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História Delicada - Dois meses... E só


Escrita por: Azumy_18

Notas do Autor


Estão preparadas???

Segurem a emoção...

E vai!

Capítulo 122 - Dois meses... E só


Fanfic / Fanfiction Delicada - Dois meses... E só

[...] , Gabe me amava, eu sabia disso.  [...]

                                                                                Anna

Meu sábado correu às mil maravilhas com Gabe, nós saímos, fomos dar uma volta no Central Park, depois andamos pela conturbada Times Square, ele me comprou um globo de neve bem turístico, e tive que impedi-lo de entrar em diversas lojas que só de olhar sentia minha razoável conta bancaria mais pobre. Se eu olhasse por mais de cinco segundos para um par de sapatos ou uma roupa no manequim, ele tentava entrar na loja, e tive de arrastá-lo para longe. Não adiantou ter lhe dado uma advertência sobre os presentes caros, foi o mesmo que ter falado para uma parede, ele ia continuar me dando. Nós fomos para o apartamento dele depois do passeio, Will praticamente me implorou para fazer um bolo de chocolate:
- Por favor, Anna, eu preciso comer chocolate, meu ciclo está chegando, você pode me entender melhor do ninguém, e esse desejo incontrolável por açúcar.
- Sim, claro, eu sei bem como é isso, você sente calor? Os seios doerem?
- Nossa, só falta me matar –
Ele falou de forma dramática, e eu me segurei para não rir.
- É horrível, me avise se precisar de absorvente, tenho um que é uma maravilha, nada vaza.
- Oh! Anna, você é uma amiga tão incrível –
Ele esticou as mãos para segurar as minhas, e então comecei a rir.
- Eu vou fazer seu bolo – Me afastei para ir ate ao armário pegar os ingredientes. De repente um celular começou a tocar em cima da mesa. – É do Gabe, cadê ele?

- No escritório, está tratando de um assunto importante no computador
- Mas... –
Eu me aproximei para pegar e levar correndo, mas quando vi o nome mudei de ideia. – Essa vaca.
- Quem?

Não acredito que vou fazer esse papelão, mas os fins justificam os meios. Atendi:
- Lauren
- Oh! Anna, que surpresa.
- Hmm! O que você quer?
- Quero falar com o Gabe, posso?
- Não, ele está ocupado... Comigo –
Desliguei. Bufei e olhei para Will que me encarava com uma mistura de gozação e surpresa. – Desculpe, mas não me segurei.
- Eu não te julgo, também não gosto dela. Você vai falar para Gabe?
- Não sei, provavelmente vou, mas não hoje. –
Respirei fundo.
- Tudo bem, você sabe o que é melhor.
- É estranho eu não me sentir culpada?
- Há! Há! Há! Não
- Bom, de qualquer forma vamos esquecer isso, eu tenho um bolo de chocolate para fazer.
- É isso aí –
Sorrimos. Will conseguiu deixar o clima mais leve, então me dediquei a fazer seu tão desejado bolo.
Gabe saiu do escritório assim que sentiu o cheiro do bolo assado, eu fiz uma enorme bomba de chocolate, recheio, cobertura e massa. Will parecia um garotinho de tão animado que estava em provar, eu tirei um grande pedaço para ele, mesmo sabendo que logo ele pegará outro. Gabe se juntou aos amantes de doce e tirei um pedaço menor, e outro menor ainda para mim. Nos sentamos na mesinha da varanda para comer:
- Ah! Anna isso está uma delícia. Deus do céu – Will parabenizou com a boca toda suja de chocolate. – Quer saber, vou pegar mais um pedaço – Ele levantou e entrou na cozinha.
- Há! Há! Daqui a pouco ele passa mal e eu que vou ter que ficar de babá – Gabe falou comendo seu último pedaço.
- Eu tenho remédio para enjoo, ele toma antes pra poder fazer uma boa digestão, não vai sentir nada e não faz mal para nenhum outro órgão.
- Você é sempre tão precavida
- Eu tenho que ser, vivo me batendo em tudo, tenho mão leve, um estômago sensível, eu preciso ter um kit de primeiros socorros bem perto de mim.  
- Há! Há! Há! É verdade –
Ele sorriu, e foi algo tão fofo, seus olhos estavam brilhando – Princesa, na terça a noite eu quero que você me encontre em um restaurante.
- Um restaurante?
- Sim, é nosso aniversário, e eu tenho uma surpresa para você.
- Ah é? E não vai me dar uma dica?
- Não, eu sei o quanto você é curiosa. Mas tem uma coisa que quero que faça.
- O que?
- Lembra que eu disse que queria que usasse o vestido rosa em um dia especial
- Sim, eu lembro
- Pois bem, qual melhor dia senão do nosso aniversário de namoro?! E eu quero que use.
- Há! Há! Há! Tudo bem, vou usar.
- Perfeito
- Saiba que eu também tenho uma surpresa para você
- Verdade?
- Sim, é algo bem diferente do que está acostumado a ganhar
- Hmm! Só de falar isso já me deixou curioso.
- Vai esperar até terça
- Tudo bem, é justo, vou ficar ansioso, mas eu espero.


