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História Deja Vu | SUNSUN - Why You Bother Me?


Escrita por: attplease

Notas do Autor


oi gente, queria apenas avisar: capítulos novos serão aos domingos.
e por favor, comentem! mesmo que seja só um emojizinho pra eu saber se vocês estão gostando ou não, isso me ajuda muito a querer continuar escrevendo! o apoio de vocês é muito importante pra mim, de coração.

e não esqueçam da hashtag no twitter! #AttDejaVu

boa leitura!

Capítulo 3 - Why You Bother Me?


Kim Sunoo.


Quatro dias haviam se passado desde o que aconteceu na casa de Jake. As coisas estavam começando a serem menos estranhas, mas somente porque eu tentava pensar o mínimo possível em Sunghoon como o garoto que aparecia em meus sonhos, agora eu apenas mantinha em mente que ele era um garoto normal que começaria a fazer parte dos meus dias, eu querendo ou não.

E quando eu digo isso, quero dizer que eu não esperava que meu ciclo de amizades fosse mudar em tão pouco tempo. Terça-feira passada serviu como um primeiro passo para eu me aproximar de Jungwon, me pergunto o porquê de nós dois nunca termos conversado antes, ele é um garoto incrível e totalmente diferente do que eu esperava e imaginava sobre ele.

Jungwon me contou que é filho de mãe solteira e tem uma irmã mais nova, Yang Jang-Mi, que também é estudante da Wall School, no segundo ano. Isso havia sido uma surpresa para mim, porque então, ela e Niki são colegas. Nishimura estava um ano adiantado na escola, por isso iria terminar o ensino médio antes de completar 18 anos, mas segundo Niki, ele não era próximo da garota. Pensei em perguntar o que havia acontecido com ela quando faltaram na terça-feira, mas ainda estávamos nos aproximando aos poucos para ser intrometido dessa forma. É horrível ser curioso, eu juro.

— Mãe, já faz dez minutos que a senhora está olhando esses tecidos. Qual a diferença? — eu encarava minha mãe no momento enquanto permanecia sentado em um banquinho da loja de tecidos em que estávamos.

Eu estava passando o meu sábado à tarde no shopping com minha mãe. Já havia semanas que prometíamos fazer compras juntos, mas a preguiça sempre falava mais alto e as vezes a agenda de minha mãe não batia, finalmente deu certo dessa vez.

Hoje, nosso foco principal é comprar tecidos e uma estante para a sala de leitura que minha mãe insistiu em fazer na nossa casa. Temos um quarto que ficava vazio desde que nos mudamos para lá, então ela quis uma reforma e pediu minha ajuda já que eu também vou usar. Minha mãe tem uma pilha de livros de psicologia e outras coisas da época que ela estava na faculdade, ou seja, coisas um pouquinho antigas. Com essa sala eu pelo menos vou ter onde organizar os livros que eu tenho, já que eles costumam ficar em um lugar reservado no meu guarda-roupa.

— Não posso pegar a cor errada, filho. Não foi você quem disse que queria cores neutras nas cortinas? Isso aqui... — ela levanta o tecido em mãos, me mostrando. — É bege, não é?

— É sim. Mas não precisava levar ao pé da letra, mãe. Meu Deus. — ri baixo e respirei fundo, me levantando do banco em que eu estava sentado. — Já que a senhora vai continuar aí, posso pelo menos ir até a livraria? Já escolhemos a estante e eu não entendo nada de tecidos.

— Tudo bem. — ela faz uma careta, mas logo sorri. — Se achar algo interessante, pode comprar. Mas não demore.

— Você é quem demora aqui, senhorita. — ri baixinho, concordando com suas ordens antes de sair daquela loja.

Eu amava ouvir isso, mesmo que eu quase nunca acabasse comprando algo.

Eu estava aproveitando meu último ano no ensino médio para ler todos os livros disponíveis na biblioteca da escola, os livros hoje em dia são muito caros, me sinto cara de pau em pedir para que meus pais os comprem para mim. Minha mãe pensa que isso é besteira minha, mas eu só deixo que me deem um livro em datas especiais, é até mais emocionante ganhá-los no meu aniversário, por exemplo, porque existem vários que eu não consigo encontrar na biblioteca da Wall. Muitos de lá eram doações de alunos, então não eram muitas variações.

— Não lembrava que esse shopping era tão gigante. — pensei alto, eu estava parado em uma escada rolante enquanto ela subia.

Meus lábios se curvaram em um pequeno sorriso quando a escada subiu até o limite, me deixando exatamente de frente para a livraria principal do shopping. Não enrolei nem mais um segundo onde eu estava, quando me dei conta, já havia entrado na loja e agora estava me preparando para julgar livros pela capa.

Eu adorava fazer isso, principalmente quando as capas continham um homem branco, padrão e sem camisa. Eu realmente queria saber o que se passa na cabeça das autoras que aceitam essas capas, sério, é mais difícil ainda quando a história é boa, mas você não pode lê-las em público porque vão pensar coisas inapropriadas sobre você. 


