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História Dandelion - Dormideira


Escrita por: KakaLeda

Notas do Autor


Oi, gente, sou eu, a Arroz! Tudo bem com vocês? Bem, se não estiver, creio eu que depois que lerem esse capítulo ficará haha
E que capítulo! Gigantesco! 6032 palavras, para ser mais exata. :3
Bem, a Lady Couldtown mandou beijinhos e agradeceu pelo apoio de vocês ^^
O significado do nome desse capítulo, "Dormideira", é: Vá embora ou Me deixe.
Boa leitura, docetes <3

Capítulo 31 - Dormideira


POV.Kentin

 

Acho que muitos já ouviram falar do filme chamado “A travessia”, no qual um homem decide fazer um feito suicida: Andar numa corda bamba entre as Torres Gêmeas. No fim ele ficou marcado na história.

De repente me recordei desse filme, e o motivo está na minha frente, uma garota maluca com a juba ruiva que sonho todas as noites. Entrei nessa sala pensando que passaria o resto da tarde numa discussão entediante sobre as ações da empresa e sobre alguns contratos a serem assinados, mas agora me deparo com Melissa num andaime batendo desesperadamente o vidro da janela. Eu fiquei em choque.

- S-senhores, infelizmente teremos que adiar a reunião desta tarde – falei com a voz firme, ouvi murmúrios entre os empresários, mas nenhum teria coragem de ir contra o que eu havia dito. Sou eu quem os paga.

Depois que todos se retiraram da sala eu corri até a janela que não podia ser aberta e fiquei de frente para ela.

- O que você está fazendo?! – perguntei desesperado. Melissa apontou para os ouvidos e balançou a cabeça de um lado a outro como se dissesse que não estava me escutando. Eu comecei a falar mais devagar para que ela pudesse ler meus lábios – Você... Está... Maluca?!

Eu li seus lábios – Você... Vai... Falar... Comigo... Agora... Senão... Não... Desço!

Bati meu rosto com a mão em sinal de decepção e segurei um riso – O que eu faço com você? – sussurrei baixinho.

- Está... Bem – soletrei para ela derrotado.

Melissa cruzou os braços e sorriu para mim com uma pose de vitória, depois foi até a alavanca que fazia o andaime descer e o puxou. Mas não desceu. Melissa continuou puxando com mais força, mas o cano de metal não se movimentava. Ela começou a ficar desesperada, e eu também.

Bati no vidro para chamar sua atenção, quando ela pôs os olhos verdes em mim, soletrei – Não... Faça... Movimentos... Bruscos... E... Não... Saia... Daí!

Ela me olhou como se eu fosse um idiota e balançou os braços para cima e para baixo. Eu não entendi o gesto, mas isso não era importante agora, acionei os seguranças e mandei que a pegassem com outro andaime. Desci para o térreo e a esperei.

Melissa saiu do segundo andaime com um sorriso abestalhado no rosto.

- Eu sempre quis fazer isso! – ela deu um gritinho. Melissa me achou na multidão de seguranças e guarda-costas, ela fechou a cara e passou apressadamente por baixo de todos – Você! – a garota apontou um dedo para o meu rosto – Estou a três horas esperando uma “audiência” com o máster chefe dessa joça e você só me dá atenção quando eu subo num andaime?!

- Diretor geral, não máster chefe – intervi.

- Tanto faz! – ela fechou a cara. Melissa colocou as mãos nos quadris e começou a imitar uma voz masculina – E não saia daí! Bléh – ela me mostrou a língua – Que tipo de retardado fala isso quando eu claramente não podia sair daquele negócio de metal a cinco andares de altura?! Por acaso eu iria voar?!

- Do jeito que você é eu não duvido mais de nada... – retruquei – O que você está fazendo aqui?

- Preciso falar com você – ela respondeu.

- Melissa, tudo que tínhamos para falar já falamos... Vá embora, por favor – “Antes que eu decida abandonar tudo e ir com você” completei mentalmente.

- Não vou! – ela cruzou os braços e se manteve firme – Senão da próxima vez escalo esse prédio.

                - Vou esperar ansiosamente por isso – falei com a voz carregada de irritação – Seguranças!

                Os homens em ternos pretos seguraram Melissa pelos braços e começaram a carrega-la para fora do prédio. Eu já estava me virando para me afastar dela, quando ouvi sua voz gritar.

                - Vai mesmo virar o que seu avô foi durante anos?! – Melissa falou, isso me fez hesitar em prosseguir. Ela continuou – Tem certeza que nunca vai querer olhar para trás e refazer as coisas?!

                - E porque isso seria da sua conta? – perguntei, minha voz fria como gelo.

