Eu entrei segura de mim dentro do Burlesque. Pois lá eu daria um fim para minha agonia. Meu velho amor, meu melhor amigo conseguiria descansar em paz. Eu teria a certeza sobre o assassino de Jordan.
- Bem vinda minha querida, sozinha hoje? - perguntou Mademoiselle Louise, aquela que sabia de todos os segredos de Nova York.
- Sim Mademoiselle. E eu preciso muito conversar com a senhora a sós. - Sussurrei olhando em volta do bar que estava cheio. Eu queria uma conversa privada com Mademoiselle Louise.
- Claro minha querida. - disse ela já me conduzido para a administração do Burlesque.
O escritório de Mademoiselle Louise era como ela. Tinha um ar parisiense irretocável.
- Mas me diga querida qual é o assunto que precisamos conversar em particular? - perguntou sentando em sua poltrando e fazendo sinal para me sentar a sua frente.
- A senhora não sabe o que aconteceu com a Madame Tifanny Crool?- perguntei.
- Não querida, não sei. O que aconteceu? - perguntou lívida.
- Madame Tifanny Crool está morta! - anunciei
- Oh meu Deus que tragédia! - lamentou-se ela. - Foi uma grande amiga por muitos anos, mesmo com suas dívidas aqui no Burlesque, nunca deixamos de ser amigas, não sei nem o que falar. - falou deixando algumas lágrimas escapar.
- Vim lhe dar a notícia pois sabia da amizade de vocês duas. - falei me aproximando de sua mesa.- Mas fique tranquila já pegaram o assassino!
- Assassino? Mas foi suicídio, ela não morreu enforcada? - falou ela me fazendo abrir um enorme sorriso. Afinal eu tinha jogado a isca e ela havia mordido.
- Pensei que não soubesse nada sobre a morte de Madame Crool! - falei com imposição.
- É...foi você que falou sobre o suícidio querida. - disse já nervosa.
- Não eu não falei nada, e nem a polícia tinha divulgado que o suícidio tinha sido por enforcamento.- afirmei fria. - A Mademoiselle anda sabendo demais. -afirmei com desdém. - Mas eu também ando sabendo demais, sabia que eu li a carta de suicídio da Madame Crool?- perguntei provocativa, pois eu sabia onde queria chegar. - E o engraçado é que a letra dela era igual a sua Mademoiselle Louise, até as letras i ela pontuava com um coração como a senhora.- concluí mostrando o endereço que ela havia escrito e me entregado mais cedo.
-Tinhamos uma letra bem parecida mesmo. - falou sem me olhar.
- Não seja cínica você a matou. - gritei impaciente. -Ela morreu por asfixia antes de ter sido colocada naquela corda para simular um suicídio. A polícia já periciou o corpo e descobriu marcas de esganadura. Foi você! Eu ainda não sei o motivo mais tenho certeza que foi você Mademoiselle!
- Você está louca Melanie, olha o que está falando?!- falou com um sorriso trêmulo.
- Eu louca? Você que é louca! Minha aposta é que você não suportou ver a Madame Tifanny Crool cheia de dívidas com você e feliz com um submisso jovem e bonito como Jordan. Então você matou Jordan para se vingar dela e não satisfeita matou ela também, afinal ela nunca ia te pagar.
- Você não sabe do que está falando! - gritou ela se levantando da poltrona e vindo em minha direção.
- Você não passa de uma velha seca e invejosa. - falei cuspindo as palavras em sua cara.- Você invejava tanto a Madame Crool que tirou seu submisso e depois a vida dela!- gritei em resposta.
- Ela que me invejava. Sua criança insolente, não fale do que não sabe! - falou ela me dando um tapa no rosto a qual eu revidei na sequência.
- Mademoiselle, ela tinha beleza e um jovem submisso e você só tinha esse bar e mais nada. Você odiava ver ela com um submisso lindo como Jordan. Você odiava Jordan por isso!- falei e quanto ela se recuperava do meu tapa e eu do dela. Meu rosto ainda ardia.
- Eu nunca odiei Jordan.- falou ela ainda passando a mão no rosto no local onde eu havia acertado -Ele era meu. Ele era meu submisso, muito antes de ser da Madame Crool.- falou com um olhar distante.