Petição para mudarem essas capas:


1. Kim Sunoo.


Agora, eu me encontrava em uma sessão de livros de fantasia. Essas eram capas que eu gostava muito e chamavam minha atenção, as vezes eu sentia uma vontade imensa de comprar esses livros somente por serem bonitos, não me importava com o enredo ruim. Mas, obviamente eram apenas pensamentos.

— Olá, posso ajudá-lo em alguma coisa? — uma voz feminina pergunta em um tom simpático, eu ainda tinha meus olhos nos livros em minha frente, mas logo os direcionei até a funcionária que havia se aproximado, me surpreendendo um pouco. Ela aparentava ter a mesma idade que eu, ou até mais nova.

Seu cabelos escuros estavam amarrados para trás, ela tinha olhos grandes que estavam presos em meu rosto naquele momento, como se estivesse tentando se lembrar de algo. Mas acho que era eu quem havia esquecido de responder sua pergunta.

— Olá. — soltei uma risada sem graça, tentando ser o mais simpático possível. — Sendo sincero, eu só estou dando uma olhada, não sei exatamente o que eu estou procurando. Mas obrigado.

— Espera, eu conheço você. — ela é direta, fazendo meus olhos se abrirem mais, a garota estava sorrindo. — Você é o garoto da biblioteca.

— Você me conhece? Da biblioteca? — eu não estava entendendo nada, mas queria que ela explicasse logo o que estava querendo dizer. Quem atende um cliente dessa forma?

Tudo bem que eu nem iria comprar nada, mas mesmo assim.

— Desculpa. Meu nome é Yuna, Shin Yuna. — ela nega com a cabeça, se corrigindo. — Eu também estudo na Wall, eu vi você caindo na biblioteca terça-feira. Você se machucou? 

Meu Deus. Eu já não havia me humilhado o bastante essa semana?

— O quê?! — faço uma careta, acabando por soltar uma risada constrangedora. — Você me viu?

— Eu vi tudo, 'pra ser sincera. O corredor que você estava se escondendo ficava no caminho da mesa que eu estava lendo. — ela ri baixinho. — Você se esforçou bastante para se esconder daqueles caras, eu me senti na obrigação de distrair a Daya e não causar mais problemas. Você tinha que ver, inventei sobre um livro que nem existia e ela não conseguia o achar no sistema.

Eu não sabia com qual informação eu surtava primeiro: ela viu eu me esconder de Sunghoon, me viu cair e ainda me ajudou com a Daya, ou seja, só por isso a mulher não havia visto a bagunça que eu fiz. 

Eu já disse que sinto vontade de enfiar minha cabeça dentro de um buraco? E meu Deus, como essa menina fala, fala até mais do que eu.

Fiquei encarando a garota em silêncio todo aquele tempo, sem saber como reagir. E então percebi seu rosto demonstrar um pouco de desconforto, me fazendo acordar dos meus surtos internos com sua voz novamente:

— Eu falo demais, não é? Desculpa, eu tenho essa mania de falar sem parar, até quando acabo de conhecer uma pessoa, é difícil controlar porque... — ela para de falar quando percebe que eu tentava segurar uma risada. — Eu fiz de novo.

— Respira, calma. — tentei acalma-la, com humor. — Eu sou o único que deveria se envergonhar de algo aqui. E obrigado por me ajudar, aliás. — desci meu olhar até o crachá grudado no uniforme da garota. — Yuna, certo? Você é de qual turma? Não lembro de já ter te visto.

— Sou da 302. — ela ri, sem graça. — Você é da 301, provavelmente, não é? 

— É sério? — perguntei, surpreso. — Eu realmente nunca vi você lá, nem na biblioteca antes. Quer dizer, provavelmente já, mas eu sou péssimo em lembrar desses detalhes, me desculpa. Meus amigos vivem implicando comigo por ser desatento.

Ela ri.

— Eu já vi você sim, mas eu não costumo frequentar tanto a biblioteca. E por incrível que pareça, sempre que eu aparecia por lá, você estava também.

Antes que eu pudesse lhe responder, meu olhar foi de encontro com uma mulher que nos observava de longe. Ela tinha sua testa enrugada e vestia o mesmo uniforme de Yuna, eu não sabia de quem se tratava, mas com certeza aquele olhar era julgador. 

— Então esse livro é realmente muito bom, não é? — mudei de assunto rapidamente e aumentei o tom de voz, mostrando disfarçadamente com meus olhos que alguém estava nos encarando. Em seguida, peguei um livro aleatório. — Acho que vou levar esse daqui.

A garota não demorou para perceber o porquê de eu ter mudado o assunto, ela virou minimamente o rosto para o lado, e voltou a me encarar com uma expressão de quem havia acabado de fazer algo ruim.

— Certo! Vou separá-lo para você. — ela também aumenta o tom de voz, pega o livro de minha mão e sussurra. — É minha chefe, odeia quando eu converso demais com algum cliente. 

— Então não vamos arrumar problemas, me leve ao caixa. — pedi.

— Mas você vai mesmo comprar? 

— Yuna. — a chamei. — O caixa, por favor. — insisti. 

A garota apenas concordou com a cabeça, me guiando até o caixa que ficava há apenas alguns passos de onde estávamos. Ela se posicionou até o outro lado do balcão e só então eu pude perceber qual livro eu havia escolhido: Sombra e Ossos, da Leigh Bardugo. E confesso, eu assisti a série da Netflix antes de ler o livro. Falhei como leitor, eu sei, mas foi mais forte do que eu. 

