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História Delicada - Adeus


Escrita por: Azumy_18

Capítulo 126 - Adeus


Fanfic / Fanfiction Delicada - Adeus

[...] - Estou voltando para o Brasil   [...]

                                                                        Anna

- Você tem certeza disso mana? – Vanessa me perguntou pelo telefone.
- Tenho
- O que aconteceu? Me fala, você está há dias sem me dar uma explicação
Eu olhei para as duas na minha frente, afastei o celular da orelha e liguei o viva voz:
- Acontece que eu e Gabe terminamos
- O que?
- Ao que tudo indica, ele me traiu
- Como é? Não, impossível
- Ele não apareceu no nosso jantar de aniversário porque estava em um compromisso com a Lauren, e depois os peguei na cama.
- O que? Como assim na cama?
- Eles estavam sem roupa na cama, dormindo, e os flagrei. Gabe afirma que não tocou nela, bebeu muito e não se lembra de ter visto ela, nem de como chegou na sua casa.
- E você não acredita?
- Não, eu tenho minhas duvidas, tudo aponta contra ele e... Eu...
- Você está confusa – Ela tirou as palavras da minha boca.
- É... Mas nada prova a inocencia dele
- Anna, eu sei que apesar de tudo isso você ainda o ama, e acabou de dizer que está confusa, por isso eu vou tornar a perguntar, tem certeza de que quer voltar? Eu não quero que se arrependa por ter tomado uma decisão precipitadamente.
- Eu agradeço a preocupação, mas eu tenho certeza sim.
- Quando tivemos essa conversa há algumas semanas, eu ofereci que voltasse comigo e você recusou, disse que mesmo se tudo acabasse você continuaria aí.
- Eu sei o que eu disse, mas antes eu não sabia que as coisas tomariam esse rumo, eu tinha consciência que se tudo desse errado, eu ficaria magoada, mas iria conseguir continuar de pé, levar minha vida como antes, mas ontem... O que eu vi.
- O que você viu? – Ela perguntou, e as duas na minha frente também fizeram uma expressão de questionamento.
- Eu vi que Gabe pode retomar sua vida de antes facilmente, ao contrário de mim. Ele pode me esquecer, pode arrumar outra mulher, pode ser o mesmo playboy de antes, e eu não aguentaria ver isso. Eu sei que seria um verdadeiro inferno ir para a empresa e presenciar as visitas das amantes dele em sua sala, isso me mataria.
- Eu entendo, mas só não quero que se arrependa, seu sonho sempre foi ir para Nova York e trabalhar.
- E eu realizei meu sonho, mas nem tudo é como a gente quer, eu me apaixonei aqui, mas isso acabou, tudo perdeu o brilho, eu quero ir para casa e me reorganizar. Eu to magoada, ferida e sem esperança, mas eu quero preservar o pouco de orgulho que me resta.
Vanessa suspirou, e Sophia abaixou a cabeça, ela sabia que eu não mudaria de ideia e estava tentando entender se isso era uma boa ideia ou não:
- Tudo bem, se é isso o que você quer, terça eu estarei esperando por você. Não quer que eu vá ate Nova York? Para não vir sozinha.
- Não, não se preocupe, não precisa gastar dinheiro vindo ate aqui, eu vou sozinha, vai ser tranquilo, vou aproveitar as horas de voo para pensar em tudo isso.
- Ok, já vi que está decidida, eu não vou ser contra.
- Mais uma coisa, não diga nada aos nossos pais, eu vou fazer uma surpresa e direi que ganhei uma folga, com o tempo eu falo a verdade, mas não quero que eles se decepcionem, a mamãe gosta muito do Gabe, e o papai o aceitou depois de tanta dificuldade, vai odiar saber o que aconteceu.
- Não se preocupe, eu não direi nada, e ouça, eles jamais se decepcionariam com você
Sophia pegou minha mão e sorriu concordando com o que nossa irmã disse:
- Eu sei que tudo está complicado agora, mas vai passar – Vanessa disse calorosamente – Eu vou repetir o que disse uma vez, recuar nem sempre é sinal de fraqueza, é uma forma de se prevenir.
- Eu sei, e por isso estou indo – Puxei o ar e o soltei de uma vez – A única coisa boa disso tudo é que aquele pressentimento ruim que eu sentia, finalmente sumiu. Eu consigo respirar melhor.
- Menos mal. Bom, eu vou organizar seu quarto e deixar tudo pronto para terça.
- Obrigada mana
- Não precisa me agradecer, sempre estarei aqui por você
- Eu sei, por isso te amo. A gente se vê na terça.
- Tá bom, eu também te amo, e fique bem. – Desligou e fiquei com o celular pendurado na mão por vários segundos.
- É isso mesmo o que quer? – Sophia perguntou.
- Sim, eu não vou aguentar ver o Gabe refazer sua vida enquanto choro pela nossa perda. Eu não consigo mais ver a Lencastre como um lugar feliz, eu vou odiar trabalhar lá, ter que conviver com ele todos os dias.
- Mas e se Gabe tentar todos os dias conseguir seu perdão? – Camila perguntou.
- Uma hora ele vai cansar, e então partirá para outra. Vamos admitir, eu nunca deveria ter me envolvido com ele, todos me alertaram, eu sabia sobre sua fama, e mesmo assim não dei ouvido.
- Porque você o ama – Sophi respondeu.
- Sim, mas esse amor está me machucando, e eu quero me preservar. Minha decisão está tomada, eu vou para o Brasil e ninguém vai me fazer mudar de ideia.

