– BABY, YOU LIGHT MY WORLD LIKE NOBODY ELSE! – Jaehyun cantava com o máximo de emoção que tinha, sua playlist favorita tocava e ele não poderia estar mais feliz naquele dia. – Vai Mark, canta com o papai!
– Pai, o que você tá fazendo?
– Na minha época de adolescente, só isso tocava no rádio, é incrível, não? – batia as mãos no volante no ritmo da música, enquanto aguardava o sinal abrir.
Mark adorava quando seu pai acionava sua playlist favorita, o que significava que ele estava no ápice da felicidade, sempre eram dias que havia recebido alguma notícia boa ou que iria acontecer algo incrível. Mark não sabia quase nada de inglês mas tentava acompanhar com o pai e se dedicava mais nos versos com "Oh, Oh, Oh".
Aquele sábado já não havia começado normal. Jaehyun já acordou Mark pulando de alegria, a criança até se assustou, seu pai era sempre tão calmo...
– Estamos chegando para pegar o Lucas e o Hyuck!
Estavam indo assistir um jogo de basquete do time favorito de Jaehyun. Seria a primeira vez de Mark indo em um jogo de proporções grandes, não sabia o que aquilo significava então sua animação era totalmente por causa de seu pai o pilhando no banco da frente. Convidou Lucas já sabendo que o mais velho não iria recusar, também era seu time favorito e fazia um bom tempo que não iam assistir um jogo juntos.
Bom... Agora levariam as crianças também.
Jaehyun estava tão ansioso que comprou duas semanas antes uma blusa do time para Mark, com direito a um boné das mesmas cores, roxo e branco. Jaehyun também vestia sua clássica blusa.
Avistou Lucas segurando seu filho já na calçada os esperando, estavam também a caráter, Hyuck ainda estava com o tênis combinando com a blusa claramente bem maior que si. Muito provavelmente ainda não fabricam blusas de basquete tamanho 2.
– Oi, Jae! – Lucas entrou no carro, se sentando no banco da frente e posicionou Haechan de forma confortável em seu colo. – Como que você tá, Mark?
– Markie! – Hyuck proferiu batendo palminhas, havia finalmente conseguido falar o nome do outro e desde então não parava de repetir por aí.
Varias coisinhas faziam Mark abrir um sorriso automático, como quintas-feiras, a abertura de pokémon ou um novo episódio.
Acabara de descobrir que Haechan também fazia parte dessa lista. O sorriso já estava presente em seu rostinho apenas de ver o outro e após ter escutado seu nome, estava quase brilhando.
O caminho para a quadra em que iria acontecer o jogo foi extremamente divertido. Lucas não parava de fazer varias piadas que arrancavam varias risadas das crianças enquanto Jaehyun ria do quão bobo elas eram. Os dois adultos foram cantando varias musicas que tocavam nas baladas de sua época que era basicamente 2011-2015.
A quadra já estava lotada, mas felizmente seus ingressos estavam reservados fazia um bom tempo. Até a área fora estava cheia de gente, os adultos ficaram até um pouco apreensivos de terem levado os pequenos ali, mas sabiam que nada iria acontecer, não deixariam que acontecesse.
– Papai, o que a gente veio assistir?
Jaehyun esperou longos 3 anos, quase quatro, para receber essa pergunta e finalmente poder introduzir seu filho a vida de torcedor. Jogos sempre foram um tanto quanto entediantes para Jaehyun, mas o basquete... Jaehyun poderia passar horas e mais horas assistindo que ele ainda iria sentir vontade de mais. E essa mesma paixão era compartillhada por Lucas, depois que se encontraram 2 vezes em um jogo de basquete na época em que faziam faculdade, resolveram enfim se tornar amigos.
– A gente veio assistir um jogo de basquete, meu amor! – o colocou em seu colo, para que pudessem andar mais rápido. – Quer comer alguma coisa?
Perguntou mesmo já tendo certeza da resposta. Chamou Lucas para eles irem comprar alguma coisa antes de entrarem. Os letreiros das comidas eram bem atrativos, haviam diversas opções e as duas crianças pareciam maravilhadas com tanta cor e variabilidade.