Pelo menos agora eu finalmente vou ler. Alina Starkov que me aguarde.

— Como é mesmo seu nome? Eu não perguntei. — Yuna pergunta ao entregar a sacola com o livro que eu havia acabado de comprar. 

— Kim Sunoo. — sorri de forma genuína. — Acho que agora estamos quites, não é? Você me ajudou e eu te ajudei. 

— Estamos quites, Kim Sunoo. — ela diz em um tom divertido, e então, eu me despeço com um rápido aceno de cabeça que é retribuído por ela.

Saí da livraria e segui meu caminho até a escada rolante novamente, tendo em mente que se minha mãe não havia me procurado até agora, então ela provavelmente ainda estava na loja de tecidos. Nunca vi uma mulher tão indecisa quanto ela.


***


Esse final de semana havia sido um dos poucos em que eu e os garotos não conseguimos nos encontrar, era como se todos houvessem arrumado planos.

 Heeseung, havia ido passar o sábado e domingo pescando com seu pai. Jay, havia tirado o final de semana para atualizar alguns trabalhos atrasados, o garoto deixava tudo acumular e depois se ferrava. Já Niki, havia recebido visita de alguns parentes do Japão, ontem era aniversário de sua mãe.

Nesse domingo, já que eu não tinha planos, aproveitei para fazer maratona da minha série favorita: One Tree Hill.

Eu já havia assistido ela tantas vezes, mas era meu conforto, principalmente uma das personagens: Brooke Davis. Eu amava o jeitinho único que a garota lidava com qualquer situação em sua vida, ela era determinada e nunca levava desaforos para casa. Mas por trás de sua pose de durona, havia uma garota que queria ser amada e gostava de amar, mas infelizmente as coisas acabam demorando um pouco para realmente acontecer, já que ela se envolve com um babaca que trai ela com a própria melhor amiga, duas vezes.

Eu poderia ficar horas assistindo o drama daquela série, porque mesmo passando raiva, era algo que me divertia e eu nem percebia o tempo passar. Mas precisei pausar a série quando meu celular começou a vibrar, era o grupo dos meus amigos:


Heeseung: 

20:22 acho que é a primeira vez que eu tenho sinal de internet desde que cheguei aqui

20:24 ?????

20:25 cade vcs

RESPONDAM ANTES QUE CAIA O SINAL

Jay: 

20:27 que foi, caralho?

Heeseung: 

20:27 eu fico um dia inteiro sem dar sinal de vida e você me trata assim????

Eu: 

que drama, cara 20:28

o que houve? tava tão ruim assim aí?

Heeseung:

20:29 ruim é apelido, meu pai ficou 2h pescando e pegamos só 3 peixes, o cara aqui disse que viemos em uma época ruim

eu avisei isso pra ele, mas ele é teimoso

enfim, minha bateria vai acabar 

já tô na estrada voltando p odhen

E RIKI PARA DE VISUALIZAR E NÃO RESPONDER

Jay:

20:30 ninguém muda o nishimura, desiste

e boa sorte com seu pai

Eu:

 boa sorte mesmo, pescador 20:30

Niki:

20:32 👍


Ri sozinho para o meu celular, bloqueando a tela do mesmo e não demorando para voltar a assistir minha série, ainda sorrindo ao imaginar como os garotos iriam zoar o Heeseung amanhã na aula. Ele vai reclamar o dia inteiro sobre esse fim de semana entre pai e filho.


***


Eu realmente havia perdido a noção do tempo ontem, porque eu virei a noite assistindo série. Não sei como consegui acordar para vir até a escola, mas eu estava aqui, mesmo que lutando contra o sono enquanto ouvia a voz da professora com palavras que eu sequer estava raciocinando, a sala estava um silêncio total. Parecia que meus amigos também estavam cansados, todos estavam mais quietos hoje, talvez o fato de ser segunda-feira também deixava todo mundo desanimado. É horrível saber que teremos mais uma semana inteira de aula.

— Finalmente, se eu ouvisse mais uma palavra sobre funções orgânicas minha cabeça iria explodir. — Jay, que se sentava em minha frente, se vira para mim e Heeseung, apoiando os dois braços em sua própria cadeira após a professora sair da sala. — Odeio química.

— Isso não é novidade 'pra ninguém. — Heeseung ri baixo. — Você conseguiu fazer todas as atividades que faltaram ou ficou jogando o final de semana inteiro?

— Eu fiz... algumas. — Jay tinha um olhar de poucos amigos para Heeseung, que o encarava com diversão. — Pelo menos não desperdicei meu final de semana pegando peixes imaginários.

O brilho do mais velho some, e seu dedo do meio se levanta em direção de Jongseong.

— Vocês me dão dor de cabeça. — resmunguei, massageando os dois lados da minha cabeça enquanto tinha meus cotovelos apoiados na mesa.