Eu estava tão ansiosa pela nossa noite de comemoração amanhã, eu liguei para loja e disseram que o presente dele já estava pronto e que seria entregue em sua casa amanhã de manhã.
Na hora do almoço eu fui ate sua sala convida-lo para ir a algum restaurante. Bati em sua porta:
- Entre
- Oi, está ocupado?
- Ah! Oi amor, não, entre, eu já estou acabando. –
Ele digitou algo em seu computador, e depois o deixou de lado, levantou da cadeira dando a volta na mesa e veio me abraçar. – Está indo almoçar?
- Sim, e gostaria de saber se quer ir comigo

Ele me deu um selinho:
- Eu adoraria, mas tenho um almoço de negócios agora
Ajeitei as lapelas do seu terno:
- Sério? Poxa. E com qual empresário?
- O Byrne.
- Byrne? –
Bufei a contragosto – Então devo presumir que a senhorita biscate vá junto.
- É provável
- Claro que ela vai, jamais perderia a chance de se encontrar com você
- Ei! Vamos com calma, o chefe dela vai estar lá, sem perigo
- Fale por você, melhor do que qualquer pessoa você conhece muito bem esse jogo, não se importava com um chefe quando queria uma garota.
- Princesa, não se preocupe com isso, ta bom? Assim que o almoço acabar eu voltarei para cá.
- Quando vamos nos livrar dela de uma vez por todas?  
- No sábado, será a festa de apresentação do projeto e tudo acabará.
- Finalmente uma boa notícia, chega de Lauren
- Há! Há! há! Ah! Eu gostava dos seus ataques de ciúme
- Como é?
- Você sempre fica possessiva quando estava enciumada, e isso resultava em loucuras na cama.
- Gabe, você é um cafajeste –
Bati em seu braço arrancando uma risada. Ele segurou meu rosto com uma mão e me beijou. Que gostoso, sua boca deslizou com tanta facilidade sobre a minha, me levando para um lugar lindo, onde tudo era cor de rosa. Sua barba arrastava sobre minha bochecha me causando cócegas, e sempre que a sentia eu ficava pensando em como seria seu rosto sem ela. Que beijo, faz tempo que não nos beijamos como dois atores de filme romântico, eu sentia nossos lábios úmidos e a nula vontade de parar, mas parece que o ar estava impondo seus direitos. Ele mordeu meu lábio suavemente, dando vários selinhos em seguida.
- Eu adoraria almoçar com você
- Então fica –
Falei baixo e perto de sua boca.
- Sabe que se não fosse importante eu jamais recusaria sair com você – Ele respondeu com tom rouco. Coloquei as mãos em seus braços. Ele me apertou ainda mais contra seu corpo.
- Eu sei... Nós poderíamos almoçar aqui, poderia usar meu corpo como mesa.
Ele rosnou, e sabia que estava imaginando a cena, e pela respiração profunda, estava gostando muito:
- Eu não usaria nenhum talher, somente a boca.
- Sim, eu tiraria toda a roupa, e colocaria a comida em partes estratégicas do meu corpo.
- Hmmm! Que delícia... Pare com isso Anna, não me atormente – S
uas mãos apertaram minha cintura.  
- Você iria ter um banquete e tanto, mas prefere almoçar com a sem graça da Lauren.
- Eu prefiro mil vezes a sua companhia, mas é um compromisso de trabalho
- Tudo bem, eu entendo –
Suspirei, mas olhando pelo lado bom, ele me contou que estava indo em um almoço onde a víbora da Lauren também vai estar, é um avanço depois de ter escondido os outros encontros, mas não anula sua omissão. Eu dei mais um rápido beijo nele. – Não vou te atrasar mais.
- Nos vemos quando eu voltar
- Ok –
Nós saímos do escritório e nos despedimos com um beijo, então ele tomou o caminho do elevador e fui atrás da minha irmã.