- Então era você a terceira dominadora de Jordan, aquela que ninguém sabia o nome! - falei espantada.
- Sim era eu, apenas Madame Crool sabia que ele era meu submisso.- disse devagar. -Eu podia ter dado a Jordan o mundo,mas ele preferiu se tornar submisso daquela ruiva infernal da Miss Deb e se atreveu a ser submisso da minha melhor amiga Madame Crool.
- Jordan nunca gostou de ter uma dominadora só,todo mundo sabia disso Mademoiselle!
- E você sabia disso muito bem não é Melanie?! Soube que tentou ser a namoradinha de Jordan e ele recusou! - falou venenosa.
- Assim como ele te recusou também!
- EU O AMAVA! - gritou ela para surpresa. - Eu queria ele só para mim, mas o idiota não, ele não era leal,e já que ele não seria somente meu não seria de mais ninguém!- disse chorando copiosamente.
- Você não podia ter o matado, não por isso! Nós temos contratos Mademoiselle, temos regras, tem que ser são, seguro e consensual. Isso é BDSM e não esse lixo de relação que você teve com Jordan. Isso tudo foge do que acreditamos. Isso é doentio!- completei olhando com pena para ela.
- Entenda Melanie depois de tantos anos eu tive um novo submisso, e um submisso perfeito como Jordan.- falou ela limpando as lágrimas do rosto. - Eu não conseguia dividir!
- Então se afastasse dele droga! É isso que uma dominadora faria! Uma dominadora de verdade faria! Foi isso que eu fiz merda!- gritei perdendo o controle.
- Eu não consegui Melanie, eu não consegui!
- Amor não mata! Você foi fraca Mademoiselle, foi uma dominadora fraca. Não conteve seus ímpetos e isso é imperdoável. Eu só não entendo por que matou Madame Crool. Ela não tinha nada haver com esse seu amor doentio por Jordan.
- Ela sabia o que eu sentia por Jordan, eu uma velha dominadora apaixonada. Ela desconfiou de mim e eu acabei tendo que admitir. Mas ela prometeu segredo, se eu perdoasse sua dívida na Burlesque. E eu perdoei a dívida daquela maldita. Mas em menos de uma semana ela conseguiu fazer uma dívida ainda maior. Ela iria se aproveitar de mim eu tenho certeza!- disse já devagando como uma louca, como se para convencer a si mesma - E hoje quando você conversou com ela aqui no bar eu senti que ela iria contar tudo, então tive que me livrar dela. A culpa é sua pela morte dela ! - vociferou com ódio.
- Ela já mais te entregaria. - falei olhando nos velhos olhos de Mademoiselle Louise. - Ela chegou a me dizer que protegeria um amigo até o fim. E creio que esse amiga era você. Ela era sua amiga verdade.- falei e ela começou a chorar com ainda mais força.- Você matou sua melhor amiga! Talvez a única pessoa nessa terra que ainda se importava com você!- afirmei fazendo ela desabar no chão.
A deixei chorar e me mantive em silêncio. Era decadente ver ela daquele jeito. Uma mulher que um dia eu tinha admirado. Uma mulher que tinha erguido um bar BDSM contra tudo e todos os preconceitos. E que agora tinha ser tornado a mais reles das assassinas.Uma mulher que nem de longe parecia ter sido uma dominadora.
- Só fico me perguntando por que resolveu admitir tudo para mim, pensei que seria mais difícil de arrancar a verdade de você!
- Por que?- repetiu ela limpando as lágrimas e ficando de pé. - Porque queria ver essa sua cara desenxabida ir pro espaço, você se acha superior a todos, acha que é algo só por que é uma jornalista famosa, mas eu uma velha de sessenta e três anos conseguiu te enganar. E você não vai poder fazer nada contra mim, por que não tem nenhuma prova, será sua palavra contra minha.
- Bem você está certa quanto a ter me enganado, afinal eu nunca ia imaginar que uma senhora com a idade da minha vó faria tanto estrago. - respondi irônica. - Mas de uma coisa você está errada, eu agora tenho provas contra você! E tenho que te agradecer por isso!
Neste momento eu tirei meu casaco, afrouxei minha blusa e revelei o microfone escondido que trazia comigo.
- A polícia ouviu tudo Mademoiselle Louise. Acho que passará seus últimos dias na cadeia. - falei com desdém.