Jake e Sunghoon se levantaram de seus lugares do outro lado da sala e se aproximaram de onde nós estávamos. Jake se apoiou em minha mesa, enquanto Sunghoon se apoiava na de Heeseung. Ambos tinham quase que a mesma expressão que Jay há segundos, será que a aula havia sido tão chata assim? Eu estava lutando muito contra o meu sono para me lembrar de algo. Iria precisar assistir alguma videoaula quando chegasse em casa.

— Vocês vão no passeio de estudos na sexta-feira? — Jake pergunta, pegando um dos lápis em minha mesa e brincando com ele em seus dedos. — Mal chegamos e a escola já abençoa a minha sexta-feira, um dia sem aula é tudo o que eu queria.

— Você sabe que isso continua sendo uma aula, não é? — perguntei ao virar o rosto para o australiano, rindo com sua mudança de expressão, diria que ele pareceu decepcionado. — Mas é só uma aula fora da escola, e por incrível que pareça é algo interessante que eu sempre quis conhecer. Vocês não acham astronomia legal? Eu quero muito conhecer o planetário.

— Qual é a graça disso? — a voz de Sunghoon chama a atenção de todos. — Não parece ser algo tão legal assim.

— Eu gosto. — dei de ombros, vendo Sunghoon rir pelo nariz e me olhar de uma forma divertida. Apenas ignorei, me voltando para os outros meninos. — Vocês vão, não é? Não quero ficar sozinho.

— Vamos, Sunoo. Não temos outra opção mesmo, os professores vão dar um ponto extra para quem comparecer. — Jay se pronuncia, desanimado. — Eu aceito qualquer ponto extra, assim não preciso tirar notas tão altas nas provas que virão.

— Como representante da turma, vou fingir que não ouvi isso. — a voz de Jungwon se aproxima quando ele chega na pequena rodinha formada por todos nós na sala. — É bom vocês irem ao passeio mesmo, acho que vai ser legal. Foi difícil convencer a professora a fazer isso.

— Foi ideia sua? — Heeseung pergunta.

— Sim. — o garoto sorri, orgulhoso. — Não faltem.

Nossa conversa é interrompida pelo professor de artes, que entra na sala e automaticamente faz com que todos os alunos voltassem aos seus devidos lugares, assim como os garotos que estavam na roda em volta da minha mesa e de Heeseung. Respirei fundo, me preparando para dessa vez prestar mais atenção na aula já que eu mal havia anotado alguma coisa das aulas anteriores.

— Olá, turma. — o homem, que parecia bastante jovial para um professor, se posicionou no centro da sala enquanto segurava um pequeno caderno em mãos. — Já que temos apenas um período de aula, vou ser direto com vocês. — e ele começa a caminhar pela sala, indo de um lado para o outro enquanto explicava. — Hoje faremos uma dinâmica. Quero que cada um aqui escolha uma pessoa para desenhar, mas não se assustem, eu vou explicar. — ele continua sua caminhada pela sala. — Vocês vão fazer um pequeno retrato usando seus conhecimentos básicos. Eu quero que vocês se expressem através desses desenhos, mostrando a forma como os seus olhos enxergam o colega em sua frente. Mas quero que vocês se espalhem, nada de fazer dupla com o colega que se senta ao seu lado todos os dias.

Eu e Heeseung nos entreolhamos, respirando fundo em sincronia. E então, nós dois também encaramos Jay ao mesmo tempo. Mas quando iríamos nos pronunciar, o garoto se levantou em um movimento rápido, seguindo até o outro lado da sala com suas coisas e se sentando de frente para Jungwon, que tinha um olhar confuso para Jongseong.

— Aqueles dois vão brigar por minha causa, então eu vou encerrar a briga aqui, sendo sua dupla. — ele sorri, não deixando o mais novo ir contra sua ideia. Jungwon apenas aceita.

— Eu te odeio, Park Jongseong. — Lee diz diretamente para Jay, faz uma careta ao me olhar e então se levanta, me deixando sozinho ali.

Levou questão de segundos para o lugar ao meu lado ficar ocupado novamente, não consegui nem raciocinar direito, Park Sunghoon havia se sentado ao meu lado com um sorriso nos lábios. Eu o encarei por alguns segundos e, em silêncio, apoiei uma de minhas mãos na mesa, me preparando para me levantar, falhando quando Sunghoon segura em meu braço e me faz sentar novamente.

— 'Pra onde você vai? — ele arqueia as sobrancelhas, e eu faço o mesmo. — Quero que você seja minha dupla.

— O professor pediu que não nos sentássemos com amigos, esqueceu? — perguntei.

— Ele não disse exatamente iss... — ele pausa. — Então quer dizer que você é meu amigo? — ele sorri, satisfeito com o que havia escutado.

— Vamos logo com isso. — revirei os olhos e levantei da minha cadeira, ajeitando minha mesa de forma que a mesma ficasse de frente para Sunghoon, facilitando o trabalho dos dois. — Você vai ficar fazendo isso o tempo todo agora?

— Isso o quê? — ele pergunta e pega algumas variações de lápis praticamente iguais, os deixando em cima de sua mesa enquanto pega seu caderno de desenhos. 

— Você fica rindo sempre que eu falo alguma coisa, é irritante. — ele ri novamente, mas logo fecha a cara ao perceber.