A noite eu pedi a Sophia que me ajudasse a arrumar minhas malas, enquanto eu tirava as roupas do guarda roupa, ela dobrava e guardava. Eu olhei para algumas ainda penduradas:
- Ainda tenho algumas roupas que Gabe me deu
- E o que vai fazer?
Continuei olhando para elas, lembro onde cada uma foi comprada, quando vesti e o rosto de surpreso de Gabe quando saía do provador. Algumas ali eram bastante caras, mas o senhor cabeça dura insistiu em me dar. Eu peguei todas e as coloquei na cama:
- É melhor doar, ou vender, já que são de marca, não sei, faz o que quiser – Eu voltei para o guarda roupa e uma peça em questão me chamou atenção. O vestido rosa. Eu o tirei de lá.
- O que vai fazer com ele?
Ele deveria ser meu vestido favorito, ele tinha um propósito muito importante, ser uma linda lembrança do nosso aniversário de namoro, eu deveria olhar para ele e sorrir como uma boba apaixonada, mas tudo o que ele traz de lembrança é tristeza, do dia em que minha vida mudou para pior, quando perdi minha alma e meu amor. Eu olhei para baixo e joguei ele na cama:
- Joga fora
- O que?
- Joga, eu não quero ele, desde o início ele nunca deveria ser meu, eu não ia comprar ele, mas como sempre Gabe foi contra as minhas vontades... Só agora eu percebo que ele fazia isso com frequência.
- Mana, você tem certeza? Eu sei que era um vestido para um momento especial, mas ele é tão lindo, não pode ir assim para o lixo.
- Eu não quero, ele me traz péssimas lembranças – Vasculhei na minha sapateira e encontrei três sapatos que ele também me deu, e eram lindos, mas meu orgulho não me deixava ficar com nenhum. Levei tudo para a cama.
- Ah! Não, você não vai jogar esse, de jeito nenhum
Eu olhei para ver a qual ela se referia, e era o que usei com o vestido rosa:
- Então doa
- Tá maluca? Não, eu não vou doar. Anna, tenha um pouco de lucidez, é um Louboutin, não se desfaz de um sapato desse, ele que se desfaz da gente.
Revirei os olhos e bufei:
- Tá, então fica com ele – Comecei a dobrar as roupas restantes.
- Louca, querendo doar assim do nada – Resmungou – Esse sapato deve ter custado uns quatro mil dólares.
- Sim, ele custou muito caro e é todo seu, aliás se quiser alguma roupa pode pegar, depois decide se vai doar ou vender, eu preferia devolver para o Gabe.
- E o que acha que ele vai fazer com toda essa roupa de mulher?
- Sei lá, dar como uma espécie de agrado para as que forem passar a noite no seu apartamento – Dei de ombros.   
- Ah ta! Sei, duvido muito que ele vá fazer isso.
- Se vai ou não isso não me importa, nada que se relaciona ao Gabe me interessa.
- Mentira, é claro que interessa, pode estar agindo como uma garota durona, mas se eu te contasse algo sobre ele agora, você ia querer ouvir, e isso porque o ama.
- Sophia, por favor, para de ficar mexendo nisso, você está do meu lado ou o que?
- Calma, é claro que estou do seu lado, mas o que eu disse é a verdade, você ainda o ama.
- É claro que amo, não tem como esquecer um sentimento assim do dia para a noite. – Fui ate a penteadeira guardar o que eu não usaria amanhã.
- E as tiaras? – Olhei para elas penduradas acima do espelho. Gabe trouxe elas da sua viagem a Washington. E a Lauren estava com ele nesse dia, aquela lesma grudenta.
- Elas ficarão lindas em você – Continuei guardando minhas coisas.
- Ah! Anna, eu queria que as coisas fossem diferentes
- Eu também queria, mais do que qualquer coisa, mas infelizmente a realidade é outra. – Eu olhei para ela e sentei na cama – Mana desculpa te deixar aqui sozinha, nós viemos juntas, e me sinto mal por ir sem você.
- Não precisa se desculpar por nada, eu entendo porque você vai, talvez eu tomasse a mesma decisão.
- Você? Há! Há! Não acredito, você bateria de frente com todo mundo, mesmo se no final não ficasse com o cara, você não foge de nada.
- Hmm! Talvez, mas você não está fugindo, está evitando ser machucar ainda mais
- É... Mas me desculpe, eu não teria coragem de pedir para que viesse comigo, aqui você ainda tem seu emprego, seus amigos e tem o cara que gosta.
- Eu sei, e já disse para não se desculpar. Eu vou continuar aqui, e seu quarto continuará vago para quando vier me visitar.
- Eu vou continuar te ajudando a pagar o aluguel, faço questão
- Tudo bem, se é o que quer
Eu deixei fora da mala apenas a roupa que usaria amanhã, o resto guardei tudo, e o quarto ficou praticamente vazio.