– Quero aquele ali! – apontou para a maior imagem e muito provavelmente o maior pedido dos torcedores.
– Cachorro-quente?
O rostinho de Mark se fechou e um biquinho começou a se formar em seu rosto.
– Não é feito de... de... de cachorro, né, papai?
Jaehyun observou que as lágrimas já estavam começando a se formar nos olhinhos do pequeno e apenas o apertou contra seu peito tentado mostrar que tudo estava bem.
– Claro que não, bebê, é só o nome! – piscou para o atendente pedindo um silenciosamente.
Enquanto isso Lucas estava em uma batalha interna sobre o que daria para Hyuck, ele já não era mais tão pequeno, mas ainda haviam muitas coisas que ele não conseguia comer. Apenas pensou como sua esposa conseguia lidar com essa parte da comida mil vezes melhor, mas conseguiria chegar em um veredito.
O cachorro quente de Mark ficou pronto e por mais estranho que pareça, estava igual o da foto e aquilo fez os olhinhos do pequeno brilharem.
Quando estava prestes a morder, Jaehyun o impediu dizendo para comer só quando sentassem, se não acabaria deixando cair.
– Papai... – Hyuck tocou o rostinho do pai com seu dedo, tentando chamar sua atenção. – Igual! – apontou para o cachorro quente de Mark e sorriu logo em seguida.
Agora quem estava com a carinha triste era Lucas.
– Neném, você ainda não consegue morder aquilo e o papai não consegue cortar agora para você... – passava a mão pelos fios super finos de Haechan. – Mas eles têm pipoca! Você gosta muito de pipoca, o que você acha?
Duas reações eram possíveis para aquele momento. Ou Hyuck iria concordar com a ideia e ficar feliz devido a pipoca ou ele ia começar a chorar e fazer um escândalo ali mesmo. Lucas até fechou os olhos e se prosperou para começar a balançar o filho no intuito de acalma-lo, mas não foi preciso.
– Pipoca! – disse batendo palminhas.
Seguiram para as arquibancadas assim que conseguiram pegar tudo. Compraram apenas 3 lugares pois Hyuck ainda não conseguia ficar sentado sem tentar fugir para algum outro lugar então o colo de seu pai era a melhor opção.
Não estavam na final do campeonato mas a emoção chegava a ser a mes, Jaehyun se sentia com 16 anos de novo indo com seu pai nos jogos daquele mesmo time que nunca o decepcionou, talvez algumas vezes, mas no momento ele não se lembrava disso,
– Papai, já posso comer?
Jaehyun entregou a comida tão esperada para seu filho e arrumou seu cabelinho que já estava bagunçado pela movimentação. Mark se sentou entre Jaehyun e Lucas, principalmente para ficar pertinho de Haechan que estava comendo sem parar a pipoca mas continuava apenas no começo.
O jogo começou e Mark não estava dando a mínima, sua única prioridade era o cachorro quente, que já não era nem mais apenas uma comida, era quase um jogo. Estava fazendo o máximo para não se sujar mas insistia em falhar miseravelmente, sua mão inteira estava suja e seu rostinho também.
Hyuck também não estava incluso na lista de filhos exemplares, seu único foco era assistir Mark comendo, enquanto ele mesmo comia suas pipoquinhas devagar, de vez em quando Lucas tentava pegar, mas Hyuck fazia cara feia e dava na boca do pai.
– A... Am... Amor! – Hyuck estava com a cabeça levemente tombada, não sabia se havia proferido certo e nem se era essa palavra mesmo. Estava em uma fase em que dava seu máximo para lembrar das coisas que tinha aprendido até então e se frustrava-me sempre que não conseguia.
– O que você disse, neném?
– Vermelho, papai! – apontou para o rostinho de Mark que estava inteiro repleto de molho de tomate.
Lucas não conseguiu entender o que o pequeno estava tentando dizer mas chamou Jaehyun para olhar para a criança e a sujeira que ele tinha feito nele mesmo.
– Mark do céu, eu parei de te olhar por dois segundos, vem cá! – puxou o menino para seu colo e tirou de sua bolsa um pacotinho de lenços umedecidos que carregava consigo, limpou o rostinho com a maior cautela fazendo Mark rir do tecido molhadinho o tocando, pegou mais um para passar na mão dele. Pegou a garrafinha do pororo e o entregou apos o colocar de volta na cadeira. – Toma sua aguinha! Ainda bem que você não sujou a roupa.