                - Porque eu te... Argh! – os joelhos de Melissa despencaram no chão, se os seguranças não a estivessem segurando teria sido uma queda feia. Um líquido vermelho começou a descer pelas suas narinas, a ruiva começou a cuspir sangue pela boca, sua pele ficou mais pálida que uma folha de papel, os olhos verdes opacos e nebulosos. Meu coração acelerou e eu corri até ela.

                - Mel, Mel! – falei enquanto colocava Melissa nos meus braços. Me virei para meus secretários – Cancelem todos os meus compromissos do dia.

                - M-mas senhor, hoje o senhor tem uma reunião com o CEO da empresa grega... – um funcionário falou hesitante. Eu o encarei com olhos em chama.

                - Eu mandei cancelar todos – minha voz foi cortante como aço, isso foi o suficiente para fazer com que todos os funcionários se encolhessem.

                Rumei para o meu escritório com Melissa nos braços, ela estava bem mais leve do que na última vez que a levantei. Muito mais. Encarei seus cachos alaranjados, era como se toda a sua cor vibrante estivesse se desfazendo aos poucos.

                - Aquela mulher me expulsou sem dó, não gosto dela... – Melissa apontou para minha secretária quando passamos por ela. Eu segurei um riso.

                - Fui eu quem mandou – falei, Melissa fez um bico e virou o rosto.

                Quando cheguei ao meu escritório no último andar, coloquei Melissa no sofá com cautela e chamei a secretária.

                - Chame um médico – falei para a mulher. Melissa balançou a cabeça em negação.

                - Não! Por favor, não chame médico, eu só preciso tomar o remédio que eu trouxe na minha mochila... – ela disparou. Eu a encarei.

                - Você está muito pálida e cuspiu sangue, precisa de um médico – falei com raiva, como ela consegue se colocar em tantos perigos em poucas horas? Primeiro sobe numa coisa e fica metros de distância do chão e agora está tentando fugir de uma consulta.

                Mas Melissa não se intimidou com meu tom de voz, ela fechou a cara de raiva.

                - Eu já disse que não precisa! Será que dá para prestar atenção no que é mais importante?! – a ruiva soltou.

                Eu soltei um palavrão e me afastei dela, minha mão na testa e meus olhos na vista da janela gigante.

                - Traga alguns panos úmidos, ela precisa limpar esse sangue – falei para minha secretária, a mulher fez um movimento respeitoso com a cabeça para mim e nos deixou sozinhos no grande escritório.

Passaram-se alguns minutos antes da mesma mulher voltar acompanhada da faxineira que trazia os panos, eles foram entregues à Melissa. Depois que a ruiva limpou o sangue do rosto e engoliu os comprimidos, a secretária e a faxineira se retiraram.

- Estou esperando – falei sem mostrar sentimento algum. Eu não queria encarar Melissa e por isso meu corpo estava virado para a janela, meus olhos encarando o pôr do Sol lá fora. Por um momento associei o alaranjado do céu aos cabelos de Melissa.

Melissa suspirou fundo e se colocou ao meu lado, mas nós não nos olhávamos.

- Foi alguns dias antes dele morrer – ela começou com um tom de voz nostálgico, de imediato soube que Melissa se referia ao meu avô – Quando estávamos ensaiando, desci para a cozinha para encher minha garrafa com água, então eu o encontrei sentado na varanda. Lucius me chamou e eu fui, ele queria me dizer algo importante.

Eu a observei de soslaio. Melissa prosseguiu com um sorriso triste no rosto.

- Ele começou a falar sobre como você era quando criança e como queria que você tivesse um futuro bom.

- Bem, aqui estou eu, assumi a empresa da família, meu futuro já está traçado. Realizei o que ele sempre quis – concluí. No entanto Melissa balançou a cabeça em discordância.

- Você não entendeu, Ken, não era disso que ele estava falando para mim, no início pensei que fosse, mas agora compreendi tudo – os olhos da ruiva viam muito além da paisagem da janela – Ele falava como se temesse que você não fosse conseguir ter esse futuro, como se não fosse estar aqui para vê-lo ser feliz, era quase como se estivesse se despedindo. Acho que ele temia que você entendesse tudo errado, e é exatamente isso que está acontecendo aqui.

Mordi meu lábio inferior de frustação e explodi – Entender?! Então me explica tudo isso, já que você é a dona da razão! Já parou para pensar em quantas vezes você invadiu a minha vida e tentou muda-la, mas aí que está: Eu não quero que você se intrometa! – me coloquei de frente para ela, olho no olho. Melissa estava magoada, sua face em tristeza me fazia gritar por dentro, mas ainda sim soltei tudo – Sim, o meu avô está morto! Ele se arrependeu durante toda a vida dele e agora sou eu quem se arrepende! Me diga alguma coisa que eu ainda não saiba! Você não está me ajudando, você não está deixando a minha vida mais fácil!

