História Defective Person - Capítulo 1 - Prólogo

Estranha, nerd, esquisita, chiclete, todos esses apelidos entre muitos outros são o que as pessoas da minha escola me chamam, eu sempre fui uma pessoa que não tem amigos, eu não gosto de interagir com ninguém e sempre fico quieta no meu canto além de ser absurdamente inteligente e sempre tirar nota 10 em todas as minhas provas, eu não costumo vestir roupas estilosas, um moletom largo, calças compridas e largas e um par de tênis velhos são perfeitos aos meus olhos, é assim que eu gosto de me vestir e é por isso que me chamam de esquisita, não que eu me importe afinal eu mesma me considero uma pessoa defeituosa.

Quando eu tinha nove anos de idade eu recebi a triste noitica de que o carro da minha mãe foi atingido por um caminhão no meio da estrada, o motorista do caminhão estava bêbado e por isso estava vindo em contramão, o caminhão bateu tão forte no carro da minha mãe que ele se transformou em pedaços com ela dentro e explodiu, se a minha mãe tivesse sobrevivido ela teria ficado paraplégica e com muitas sequelas, por isso eu prefiro acreditar que foi melhor ela ter partido para um lugar melhor do que ter ficado sofrendo aqui na terra.

Algumas semanas após a confirmação da morte da minha mãe eu comecei a morar com o meu pai, sem dúvidas ele sempre foi amoroso, gentil, cuidadoso e sempre me ensinou o que é certo e o que é errado, resumindo, eu cresci e me tornei uma jovem educada e gentil graças a ele e a minha mãe que também me educou enquanto pode e estava viva. 

A única coisa que eu sempre achei errada no meu pai é que ele sempre fez tudo o que a minha tia que também mora com a gente manda, as vezes ele fica zangado comigo por causas mínimas e tudo isso é por causa da minha prima, Karin, ela é filha da minha tia e nunca gostou de mim, sem motivo aparente, ela inventa mentiras sobre mim e fala para a minha tia contar para meu pai e quando ela conta o meu pai sempre acredita nela e me da uma bela bronca ou me deixa de castigo.

Apesar de eu já ter dezoito anos eu sempre fico calada quando levo alguma bronca, se eu for falar algo ou argumentar o meu pai jamais acreditaria em mim então é melhor eu apenas escutar quieta, além do mais eu ainda sou sustentada pelo o meu pai e por isso preciso respeitar ele e apenas concordar quando ele falar algo. 

Por mais que isso seja bem errado.

Eu também sofro bastante bullying na escola por ser inteligente demais, usar roupas que ao ver de outras pessoas são estranhas e ter o meu cabelo naturalmente rosa, e adivinhem quem é a causadora do meu bullying? Sim isso mesmo, minha querida prima, ela é a capitã das líderes de torcida e adora desfilar pela escola com aquelas saias que mostram quase tudo, ela me ofende, ri de mim com as suas amiguinhas e as vezes até me joga tinta, suco, refrigerante ou o que estiver pela a sua frente mesmo.

Para o meu azar completo ela também é apaixonada pelo mesmo garoto que eu, quer dizer não apaixonada, ela só quer transar com ele e pronto, só isso é o que importa para a Karin mas Sasuke Uchiha jamais se quer deu um mínimo sinal de que sente um pouco se quer de atração por ela, na verdade sempre quando ela tenta algo com ele, ele revira os olhos e se afasta dela além de ser completamente grosso com ela, para ser específica ele não é muito gentil com ninguém.

Ele é sério, rico, popular, anda apenas com dois garotos que são seus melhores amigos, Naruto e Suigetsu, ninguém mais além dos dois, as garotas se jogam para cima dele a todo momento mas ele simplesmente as ignora, nenhuma jamais conseguiu se quer um sinal de interesse vindo de Sasuke e é por isso que eu sempre preferi o amar em segredo.

Não que eu tenha medo da Karin e por isso não quero falar ou tentar algo com o Sasuke, óbvio que não, até porque eu ainda só não dei uns belos tapas nela porque sei o quanto o meu pai ama a sobrinha que tem então como eu não quero criar inimizades na família eu fico calada aguentando ela e as suas piadinhas sem graça sobre mim apenas para chamar atenção. 

Eu não sei porque eu ainda não tentei nada com o Sasuke, talvez por falta de coragem, talvez por medo, eu realmente não sei, quando me der vontade de falar eu irei falar, eu sou muito assim, quando me dá vontade de falar algo eu falo, quando me dá vontade de fazer algo eu faço, quando me dá vontade de ficar quieta na minha que é o que eu mais gosto de fazer eu faço também, eu vivo pelo momento e amo as lembranças de momentos bons que eu vivi e não me arrependo.