                                                                               Gabe

Eu olhava para a sacada do meu prédio sem interesse algum, tudo tinha perdido a cor, a alegria, o mundo parecia sem graça, eu não sentia vontade de fazer nada, só ficar ali sentado olhando para o tempo, e bebendo. De repente senti algo cutucando minha perna, olhei para baixo e Spike tentava chamar minha atenção:
- Tudo bem, você pode subir, mas só hoje – Bati no lugar ao meu lado, ele ficou de pé se apoiando, mas mesmo com o impulso não conseguia subir. Eu ri e o ajudei a subir. Ele se aconchegou ao meu lado colocando a cabeça sobre minha coxa, fiz carinho em suas dobrinhas e voltei a encarar o nada, bebi mais um pouco do que estava em meu copo. Adeus Gabe, essa foi a última coisa que ela me disse antes de sair correndo e deixar meu coração em pedaços. Eu não podia acreditar que aquele seria nosso último beijo, não, não pode ser, eu me recuso a aceitar isso, tenho que fazer Anna entender que está cometendo um erro, que jamais dormi com a Lauren ou com qualquer outra. Deixei o copo na mesinha ao lado e peguei a chave que era dela. Spike levantou a cabeça e começou a cheirar, e ao reconhecer seu cheiro choramingou e me olhou como se estivesse perguntando por ela:
- Eu sei amigão, também sinto falta dela, mas ela não quer me ver, disse que nunca mais voltará – Ele tornou a apoiar a cabeça na minha coxa e ficou olhando para a chave – Eu queria que ela estivesse aqui, era para estarmos juntos, eu, ela, a Maire e você, sei que gosta daquela gatinha atrevida.
- Gabe? – Will me chamou.
- O que?
- Queria saber se quer dar uma saída, espairecer a cabeça – Ele se aproximou ate entrar no meu campo de visão.
- Não, obrigado, eu prefiro ficar aqui
- Você não pode ficar o tempo todo dentro de casa, precisa sair – Ele pegou meu copo em cima da mesinha – E não pode voltar a beber.
- Me deixa Will, isso é a única coisa que está me ajudando a seguir em frente
- É claro que não, não esqueça o que acontece quando você bebe, foi por causa disso que tudo aquilo aconteceu, a bebida te deu um apagão e você não pode provar se a Lauren dormiu aqui ou não.
Rosnei com raiva, levantei pegando meu copo de sua mão e fui ate ao bar pegar mais um pouco:
- Anna sempre odiou quando você bebia, tudo de ruim que acontece com você é por causa disso.
