas crianças foram? Na minha época se esconder atrás da cortina era o auge de estar escondido. As crianças dessa geração já estão dominado a bruxaria. – falava sozinho enquanto ia passeando pelo apartamento.
Foi para o banheiro lavar a mão logo após receber uma mordida leve de Cereal que não estava mais aguentando Taeyong o perturbando. Era uma clara briga para saber quem se odiava mais entre aqueles dois.
Continuava pensando em que lugar os três estariam. Foi até a tolha para secar a mão e então viu um pequeno brilhinho vindo do box. Agradeceu a alguns deuses diferentes por Seungmin ter pedido aquela coroa a Wonyoung. Abriu a porta devagarzinho e encontrou o menino encolhidinho e se esforçando o máximo para não fazer barulho.
– Achei! – Lee fez uma voz engraçada e algumas cócegas quando o pequeno se levantou, o fazendo rir. – Vamos achar os outros dois fugitivos, você sabe onde eles estão? – Seungmin negou e logo em seguida segurou a mão de Taeyong para o acompanhar.
Taeyong passou por todos os outros banheiros do apartamento em uma tentativa de encontrar os outros dois, mas ainda sim nada. Até Seungmin já estava querendo desistir, as Taeyong confiou conversando e incentivando o pequeno. Entrou no quarto de Mark mais uma vez, olhou dentro dos armários, no banheiro e atrás dos móveis e nada. Percebeu que tirou o tapete de lugar e o arrumou, fazendo parte da poeira voar. Estava saindo quando escutou um pequeno espirro vindo do fundo do quarto. E lá estava Mark, entre o vão da parede e do armário, estava tão encolhido que não deveria sequer estar respirando.
Assustou o pequeno o fazendo dar risada e foi assim que eles continuaram as buscas. mais 5 minutos se passaram e nada da menina aparecer. Tinham se dividido mas nenhum estava chegando em lugar algum. Mais 5 minutos se passaram e Taeyong já estava começando a ficar ansioso, sabia que Jaehyun estava ocupado mas estava quase indo lá pedir ajuda.
– Tae, já olhei lá em cima e nada!
– Aqui em baixo também não está...
– Vamos manter a calma... – passou a mão nervosamente pelo cabelo, pas crianças estavam claramente calmas, quem estava preocupado mesmo era Taeyong. – Ela não saiu né? E se saiu não deve ter ido muito longe, certo?
Todos os tipos de hipótese corriam pela cabeça de Taeyong, as crianças continuaram procurando e já estavam chamando pelo nome dela. A brincadeira já havia acabado e já estava preparando sua declaração de óbito, pais caso Jaehyun não o matasse, Chan o mataria ou se nem usar ele mesmo se mataria pela culpa.
A porta do escritório se abriu e os olhos de Taeyong já começaram a se encher de lágrimas , não estava sequer apensando direito, então apenas disse a primeira coisa que veio em sua cabeça:
– Jaehyun, eu perdi uma criança... – começou a chorar em tom bem alto, como poderia ter a perdido em tão pouco tempo...
Jaehyun soltou um riso, achando fofo como Taeyong era bobinho.
– Serve essa aqui? – Jaehyun saiu do escritório com Wonyoung no colo. – Essa pequena pediu para se esconder lá e ficou me fazendo companhia desenhando.
Taeyong quase se jogou no chão de emoção, não imagina que ficaria tão feliz com a imagem de Jaehyun segurando uma criança no colo. Os outros dois meninos correram para falar com ela e para comentar como a ideia tinha sido incrível.
– O que vocês acham de a gente comer um pouco agora? – Jaehyun perguntou indo já com os pequenos em direção a mesa para dar lanchinho pra ele.
– Eu ainda hoje vou surtar aqui dentro, né Cereal? – olhou para atrás e viu que já não estava mais ali. – De novo não...
Taeyong foi direto para a cozinha pegar os sanduíches que tinham feito algumas horas antes. Se apoiou na pia, ainda estava nervoso, mal conseguia ficar calmo.
– Ei, não aconteceu nada, está tudo bem. – Jaehyun o abraçou por trás e começou a deixar beijos no pescoço do outro. – Ela estava comigo, fica calmo, vamos levar as coisinhas para eles? – Taeyong apenas confirmou indo abrir a a geladeira, Jaehyun pegou os sanduíches em cima da bancada, mas antes de sair se virou para o mais novo. – Me da uma beijo?