Me olhei no espelho pela vigésima vez, apenas para checar se tudo estava no lugar e apresentável. Finalmente era a noite do nosso aniversário, e eu não o vi o dia todo, nem dormimos juntos ontem, mas mandamos mensagens fofas um para o outro de manhã, agora eu estava terminando de me arrumar, ele havia me mandado uma mensagem dizendo que tinha um compromisso antes, mas que chegaria na hora marcada no restaurante, isso me dava tempo de me produzir com tranquilidade:
- Mana você está tão linda, esse vestido rosa ficou deslumbrante em você
- Você acha?
- Com certeza, sua cintura parece bem menor que o normal, você vai causar inveja em todas as mulheres nesse restaurante, e Gabe vai ter de fazer um esforço sobre-humano para não te arrastar para o apartamento.
- Há! Há! Há! Eu espero de verdade que ele goste
- Ele vai amar. E o presente?
- Foi entregue hoje de manhã, e nem perguntei se ele recebeu
- Aposto que recebeu sim
- Também acho – Ajeitei meu colar, assim como meu cabelo que Sophi caprichou em fazer um penteado moderno, mas que ainda o deixasse solto. Ate minha maquiagem estava incrível, não tinha nenhum exagero, e combinava muito bem com o rosa pálido do meu vestido, e os saltos. – Hoje estou literalmente vestindo tudo o que Gabe me deu. Vestido, sapato, colar e brincos.
- E olhando para você toda montada assim, dá para dizer que ele tem bom gosto
- Há! Há! Há! Estou nervosa
- Por quê?
- Eu não sei, é uma mistura de ansiedade e nervosismo, parece ate que estou indo para o primeiro encontro.
- Deixe disso, é a noite de vocês e vai ser ótima.
- Sim, vai ser sim – Sorri. Peguei meu celular para checar a hora – Tenho que ir ou vou me atrasar.
- Tudo bem, vamos – Nós saímos do meu quarto e seguimos para a sala. Quando estava para abrir a porta, Sophia me chamou – Sorria. – Ela virou a câmera do celular, e abri um grande sorriso e levantei uma das pernas para trás. – De frente agora. – Fiz o que ela pediu e tirou várias fotos.
- Há! Há! Tá bom, já vou indo. Beijos, boa noite.
- Para você também, divirta-se – Ela fechou a porta assim que as portas do elevador se fecharam comigo dentro.  
Peguei um taxi e cheguei no restaurante em pouco tempo. Gabe tinha alguns minutos para chegar, então não me importei em entrar e esperar, melhor do que ficar em pé na calçada e correr o risco de ser roubada. Me aproximei da mulher com a lista:
- Boa noite, reserva no nome de Gabe Scott – Ela checou em sua lista e depois me abriu um gentil sorriso.
- Sim, me acompanhe, por favor. – Adentrei na parte movimentada do restaurante, e ele era incrível, ou melhor, luxuoso. Notei algumas cabeças virando em minha direção, em dias normais eu teria pegado um pano para cobrir meu rosto de vergonha, mas hoje quanto mais me olhavam mais eu me sentia linda. Havia uma mesa reservada, e um pouco afastada das outras – Aqui, por favor, fique à vontade. – Tinha um lindo arranjo de rosas no centro da mesa, e uma única tulipa rosa sobre o prato. Eu me sentei na cadeira – A senhorita deseja algo?
- Ainda não, eu vou esperar meu namorado chegar
- Como desejar –
Ela fez um cumprimento com a cabeça e se afastou. Peguei o cartão perto da flor, e li o que estava escrito “Para a minha mais linda flor”, eu sorri toda boba, mal via a hora dele chegar.
Quinze minutos depois chequei meu celular outra vez, mas não havia nenhuma mensagem ou ligação, Gabe não é de se atrasar, pelo contrário, é pontual demais. Mandei uma mensagem avisando que já estava no restaurante, mas não tive resposta. A moça voltou e perguntou se eu desejava fazer o pedido, pedi uma taça de vinho, quem sabe assim diminuiria meu nervosismo.
Trinta minutos depois e nada, resolvi ligar, mas caiu direto na caixa postal:
- O que está acontecendo? Por que não chegou Gabe? – Tornei a ligar, mas de novo foi para a caixa postal. Mandei mais algumas mensagens – Estou esperando há mais de meia hora, você não vem? Aconteceu algo? Por favor, me responda. – Enviei uma atrás da outra, já estava preocupada. Então resolvi ligar para Will, que em alguns toques atendeu.
- Oi Anna, que surpresa a sua ligação, não devia estar jantando com Gabe, hoje é a noite de vocês.
- Pois é, e eu estou no restaurante, mas Gabe ainda não apareceu.
- Como não? Ele saiu cedo de casa.
- Eu sei, ele disse que tinha um compromisso antes, mas que chegaria aqui na hora, mas ate agora nada, eu já liguei, mandei milhares de mensagens e nada. Você sabe de alguma coisa?
- Não, ele me falou mesmo que tinha um compromisso de negócios, mas que não tomaria muito tempo. Será que ainda está lá?
- Eu não sei, você sabe para onde ele foi?
