P. O. V Natasha Romanoff
Faz exatamente uma semana que retornei para casa com a Nathalie, e confesso que estar aqui novamente me trouxe lembranças das quais eu daria tudo para esquecer. Desde aquela noite da festa eu não vi e não soube mais nada do Bruce. Ele não voltou a me procurar, e nem sequer ligou para saber da filha. Nathalie tem perguntado a mim todos os dias sobre ele, e sinceramente já não tenho mais respostas para dar. Talvez seja melhor contar logo contar logo a verdade, que Bruce e eu estamos separados, e que o nosso casamento acabou.
Estamos na sala assistindo alguns desenhos animados, quando ouço a campainha. Quem pode ser a essa hora? T'Challa não pode ser, já que retornou a Wakanda, e só voltará em um período de duas semanas. Será que é o Bruce? Sinto meu coração acelerar um pouco, e fico relutante a me levantar. A campainha toca novamente, e Nathalie se remexe em meu colo.
- Mamãe, você não ouviu a campainha? - Nathalie pergunta me tirando dos meus desvaneios.
- Ouvi sim meu amor, já estou indo abrir. - Dou um beijo em sua cabeça e a tiro do meu colo cuidadosamente. Me levanto do sofá e caminho até a porta.
Seguro a maçaneta, mas antes de abrir, verifico pelo olho mágico e me deparo com Tony do outro lado. Imediatamente sinto um enorme alívio tomar conta de mim, e abro a porta.
- Pensei que não estivesse em casa. - Tony me observa atentamente, e não sei porque mas estou feliz em vê-lo.
- É que eu estava assistindo com a Nathalie. Desculpe. - Respondo minimamente e ofereço a ele um meio sorriso.
- Tudo bem. - Tony faz um gesto com a mão. - Podemos conversar? - Pergunta agora um pouco sério.
- Claro, vamos até o jardim. Só vou avisar a Nathalie. - Tony assente e me retiro de sua presença, indo até a sala. Nathalie ainda está entretida no desenho.
- Filha, a mamãe vai lá fora um pouquinho tá bom? Não vou demorar.
- Tudo bem mamãe. - Ela diz ainda sem tirar os olhos da tevê. Sorrio do seu jeito e saio caminhando para o jardim. Tony já está sentado em um dos bancos, me aproximo e sento ao lado dele.
- E então, sobre o quê iremos conversar? - Pergunto um pouco receosa e Tony vira de frente para mim. Vejo uma certa preocupação em seu rosto, e sinto um nó se formar em meu estômago.
- Sobre você e a sua permanência na empresa. - Tony permanece ainda me observando, e como não digo nada, ele suspira parecendo cansado. - Dispensei o Bruce por um tempo.
- E agora você veio me dispensar também. - Comento um pouco irônica, e Tony revira os olhos.
- Lógico que não. Embora você também tenha uma parcela de culpa por todas as vezes em que bateu na Ross, eu não farei isso. - Tony responde com a mesma ironia, e agora é a minha vez de revirar os olhos.
- E posso saber o motivo? - Cruzo os braços aguardando sua resposta. Tony suspira mais uma vez e se encosta no banco.
- Porque você apesar de ser encrenqueira é também muito eficiente, e competente com suas obrigações. Você leva a sério o seu trabalho, e por isso não posso perdê-la também. Sem contar que agora não tendo a presença do Bruce, não posso te deixar desempregada com uma filha pequena para sustentar. Não que ele não vá arcar com suas obrigações para com a Nathalie, mas seria muita injustiça de minha parte te deixar sem emprego exatamente agora. - Fico sem palavras para tudo o que eu acabei de ouvir. Tony Stark sendo bonzinho? Só posso estar em um daqueles sonhos loucos. Tony me olha expressando dúvidas quanto ao meu silêncio, e logo começo a rir.
- Bom, isso é realmente uma surpresa daquelas. Você me elogiando é tecnicamente o fim de todas as nossas desavenças. - Digo em tom brincalhão e Tony ri.
- É verdade, mas eu sei reconhecer o valor e talento das pessoas tá ruivinha linda. E devo admitir que isso você tem de sobra, por isso ainda te quero comigo na empresa. - Ele pisca para mim e ambos rimos.
- Então tá. Se é assim que você quer então eu agradeço. Preciso mesmo mantêr a mente bastante ocupada, e nada melhor do que trabalho para me ajudar.
- Não tem que agradecer. Mas agora me conte, como você está depois de toda essa contusão? - Tony pergunta calmamente, me fazendo suspirar triste. Encosto minha cabeça em seu ombro e fico pensando em tudo o que aconteceu.
- Sendo sincera Tony, bem eu não estou, mas estou levando como posso. O que tem me machucado bastante são as perguntas da Nathalie. Todo dia ela pergunta sobre o pai, e não sei mais o que responder a ela. - Confesso, e sinto as lágrimas se formando em meus olhos, mas logo as afasto.
- Imagino como deva ser difícil. Mas você não acha melhor contar logo a verdade para ela? - Tony agora está fazendo carinho em meu cabelo, e me afasto dele como se tivesse levado um choque. Ele ri da minha reação e me puxa novamente para deitar em seu ombro. - Só estou sendo prestativo ok? Não estou dando em cima de você. - Rimos mais um pouco e logo me sinto mais a vontade.