Apesar de sofrer bullying, minha mãe estar morta, ter que aguentar as ofensas diárias de minha tia e as de minha prima e o meu pai bravo comigo por causa de mentiras sem sentido, eu não me sinto triste pois eu sei que as mentiras não são verdades assim como as ofensas também não, além de que só o que importa é a minha opinião sobre mim mesma, então para que ficar triste? Acho que é por isso que eu me considero meio bizarra, eu sou muito neutra, não fico triste facilmente porque já sofri traumas demais.

Principalmente quando descobri que a minha mãe havia morrido, aquilo acabou comigo e é por isso que as vezes eu mesma costumo acreditar que eu sou uma pessoa defeituosa, e esses meus defeitos não podem ser concertados ou ajustados com o tempo porque eles não vão sair de mim tão facilmente. 

Eu sou uma pessoa muito reservada também, prefiro ficar sozinha, feliz e no meu quarto lendo um bom livro enquanto escuto o barulho da chuva caindo lá fora como eu estou fazendo nesse exato momento, hoje é domingo e o dia se encontra totalmente chuvoso e por isso eu quase nem sai do meu quarto hoje, só sai para almoçar e depois voltei, eu acordei bem tarde hoje, se me lembro era 10:50.

Já faz exatamente trinta e cinco minutos que eu estou escutando um barulho alto de caminhões no lado de fora, parece que teremos vizinhos novos já que as irmãs fofoqueiras que moravam na casa da frente resolveram se mudar para o outro lado de Konoha, espero que quem venha morar nessa casa não seja fofoqueiro e nem bardeneiro, o silêncio e a paz é algo que eu costumo preservar muito no meu dia a dia.

Suspiro alto fechando o meu livro e contando mentalmente até três quando escuto batidas altas e fortes na porta do meu quarto seguido pela voz alta e irritante da Karin ecoando alto no ambiente.

— A mamãe tá chamando nós duas lá em baixo, não demora para descer porque temos visitas e vista uma roupa pelo menos aceitável. - Karin fala alto e logo eu faço uma careta e mostro a língua para a porta.

Por que eu tenho que descer para cumprimentar pessoas que eu nem devo conhecer? Qual é a lógica? Tudo bem que deve ser por pura educação mas mesmo assim, se ela quer que os conhecidos dela conheçam alguém é mais fácil apresentar só a filha dela e não a mim, eu sei que sou sobrinha dela mas nem gostar de mim ela gosta então não tem nenhum mínimo sentido.

Me levanto a contragosto de minha cama sentindo o vento frio bater contra o meu corpo fazendo com que eu abrace a mim mesma e sinta uma vontade enorme de voltar para a minha cama, por que céus essas pessoas resolveram sair da casa delas para irem para a casa dos outros em um dia chuvoso e friolento desse jeito? Eles não tem o que fazer não? 

Coloco minha pantufa negra em meus pés, meu moletom enorme que vai até o meio de minhas pernas e uma calça solta do calcanhar a cintura, passo a escova em meus cabelos arrumando eles e após ver que estou apresentável e com uma cara de sono intensa eu sigo em direção a porta logo abrindo a mesma e já escutando a voz animada de minha tia do andar de baixo.

Ela está animada e falando com alguém? Ela está feliz? Ok isso tudo já é muito estranho mas se ela estiver sorrindo aí eu vou considerar as pessoas que estão aqui milagrosas afinal a minha tia só sorri para dois tipos de pessoas, ricas ou milionárias, ela é uma pessoa muito interesseira e a sua filha é totalmente igual a ela.

Suspiro baixo fechando a porta lentamente e logo seguindo caminho em direção às escadas enquanto ainda sinto um pouco do frio bater contra a minha pele e me fazer bater um pouco os dentes, aqui em Konoha está tão frio que já está quase caindo neve, eu amo o frio, mas em excesso as vezes é demais.

Olho para a sala enquanto desço as escadas e vejo Karin e a minha tia conversando animadamente com uma mulher muito bonita de cabelos e olhos negros, suas roupas são finas e elegantes e o seu sorriso é gentil e bondoso, ao seu lado está um homem mais sério que eu suponho que seja o seu marido, seus cabelos são da cor castanho mas os seus olhos são bem negros assim como a mulher que deve ser a sua irmã ou esposa.

A porta da frente é aberta fazendo com que tanto os meus olhos como os que estão presentes na sala se dirijam a ela, um homem que já aparenta ter uns 26 ou 27 anos de idade entra pela mesma com um semblante normal porém com um sorriso doce e pequeno em seus lábios, em seu corpo ele está usando uma camiseta social branca e uma calça jeans escura enquanto os seus tênis são pretos e de uma marca cara, suspiro baixo sentindo o constrangimento tomar conta de meu corpo por ter que me apresentar para desconhecidos, eu sou a pessoa mais antisocial do mundo poxa...