- Não, ele não me disse e eu não perguntei. Mas olha, fica calma, com certeza ele deve estar chegando, o compromisso tomou mais tempo do que ele imaginava, e a essa hora o trânsito está terrível mesmo sendo tarde, aposto que em pouco tempo Gabe vai aparecer sem fôlego e pedindo mil desculpas.
- Há! Há! É, você está certo, obrigada Will, você me tranquilizou.
- Ah! Não se estresse com isso. Tem que aproveitar a noite, e me ligue se precisar de algo.
- Ok, obrigada. Boa noite –
Desliguei e nada de notícias.
Duas taças de vinho e uma hora e meia depois, eu já havia perdido as esperanças, ele não viria, e estava preocupada com seu sumiço. De repente meu celular apitou, era uma mensagem, peguei com pressa, mas para meu azar o número era desconhecido. Estranhei, mas abri com o coração na mão, mas assim que vi que o conteúdo se tratava de uma foto, meu coração voltou para o peito e parou de bater. Era uma foto do Gabe e da Lauren... Se beijando. Como é? Como assim eles dois estavam juntos e ainda por cima de beijando? Eu tapei a boca com a mão, todo meu corpo ficou dormente, minha cabeça dava voltas de tanto pensar, minhas mãos começaram a tremer, e ainda não conseguia entender o que estava acontecendo. Gabe não viria, estava com ela, no dia do nosso aniversário de namoro, ele se esqueceu de mim para ficar com essa vagabunda, e não teve a decência de me mandar uma mensagem desmarcando tudo, ou pelo menos com uma desculpa esfarrapada. Não, ele simplesmente me largou aqui como uma idiota, e ainda estava preocupada que algo tivesse acontecido. Há! E aconteceu Anna, o compromisso de trabalho do Gabe era se encontrar com a vaca e te dar um par de chifres de presente de aniversário. Eu não acredito que ele fez isso comigo, não pode ser. Novamente uma mensagem chegou:
- Eu avisei que ele estava brincando com você
- Quem diabos é você? Lauren? –
Respondi com raiva.
- Não, você não faz ideia de quem sou, mas me chame de amigo oculto, te avisei várias vezes que Gabe não valia nada.
Eu comecei a digitar a resposta, mas desisti, de que adiantaria brigar agora?! Eu queria ir para casa e chorar, não faria isso aqui, não na frente de toda essa gente, não pagaria esse mico. Eu chamei o garçom:
- Por favor, me veja a conta
- Sim –
Ele sumiu, olhei para a flor na minha frente e infelizmente ela foi vítima da minha raiva, a despetalei e quebrei seu caule, assim como rasguei o bilhete daquele desgraçado mentiroso. Assim que paguei eu levantei e fui embora, mas para meu azar- que já estava grande – estava chovendo. Acenei para o primeiro taxi que vi e me lancei para dentro. Agora meu vestido estava molhado, meu cabelo desfeito e a maquiagem borrada. Eu não parei um minuto de pensar naquela foto, os dois se beijando, e não era um selinho, ou algo que foi fotografado de surpresa como havia sido com Amanda, não, era um beijo de verdade. Ele me traiu, me enganou, todos esses dias saindo com ela e não me contou uma única vez, é óbvio, eles estavam tendo um caso e a idiota aqui acreditando que ele não tinha me contado apenas para não me aborrecer. Que ódio, ódio desses dois, me fizeram de burra, e caí direitinho no jogo masoquista deles. Tirei meus saltos assim que o taxi parou em frente ao meu prédio, paguei e nem sei quanto dei de gorjeta, mas saí as pressas.
Sophia levou um susto quando me viu toda ensopada, mais ainda quando comecei a chorar. Eu contei toda a história, mostrei a foto, e dizer que ela ficou com raiva é pouco, gritou os maiores palavrões, amaldiçoou os dois, mas se controlou quando viu meu estado. Ela passou a hora seguinte cuidando de mim, me ajudando a tomar banho, remover a maquiagem e tirar da minha vista toda aquela roupa. Meu celular tocou várias vezes, mensagens, ligações, Gabe deu sinal de vida, não atendi, apenas li. Pedia desculpas pelo atraso, disse que ficou preso no compromisso e o celular estava desligado, sei, estava preso no meio das pernas da Lauren. Ele foi ao restaurante e viu minha cena do crime, pediu perdão milhares de vezes, para que atendesse o telefone, respondesse as mensagens, avisou que estava vindo ate minha casa, mas Sophia ligou de imediato para o porteiro e disse que assim que Gabe chegasse, era para ele dizer que eu saí faz horas e ainda não voltei, e que ela tinha saído com as amigas. O desgraçado mandava mensagens em tom de preocupação, e ainda tinha a cara de pau de dizer, eu te amo. As mensagens não paravam com suas desculpas, fiquei preso no compromisso, no caminho o pneu do meu carro furou, meu celular estava desligado e não sabia por quê. Deus do céu, como esse homem é cínico. Foi minha vez de desligar o celular e esquecer tudo. Sophia desligou todas as luzes da casa para que passasse a impressão de que não tinha ninguém. Ela deitou comigo e me consolou noite adentro enquanto soluçava como uma criança, até dormir de exaustão.    