- Eu sei muito bem que ela odiava, e é por causa dela que eu estou bebendo – Tomei mais um gole, eu não sentia mais queimando, já havia me acostumado – Will, eu estou triste, estou quebrado, minha vida perdeu todo o sentido, eu não sei o que fazer e como fazer, Anna terminou tudo, não quer saber de mim, então me perdoe se eu prefiro entorpecer meus sentidos para ter alguns minutos de paz, e esquecer o que está acontecendo na minha vida agora.
- Gabe eu sei que está passando por um momento difícil, mas não pode afogar as mágoas na bebida, tenta se controlar dessa vez. Olha... – De repente o telefone começou a tocar, era da portaria. Fiz um gesto para ele ir atender. – Sim?... Quem?... Fala sério. Espere só um minuto... Gabe.
- O que? – Sentei de volta no sofá e acariciei Spike.
- Você não vai gostar de saber quem está lá embaixo.
- Quem?
- A Lauren – Senti meu sangue congelar no mesmo instante ao ouvir seu nome – Ela quer subir para falar com você.
- Ela só pode ser louca
- O que eu falo?
- Diga que não estou, que saí e não sabe que horas vou voltar, e faça outra coisa, diga que ela está proibida de vir aqui.
- Tudo bem – Ele colocou o telefone de volta a orelha – Diga a senhorita que Gabe não está e não sabe que horas volta, e mais uma coisa, ela está proibida de vir aqui, jamais deve deixá-la entrar, entendeu?... Ótimo, obrigado, boa noite. – Desligou.
- Essa mulher é impossível
- Agora entende por que a Anna a odiava tanto
- Nem me lembre, meu Deus como eu pude continuar com isso? Eu devia ter desfeito todo o contrato quando Anna cismou com ela.  
- Sim, devia, mas agora não adianta ficar se lamentando pelo o que deveria ter feito, já foi.
- Ah! O que eu faço Will? – Recostei a cabeça na costa do sofá.
- Por que não tenta ligar para ela? Quem sabe te atenda agora.
- Não vai
- Tenta ué
Bufei e peguei o celular do bolso, disquei seu número e nem se quer chamou, caiu direto na caixa postal:
- Me bloqueou – Larguei o celular e tomei o resto da bebida.
- Nossa – Ele suspirou e sentou do outro lado do sofá – Dá um tempo para ela, a cabeça vai esfriar e vocês poderão conversar de novo, e quem sabe ate se acertar.
- Não, eu não sei, eu estou sentindo algo estranho
- Como assim?
- É um pressentimento ruim, meu peito está apertado
- Está sentindo que algo ruim vai acontecer?
- Sim... Deve ser isso o que a Anna sentia o tempo todo, e infelizmente ela nunca esteve errada.
- E o que acha que pode acontecer?
- Eu não sei, tudo de ruim está acontecendo comigo, só falta a Anna aparecer com outro homem.
- Não, ela não é esse tipo de mulher, e outra, mesmo vocês estando separados ela ainda te ama.
- É eu sei, mas a sensação está me atormentando
- Calma, talvez não seja nada de mais