— Esse é o meu filho mais velho, Itachi... - a mulher de lindos olhos negros fala exibindo o seu sorriso incrivelmente lindo.

— É tão lindo quanto a mãe... - minha tia diz com uma voz doce e eu faço uma careta, por que tão falsa?

— Prazer e obrigada pelo elogio... - Itachi diz apertando a mão de minha tia que sorri e retribui o gesto.

— O prazer é meu, só falei o que eu realmente acho. - ela pisca o olho para o tal Itachi e eu contenho a vontade de rir, é sério que ela está tentando flertar com alguém que tem a idade para ser filho dela? Cruzes.

Respiro fundo contanto mentalmente até quatro e tomando coragem para falar algo quando sinto o olhar de todos presentes focados em mim.

— Olá.. - falo baixo chegando perto de todos e vejo os três convidados me olharem. — Desculpem pela demora, eu gostaria de ter vindo cumprimentar vocês mais cedo mas eu estava estudando. - falo lançando sorrisos sinceros para eles apesar de estar falando uma mentira.

Por mim eu não estaria aqui nesse momento.

— Own, tudo bem querida, você deve ser a Sakura não é? Seu pai fala muito bem de você na empresa... - a mulher diz me lançando um sorriso doce e eu sinto os olhares rudes de minha tia e prima sobre mim.

— Ah sim, sou sim, vocês são da mesma empresa que o meu pai? - então eles devem conhecer os pais do Sasuke.

Meu pai trabalha para a empresa Uchiha, onde os donos da empresa são o senhor Fugaku e a senhora Mikoto, os pais do Sasuke. 

— Na verdade nós dois somos os chef...

— Desculpem o atraso, acabei pegando trânsito no caminho para cá... - meus olhos rapidamente se focam na figura que entra pela porta da frente e é impossível eu não sentir o meu coração acelerar e as minhas mãos começarem a suar frio, por que ele está aqui?

— Sasuke-kun! - Karin fala atraindo a atenção de nós todos para a mesma, a ruiva sem pensar duas vezes corre na direção do moreno e abraça o mesmo rodeando os seus braços no pescoço dele que acaba cambaleando um pouco para trás mas não retribui e nem afasta a ruiva de si, apenas a encara com uma careta.

— Se contenha minha filha, a educação se esqueceu? - escuto minha tia elevar o seu tom com Karin fazendo com que a ruiva se afaste de Sasuke rapidamente mas que mesmo assim continue lançando um sorriso para o moreno que apenas a ignora e volta a sua atenção para os seus pais.

— Não tem problema, acabamos de chegar também, o jantar ainda nem começou a ser preparado. - tento disfarçar a minha cara de surpresa quando noto que esses são os chefes do meu pai e os pais de Sasuke mas não consigo. 

— Realmente, mandarei daqui a pouco as cozinheiras começarem a preparar o jantar. - minha tia diz sorrindo gentilmente e eu apenas encaro o chão não querendo falar mais nada, eu só quero voltar para o meu quarto...

Sinto Sasuke se aproximar um pouco mais de onde nós estamos e isso me faz ficar ainda mais nervosa...

— Que bom que não fiz ninguém esperar. - ele diz baixo.

Ergo o meu olhar e desvio rapidamente o mesmo para o chão quando vejo que Sasuke está me encarando, depois de tantos anos o encarando de longe e me escondendo dele ele finalmente me notou? É impossível não sentir o meu coração acelerar e a minha pele começar a suar com o passar dos minutos, ergo minha cabeça para encarar o mesmo e continuo trocando olhares com ele por um tempo mas logo eu desvio para o chão novamente, sou péssima em trocar olhares...

— Bem, se me dão licença, eu irei subir para o meu quarto. - falo atraindo a atenção de todos para mim novamente. — Se eu não descer para o jantar é porque eu não costumo jantar de noite mas mesmo assim foi um prazer conhecer vocês.

— O prazer foi nosso. - Itachi e os seus pais me lançam sorrisos gentis e eu retribuo. 

— Boa noite querida. - minha tia me fala com um sorriso enorme em seu rosto e eu forço um sorriso para ela mas não respondo nada, dou as costas para eles e quando encaro Sasuke pela ultima vez vejo que ele já não está mais me encarando mas sim encarando a sala com um olhar curioso, acabo sorrindo minimamente para mim mesma ao perceber que ele finalmente me notou...

Mas vai ficar apenas nisso, ter outra decepção é o que eu menos quero.