Pela manhã, dizer que eu estava um caco era o mínimo que diria da minha aparência, eu estava horrenda, olhos inchados, cara amassada, humor deprimente, traduzindo, eu tava um verdadeiro bagaço. Sophia como sempre me ajudou, ela me obrigou a sair da cama, tomar banho e me arrumar:
- Você vai trabalhar sim, porque tem que enfrentar aquele traidor descarado, colocar para fora tudo o que está entalado na garganta – Ela pegou minha maleta de maquiagem – Mas primeiro vamos melhorar esse rosto, não queremos que aquele idiota veja o quanto você está sofrendo. As irmãs Lonergan podem ate cair, mas faremos isso de cabeça erguida e com a maquiagem intacta.
- Eu não sei o que vou fazer quando vir ele
- Faça o que tiver vontade, é o que ele merece, maldito mentiroso. Pule no pescoço dele, quebre sua coluna, rasgue a roupa, faça uma humilhação pública, qualquer coisa ainda vai ser pouco pelo o que fez. – Ela começou a passar base, corretivo e tudo o que tinha a mão para esconder minhas olheiras, e dar um aspecto vivo ao que eu sentia morto. A dor no meu peito era tão grande, que eu sentia falta de ar, mas não podia fraquejar, não agora. Eu liguei meu celular fui bombardeada de mensagens e ligações, até mesmo Will estava atrás de mim. Gabe estava preocupado, queria saber onde eu estava, queria conversar comigo, me pedir perdão, já andou por todos os lugares onde costumo frequentar, mas não me achou, Will também me mandou varias mensagens para saber onde eu estava, que seu primo estava me procurando, que estavam todos preocupados. Pobre Will, eu não queria que ele passasse por isso, afinal não tem culpa de ter um primo tão canalha como esse, mais tarde eu ligarei para ele apenas para despreocupá-lo.
Eu fiquei aliviada quando não vi Gabe em frente ao meu prédio me esperando, ou então enfiaria minha bolsa na sua cara, aproveitaria suas fivelas. Nós pegamos o metrô e a cada metro mais perto da empresa eu sentia meu coração disparar, tudo o que queria era voltar para casa e ficar inacessível para o mundo. Minhas mãos estavam suando quando passamos pela porta da frente, e Jane nos cumprimentou:
- Oi meninas, bom dia.
- Bom dia –
Respondemos.
- Então Anna, como foi sua noite? Gabe gostou do presente? E o que você ganhou? – Ela perguntou tão entusiasmada que não pude nem sorrir, apenas abaixei a cabeça para conter o choro.
- Err... Jane, outra hora nós falamos sobre isso, vamos subir – Sophia respondeu por mim, e vi que Jane ficou sem entender o que estava acontecendo, mas não era hora para explicar. Minha irmã pegou minha mão e fomos para o elevador. – Não se esqueça, fique de cabeça erguida, Gabe não merece uma única lágrima sua, homens como ele só merecem nosso desprezo, apenas isso. Você é melhor do que qualquer mulher que conhecemos, não se rebaixe.
- Sim, você tem razão – Eu precisava me recompor, ela tinha razão, ele não merecia minhas lágrimas, não mais, eu chorei tudo o que tinha de chorar por Gabe, agora não teria mais nada. Respirei fundo e ergui a cabeça quando as portas se abriram no nosso andar. Minhas pernas estavam tremendo, mas era de raiva.
Paramos bem no meio no andar:
- Vá para sua mesa, sente e respire, quando se sentir melhor vá enfrentar aquele canalha, pegue a coisa mais afiada que tiver e enfiei em seus olhos. – Desde ontem ela foi a primeira a me arrancar um sorriso.
- Que jeito estranho de dizer que está me apoiando
- É o jeito que aquele filho da mãe merece ser tratado, eu poderia ter xingado mais, mas Margot é uma ótima pessoa, não merece ser desmerecida.
- Concordo, ela é maravilhosa, mal sabe o filho ordinário que tem.
- Tudo bem, só fique tranquila – Ela me abraçou e me deu um beijo na bochecha. – Qualquer coisa estou do outro lado. – Concordei me virando para seguir rumo a minha mesa.
Stuart já estava sentado e trabalhando com um copo fumegante de café na sua mesa, e na minha havia uma tulipa, eu não precisava nem pensar muito para saber quem tinha deixado ali. Sentei e a peguei:
- Hey! Bom dia Anna – Ele se virou para me cumprimentar.
- Bom dia – Continuei encarando a flor.
- Gabe chegou cedo e veio deixar para você
- Que fofo da parte dele –
Falei com ironia, minha voz saiu amarga.
- É, ele veio aqui tem alguns minutos perguntar por você
- Ele está na sala dele?
- Sim, eu soube que depois ele vai ter uma reunião