Poucos segundos depois Haechan reproduziu algo como "Oh, ou" antes de cair na gargalhada. Jaehyun acompanhou as expressões de Lucas mudar de um sorriso para um semblante cansado.
– Ele fez cocô... – suspirou mais uma vez. – Vou trocar ele e já volto.
Lucas foi se afastando com a criança ainda dando pequenas risadinhas, aquele ali muito provavelmente daria bastante trabalho no futuro, tinha uma energia que não havia igual.
Jaehyun olhou em volta e se lembrou que cinco anos atrás, estava no mesmo lugar, ao lado da mesma pessoa, assistindo o mesmo time. Adoravam ir aos jogos, costumavam economizar dinheiro do estágio ou dinheiro que os próprios pais davam para irem em todas as partidas, depois que o jogo acabava chamavam Johnny e alguns outros garotos para ir beber, eram momentos que Jaehyun para sempre iria guardar no coração. Jamais imaginaria, naquela época, que hoje estaria com um pequeno garotinho prestes a fazer 4 aninhos que o chama de papai e que transformou sua vida por completo.
Talvez não fosse um futuro que Jaehyun imaginava naqueles tempos, mas hoje conseguiria dizer, com certeza, que não consegue imaginar sua vida sem aquele menininho que era o motivo dos seus mais bonitos sorrisos, o motivo de levantar todos os dias e ter vontade de trabalhar, aquele que o fazia querer terminar tudo o mais rápido possível, para voltar para casa e o ter pertinho de si.
Olhou para o pequeno que agora parecia concentrado no jogo, passou a mão por seus cabelos escuros, que estavam fora do boné e não conseguiu evitar sorrir.
– Cesta! – deu um pequeno susto no mais velho que estava um pouco desligado. – Eles fizeram três pontos, pai!
– Você viu, meu amor!
Lucas voltou depois de cerca de 10 minutos pois aparentemente Hyuck resolveu que não queria mais ficar com a sua calça jeans e simplesmente não deixou seu pai a vestir em si. Agora estava apenas de blusa e cueca, a blusa era grande e estava o servindo quase como um vestido.
O jogo terminou e mesmo o time de Lucas e Jaehyun tendo perdido de lavada, mesmo as duas crianças terem dado trabalho durante o jogo todo, os dois saíram de lá com um grande sorriso no rosto. Passar a tarde com os filhos já era felicidade demais para aqueles dois, não precisavam de mais nada.
– Mamãe! – Hyuck se pronunciou assim que encontrou sua mãe com o olhar, saindo do prédio em que moravam.
Jaehyun encostou o carro e cumprimentou Yuqi de dentro do mesmo.
– Olha só que bonitinho que eu comprei! – Lucas entregou para ela o certificado com o nome do Haechan de primeiro jogo de basquete que o pequeno havia assistido. – Eles vendiam lá na bancada da quadra, o técnico que assinou!
A animação de Lucas era admirável, Hyuck estava dormindo em seu ombro e provavelmente sequer se lembraria desse dia no futuro.
– Lucas, por favor, não me diz que você pagou 40 dólares em um pedaço de papel... – ela disse calmamente logo após virar o papel e ver o preço no canto.
– Acho que a gente já vai... – Jaehyun se esticou para esconder o mesmo certificado que também havia comprado para Mark e deu partida no carro para voltarem para casa.
*»»——⍟——««*
A música soava baixa, Doyoung não a conhecia, mas sabia que a mesma pertencia ao gênero jazz com um pouco de clássico, a música era um tanto alegre, mas não muito animada, mas ainda sim, muito sentimental. Não que alguém ali estivesse realmente prestando atenção na melodia, todos estavam ali por algum motivo, e diga-se de passagem que o motivo de Doyoung estava atrasado.
O garoto encontrava-se numa livraria cafeteria, era um ambiente calmo e confortável onde as pessoas costumavam passar o tempo livre, seja bebendo um café ou um chá, ou até mesmo focadas em um bom livro ou uma boa companhia, como o ambiente era calmo e silencioso, apenas pela música baixa, muitos aproveitavam o local para ler e estudar.