— Foi mal. — ele encara meu rosto, me analisando de uma forma que me deixava do mesmo jeito de uma semana atrás: ainda sem acreditar que seu rosto era real. — Eu só ainda não consegui te entender, é engraçado... e confuso.

— Me entender? — arqueei as sobrancelhas, pegando meu caderno de desenho e meu lápis. Agora eu também encarava o garoto para tentar desenhá-lo, mas eu não era o melhor artista do mundo.

— Sim. — ele ri pelo nariz. — Você não me odeia, mas também não gosta de mim. Essa é a interpretação que eu tive. 

— E como você tem tanta certeza de que eu não te odeio? — perguntei, começando um leve rascunho no meu papel.

— Eu não tenho, na verdade. — ele dá de ombros e então respira fundo. — Vamos fazer assim, fica parado por enquanto. Não vamos conseguir entregar isso hoje de qualquer forma, então eu te desenho primeiro, é mais complicado 'pra mim se você ficar se mexendo.

Larguei meu lápis ao ouvi-lo, não tentando mais entender como eu havia parado naquela situação depois de uma semana inteira conseguindo ficar longe dele, mesmo que convivendo com as mesmas pessoas. 

— E o que você sabe sobre desenhar? — perguntei, mas fiz o que o garoto sugeriu, ficando parado. Sunghoon continuava me analisando, me deixando um pouco nervoso por ter seu olhar tão fixo em mim, me sentia um idiota por isso.

— Se você conversasse comigo, você saberia que eu gosto de desenhar. — ele diz, começando a movimentar sua mão com facilidade em cima do papel enquanto segurava seu lápis, ele começava seu desenho com cuidado, parecia ter a mão tão leve quanto um algodão. — O seu rosto é muito desenhável.

Pisquei algumas vezes, não sabendo o que responder para o que havia acabado de ouvir. Então ele continua:

— Por isso eu quis fazer dupla com você. — seu rosto fitava o caderno apoiado em sua mesa, sua mão seguindo caminhos que eu observava atentamente naquele papel. — Parecia uma boa desculpa também para obrigar você a falar comigo. — ele ri, me fazendo revirar os olhos.

— Por que isso é tão engraçado 'pra você?

— Porque minha nova meta agora é fazer você gostar de mim, Sunoo. — Sunghoon diz, agora desenhando o que eu julgava ser meus olhos. Senti um leve desconforto no estômago, trancando minha respiração por alguns segundos.

Não acho que garotos como ele deveriam ter permissão para dizer coisas como essas em voz alta.

Principalmente ele. 

— De repente eu sinto como se fôssemos amigos há anos, acredita? — abri um sorriso forçado em sua direção.

— Boa tentativa. — ele ri baixo e nega com a cabeça, mas me olha como se realmente estivesse falando sério — Eu quero ser seu amigo.

— O desenho, Sunghoon... continua o desenho. — mudei de assunto, o vendo com um pequeno sorriso no canto dos lábios. O garoto não fala mais nada, apenas volta a me desenhar em silêncio. 

Sunghoon agora tinha seu caderno levantado e eu não conseguia mais enxergar o desempenho de seu desenho, estava sendo obrigado a fitar seu rosto, que intercalava seu olhar entre mim e seu caderno. Ele passava sua língua em seu piercing no canto do lábio, concentrado. Ainda era possível ouvir algumas conversas paralelas na sala de aula, mas eu sequer prestava atenção, estava focado demais no garoto em minha frente para isso. Eu queria fazer tantas perguntas diretamente a ele, mas soaria completamente maluco já que eu não havia demonstrado nem 10% de interesse em me aproximar dele.

É claro que eu iria conviver com Sunghoon sem problema algum, por causa dos meus amigos. Mas me apegar a ele não seria saudável para mim.

E me conhecendo, eu acho que eu acabaria confundindo as coisas, e isso não é justo comigo. Além de que, eu tenho outra imagem dele dentro da minha cabeça, não seria justo nem com ele.

— No que você tanto pensa? — ele pergunta, largando o lápis em cima da mesa e me despertando dos meus pensamentos depois de uns dez minutos em silêncio.  — Terminei, eu acho.

— Não vai querer saber. — falei, levantando meu rosto para tentar enxergar seu desenho, mas ele o esconde. — Deixa eu ver.

— Você estava me xingando por pensamento, Sunoo? — ele insiste, e eu reviro os olhos. 

— Se você não me deixar ver o desenho logo, os xingamentos não vão ser por pensamento. — Sunghoon solta uma risada, e então me entrega o caderno. 

— Isso foi um avanço de diálogo. — seu tom era cheio de diversão.

Eu iria respondê-lo, mas seu desenho havia me deixado completamente impressionado. Como alguém conseguia fazer aquilo em 15 minutos? Ele havia feito até a pequena pinta que havia embaixo de um dos meus olhos, e outra mais marcante em minha bochecha. Ao mesmo tempo que havia detalhes, também era um desenho simples, típico de um desenho feito em pouco tempo, mas com muito talento. 

Então ele realmente não estava brincando quando disse que gostava de desenhar, mas eu lembro de quando o vi desenhando na sala de aula, no dia em que chegou na escola. Eu pensava ser apenas por ele não querer prestar atenção, sabe? Quem nunca fez rabiscos no caderno porque não aguentava mais prestar atenção em alguma aula?