Eu olhei na direção da sala e uma raiva sem tamanho cresceu dentro de mim, eu não tremia mais, minhas mãos não estavam mais suando, meu coração voltou ao ritmo lento, e eu estava mais tranquila do que nunca, o que me deixou surpresa, dado ao fato de estar cuspindo fogo pela boca. Eu peguei meu celular na bolsa, e levei comigo junto da flor. Cada pisada eu sentia o prédio estremecer, era a minha hora de mostrar a ele que ninguém podia brincar comigo e sair rindo. Eu nem bati na porta, simplesmente entrei e fechei com um baque. Ele ergueu a cabeça assustado e ao me ver soltou um suspiro:
- Oh! Amor... – Ele se levantou, mas ergui a mão.
- Não, não precisa levantar, o que vim dizer aqui vai ser rápido
- Anna?
- Se limite a me dizer apenas o necessário
- Princesa, eu sinto muito por ontem, eu tive um compromisso e acabei perdendo a noção da hora, meu celular estava desligado e não entendo como isso aconteceu, estava ligado quando mandei a mensagem para você avisando que ia em outro lugar antes...

- Sei, celular desligado, que conveniente
Ele se levantou dando a volta na mesa para vir ate mim, mas me afastei:
- Não se atreva a me tocar
- Anna... –
Ele ficou surpreso com minha reação – Por favor, me deixe explicar.
- É claro
- Vai me deixar falar?
- Vou... Vou ouvir você me responder três perguntas.