                                                                                            Anna

Eu e Sophia entramos na Lencastre, e não conseguia acreditar que aquela seria a ultima vez que passaria por aquelas portas, sem saber se um dia retornaria nem que seja para uma visita. Eu avistei Jane e nos aproximamos do seu balcão:
- Oi meninas, e como foi a ressaca?
- Tranquilo, não coloquei nada para fora
– Respondi.
- Acordamos bem tarde, e só com aquela dor de cabeça amiga
- Há! Há! Nem me diga, eu tive que sair cedo, Jacob queria me levar em um almoço, e não podem imaginar a minha cara durante aquelas horas, eu só queria dormir e tomar antiácido.
- Coitada de você
– Eu ri – Jane, será que você pode nos encontrar no almoço? Eu queria dizer uma coisa.
- É claro, é algo grave?
- Hmm! Não, nem tanto, eu explico melhor no almoço, eu vou chamar os outros também.
- Tudo bem, você me deixou curiosa, vou contar as horas ate o almoço
- Obrigada –
Acenei e seguimos direto para o elevador.
- Vai contar a todos que está indo embora?
- Sim, direi de uma só vez
- Sabe que eles tentarão te convencer a ficar
- Eu sei, mas já estou decidida. Ontem, bem antes de ligar para a Vanessa já tinha comprado minha passagem, eu não vou voltar atrás.
- E quanto ao Gabe? Lembre-se que ele é seu chefe, e não pode deixar o emprego assim sem informar a ele antes, e tem que se preparar, pois ele não vai aceitar.
- Ele não terá escolha, não pode me obrigar a ficar. Mas não se preocupe, eu me preparei para isso. – As portas se abriram no nosso andar, e saímos. Ela me deu um abraço antes de seguir para sua mesa do outro lado, e fui para a minha. Hoje o dia prometia ser longo, ao me aproximar vi Gabe conversando com Stuart, e tinha uma pasta na mão. Meu corpo todo entrou em alerta, como se minha pele estivesse louca para tocar a dele e grudar como velcro. Ele olhou para o lado e ficou imóvel ao me ver. Eu ergui o queixo e continuei andando – Bom dia. – Disse aos dois.
Já não bastava ter de evitar os olhares curiosos dos funcionários, eu tinha que aguentar o olhar perdido de Gabe:
- Bom dia – Ele respondeu.
- Err... Bom dia Anna, o Gabe nos trouxe um novo projeto, ele estava me explicando como deve ser feito
- Mas se quiser eu posso explicar a você detalhadamente

Guardei minha bolsa na ultima gaveta e mostrei um rápido sorriso a ele:
- Não será preciso, o Stuart me repassa, vamos trabalhar juntos, fica até mais fácil assim. – Puxei minha cadeira e sentei. Eu podia sentir seu olhar queimando em mim, e eu sabia que estava vermelha, mas tentava a todo custo esconder.
- Tudo bem, vou deixar vocês trabalharem – Ele se afastou relutante, mas foi embora para sua sala, e só assim eu pude respirar de novo.
- Anna, eu pensei que não viesse mais
- Eu precisava vir
- Fico feliz que esteja aqui, e acho que ate o Gabe, nesses dias que você não veio, eu o vi varias vezes olhando para o seu lugar quando saía ou voltava para a sala.

- Hunf! – Eu não queria falar sobre o Gabe, apesar de ele ser minha maior preocupação, eu queria evitar o assunto ao máximo. – Stuart você tem planos para o almoço?
- Não, por quê?
- Você quer ir naquele restaurante de sempre? Estou convidando todo mundo.
- Opa. Adora convites que envolvem comida. Algum motivo em especial?
- Digamos que sim, eu quero dizer uma coisa para todos os meus amigos.
- O que?
- Vai saber só no almoço, seu curioso   
- Sua chata, sabe como sou
- Há! Há! Há! Sim, mas você aguenta –
Eu ia sentir muita falta do humor do meu amigo, nos identificamos desde o primeiro dia, e sei que nunca encontraria um colega tão incrível como Stuart.