— Você desenha muito bem. — falei, sem olhar em seu rosto. — Não sei como vou desenhar você depois de ver isso aqui, eu sou terrível.

— É só uma atividade em que o foco principal é se expressar através de um desenho, não precisa ser perfeito. — Sunghoon explica. — Na verdade, não existe perfeito. E o professor não especificou como você precisava me desenhar, vai pela sua própria interpretação.

— Faz sentido, eu acho. — respondi, tentando entender o que exatamente ele queria dizer com aquilo. — Será que vai dar tempo?

— Turma, não temos mais tempo. — a voz do professor responde minha pergunta. — Faltam pouco minutos para o intervalo, então tenho só um pedido: Por favor, terminem os desenhos e na próxima semana continuaremos a dinâmica, todos vocês irão precisar explicar a interpretação de vocês depois de mostrarem seus desenhos.

— Boa sorte. — Sunghoon se inclina na mesa com um sorriso, e então, se levanta da cadeira assim que os alunos começam a voltar para seus lugares.

O sinal do intervalo toca, e então, todos começam a sair da sala.

— Você vai ficar no intervalo com a gente hoje? Ou vai 'pra biblioteca de novo? — Heeseung pergunta.

— Eu vou com vocês, mas preciso mesmo entregar um livro que eu acabei esquecendo. — o respondi, mas Heeseung me olhou como se não estivesse acreditando, mas era verdade dessa vez.

— Quer vir comigo? Eu 'tô falando sério. Depois vamos para o refeitório.

— Eu iria, mas eu 'tô morto de fome. — ele coloca a mão na barriga. — Quer que eu guarde algo 'pra você?

—  Só se você conseguir aquele sanduíche de frango. — falei com um sorriso nos lábios.

— Perguntei por educação e você sempre aceita. — Heeseung faz uma careta, me fazendo rir.

Lee me acompanhou até a saída da sala, depois cada um foi para um lado já que nossos caminhos eram diferentes.

O livro que eu carregava hoje era apenas um de estudos, eu havia o esquecido na minha casa e só reparei ontem enquanto vasculhava meu armário e pegava os livros que ficariam na sala de leitura que eu e minha mãe estávamos construindo. Espero que Daya não tenha dado falta.

— Kim Sunoo! — era a voz dela. — Mais um livro antes do prazo? — ela brinca.

— Oi, Daya! — ri baixo. — Na verdade, eu quase me esqueci de entregar esse daqui. O prazo é amanhã. — o deixei em cima da mesa, e ela concorda com a cabeça ao pegá-lo.

— Certo, Sunoo. Vou deixar registrado aqui que você devolveu. — ela sorri, digitando no computador do outro lado do balcão. — Prontinho, vai querer mais alguma coisa?

— Hoje não, já estou com muita coisa para fazer essa semana. — expliquei. — E prometi aos meus amigos que iria passar o intervalo com eles.

— Aproveite, qualquer coisa pode correr 'pra cá! — eu ri com seu comentário, me despedindo.

— Sunoo? — uma voz conhecida se aproxima e eu rapidamente viro o rosto, vendo que se tratava de Yuna, a garota da livraria.

— Oi, Yuna! — a cumprimentei quando a garota se aproximou. — Dessa vez nos vimos aqui na biblioteca. — ri baixo. — Veio estudar no intervalo?

— Só vim deixar umas coisas aqui, já estou de saída na verdade. — ela faz uma pequena careta. — E você?

— Eu também, por incrível que pareça. — passei uma das mãos em minha nuca, tentando não pensar no fato de que eu havia passado vergonha na biblioteca e a garota presenciou tudo. — Podemos ir juntos, não é? Vou para o refeitório.

— Claro! Eu tenho que procurar uma amiga, é pelo caminho. — ela sorri animada, e então, nós dois começamos a caminhar juntos até a saída da biblioteca.

Eu não sei se foi pela garota ter me ajudado, mas sinto que aquilo poderia ser o começo de uma boa amizade. Não que seremos melhores amigos, mas eu conseguia me ver sendo amigo dela. Nunca fui tão próximo de alguma garota como sou dos meus amigos, mas obviamente não sou um daqueles garotos que não se misturam com outras garotas. Eu conheço e converso com algumas da minha sala de aula, como Kim Yu-mi, uma garota que sempre me pedia indicações de livros, ela é uma das pessoas mais legais da minha turma. Ultimamente não nos falamos muito, mas apenas porque ela entrou para o terceiro ano mais focada em seus estudos, não a julgo, mas eu continuo o mesmo de sempre.

Mas quanto a Yuna, talvez vamos nos aproximar mais com o tempo.

— Você vai no passeio na sexta? — Yuna pergunta enquanto caminhávamos pelo enorme corredor, agora vazio.

— Vou sim, eu quero muito ir. Sempre quis conhecer um planetário, mas nunca tive a oportunidade. Dizem que tem muitas coisas legais que chegaram lá. — minha animação era nítida. — Meus amigos não querem, mas vão pelo ponto.

— O mesmo com a minha sala, a maioria vai pelo ponto. — ela ri. — Eu acho legal também, pelo menos não estou sozinha nessa. Então vamos nos ver na sexta também.