Melissa ficou em choque, seus olhos verdes me encararam atônitos e tristes, ela encarou o chão e fechou as mãos em punhos nas laterais do corpo.

- Lucius não queria que você tomasse o fardo dele desse jeito, é isso que você não está entendendo! – ela falou com raiva, dor e frustação – Por que acha que ele insistiu para que você não fosse expulso da escola? Por que acha que ele não te tirou de lá para prendê-lo nesse escritório de uma vez por todas? Lucius queria que você fosse um adolescente normal com uma vida normal, ele me disse com todas as letras que esse era o maior sonho dos seus pais e que ao longo dos anos acabou sendo o dele também – uma lágrima molhou o rosto coberto de sardas da garota.

Eu a encarei sem ação, minha mente absorvendo cada palavra. “Fardo”, “Futuro”. Lucius queria isso para mim? O que exatamente eu deveria fazer?

Ficamos minutos em silêncio, apenas nos encarando sem falar nada. Por fim, Melissa foi até a sua mochila e a colocou nas costas, ela já estava caminhando em direção à porta de saída, quando parou e se virou.

- No início ter você no clube de dança foi para mim como uma vingança, mas agora... Eu sinto falta dos nossos ensaios, e de você – a garota disse quase num sussurro.

Engoli em seco. Eu também sentia, não teve uma noite sequer que eu não sonhasse com ela e com nossos ensaios, mas querer isso era ao mesmo tempo desejar jogar tudo para o alto, não posso abandonar as coisas. Não desse jeito.

- E-eu não tenho mais tempo para isso... – falei num sussurro. Melissa encarou o chão e flexionou o maxilar.

- Bem, eu também não tenho tempo – ela falou antes de sair.

 

POV.Nathaniel

 

No meu mundo aqueles que sobrevivem estão quatro ou cinco passos a frente do oponente, uma brecha ou um passo em falso pode acarretar num erro fatal.

A máfia é formada por uma rede ampla que atua em quase toda parte do mundo, por isso regras e ordens devem ser devidamente cumpridas para que não haja a quebra do sistema, é por esse mesmo motivo que traidores e grupos rivais são torturados e mortos. Tudo pela ordem e pelo poder.

E eu sou dono de parte desse poder, assim como os outros dois chefes, pois é assim que nossa “instituição” se divide: Em três grupos principais. Nossas cabeças estão a prêmio, no entanto, no momento, acho que a minha deve estar valendo bem mais que as demais.

- Você ainda pretende ir a esse baile? – Lorenna perguntou, ela não demonstrava nem preocupação e nem raiva, seu rosto estava apenas inexpressivo.

- Baile?! – Melody perguntou surpresa e me encarou com raiva – Nath! Você me prometeu que sairia para negócios, mas está indo a uma festa sem mim?!

Encarei Lorenna em censura, ela havia tocado no assunto do baile de propósito para que Melody enchesse o meu saco.

- Vou a um baile, mas não vou levar ninguém daqui – fui claro.

- E com quem!? – Melody explodiu – Somos praticamente casados e você vai ficar numa festa com outras mulheres?! Eu não aceito isso!

- Não precisa aceitar, tenho assuntos a tratar. Eu já decidi – bebi outro gole de vinho.

Melody bateu os pés no chão em frustação.

- Já não basta eu ter que aturar essazinha?! – Melody apontou para Lorenna.

Eu a ignorei. Melody correu para o andar superior do apartamento com ódio.

- Você poderia não ter citado o baile – falei para Lorenna.

- Você está se envolvendo numa coisa desnecessária que só vai te trazer inimigos – ela falou friamente – Parece gostar bastante de correr riscos e aturar estresses.

Dei de ombros. Nessa última parte ela devia estar se referindo a Melody.

Lorenna suspirou fundo – Dimitry tem razão quando diz que você é problemático.

Flexionei o maxilar – Repita o nome daquele desgraçado e lhe corto a língua.

Lorenna fechou a boca de súbito, os olhos me encaravam com ódio.

- Pois bem, corte! Você é tão cínico, Nathaniel... Mesmo depois de anos me encarcerando você ainda insiste que tenho minha liberdade, mas no momento que falo algo que não o agrada, me ameaça – Lorenna soltou. Eu me levantei do sofá que estava sentado num salto e me pus frente a ela.

- Você vai para o seu quarto nesse exato momento e não sairá de lá nem para o jantar. Quando eu voltar, vou saber se me obedeceu através dos meus seguranças – minha voz era cortante como navalha. Lorenna mordeu o lábio inferior e se encolheu, depois subiu as escadas e sumiu no andar superior.