Doyoung tomava um pouco de seu cappuccino enquanto brincava com as diferenças opções de sua câmera, vez ou outra fotografando a própria mesa, prateleiras com livros ou até mesmo estranhos que passavam pelo local, já estava tão entretido com suas fotografias que mal notou o homem sentando-se a sua frente, só notou quando o mesmo usou a mão para cobrir a lente de sua câmera, a deixando completamente preta.
O moreno já tinha uma expressão confusa em seu rosto, preparando-se para verificar qual era o problema de sua câmera, logo retirando o objeto de seu rosto e dando de cara do Moon Taeil, não controlou o sorriso em seus lábios.
– Me desculpe o atraso, obrigado por me esperar... – Arrumou-se na cadeira, sorrindo para o mais novo e logo direcionando o olhar até o cardápio em frente à si.
– Sem problemas... Você está aqui, é o que importa! – Piscou rapidamente e sorriu, voltando a bebericar o cappuccino.
Rapidamente, Taeil já fazia seu pedido enquanto Doyoung continuava focado em sua câmera, agora mirada em Taeil, naquele dia em especial, Moon vestia-se com roupas mais claras, Doyoung era acostumado a ver o homem muitas vezes com roupas sociais, na maioria em preto e branco, mas naquele dia, o mesmo se vestia de forma mais despojada e tranquila. Taeil vestia uma suéter listrado em verde, amarelo e branco, e uma calça caqui, isso junto a um par de All-Star, Doyoung achou fofo.
– Obrigado... – Agradeceu ao atendente que servira seu chá com leite, logo então, voltando sua atenção a Doyoung – Posso ver o que fotografou?
– Claro! – Sorriu, dando a câmera ao mais velho, que a pegou, aproximando-a de seu rosto, fazendo o garoto ser puxado devido a alça presa a câmera que ficava em seu pescoço.
Taeil não pode deixar de não corar com a proximidade, sabia o quão intimidador Doyoung poderia ser, e o ter ali tão próximo, o olhando no fundo de seus olhos, era quase que desesperador, afinal, já haviam passado os limites da universidade, então naquele momento, eram apenas dois homens, não eram mais professor e aluno, e aquilo poderia ser muito perigoso.
– Desculpe... – Ousou falar, desviando o olhar rapidamente.
– Tudo bem, não precisa ficar constrangido, ou será que precisa? – Retirou a alça de seu pescoço, ainda mantendo o rosto próximo o suficiente para um beijo. Encarou desde os olhos até a boca do mais velho, logo esboçando um sorriso e voltando a postura normal.
Taeil não sabia bem o que responder, então apenas esboçou um leve sorriso e focou na câmera, passando as imagens uma a uma.
Varias fotos captavam o momento exato onde uma pessoa sorria, seja por ler algo divertido ou sorrir durante uma conversa, todas tinham seus motivos para sorrir, cada um na sua forma mais pura e bela, e Doyoung conseguia captar aquilo com perfeição, eram anos de prática e naquele momento, só lhe faltava uma diploma para mostrar ser um bom profissional, pois na prática, o mesmo já era.
Conforme fora passando as fotos, Taeil tentou não esboçar reação alguma, pois logo acabou por chegar em fotos P&B, mas havia um pequeno detalhe, todas as pessoas estavam nuas, mas sempre com algum objeto que cobria partes mais íntimas. Por bons minutos, observou a foto de uma garota encolhida com flores cobrindo os seios, enquanto o longo cabelo voava, ficou vidrado na foto por longos minutos, mas não por interesse na garota, mas sim pela magnitude da fotografia, como a mesma era intensa, sincera e delicada, quando aproximou, pode notar uma lágrima solitária escorrendo pela bochecha da garota, e até mesmo como a pele da mesma estava arrepiada, naquele momento, teve ainda mais certeza de que Doyoung havia nascido para aquilo, e como sua visão do mundo era bela e afabel.