- Eu sei, só achei estranho esse seu gesto. Mas agora respondendo a sua pergunta, estava pensando exatamente isso quando você tocou a campainha. Só não sei como fazer isso sem machucar a minha filha, ela é muito apegada ao Bruce.
- Tem razão, mas o pior é você ficar escondendo a verdade dela. Explique que você e o Bruce não irão mais morar na mesma casa, mas que ainda continuarão sendo os pais dela. - Me afasto dele novamente e encaro o seu rosto. Tony dando uma de conselheiro? Tecnicamente não estou na terra.
- Quando foi que você se tornou assim tão sábio? - Pergunto sarcástica, e ele ri.
- A partir do momento em que eu quase perdi o que realmente amo. Mas ao contrário do meu amigo, eu soube valorizar o que eu tenho. - Tony confessa para mim e posso ver sinceridade em suas palavras.
- Queria que o Bruce também tivesse feito isso. Sabe Tony durante todos esses anos de casados ele sempre foi um tremendo babaca comigo, e eu nunca consegui entender o porque. Tá certo que eu era ciumenta até demais, mas o jeito dele sempre foi de alguém que parecia não me amar, e sinceramente eu cansei disso. Eu sou mulher Tony, e como toda mulher eu quero ser amada, respeitada. E infelizmente o Bruce nunca demonstrou isso por mim. - Sinto novamente as lágrimas se formando, e dessa vez eu deixo que elas caiam.
- Realmente o Bruce vacilou feio, mas creio que isso tudo irá servir de lição para ele. Não vai demorar muito pra ele aparecer aqui te pedindo para voltar.
- Ele fez isso quando ainda estávamos em Paris. Mas eu não caí na lábia dele, como eu disse Tony, eu cansei. Agora só quero viver para mim e minha filha. - Enxugo as lágrimas e me recomponho.
- Eu não fazia ideia disso. Mas tudo bem, se essa é a sua decisão pode contar com meu apoio. - Tony dá uma piscadinha para mim e começo a rir.
- Obrigada mais uma vez Tony. Tudo o que eu realmente preciso nesse momento é de apoio. Quando posso voltar a trabalhar?
- Amanhã mesmo. Estamos cheios de novos contatos, e preciso de você por lá. T'Challa retorna daqui à duas semanas e daremos início a nossa sociedade. E por falar nele, eu percebi tudo. -Tony fala maliciosamente, me deixando assim constrangida.
- Você é um tremendo de um fofoqueiro sabia. - Acerto um tapinha em seu ombro e rimos. - Mas falando sério, ele é bem legal. Me trata como eu nunca fui tratada antes.
- É eu percebi. Bom, a conversa está ótima mas preciso ir. Depois falamos mais a respeito do seu novo pretendente, e quero você amanhã cedo na empresa. - Tony fala agora com sua voz de chefe, e se coloca de pé.
- Pode deixar chefe. - Me levanto também e nos abraçamos em despedida. - E mais uma vez obrigada por tudo. - Tony assente e vai embora. Permaneço um pouco do lado de fora pensando em suas palavras, e me preparando para conversar com a Nathalie.
Volto para dentro e a vejo ainda deitada no sofá assistindo. Sinto um aperto em meu coração ao ter que dar a ela essa notícia, mas como Tony disse, é o melhor. Me aproximo e sento ao seu lado, e imediatamente ela sobe em meu colo e se aconchega em mim. Começo a acariciar seus cabelos e tomo coragem para falar.
- Nathalie?
- Sim mamãe.
- Preciso te falar uma coisa.
- Pode falar mamãe, estou ouvindo. - Ela ainda permanece olhando para a tevê, e pego o controle desligando assim a mesma. Nathalie olha para mim um pouco chateada mas não diz nada.
- Filha, é um assunto delicado. É sobre o seu pai. - Minha voz falha e me seguro para não chorar. Preciso ser forte.
- O que tem o papai? Quando ele vai voltar pra casa? Estou com saudades mamãe, nós já voltamos e ele não veio junto. Onde ele está? - Nathalie pergunta inocentemente, e respiro fundo buscando forças.
- Então meu amor, o seu pai e eu não vamos mais morar juntos. O papai agora vai morar em outra casa, e você vai morar aqui comigo. Mas ele virá ver você em breve. - Falo cuidadosamente e observo a sua reação.
- Você e o papai não irão mais morar juntos? Mas porquê mamãe? - Nathalie começa a chorar, e fico apreensiva. Já era esperado a sua reação.
- Meu amor, é uma história complicada e você não entenderia. Só... só confie na mamãe tá bom? Eu prometo que tudo vai ficar bem.
- Mas eu quero o meu pai. Por favor mamãe traz o papai de volta. - Nathalie se agarra a mim ainda chorando, e eu a envolvo num abraço apertado e consolador. Não queria vê-la sofrer, mas eu tinha que contar a verdade. Abraço ela com mais força enquanto ela ainda continua a chorar.
- Eu prometo, prometo a você meu amor que nós duas ainda seremos muito felizes. - Sussurro para ela, e permanecemos ali abraçadas uma a outra até que ela acaba pegando no sono.
Me levanto com ela em meus braços e subo as escadas. Ao chegar em meu quarto, a coloco em minha cama e a cubro com o edredom. Ouço meu celular tocando, e caminho até a mesinha de centro, pegando o aparelho. Assim que vejo o nome na tela do celular, atendo imediatamente.
- O que você quer? - Pergunto ríspida.
- Nat, precisamos conversar. Quero a guarda da Nathalie...
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