— Qualquer coisa nós podemos fugir dos nossos amigos no meio do passeio. — brinquei, ouvindo sua risada mais uma vez.

Mas quando estávamos quase chegando no final do corredor, paramos de caminhar ao que uma discussão deu para ser ouvida. As vozes vinham de uma sala pequena, provavelmente usada pelo zelador, que não estava lá no momento. Eu e Yuna nos entreolhamos, chegando mais perto da porta.

— Vai se foder, Jake. — uma voz feminina gritava. — Você continua sendo um idiota.

Antes que eu raciocinasse, a porta foi aberta e eu dei um pequeno pulo para trás, arregalando os olhos quando uma garota com mechas coloridas no cabelo saiu da sala, segurando a porta e me encarando feio. Seu olhar seguiu até Yuna também, e ela respirou fundo.

— Há quanto tempo vocês dois estão aí? — ela pergunta, irritada.

— Vocês quem? — a voz de Jake surge atrás da garota, e então o Australiano sai por ela, arqueando as sobrancelhas ao me ver. — Sunoo?

— Yeji... — Yuna respira fundo ao ver Jake, voltando a encarar a garota que ela havia chamado pelo nome. — Eu estava procurando você, mas não sabia que estaria aqui. Com ele.

— Pelo amor de Deus. — Jake revira os olhos e passa pela garota na porta, que continuava de cara fechada. Jake então vira a cabeça em minha direção. — Você vem?

Meu olhar seguiu até Yuna, que assentiu com a cabeça para que eu fosse.

— Te vejo por aí. — falei, me voltando para Jake, que soltou uma risada sem humor algum ao começar a andar pelo corredor, eu o acompanhei em silêncio.

Desde que ele voltou da Austrália, eu nunca vi Jake irritado dessa forma. Na verdade, eu nem sabia que esse garoto se irritava.

Também nunca vi aquela outra menina na minha vida, pelo menos não com aquele cabelo, senão eu me lembraria.

Eu tentava acompanhar os passos de Jake, mas o garoto andava tão rápido que eu já estava cansando de aumentar meus passos.

— Jake, calma aí. — segurei o braço do garoto, que suspirou ao me encarar. — Anda mais devagar, por favor. O que foi aquilo lá?

— Foi mal, Sunoo. — eu o solto quando ele diminui os passos. — Não era 'pra você ter visto aquilo, mas aquela garota me estressa 'pra caralho.

— O que ela te fez? — perguntei, eu estava curioso e preocupado ao mesmo tempo, parecia que os dois iriam se matar lá dentro.

— A Yeji é minha ex. — ele diz o nome da garota com irritação no tom. — Se é que dá 'pra chamar o que tivemos de relacionamento. Longa história.

— Quer me contar? — perguntei cautelosamente, eu não queria ser invasivo. E então, o australiano parou de andar completamente, fazendo com que eu batesse meu corpo contra suas costas. 

— Foi mal. — ele se vira para mim, havíamos parado duas portas antes do refeitório. Em segundos, ele começa a falar: — Em resumo: eu e a Yeji tínhamos uma amizade colorida, eu até gostava dela, mas eu sabia que poderia voltar para a Austrália a qualquer momento, então eu tentava não me apegar muito à ela. — ele respira fundo. — Mas ela é muito complicada, e eu também fui um pouco... babaca.

— Então ela tem um motivo para ficar tão irritada quanto você?

— É. — ele olha para os lados, ainda não havia ninguém no corredor. — Eu fiquei com uma garota que ela odiava, mas isso foi algumas semanas antes de eu voltar para a Austrália. Não nos falávamos desde que isso aconteceu. — seu tom parecia chateado agora. — E ontem eu descobri que ela 'tava tentando se aproximar do Sunghoon, obviamente eu fiquei puto. Se ela queria me atingir, conseguiu.

— O Sunghoon? — arqueei as sobrancelhas. — Eles...?

— Eles não ficaram. O Sunghoon veio me contar de uma garota muito gostosa que deu em cima dele já na primeira semana, e quando ele me mostrou a foto, eu entendi o que 'tava acontecendo. — o garoto revira os olhos. — Mas de qualquer forma, não vai acontecer nada já que o Sunghoon é meu melhor amigo. Ele não faria nada.

— Espero que isso não traga problemas 'pra vocês. — falei, não sabendo o porquê daquela conversa ter feito eu sentir um desconforto em meu corpo inteiro. — Vamos entrar?

— Vamos! — ele sorri, acredito que forçadamente já que ainda parecia estar irritado. — E por favor, não comenta nada com ninguém sobre isso ainda, tudo bem? Não eram muitas pessoas que sabiam sobre mim e a Yeji. 

— Tudo bem, eu não iria comentar de qualquer forma. 

Eu e Jake seguimos juntos até o refeitório após aquela conversa. E ela me fez refletir sobre algumas coisas, principalmente o fato de que eu realmente não era nada próximo de Jake quando o garoto era aluno da Wall no passado, era estranho pensar em como as coisas mudam em pouco tempo. Eu jamais imaginei que, hoje, eu estaria ouvindo sobre a vida de alguém que eu sequer tinha intimidade há uma semana atrás. 