Taeil não negaria que aceitou o encontro meio receoso, por mais que estivessem num local público com o intuito de estudarem, Taeil não se daria ao luxo de confiar 100% no outro, as atitudes do mesmo o faziam repensar muito, afinal, se dentro da universidade o outro já o provocava até que estivesse prestes a perder a sanidade, naquele local seria até mesmo mais fácil para o outro.
– Então... Suas fotos estão incríveis, assim como suas notas, então me diga onde está sua dificuldade, Kim Doyoung, ainda estou tentando achá-la! – Riu baixo, bebendo mais do chá.
– Preciso me dedicar para continuar sendo o melhor, não é? – Sorriu, rindo baixo.
Era óbvio que Doyoung não tinha dificuldades alguma, até mesmo já entendia o conteúdo que Taeil ensinava atualmente, já havia o visto num curso que fizera quando estava na Europa, mas Doyoung tinha sus cartas na manga, então não se importava em usar esse velho truque, e Taeil já começava a sacar as intenções do outro.
– Mas acho que poderia me explicar novamente o conteúdo sobre imagética! – Sorriu de forma carinhosa para o professor, que não hesitou em esboçar um sorriso e retirar uma apostila de sua bolsa.
Doyoung não tardou em aproximar sua cadeira ao do outro, sentando-se ao lado de Taeil, ficando assim o mais próximo possível, revezando em observar a apostila e o pescoço convidativo do Moon.
Algumas horas haviam se passado, e por mais que Doyoung não tivesse dificuldade alguma, conseguiu arrancar algumas curiosidades bônus sobre o conteúdo, e pode aproveitar a companhia do outro, que era seu principal e inicial objetivo ali.
– Quando eu era um pouco mais novo que você, eu costumava colocar fita adesiva na lente da minha câmera e passar canetinha colorida, para deixar as fotos azuis ou vermelhas! – Riu alto lembrando da época que mal tinha dinheiro para viver, fazendo o outro rir junto a si.
– Você nem é tão velho assim, e as pessoas ainda fazem isso, sabia? – Riu, observando os olhos de Taeil.
– Bom... Sou alguns anos mais velho!
– Pouca coisa, e não que eu me importe, idade é somente um número... E eu curto caras mais maduros! – Sorriu de forma sacana, vendo o outro corar.
– Eu acho que já está dando minha hora... – Olhou no relógio de pulso, vendo que a noite não demoraria muito a chegar, mal notou as horas passando, não podia negar que o outro era uma boa companhia, o achava divertido e engraçado, mesmo que sua presença ainda fosse intimidadora para si.
– Sério? Não pode ficar mais um pouco? – Mordeu o lábio rosado, encarando o outro no olhos.
– Já está tarde e eu tenho que planejar algumas aulas ainda! – Coçou a nuca, sentia-se um pouco culpado, não que tivesse mentido, ele realmente tinha coisas a fazer, mas tinha medo de onde aquela tarde o levaria, então gostaria de fugir o quanto antes.
– Certo, eu te acompanho até seu carro...
– Você não precisa, eu estou bem. – Falou, já guardando os livros que trouxera.
– Eu faço questão! – Piscou, levantando-se e caminhando até o caixa, pagando tanto sua bebida quanto a do outro e logo voltando, passando o braço pelos ombros de Taeil.
Taeil não retirou o braço do outro dali, muito menos queria, e nem entendia o porquê, talvez estivesse fadado a aquilo, ainda não entendia bem o que sentia, mas sentia uma leve ansiedade e medo no meio de tudo.
Logo chegaram ao carro do outro, um modelo até que atual, não muito chique, mas ainda sim, bonito e confortável, Doyoung pagaria pela tarde, mas sabia que por mais que Taeil não fosse tão rico quanto sua família, o outro não exatamente precisava daquele dinheiro, e isso o intrigou.
– Tchau, Doyoung! Eu adorei a tarde de hoje e espero ter lhe ajudado... – Pegou a chave no bolso, olhando rapidamente para os lados e notando o estacionamento vazio.
– Não acha que eu mereço um beijo de despedida? – Tombou a cabeça para o lado, Taeil já não aguentava mais Doyoung em sua mente, quando estava perto do garoto, tinha que lidar com as inúmeras provocações, mas quando não o tinha por perto, sentia algo como falta daquilo, e sentia-se estupido por isso. Passara a tarde tendo de ver Doyoung morder os lábios e passar a língua pelo mesmo, vez ou outra suspirar ou alisar as coxas, sempre se tocando com alguma intenção, coisa que jamais passaria despercebido por Taeil.