Ele ficou em silêncio me olhando com a maior cautela:
- Onde você estava ontem?
- Em um jantar de negócios
Eu estava para fazer a segunda pergunta quando alguém bateu na porta, e entrou. Dizer que meu sangue virou fogo era pouco, Lauren apareceu, e sorriu para nós dois:
- Oi, não sabia que o casal estava em reunião
- Lauren agora não é o momento, volte outra hora – Gabe respondeu tentando se livrar dela, mas a essa altura eu já não ligava, apenas me virei para ela mostrando um sorriso.
- Mas temos uma reunião agora
- Por favor, agora não
- Lauren, será que você pode nos dar uns minutos? Será rápido, e ele será todo seu, eu prometo.

Ela ficou um pouco surpresa, mas sorriu, Gabe ficou horrorizado com meu comportamento dócil:
- Tudo bem, eu vou esperar lá fora – Acenou e saiu da sala. Olhei para a porta, e depois para o chão, estava apenas tentando controlar meus nervos e no que faria a seguir, então voltei a encará-lo.
- No seu jantar de negócios a Lauren estava junto?
Ele me olhou atônito, não piscava e nem sabia o que responder, várias coisas passaram por seus olhos, mas meu humor continuava o mesmo, terrível. Vendo que eu não cederia, e a forma mórbida que o encarava não deixaria essa pergunta passar, então respondeu:
- Sim, ela estava no jantar
Respirei fundo passando a língua sobre o lábio superior, era o momento da ultima pergunta, peguei o celular entrei na pasta e virei para ele:
- E você ia me contar sobre isso?
Ele se aproximou e arregalou os olhos quando viu a foto:
- O que? Quem te mandou isso?
- Eu não sei, e também não importa, ou melhor, nada mais importa
- Anna isso não aconteceu, é mentira, essa foto é falsa, eu nunca beijei a Lauren, nem ontem e nem em outro dia. Eu estava em um jantar do Byrne, eu disse que tinha um compromisso, mas ele insistiu muito para que eu comparecesse, só que me enrolei com um monte de empresários que estavam lá, e a Lauren me apresentou a todos, eles queriam falar comigo, e quando consegui sair já era muito tarde e no caminho o pneu do meu carro furou, levou uma eternidade para trocar, mas isso... –
Apontou para a foto – Nunca aconteceu, eu juro, jamais a beijaria – Eu adoraria mais do que qualquer coisa no mundo acreditar em tudo isso, eu queria que meu coração me desse um sinal, que minha intuição dissesse que o que ele dizia era verdade, mas não senti nada, parecia que tudo estava mudo, o que só me deixou mais amargurada.
- Eu não acredito
- Anna, por favor, eu nunca fiz isso, é montagem, eu jamais faria isso com você
- Mas você fez, e está bem claro
– Eu dei um passo atrás quando ele tentou me alcançar – Eu já disse para não chegar perto de mim.
- Por favor, meu amor
- Não me chame assim, você não conhece o sentido dessas palavras. Eu fiquei mais de uma hora esperando por você naquele restaurante, estava morrendo de preocupação, não sabia onde estava, se estava bem, não me atendia, e quando recebi essa foto, entendi o porquê dessa falta de comunicação. Percebi que durante todo esse tempo eu fui uma completa idiota ingênua, eu acreditei em você, eu confiei em você, e enquanto eu me preocupava com seu paradeiro, você estava se divertindo com a Lauren, rindo as minhas custas, dessa otária.
- Não, não é verdade, por favor, eu nunca fiquei com ela
- Eu tentei engolir tudo, tentei fingir que estava tudo bem, mas só estava pisando no meu orgulho, e acabando com o que restava da minha dignidade –
Passei a mão sobre a boca – Eu sei que vocês tem se encontrado com frequência, desde que voltamos vocês estão se vendo.
- O que? Mas...
- Eu soube de tudo, e você não me falou, nenhuma vez... E eu fico pensando, enquanto estavam juntos, na cama ou em qualquer lugar barato transando, quantas vezes vocês riram de mim.
- Não, é mentira, eu nunca dormi com ela, meus encontros com ela eram profissionais, sempre em lugares públicos.
- Não me interessa, eu não quero saber, na verdade eu não quero saber mais nada de você
- O que?
- Eu não aguento mais, vou pegar o que restou do meu orgulho e sair disso.
- Espera, o que está tentando dizer?
- Que acabou. Essa mentira que nós temos, acabou. Nós já tentamos várias vezes, e nunca deu certo, sempre acabávamos do mesmo jeito, e não adianta mais ir contra o inevitável.
- Espera, não faça isso, você está enganada, não pode terminar assim, isso tudo é uma grande confusão, eu nunca fiquei com a Lauren, não a desejo como mulher, eu só quero você, eu te amo.
- Nunca mais diga isso, você não sabe o que é amor, nunca soube e nunca saberá. Você ficou com ela sim, e gostou, pois te lembrava do seu antigo eu, aquele que pegava todas, bastava estalar os dedos e todas se rendiam ao seu charme. Eu pedi para ser sincero comigo, se sentisse falta do que era bastava me dizer que eu te liberava do compromisso, eu nunca prenderia ninguém a mim contra sua vontade.
- Não, não, não, não diga isso, por favor, precisa acreditar em mim, nunca tivemos nada, essa foto é uma montagem, Anna..
- Se é a sua vida antiga que te faz tanta falta, então volte a ser como antes, não precisa mais se esconder de mim, está livre para fazer o que quiser. Transe com todo mundo, com quantas quiser, pode comer a Lauren ate se enjoar sem precisar sair escondido de mim, eu não estou nem aí, eu prezo muito mais pelo meu bem estar do que por um homem sem escrúpulos.
- Não, olha, vamos conversar melhor, de cabeça fria, por favor, não pode me deixar assim, isso tudo é um erro, eu jamais fiz isso, eu não quero minha vida de antes, eu quero essa aqui que vivo com você.
- Não existe mais vida comigo, você não entendeu? Eu não quero mais você, não quero mais ter nada a ver com você. E não se preocupe, eu não vou armar um barraco, nem gritar como uma louca, estou terminando numa boa.
- Mas eu não quero terminar
- Não cabe mais a você. Eu quero que fique o mais longe possível de mim, nunca mais me toque, fale meu nome, não quero que me ligue ou mande mensagem, esqueça que eu existo. –
Peguei a flor e a estraçalhei, deixei seus restos caírem no chão.  
- Não, por favor, Anna me escuta, isso não está certo, não podemos terminar assim, nada disso aconteceu, eu jamais te trairia assim
- Traiu, e isso é tudo o que importa. Eu só o tolerarei aqui porque é meu chefe, caso contrário eu não ia querer nunca mais te ver. Você foi uma decepção. –
Eu me virei e segui em direção a porta, mas ele segurou meu braço, o encarei e seu rosto estava banhado em lágrimas – Me solta.
- Não, antes você vai me escutar, eu amo você, mais do que qualquer coisa, não pode duvidar disso.
- Me solta –
Rosnei.
- Você é a mulher da minha vida, e me arrependo por ontem, eu devia ter desmarcado tudo, devia ter ido para o nosso encontro.
- Mandei me soltar –
Fechei o punho e soquei seu braço por baixo, e quando soltou o empurrei, abri a porta e saí, mas fechei com cautela, não queria chamar a atenção dos funcionários. Lauren estava conversando com um dos meninos na mesa e assim que me viu veio ao meu encontro com um sorriso, respondi com outro – Como prometido, ele é todo seu. – Me virei para voltar a minha mesa.
- Eu te disse, eu sempre consigo o que quero. Era questão de tempo ate Gabe ser meu, era ate crueldade fazer uma comparação entre você e eu. Uma mulher tão insignificante assim jamais seria suficiente para ele. No final eu te fiz um favor.
Apertei com força o celular em minha mão, a raiva subiu novamente e meu sangue ferveu. Me virei para encara-la:
- Tem razão, uma comparação é cruel, eu não sou uma puta mal amada como você, tenho valores e moral, ao contrário de você.
- Como é? Você é só uma fedelha querendo subir na vida, eu sou a mulher certa para Gabe