Perto do meio dia eu peguei um envelope dentro da bolsa e levantei. Sem dizer nada fui ate ao elevador, e segui para o andar do RH. Lá era bastante movimentado, e havia duas máquinas de café, que injustiça, no meu andar só tinha uma e quase todos os dias eu enfrentava uma fila. Andei ate a sala da gerente, mas no caminho esbarrei com Alex:
- Oi minha flor
- Oi Alex, tudo bem?
- Sempre, e com você?
- Bem.
- Precisa de alguma coisa?
- Sim, a gerente está na sala dela?
- Não, Raven teve uma reunião de última hora e saiu correndo.
- Caramba
- Mas você pode falar comigo, eu que fico no lugar quando ela sai
- Ah! Que ótimo, será que podemos falar em particular?
- Sim, é claro, vem –
Ele me levou ate a sala da gerente, eu sentei na cadeira em frente a mesa e ele atrás. – O que foi flor? Você parece abatida.
- Aposto que sabe o porquê
- Ah! Sim, a sua tentativa de assassinar a tal de Lauren e a bofetada que deu no meu divo maravilhoso Gabe.
- Há! Há! Sim, isso
- Amor, aquela foi a notícia do momento, não existia um ser nessa empresa que não falasse sobre isso. O pessoal do RH estava esperando receber sua demissão por justa causa, e todos ficaram surpresos quando nem o Gabe ou o Ryan Lencastre se pronunciaram.

- Eu imagino as fofocas que devem ter rolado por aqui
- Todas maravilhosas, mas fiquei possesso por não ter visto ao vivo, o abate de uma vaca. Mas me responde uma coisa.
- O que?
- Por que não matou ela? Sentia tanta raiva daquela víbora, e depois do que fez, eu no seu lugar, tinha estraçalhado a cara dela e depois jogado mercúrio em cima das feridas que eu abriria.
- Há! Há! Há! Você é bem mais radical que eu. Mas Sophia me impediu, e agradeço por ter feito isso, eu não sou daquele jeito, estava cheia de raiva, tudo o que eu queria era torcer o pescoço dela, era quase um pensamento obsessivo. E eu não queria me tornar assassina por causa dela.
- Concordo, mas pelo menos ela levou umas boas pancadas
- Sim, e depois daquele dia muita coisa aconteceu, mas não quero falar sobre isso, o que precisa saber é que eu e Gabe não estamos mais juntos e não há chances de retorno.
- Mas por quê? Vocês estavam tão apaixonados, e aquela viagem de lua de mel que fizeram para Laguna, pensei que fossem voltar de lá noivos.
- Nem tudo acontece como queremos –
Respirei fundo e coloquei a pasta sobre a mesa – Eu pensei muito sobre isso, e tomei uma decisão. Eu vim ate aqui para entregar minha carta de demissão. – Empurrei para ele.  
- O que? – Seus olhos arregalaram e sua boca despencou. – Como assim demissão?
- Eu não posso mais trabalhar aqui, não vou conseguir
- Espera, espera, vamos com calma, onde vai trabalhar?
- Ainda não sei, mas estou voltando para o Brasil hoje
- O que? –
Ele perguntou mais alto.
- Eu sei que foi tudo de repente, mas já tomei minha decisão e espero que entenda. Eu não vou conseguir ficar aqui juntando meus caquinhos e ver Gabe esfregar na minha cara que pode se refazer como se nada tivesse acontecido.
- Não, não, eu conheço o Gabe, eu sabia sobre a fama dele, um grande mulherengo, devorador de garotas, mas isso era antes, antes de você.
- Mudou só por um tempo Alex
- Não, é óbvio que não, justamente por conhecê-lo que posso afirmar o quanto ele mudou, está diferente, você o transformou em um homem sério, correto.
- Ele me traiu –
Soltei de uma vez.
- O que?
- Me traiu, eu o peguei com a Lauren na cama, e na noite do nosso aniversário ele me deixou plantada no restaurante porque estava em um evento com ela, e nem fez questão de me avisar ou dar qualquer desculpa.
- Eu não acredito –
Ele falou embasbacado.
- Por isso eu não posso mais ficar aqui, eu amo ele de todo meu coração e vou sofrer quando o vir com uma mulher, e quero me preservar, indo embora eu sei que vou me recompor.
Ele passou as mãos nos cabelos soltando o ar:
- Você já contou a ele sobre a demissão?
- Não, e esse é outro pedido que quero te fazer
- Qual?
- Não quero que diga nada ao Gabe hoje, eu sei que ele precisa assinar minha carta de demissão, e se souber disso hoje vai tentar me impedir, e não quero mais discutir com ele. Quero que segure ate amanhã, quando eu não estiver mais aqui.
- Anna...
- Por favor, como um último favor. Eu não vou suportar brigar com ele, e não adiantará nada, minha passagem já está comprada, minha mala pronta e hoje a noite eu viajo.
- Ainda acho que devia contar a ele, é seu chefe.
- Eu sei, e por isso aí dentro tem uma carta que quero que entregue a ele, onde eu explico tudo. Eu estou te pedindo, entregue só amanhã.