Passei a mão no cabelo e soltei o ar devagar com os olhos fechados. Sempre que eu falava com Lorenna uma briga era iniciada, eu estava cansado disso, estava cansado de reviver o passado e de machuca-la. Mas era inevitável. E eu também não conseguia me controlar.

- Senhor, os carros estão prontos – um dos seguranças me avisou.

- Estou descendo – falei.

Por hora eu estava “morando” num apartamento de três andares que comprei para passar alguns dias nesse país, e para manter Melody e Lorenna seguras enquanto ainda não voltávamos para França ou para Berlim. Enchi o prédio inteiro de guarda-costas e seguranças e esvaziei dois apartamentos, um abaixo e outro acima do meu.

Quando cheguei à nova casa da garota, um sobrado rústico, toquei a campainha e a esperei do lado de fora. Fui recebido por uma mulher ruiva que se assustou com os homens de preto que me acompanhavam. A reação de Sophie foi semelhante.

- Vamos para um campo de guerra ou coisa parecida? – Sophie perguntou sarcástica.

- Quando se está com alguém como eu, qualquer lugar pode ser um campo de guerra, Machérri – meu tom de voz era brincalhão, mas o que eu havia dito tinha um fundo de verdade. Eu a observei melhor, seu vestido era mais simples do que o daquela noite, mas ainda sim valorizava cada curva e centímetro do seu corpo, era um tomara que caia verde no estilo sereia, os cabelos curtos estavam presos num coque bem feito e a maquiagem valorizava os olhos negros por baixo da máscara de festa – Devo dizer que está maravilhosa.

Sophie sorriu um pouco constrangida.

- Obrigada... – ela falou. Eu enlacei o braço da garota no meu e fomos para o carro. Quando o automóvel já estava seguindo para a escola, ela me chamou – Nathaniel, eu queria perguntar uma coisa a você.

- À vontade...

- Você tem um leve sotaque francês... Mora na França?

- Sophie, você é bastante observadora. Sim é verdade, eu vivo lá – respondi.

- Então está aqui para o quê?

- Alguns negócios importantes a tratar com meus sócios e com o seu Castiel.

Sophie desviou o olhar e fechou a cara – Ele não é meu, Nathaniel.

“No coração dele ele é sim” pensei.

- Por que me pediu para convidá-lo para esse baile? – Sophie perguntou, havia curiosidade em sua voz.

“No momento, os problemas de Castiel me dizem respeito, e eu prometi a ele que manteria te manteria segura” pensei, mas da minha boca saiu outra coisa – Eu gostaria de sair para locais aleatórios enquanto ainda estou nesse país, e, com todo respeito Sophie, você é uma companhia interessante.

- Interessante por que? – ela me encarou com um sorriso incrédulo.

- Só o fato de ter conseguido aturar o Castiel já é motivo o suficiente para você virar objeto de estudo – respondi com sarcasmo. Ela riu.

Chegamos a uma escola bastante movimentada, mesmo com a noite sem Lua, as luzes da festa eram vibrantes o suficiente para clarear todo o perímetro. Por todo lado via-se pessoas trajando roupas fantasiosas e máscaras nos rostos. Havia tantas cores que provavelmente meus seguranças passarão despercebidos. O que é bom.

O baile acontecia no ginásio, mesas estavam dispostas por todo canto, uma banda tocava ao vivo e muitas pessoas dançavam e bebiam. Mesmo todas cobertas por máscaras, Sophie reconheceu seus amigos.

- Rafa! Lys! – Sophie abraçou um casal, uma garota loira e um garoto de cabelos platinados, depois se aproximou de mais quatro pessoas, três homens e uma mulher e por fim voltou a mim – Esses são Armin, Violette, Alexy e Zack – um moreno, uma garota de cabelos roxos, um jovem de cabelos azuis e outro de cabelos castanhos claros. Sophie apontou para mim – Esse é o Nathaniel.

- Nathan?! – o garoto de cabelos platinados falou, ele tirou a máscara e me mostrou seu rosto.

- Lysandre! – falei surpreso – Faz quantos anos...? Estranhei não tê-lo visto na festa de Rosalya e nem na fazenda de seus pais.

Lysandre curvou os lábios num sorriso forçado – Saí cedo da festa e... Não quero me envolver com os negócios dos meus pais.

- Entendi... – “Então você nunca mudou” pensei. Olhei para a garota ao seu lado e sorri – Vejo que está acompanhado...

Lys abraçou a garota, esta corou – Meu nome é Rafaela, p-prazer – a garota falou constrangida.