A vi ficar vermelha como um pimentão e logo partir para cima de mim com tudo. Eu então apenas a contive até o escritório ser invadido pela polícia. Depois daí foram só lamentos dela, que eu fiz questão de ignorar. Estava acabado. Finalmente acabado.
...
- Obrigada novamente senhorita Sanders, sua ideia para arrancar uma confissão dela foi ótima. Já vou entrar em contato com a família de Jordan e comunicar que pegamos o assassino!- Disse o Delegado Perez quando chegamos a delegacia.
Tinha sido tudo decidido às pressas mas quando confirmaram a morte de Madame Crool por asfixia o delegado resolveu aceitar minhas suspeitas sobre a Mademoiselle Louise, suspeitas que começaram assim que reconheci sua letra na carta suícida de Madame Crool, afinal aquele corações nas letra i foram o que me fizeram ter certeza que a autoria da carta era de Mademoiselle Loise a melhor amiga de Madame Crool. A ideia tinha sido minha de colocar um microfone escondido e tentar conseguir qualquer prova contra a Mademoiselle. Foi uma aposta alta minha e da polícia, mas que tinha tido sucesso.
- Que bom que tudo deu certo. Finalmente meu amigo poderá descansar em paz. - falei suspirando de cansaço.
- Será que ela já pode voltar para a casa?- perguntou Bruno ao meu lado.
- Claro pode sim. Os dois devem estar cansados. Mais uma vez a polícia de Nova York agradece a colaboração dos dois.- disse Perez respeitosamente.
....
- Aí que cansaço! - falei me jogando no sofá assim que entramos no apartamento.
- Pensei que a 007 Sanders não cansava. - brincou Bruno vindo se sentar ao meu lado.
Ele estava exausto, tinha acompanhado tudo de fora do Bulesque com a polícia. Ouviu toda minha conversa com a assassina Mademoiselle Louise, e segundo o delegado Perez, Bruno tinha roído todas as suas unhas enquanto ouvia a escuta.
- Isso foi fichinha na minha época de repórter no Iraque, fazíamos coisas bem mais perigosas do que conversar com dominadoras loucas. - disse suspirando e colocando minha cabeça em seu colo.
- Sério Melanie Sanders você é areia demais para o meu caminhãozinho. - disse fazendo carinho em minha cabeça.
- Ainda bem que você sabe disso senhor Mars - falei bocejando. - Vamos dormir?! - disse olhando para o relógio do celular que marcava já 3 da manhã.
- Sim, vamos!
Fui para meu quarto e tomei um banho morno antes de deitar. Precisava tirar todo o peso da minhas costas. Peso que só a água morna de um bom chuveiro poderia levar. Quando sai do quarto encontrei Bruno apenas com uma toalha na cintura sentado em minha cama.
- Vim te dar um beijo de boa noite anjo. - falou ele passando as mãos nos cachos molhados, sem saber o efeito que isso provocava em mim.
Bruno então se levantou e veio até mim, e me deu um beijo lento e gostoso de fazer molhar a calçinha. E eu talvez tivesse molhado se eu estivesse usando. Afinal eu estava apenas de toalha.
- Dorme comigo?- perguntei para meu é espanto e para o dele também.
- Adoraria!
Eu e ele deitamos os dois nus na cama em silêncio. Nos cobrimos com edredom e Bruno me abraçou por trás.
- Eu estou tão leve, e feliz a justiça foi feita.- falei sonolenta.
- Sim e com grande ajuda sua anjo. - disse me abraçado com mais força. - Agora dorme, ainda temos dois dias em Nova York e eu mau posso esperar para curtir eles com você.
- Tem planos em mente?!
- Vários! E alguns bem obcenos.
- Notei. - falei sentindo ele animado por debaixo do edredom.
- O que fazer se você me deixa sempre assim. - falou sorrindo com a voz manhosa.
Eu então virei para encará-lo.
- Eu não vou abandonar meu estilo de vida, mas estou apostando demais na gente. Não me decepcione, eu nunca entreguei meu coração para ninguém. - falei fazendo ele engolir em seco.
- Não vou te decepcionar! - disse firme e mesmo no escuro senti seus olhos castanhos me encarando.
Eu o beijei docemente e fechei meus olhos.
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