– Doyoung, eu não acho que posso te dar o que quer... Sabe, eu namoro! – Mentiu, engolindo a seco, não era bom com desculpas, e por mais esfarrapada que aquela fosse, não tinha nada melhor em seu repertório.
– Eu não sou ciumento, não se preocupe! – Aproximou-se do mais velho, colocando os braços sobre os ombros do mesmo.
– Doyoung... – Acabou por colocar as mãos na cintura do outro, logo sentindo o hálito quente do mais novo contra seu rosto, talvez aquele fosse o mais próximo que haviam chego, e Taeil poderia jurar que não conseguiria resistir a um possível beijo.
– Break up with your girlfriend, i'm bored! – Falou de forma manhosa, roçando os lábios aos do outro.
Não faltava muito para que começassem a se beijar ali mesmo naquele estacionamento, e vontade não faltava, mas quando Taeil estava por ceder, Doyoung depositou um beijo rápido na bochecha corada do mais velho, sorrindo em seguida.
– Até segunda, Sr. Moon! – Piscou, virando-se e saindo sem olhar para trás, sabia que estava perto de conseguir o que queria, então não se preocuparia, sabia que teria bem o que queria, e que seria exatamente no tempo certo, então saiu de lá com seu melhor sorriso, o mais sincero e vitorioso, logo então abrindo o aplicativo de seu banco e depositando uma boa quantia na conta de Taeil.
*»»——⍟——««*
Taeyong olhou-se no reflexo do vidro da porta que dava acesso a um dos grandes corredores da faculdade, não hesitou em sorrir fraco ao ver o próprio reflexo, vestia-se totalmente de preto, ainda usava gorro e máscara, tornando quase impossível seu reconhecimento, quem passasse pelo Lee, até poderia achar que o outro era um assaltante ou algo do tipo, tentando esconder a identidade, mas a verdade é que era somente um jovem rebelde sem causa.
Caminhou até o vestiário masculino, vendo Yuta sair do mesmo enquanto olhava para os lados, logo sorrindo ao ver o outro garoto vestido totalmente de preto, caminhando até o mesmo e o abraçando rapidamente.
– Cheguei na hora exata! – Riu baixo, abaixando a máscara que usava e começando a caminhar ao lado do japonês.
– Fui o primeiro a sair do vestiário, todos os garotos ainda estão lá! – Sorriu, dando de ombros enquanto virava o corredor que dava para a parte aberta de todo o campus, que logo dava a uma das saídas.
– E como eles estão? – Perguntou, sabia como os garotos eram importantes para Yuta, e por mais que Taeyong não tivesse tantos amigos, Yuta era totalmente ao contrário, por mais que tivesse alguns momentos de timidez, ainda era um garoto carismático e encantador, e era difícil achar alguém que não gostasse do japonês, e ainda tinha o bônus de ser jogador, logo o tornando ainda mais popular.
– Estão todos muito bem, só tá todo mundo um pouco avoado por conta das aulas sabe, mas eu e o Jungkook estamos treinando até tarde umas jogadas novas, só que não tá dando tão certo! – Fez um bico, logo rindo – Mas o JB é o que está mais nervoso, ele tem muito o que fazer e a gente vai entrar em temporada, então ele tá bem nervoso... Por isso o Youngjae vem ver ele no fim dos treinos, ele sempre traz uns docinhos pro JB, eu consigo roubar alguns...
– Você não presta, Yuta! – Riu baixo, não conhecia assim tão bem JB, havia conversado algumas vezes com o outro mas sabia que era um ótimo líder somente pelas palavra de Yuta.
Continuaram caminhando enquanto Yuta contava da forma mais empolgada possível sobre como o time andava, como os garotos estavam indo e tudo que envolvia ali, vez ou outra passavam por alguém que cumprimentava Yuta, alguns amigos, outros o japonês nem conhecia, apenas acenava por educação, ou curvava-se, Taeyong achava engraçado, sentia que Yuta era como uma celebridade. Logo acabaram por passar por um garoto um tanto avoado, mas que conheciam bem, Moonbin.