- O prazer é todo meu e... – parei de falar quando avistei no fundo do ginásio a dupla. Mesmo com a máscara cobrindo o rosto, eu conseguia ver que Castiel não estava confortável com Debrah agarrando-o. Me virei rapidamente para Lysandre – Posso falar com você por um momento?

Lysandre sussurrou algo para Rafaela e esta logo se afastou, deixando-nos a sós.

- Soube que você e Kentin ajudaram Castiel por um tempo no controle da máfia local, por acaso entrou nesse ramo, Lys? – perguntei.

- Não, aquilo foi porque nossos pais têm ligação com os pais do Castiel – ele respondeu, seus olhos correram pelo salão e logo pararam em Castiel do outro lado – Também está incomodado com aquilo, não é?

- Debrah tem a reputação de ser causadora de problemas – falei num suspiro – Temo que isso possa ter acarretado num problema maior.

- Tipo o quê?

- Se a Debrah tem conhecimento da localização do nosso amigo, é provável que outras pessoas também tenham – expliquei – Pessoas erradas com objetivos ruins que sabem sobre o segredo do Castiel.

Lysandre engoliu em seco – Então esse também é um dos motivos do Castiel ter escolhido deixar a Soh...

Olhei de soslaio para Sophie – Ela pensa que foi traída, mas tudo que ele está fazendo é livrá-la do pior.

- Deveríamos contar a ela – Lysandre falou.

- Não. Ao menos não agora – falei.

 

POV. Sophie

 

Por um segundo tive a impressão que Nathaniel e Kentin falavam algo sobre mim, ambos estavam sérios e tensos, isso me preocupava de certa forma.

- Sophie? – ouvi a voz insistente de Rafaela, eu a encarei de repente e ela sorriu – Está tão perdida... Você escutou a minha pergunta?

- D-desculpa, Rafa, essa música está bem alta – tentei me explicar.

- O.K. De novo: Por que a Mel não veio? – ela perguntou, já que agora estou morando com Melissa é normal quererem saber isso logo de mim.

- Ela foi atrás de Kentin, coloquei coragem nela para que fosse conversar com ele – expliquei. Todos nós da escola estávamos bastante preocupados com o Ken, já faz dias que ele falta à escola por um motivo que, acredito eu, somente Melissa tem conhecimento.

- Entendo... Vio – Rafaela chamou a outra garota – Então Rosa não virá?

- Não, parece que lá na fazenda eles ainda estão tratando de negócios importantes – Violette explicou.

- Ei, vamos marcar uma saída para o cinema? – Armin perguntou – Na próxima semana aquele filme de super-herói vai ser lançado.

- O Armin não para de falar disso comigo – Violette lamentou.

- Ah é? – Alexy soltou uma risada – Experimenta morar com ele, não vai ouvir outro assunto.

Armin corou – C-cala a boca, Al! Aquele dia foi porque o secundo trailer havia saído e... Aff!

- Você está falando do novo filme da Marvel? – Zack entrou na conversa com empolgação. Armin se animou.

- Sim! Você viu a cena que os protagonistas estão lutando? Ah cara, eu chorei! – Armin ficava mais e mais animado.

- Eu sei! Tive vontade de socar meu PC quando cortaram a última parte – Zack falou.

Eu e Rafaela seguramos uma risada quando vimos Violette e Alexy encarando seus namorados como se tivessem vindo de outro mundo.

De soslaio vi Lysandre se sentar próximo de Rafaela e lhe roubar um beijo na boca, a garota foi pega de surpresa – P-por que isso? – ela perguntou corando.

- Eu preciso de permissão para te beijar? – Lysandre perguntou inocentemente.

Senti um toque no meu ombro, olhei para trás e vi Nathaniel com a mão erguida para mim – Me concede uma dança?

Dei de ombros – Por que não?

Uma música agitada estava sendo cantada pelo vocalista da banda, Nathaniel me girou umas três vezes e dançou comigo ao ritmo da melodia de um jeito amigável. Fiquei tão envolvida com aquela pequena diversão que nem percebi quando a montanha de tormenta se aproximou. Era ele, ao lado dela.

- Senhor Nathaniel e... Companhia – Debrah fez uma mensura para o loiro ao meu lado e sorriu igual a uma cobra para mim.

- Castiel, meu amigo! Vejo que está se divertindo – Nathaniel estava sendo bastante sarcástico, pois era claro que Castiel estava entediado.

- Você não sabe o quanto e... – os olhos do ruivo se colocaram em mim e me observaram por longos segundos antes de se desviarem.

- Oi, Castiel – falei friamente, ele apenas balançou a cabeça para mim em cumprimento.

- Debrah, se não se importa, eu precisarei falar a sós com o seu amigo – Nathaniel falou.