Alex me olhou com tristeza e incerteza por longos segundos, até seus ombros caírem e o suspiro sair de sua boca:
- Tudo bem, eu levo para ele amanhã. Mas você precisa assinar umas coisas antes.
- Sem problema
– Ele levantou e foi ate ao armário buscar alguns papeis – Você foi a primeira pessoa aqui na empresa para quem contei, e estou chamando a todos os meus amigos para ir almoçar e contar tudo. Também gostaria que fosse e mantivesse segredo.
- É claro, não direi nada até você contar –
Ele colocou os papeis na minha frente e me entregou uma caneta.
- Obrigada Alex.
- Eu vou sentir muito a sua falta, e dos acontecimentos babados que causa por aqui
- Há! Há! Também vou sentir sua falta –
Eu o abracei com força. – Obrigada por tudo.

Como combinado, todos os meus amigos estavam no restaurante a céu aberto que sempre costumávamos ir. A última vez que estivemos aqui foi para saber quem tinha ganhado a aposta sobre o lugar que Gabe tinha me levado. E agora eu estava ali para dizer que tudo acabou e que iria embora, e desta vez não precisa de nenhuma aposta para saber para onde vou. Caleb, Bob, Jane, Stuart, Dylan, Alex e Sophia estavam conversando e rindo, quer dizer, exceto os dois que já sabiam o que eu ia anunciar, eles me olhavam com ansiedade, e eu já sabia que era hora de contar. Depois que todos fizeram seus pedidos eu chamei a atenção:
- Gente, eu queria agradecer que todos vocês aceitaram vir, são meus melhores amigos, ou melhor, somos uma família, e eu amo vocês mais do que tudo.
- Você está tão sentimental –
Caleb disse com humor.
- É, ate parece que está se despedindo – Jane falou. Alex olhou para a mesa e não esboçou nenhum sorriso, Sophia acenou com a cabeça para que eu continuasse.
- Sim Jane, eu estou me despedindo.
- O que? –
Ela perguntou perdendo toda a alegria.
- Sim, chamei vocês aqui para dizer que pedi demissão da empresa e que vou para o Brasil... Hoje à noite.
Todos ficaram calados me olhando com espanto esperando que eu fosse começar a rir, e dizer que tudo não passava de uma piada. Olharam para Sophia, para saber se era minha cumplice em uma possível brincadeira, mas quando ela apenas confirmou, uma chuva de perguntas e indignações recaiu sobre mim. Eu expliquei detalhadamente os meus motivos e o porquê de está indo embora. Eles entenderam, mas como já era esperado, tentaram me persuadir a ficar, que eu não podia abandonar tudo, que deveria encarar o que estava por vir de cabeça erguida, mas essa não sou eu, sei que não vou conseguir manter a pose de durona por muito tempo, e por isso iria preservar a pouca dignidade que me restou, e contei a eles. Jane e Alex começaram a chorar, e os outros vieram me abraçar, e prometeram que me acompanhariam hoje ate ao aeroporto.
Todos tentamos deixar nosso último almoço animado, e nada deprimente, e deu certo, conseguimos dar boas risadas, e esquecer por um tempo que minhas horas ali naquela cidade estavam acabando.