Eu olhei por cima de seu ombro e vi o vidro da lateral do prédio. Tomada pela fúria, dei dois passos, agarrei seu pescoço e com toda minha força a choquei contra o vidro. Ela grunhiu de dor, escutei as vozes das pessoas que se assustaram:
- O que está fazendo?

Apertei mais seu pescoço:
- Você esgotou minha paciência, me levou ao limite dela, e matar você é tudo o que eu quero.
- Me... Solta –
Ela batia no meu braço, mas não cedi.
- Quantas vezes eu preciso empurrar seu corpo ate que o vidro quebre e eu te jogue lá embaixo?
- Não... Por favor, não... –
Suas pernas se contorciam, e conseguia ver as pessoas se aglomerando ao meu redor.
- Você achou que a Vanessa estava brincando aquele dia? Quando te ameaçou a jogar daqui de cima. Não, você não nos conhece e vai odiar ter me conhecido. Sabe, eu sou daquelas que só acredita vendo, então vamos fazer o teste – A puxei e novamente a choquei contra a parede de vidro, ela gemeu – Aposto que sua cabeça quebra antes do vidro. – Eu via tudo vermelho, só queria ver ela morta. De repente alguém segurou meu braço.
- Anna para com isso – Sophia estava do meu lado – Larga ela.
- Largar? Por quê? Ela merece isso, e você sempre foi a primeira a me incentivar a me vingar.
- Não assim, por favor, solta ela, você a está sufocando
- Não, eu quero matar ela, cansei de ser humilhada
- Eu sei, eu mais do que entendo você, mas não é assim que vai resolver as coisas, se a matar vai ter um problema pior.
- Cadeia? Há! Há! Eu não ligo
- Mas eu sim, irmã, por favor, solte essa coitada, ela é desprezível, é a corja da sociedade, mas você não pode agir como júri e executor. Solta ela, vamos para outro lugar nos acalmar.
- Ela é a culpada de tudo
- É sim, mas não precisa terminar assim. Solte-a –
Ela tocou meu ombro – Você não é assim, você não é violenta.
Eu pisquei e olhei para aquela que estava agarrando, e ficava cada vez mais vermelha devido a falta de ar:
- Solte, não suje suas mãos por alguém assim, você é melhor do que ela. Você não é assim, é sua raiva assumindo o controle, se acalme.
Fitei a Lauren e lembrei das palavras de ordem do tio Klaus, que sempre devemos controlar nossas emoções, pois elas podem nos levar a fazer loucuras, e podemos nos arrepender depois. Pisquei várias vezes, então afrouxei o aperto, e tirei minha mão de seu pescoço, ela caiu com um pedaço de madeira no chão. Cobri o rosto enquanto chorava, Sophia me abraçou:
- Está tudo bem, vai passar, fez bem em soltá-la.
Lauren tossiu e ficou de joelhos:
- Sua louca, você queria me matar, mas isso não vai ficar assim
- Vai embora Lauren
- Sua psicopata, vai me pagar –
Rosnei dando um passo, mas Sophi me segurou.
- Cala a boca e vai embora, não a provoque, ou então ninguém aqui vai conseguir conte-la. Vai.
Lauren cambaleou, e pude ver o pânico em seus olhos, por fim sumiu na multidão formada. Minha irmã se afastou para me olhar:
- Você está bem?
- Não...
- Anna, o que estava fazendo? –
A mão de Gabe pousou em meu ombro. Seu toque me queimou e peguei o que restava da minha raiva, me virei lhe acertando uma bofetada de mão cheia.
- Isso tudo é culpa sua
- Vem, já chega, vamos embora daqui, você precisa se acalmar –
Ela me segurou pelos ombros e me levou para longe dali.

 

Continua...    
  


 


Notas Finais


É isso aí meus amores, um capítulo mega tenso e grande...

Olha, eu to com as mãos super dormentes de tanto escrever, então vou deixar os comentário a critério de vocês, sei que devem ter muita coisa para falar depois disso. Bora lá...

Até o próximo capítulo


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