Debrah tentou não demonstrar raiva daquele pedido – Ele é meu namorado, não meu amigo. E-e senhor, creio que audiências com Castiel também são do meu interesse...

- Não foi um pedido, minha cara – a voz do loiro foi cortante como uma lâmina. Debrah se encolheu, mas isso não foi suficiente para detê-la. Ela agarrou meu braço e sorriu – Tudo bem, ele é todo seu. Vou levar Sophie também para nos divertirmos juntas.

Fui arrastada pela garota para o outro lado do ginásio, bem afastado dos dois.

- Você não se cansa, não é? – Debrah falou com veneno na voz.

- O que está falando? – perguntei recuando um passo. Ela passou a mão no cabelo perfeitamente escovado e suspirou.

- Me parece que você é daquelas que adoram ser usadas por homens ricos. Imagino que o pênis de ouro deles te provoque coisas prazerosas – ela falou com desprezo e continuou a falar de forma esnobe – Eu não sei bem o que é isso, sabe? Tenho dinheiro suficiente, não preciso cair de bunda em cada cara rico que me aparece.

Fechei minhas mãos em punho nas laterais do corpo.

- Muito bem... Sabe de outra coisa? Você sabe muito bem que Nathaniel faz parte da Máfia, mas ainda insiste em querer fazer parte disso, o quão ingênua e burra você é? – ela gargalhou – Existem dois tipos de mulheres mafiosas, uma delas está lá apenas pelo prazer dos membros, ganham bem por cada noite. O outro tipo é formado por mulheres fortes que não abaixam a cabeça nem em situações de tortura, elas não temem a morte e matam sem hesitar se assim for necessário. Pelo que estou vendo, o seu caso é o primeiro.

- Você não sabe de nada! Quem pensa que é para saber o que eu sou e o que quero ser? – minha voz estava trêmula, não passava nenhuma confiança.

Debrah achou graça – Então me dê um único motivo para pensar o contrário.

Mordi o lábio inferior e a encarei com raiva.

- Não sou obsessiva por dinheiro e nem estou correndo atrás de riquezas, mas você... Você é obsessiva e doente por outra coisa, seus olhos mostram isso – soltei. Debrah soltou uma gargalhada doentia.

- Você acredita realmente que Castiel e Nathaniel são melhores do que eu? AH, tão cômico...  – Debrah começou a se aproximar de mim como se fosse um leão e eu sua presa – Entenda, sabe qual é uma das primeiras coisas que nos forçam a fazer quando ainda somos crianças? Nos entregam uma arma e nos mandam matar uma pessoa, se falharmos somos punidos da pior forma. Acha que isso não deixa cicatrizes na mente de alguém? – os olhos dela estavam a centímetros dos meus, seu sorriso era diabólico – Eu vejo seu olhar para ele, mas entenda, você nunca irá compreender o que Castiel passou. Nunca.

Recuei três passos e coloquei a mão na boca em choque, o que ela havia dito para mim conseguiu afetar a parte do meu coração que ainda pulsava por Castiel. O imaginei brincando com amigos, com brinquedos e fazendo coisas que todas as crianças fazem, todas essas cenas sendo destruídas por um assassinato. Sim, eu jamais compreenderia o que Castiel passa ou passou, eu jamais poderia ter dito que o conhecia, aquele garoto gentil e protetor era apenas uma personalidade farsante que me iludiu. De certa forma nem tenho como julgá-lo, pois as circunstâncias sempre o levaram para o caminho da dor. Então dor é tudo que ele sabe provocar...?

Eu não queria mais falar com ela, já estava cheia das suas palavras, muita coisa havia sido quebrada em tão poucos minutos, então comecei a me afastar dela. Chega de música, de gargalhadas, de falatório, de pessoas, de tudo, eu queria ficar em algum lugar silencioso, meus pés me levaram para fora da escola, na parte de trás onde havia um pequeno parque com várias árvores e bancos. Me sentei num deles e deixei as lágrimas caírem durante vários minutos, o silêncio me ajudou a colocar as ideias em ordem.

Então o silêncio foi quebrado com um farfalhar de folhas, olhei para onde vinha o barulho e encarei algo reluzente sendo apontado para mim, um segundo depois um barulhode disparo eclodiu no ar.

Pensei que estivesse morta, pois o som do tiro ainda vibrava nos meus ouvidos, mas quando ergui minha cabeça e olhei, vi que um dos seguranças de Nathaniel havia desviado a mira da arma do assassino a tempo, imobilizando-o. No entanto várias outras pessoas estranhas apareceram das árvores, todos trajando vestes pretas e máscaras que cobriam os rostos. O segurança chamou alguém pelo escuta e logo mais outros dois seguranças se puseram entre mim e os assassinos, me protegendo. Mas não era o suficiente, pois eram três contra quase doze.