Lee se inclinou e recebeu um selinho do mais velho, achava incrível como o outro tinha algum tipo de poder para o acalmar como ninguém.
Levou os copinhos e distribuiu os sucos da forma mais justa que conseguiu para não haver briga.
– Papai, a gente pode assistir e episódio de Pororo as... – Mark teve que contar durante alguns segundos com os dedinhos para chegar em uma resposta. – As oito?
– Claro que podem! Mas vao ter que comer tudinho!
Jaehyun foi pegar mais um para Mark que já havia acabado o seu e tava quase pegando o de Wonyoung para comer. Taeyong estava distraído tentando fazer uma trança no cabelo da menina, quando aquilo aconteceu...
Quando a tragédia aconteceu.
Wonnie disse que não queria o tomate, então Seungmin se ofereceu para comer, no momento em que foi pegar o pedacinho de tomate esbarrou a mão em seu próprio copo de laranja, derramando o por toda a mesa.
Houveram três distintas reações.
Mark gritou para o Cereal não chegar perto, porque ele não podia tomar suco de laranja.
Wonnie se levantou calmamente para chamar Jaehyun e pegar um pano para limpar a bagunça.
E Taeyong saiu correndo pra pegar o pequeno menino que estava prestes a receber uma banho de suco de laranja. Já bastava a mesa ensopada, não precisavam de um garotinho também.
– Não faz nem dois minutos que eu saí... – Jaehyun retornou segurando um pano e Wonyoung com outro.
– Tio Jae... Eu... Eu não fiz de... pro-po-propósito... – começará a chorar e tentava falar entre os soluços. – De-Desculpa!
– Não sujou quase nada, fica tranquilino, sei que foi sem querer. Tio não tá bravo! – Jaehyun foi até o pequeno e o segurou com todo carinho do mundo, enquanto afagava os pequenos e finos fiozinhos dele.
Lee olhou para o lado e Mark estava com Cereal no colo não deixando o gato sair dali e Wonyoung já havia praticamente limpado tudo, faltava apenas o que tinha caído no chão.
– Tae, preciso fazer xixi... – a menina se pronunciou assim que, parou de passar o pano sobre a mesa.
–Você pode levar ela, Tae? Aqui ainda está meio complicado. – apontou para o menininho entre seus braços que continuava a chorar baixinho
– Como meninas fazem xixi?
– Taeyong?
– Ata, calma eu ainda to nervoso. – Segurou a mãozinha da pequena e começou a caminhar ao seu lado em direção ao banheiro enquanto discutiam sobre qual deveria ser o tamanho do totoro na vida real.
– O que vocês acham de assistirmos um pouquinho de televisão?
Os meninos concordaram e então os levou para a sala e os posicionou no sofá. Taeyong conseguiu levar a menininha para ir ao banheiro e logo a colocou junto com os outros dois. Jaehyun se trocou, voltou para cozinha fez pipoca para os nenens e entregou os salgadinhos.
Ficaram assistindo televisão e jogando alguns joguinhos bobos até o tão esperado episódio novo de Pororo que ficaram esperando a tarde inteira. Mas quando deu a hora os 5 já estavam dormindo, inclusive os dois mais velhos estavam no chão exaustos depois de todo a tarde.
Jaehyun acordou duas horas depois e levou criança por criança para cama. Teve até que trocar algumas palavrinhas com Seungmin, até ele dormir de novo. Teve o maior cuidado para ter certeza que todos estavam o mais confortáveis possível. Colocou o ursinho da menina perto dela, que ele sabia que a menina adorava dormir com. Ajeitou a cobertinha de Mark até o topo que sabia que o mais novo adorava.
E por fim a última criança ainda estava no chão da sala, mais cansado que qualquer um ali. E Jaehyun reconhecia o esforço do mais novo e jamais seria capaz de expressar o que grato estava por ter recebido tanta ajudo do outro. Estava tão feliz como nunca esteve nos últimos quatro anos, as coisas pareciam ter finalmente se firmado e absolutamente parece estar onde deveria estar.
Desceu as escadas silenciosamente e caminhou até Taeyong, começou um leve carinho em sua bochecha afim de o acordar da forma mais calma possivel.
– Aqui está muito desconfortável, vamos subir para dormir na cama, amor?
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