Enquanto caminhávamos em silêncio, observei as inúmeras mesas espalhadas pelo refeitório, haviam pessoas diferentes em cada grupo de amigos, eram divisões que se houvessem em High School Musical, provavelmente "Stick to the Status Quo" estaria ecoando por todo canto. 

Eu achava isso engraçado, porque o meu novo grupo de amigos era exatamente assim. Todos completamente diferentes, mas isso o tornava único. Único mesmo, porque quando chegamos em nossa mesa, os garotos estavam tendo a discussão mais sem sentido que eu já havia presenciado:

— Como um celular iria ajudar enquanto você 'tá perdido em uma ilha, Niki, me diz? — Jay perguntava, completamente indignado. — Não tem wi-fi lá e você precisaria sobreviver, seria mais inteligente levar um kit de primeiros socorros e uma mala com comida. 

— Mas você não explicou. — o mais novo revira os olhos. — Como você iria saber que se perderia na ilha? Muitas pessoas já estão com o celular na mão em passeios, então eu fui mais realista. Eu estaria com o meu celular.

— Esse não é o ponto do jogo, Riki. Meu Deus do céu. — Heeseung bate a cabeça na mesa e fica parado daquela forma. 

— Tecnicamente ele não 'tá errado, né... — foi a vez de Jungwon.

— Cara, vocês são completamente malucos. — disse Sunghoon, que tinha o olhar fixo em seu próprio celular. 

— Finalmente vocês chegaram. —  Heeseung é o primeiro a notar nossa presença na mesa, e então todos os garotos nos encaram também. — Onde vocês se meteram? 

Meu olhar foi até Jake, que agora não parecia estar tão irritado quanto estava há minutos atrás, então apenas me voltei aos meus amigos novamente, falando:

— Encontrei o Jake no caminho da biblioteca, então viemos juntos. — me sentei ao lado de Heeseung, recebendo um olhar confuso de Sunghoon, que olhou para Jake da mesma forma. 

O australiano apenas se juntou a nós também, começando um assunto aleatório sobre jogos que eu não havia reconhecido o nome. Depois disso, me apoiei na mesa enquanto aguardava o intervalo terminar, eu praticamente havia passado metade dele nos corredores da escola quando tudo aquilo envolvendo Jake aconteceu. 

— Você trouxe o seu celular? — arqueei as sobrancelhas, virando o rosto para Sunghoon para me certificar se ele estava falando comigo. — Trouxe? 

— Sim, por quê? 

— Me empresta ele, por favor. — ele pede, minha expressão era confusa agora.

— Mas e o seu? — encarei o aparelho em sua mão, vendo que Sunghoon não iria desistir, porque o garoto me encarava completamente sério sobre o que estava pedindo, mas não me respondeu.

Soltei o ar entre os lábios, não o contrariando mais e pegando meu celular do bolso, logo entregando o mesmo para Park, que agora tinha um pequeno sorriso nos lábios enquanto segurava meu celular. De um jeito confuso, ele virou a tela para o meu rosto, desbloqueando-a pelo Face ID, e então começou a digitar algo, me entregando o celular segundos depois. 

— Hoonhoon? — falei em voz alta. Ele havia salvado o próprio contato em meu celular como "Hoonhoon". 

— É carinhoso, 'pra você se acostumar quando começar a gostar de mim. — ele sorri, um sorriso forçado e irritante. E então, me entrega o seu próprio celular também desbloqueado. — O seu número agora. 

O encarei, sem demonstrar reação. Ele fez o mesmo. 

Depois de segundos de hesitação, eu escrevi o meu número em seu celular também, o entregando de volta após finalizar. 

— Kim Sunoo? — ele lê meu nome na tela de seu aparelho. — Tudo bem, você quer ir com calma. Eu respeito.

Se eu pudesse, voaria em cima de seu rostinho bonito e o encheria de tapas, mas iria apenas ignorá-lo pelo bem da minha saúde mental, e pelo bem da imagem que eu ainda tinha dele em meus sonhos. Ou as memórias que eu tinha deles.

— Vocês dois estão flertando por acaso? — Nishimura franzia o cenho, fazendo o resto dos nossos amigos prestar atenção também.

— Eu? Com ele? — ri, nervoso. — O Sunghoon que é esquisito. 

— E hétero. — Jake diz, com humor. O australiano então se apoia no ombro de Park.  — Deixa o Sunoo em paz, cara. 

— Cala a boca, Jake. — ele empurra o braço de Jake de seu ombro, ainda tendo o mesmo sorrisinho no canto dos lábios. — Eu vou criar um grupo com todo mundo mais tarde, só faltava o número do Sunoo.

É óbvio que ele é hétero, ele exalava essa energia desde que o vi pela primeira vez. Pelo menos essa foi uma primeira impressão que eu sabia que estava 100% correta, e era o principal motivo de eu precisar separar o Sunghoon dos meus sonhos, do Sunghoon da vida real. 

O único problema era que, a partir de agora, Park Sunghoon havia prometido não me deixar em paz. E ele não usou exatamente essas palavras, mas era assim que eu as interpretava. Ou melhor, era exatamente isso que estava acontecendo. 



***



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