A seguir um tiroteio foi iniciado, me refugiei atrás de uma árvore enorme e observei trêmula o que estava acontecendo. Eles estavam ali para me matar? Os sons dos tiros eram ensurdecedores, mas além de armas de fogo, os inimigos também estavam armados com facas e tinham muita agilidade ao manuseá-las.

Mais seguranças chegaram, no entanto, o número de assassinos parecia aumentar mais e mais. O que estava acontecendo?! Respirei fundo e tentei controlar meu nervosismo, olhei a minha volta para achar algum caminho de fuga e corri para o lado que não havia nenhum movimento. Pulei bancos e árvores a toda velocidade, eu tinha que sair daquele lugar o mais rápido possível e assim me misturar com as pessoas da festa. Essa era a minha meta, mas vi que ela jamais seria alcançada quando um deles se pôs na minha frente num salto.

O homem era enorme e musculoso, meus braços franzinos não venceriam uma luta contra ele e pensar nisso me fez desistir de vez. Eu seria pega e morta, não adiantaria em nada fugir.

Foi quando ouvi um barulho de faca perfurando carne, olhei para o homem e vi seus olhos em choque, atrás dele Castiel mantinha uma lâmina atravessada nas costas do homem, poucos centímetros do coração.

- Se você tentar algo, eu perfuro a artéria principal e você cai morto – Castiel sussurrou ameaçadoramente para o homem, este último compreendeu a mensagem. O ruivo prosseguiu – Quem é o alvo?

O homem sussurrou algo que apenas Castiel conseguiu ouvir. O ruivo me encarou com algo nos olhos, talvez medo ou preocupação? Não, não poderia ser.

- Quem é o chefe disso tudo? – o ruivo perguntou. O homem soltou um sorriso enquanto cuspia sangue.

- Se eu falar isso vou ser morto. Pode me matar – ele falou. Castiel xingou baixo e perfurou o coração do homem, matando-o.

Castiel limpou a lâmina na roupa do homem sem remorso algum, quase parecia que ele estava acostumado a matar. Talvez fosse isso mesmo. O ruivo só olhou para mim depois de vários minutos, seus olhos me analisavam e continham algo que eu não conseguia decifrar.

- Está machucada? – ele perguntou.

- N-não – respondi surpresa – O-o que foi isso?

- Foi aquilo que avisei que acontecia no meu mundo – ele respondeu friamente e depois xingou baixo – Por que ficou parada?! Deveria ter saído correndo ou ao menos tentado se defender! Será que pode parar de ser um estorvo?

- Então por que me salvou? Se sou um estorvo tão grande não seria mais fácil me matar? Veja bem, não tenho casa, meus pais não existem mais, estou sozinha no mundo, é tão fácil me apagar, não é verdade? – perguntei encarando-o firmemente, isso o calou. Castiel engoliu em seco e encarou as árvores.

O barulho de luta estava cessando aos poucos, no início temi que os seguranças de Nathaniel e, descobri mais tarde, os de Castiel e Debrah estavam perdendo, mas aconteceu o contrário. Nathaniel apareceu de dentro da escola.

- Quase todos foram apagados, deixamos alguns vivos para interrogatório. Vocês estão bem? – o loiro perguntou mais para mim, fiz um movimento com a cabeça em confirmação.

- Eles estavam atrás do quê? – perguntei. Castiel e Nathaniel trocaram olhares prolongados, como numa conversa silenciosa.

- Ainda não temos certeza. Você não precisa se preocupar com isso, Sophie – Nathaniel estava escondendo algo, eu conseguia ver claramente isso, mas deixei por assim mesmo.

Nesse momento o celular de Nathaniel tocou, o loiro o atendeu e, quando ouviu a mensagem da voz do outro lado da linha, sua expressão ficou tensa e temerosa, depois ele foi tomado por ódio e inquietação.

- Filhos da puta... – o loiro sussurrou.

 

POV.Lorenna

 

Tudo por culpa dela, da burrice dela há dois anos. Por culpa dela virei a prisioneira de Nathaniel e sou vigiada por ele durante vinte quatro horas por dia. Eu o odeio por tudo que fez comigo e por ser quem é.

Me tranquei no quarto como ele mandou, pois sabia que ele falava sério em cada ameaça. Nesta noite eu ficaria sem jantar, então dormir cedo seria uma fuga para que eu não passasse fome, mas quando olhei para a cama não senti vontade alguma de me deitar.

- Talvez um banho... – falei para mim mesma.

Tirei as roupas e pus um roupão de banho, mas no momento que comecei a caminhar para o banheiro da minha suíte, ouvi um barulho no andar de baixo, algo que se parecia com uma porta sendo arrombada e o grito de Melody. Não demorou muito para o som de tiros tomar conta.