O garoto do sorriso bonito segurava um pequeno garotinho em seus braços, o mesmo parecia estar prestes a enlouquecer com a criança em seus braços que tinha um enorme sorriso e olhinhos pequenos, e que parecia se divertir com a situação, muito diferente de Moonbin, que parecia desesperado.
– Oi, hyung! – Yuta sorriu, logo sorrindo para o bebê e segurando a mãozinha do mesmo.
– Ah, Oi, gente! – Sorriu para Taeyong e Yuta, suspirando – Vocês viram a Jiwoo por aí?
– Acho que a vi perto do refeitório... – Taeyong falou baixo, vendo o outro agradecer e sair correndo com o bebê risonho.
Sorriram um para o outro e continuaram por caminhar, logo alcançando o gramado que estava um pouco cheio, a noite já estava se aproximando e todos ali já começavam a voltar para seus devidos dormitórios, por exceção, alguns sentavam-se sobre o gramado e alguns líderes de torcida praticavam por ali, especificamente, Jinhwan e Mark que ainda tentavam um movimento complicado, não puderem deixar de notar a pequena plateia que os observava, até mesmo Hanbin, o garoto de medicina que mal era visto fora das salas e da biblioteca, era quase chocante o mesmo estar gastando seu tempo somente para observar os garotos, ainda mais com um sorriso fofo nos lábios.
Logo saíram do campus, seguindo pelas ruas já coloridas e brilhantes de Seoul, cada vez mais adentrando a partes menos movimentadas da cidade, perfeita para se fazer o que queriam.
Yuta não demorou em retirar o baseado e o isqueiro do bolso, logo colocando o mesmo na boca e usando as duas mãos, uma para acender o isqueiro e outra para formar uma espécie de proteção para que o fogo não se apagasse, logo então acendendo o baseado.
– Você quer? – Ofereceu, enquanto a fumaça saia junto com as palavras.
– Não... – Sorriu fraco, vendo o japonês sorrir de forma boba – E como você e Sicheng vão?
– Acho que bem, somos bons amigos! – Observou o amigo com uma expressão confusa – Nós temos um encontro marcado, ele quem me chamou!
– Ele te chamou para um encontro? – Arregalou os olhos, ainda rindo – Meu deus, eles crescem tão rápido...
– É... – Deu de ombros, sorrindo bobo – Mas e como vai com o seu velhote?
– Ele não é velho, não tanto assim! – Riu baixo, vasculhando a mochila, logo pegando uma das latas de tinta spray e olhando para os lados.
– Sei, sei... – Soltou a fumaça com uma risada rouca.
– Estamos bem, acho que as coisas estão melhorando, e agora tenho a certeza de que ele não é casado... – Sorriu para o japonês que quase engasgou com a maconha.
– O que? Então ele não é casado? E a aliança? – Tinha os olhos arregalados enquanto Taeyong já começava a pichar um muro qualquer, não conseguia ter uma noção do que era, mas logo saberia.
Taeyong contou tudo desde o começo, desde o almoço com Yuqi até o que estava acontecendo até o momento, deixando Yuta intrigado e surpreso, o japonês não diria que achava normal usar a aliança mesmo após a morte da pessoa amada, mas conseguia compreender o outro, e quando se deram por si, horas haviam passado e Taeyong já dava os toques finais em sua arte, tratava-se de um gatinho comendo cereal colorido numa tigela com um grande M em vermelho.
Yuta já havia visto fotos do gato de Mark, e era igual ao que Taeyong havia desenhado, e sabia que o "M" no desenho não era algo por acaso, mas isso apenas causou um enorme sorriso em Yuta, entendia que Mark era alguém importante para Taeyong, e que a cada dia, o sentimento de Taeyong só crescia mais e mais, e Yuta estava feliz por isso.
– QUEM ESTÁ AÍ? – Ouviram a voz de um homem pouco antes de ver um homem baixo segurando um taco de baseball, provavelmente o dono do estabelecimento, e aquilo fora o suficiente para Taeyong e Yuta correrem dali o mais rápido possível enquanto riam alto.
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