O barulho de luta também eclodia, eu recuei de perto da porta devagar e com a mão na boca, com medo de alguém me ouvir. Eu tinha que me esconder, mas onde? Encarei o quarto, o closet seria tão óbvio quanto se esconder debaixo da cama, e o cofre era pequeno demais. Corri para o banheiro e vi minha única alternativa: o armário a dois metros de altura. Subi no aparelho sanitário e depois apoiei um pé na pia, por último dei um salto para dentro do armário e fechei as portas. Comecei a rezar para que ninguém tivesse a ideia de vir procurar aqui.

Poucos minutos depois a porta do meu quarto foi arrombada a tiros, ouvi várias pessoas entrando no meu quarto apressadamente, todas procurando em cada canto. Demorou um pouco para que viessem para o banheiro, pelo barulho dos passos presumi que fossem quatro pessoas, elas abriram todas as coisas pela frente, segurei o barulho de choro quando uma delas passou perto de abrir o armário onde eu estava. Mas ela não o fez.

Mesmo depois que todo o barulho desapareceu do apartamento eu ainda continuei escondida onde estava, sem mover um centímetro sequer. Eu odiava tudo aquilo, odiava ter que ficar aqui com ele, por culpa dos problemas dele quase fui morta hoje.

 

POV.Nathaniel

 

Um dos assassinos que imobilizamos admitiu que nesta noite haveria dois ataques, um a Castiel e outro a mim. De alguma forma eles sabiam sobre Sophie, mas o motivo de terem chegado a esse extremo com intuito de quererem mata-la ainda era um mistério.

Agora a parte em que o outro ataque era contra mim, isso era mau, muito mau! Meu coração palpitava descontrolado com as ideias que se formavam na minha cabeça. Se a ataque a Castiel foi a alguém importante a ele, então provavelmente irão atingir alguém que é importante para mim. Só existia uma pessoa.

Todos os seguranças, tanto os de Castiel, os de Debrah e os meus nos acompanharam até o meu apartamento. De cara vimos que alho estava errado, pois o porteiro não se encontrava na portaria e o portão principal estava aberto. Todos se armaram e adentraram no prédio com cautela.

Quando o elevador parou no meu andar, vimos corpos de guarda-costas no chão, todos mortos por tiros e facas, engoli em seco antes de prosseguir. Os meus seguranças tomaram a frente e entraram no meu apartamento com as armas erguidas, prontos para atirar a qualquer movimento.

Mas não havia movimento, tão pouco vida ali dentro, só corpos de homens que já me protegeram diversas vezes, amigos que fiz durante meus anos na máfia.

- Senhor, precisa ver isso – um dos meus seguranças me chamou na varanda. Enquanto eu caminhava para lá, vi que havia uma corda presa no pé de um sofá, ela segurava algo do lado de fora da grade de segurança da varanda. Hesitei antes de olhar para o que ela segurava.

Melody jazia pendurada pelo pescoço, seu corpo pálido e sem vida balançava com o vento, seus olhos azuis demonstravam o medo que ela sentira quando fora jogada ali. Os meus seguranças a tiraram de lá com delicadeza, eu não consegui olhar por muito mais tempo. Era estranho, durante anos vi corpos, mas agora aquilo estava me afetando bastante.

- Desgraçados... – sussurrei com ódio e depois corri para as escadas, exasperado – Lorenna! Lorenna! – gritei. “Por favor, responda”.

Segurei meu revólver e subi as escadas com pressa, eles não poderiam tê-la matado. Ela não!

Adentrei no quarto dela e me deparei com um cômodo completamente revirado, mas nenhum corpo. “Poderia tê-la sequestrado?”. Corri para o banheiro, que estava tão bagunçado quanto o cômodo anterior.

- Lorenna! – gritei uma ultima vez.

Já estava perdendo as esperanças quando o armário do teto se abriu e de lá Lorenna surgiu. A garota estava trêmula, aterrorizada e coberta de lágrimas. Eu a ajudei a sair de lá, e quando ela já estava no chão, eu a abracei aliviado e trêmulo. “Não está morta, ela não está” pensei tentando acalmar meu coração.

No início ela aceitou e pareceu agradecer pelo abraço, mas depois me jogou para longe com raiva e fúria. Os olhos em chamas me odiavam.

- N-nunca mais toque em mim! Isso é culpa sua, tudo isso! Me deixe em paz! – ela explodiu.

- Lorenna – tentei me aproximar, mas ela me empurrou novamente.

- Me largue, eu não sou ela! – Lorenna gritou.

 


Notas Finais


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