Por sorte eu não tinha nada para empacotar, e o que eu quis levar pude colocar na bolsa. Ajudei Stuart no novo projeto até nos últimos minutos, não concluímos, mas falta bem pouco, e lhe dei boas dicas. Eu peguei minha bolsa da gaveta, e seria a última vez. Fiquei de pé e meu parceiro fez o mesmo:
- Eu vou sentir muito a sua falta – Me abraçou.
- Para com isso, a gente vai se encontrar no aeroporto daqui a pouco – O abracei dando um leve tapinha em sua costa.
- De qualquer forma, vai fazer falta
- Também vou sentir sua falta –
Ele me soltou dando um fraco sorriso.
- Deixa eu ir, eu e Chris vamos te encontrar lá.
- Tudo bem, até depois
- Até –
Meu amigo pegou sua bolsa, passou envolta do pescoço e foi embora. Um aperto no meu peito se formou quando pensei em dar adeus a tudo aqui. Inspirei e expirei bem devagar, falando para mim mesma que tudo o que eu estava fazendo era para o meu próprio bem. Coloquei a bolsa no ombro e dei alguns passos antes de parar e ver a razão da minha partida. Gabe estava conversando com um funcionário, mas como era de esperar, ele sentiu minha presença e se virou. Disse mais uma coisa para o rapaz e depois veio ate mim. Eu queria chorar, queria bater nele e queria dizer que o amava mais do que qualquer coisa, mas não faria nada disso.
- Já está indo?
- Já
- Quer carona? –
Eu notei o nervosismo em sua voz.
- Não, obrigada, Sophia está me esperando
- Será que podemos conversar um minuto?
- Agora não dá, eu tenho um compromisso
- Amanhã, então? –
Ele estava ansioso. Mal ele sabe que o amanhã não existirá para nossa conversa.
- Tudo bem – Nos olhávamos com tanta intensidade que minhas pernas já estavam bambas, e o choro travava uma batalha com o meu orgulho. – Gabe, eu só queria dizer que apesar de tudo o que aconteceu, eu fui muito feliz com você.
- Anna... – T
oquei seus lábios impedindo que continuasse falando.
- Não diga nada, amanhã nós conversamos – Retirei meus dedos de sua boca e o olhei, pela última vez eu veria esses lindos olhos azuis, sua boca rosa, sua barba loira, seu cabelo macio e loiro, eu nunca mais tocaria seu rosto, nem me perderia em seus braços, e me sentiria no sétimo céu com seus beijos. Nada ali era meu, e eu tinha de me conformar. – Tchau Gabe – Esbocei um fraco sorriso. Então me virei e fui embora, dando adeus a meus amigos, a empresa e ao amor da minha vida.

Depois de ter despachado minhas malas, e a Marie em sua caixa de transporte eu me juntei aos meus amigos. Luke apareceu correndo quando eu contei a ele por mensagem o que ia fazer:
- Anna, não vai, se é pelo o que aconteceu com Gabe, você pode arrumar outro emprego aqui, a Empresa Lencastre é muito famosa, seu currículo vai valer ouro, qualquer empresa de publicidade vai querer te contratar.
- Eu sei Luke, mas eu só não quero mais ficar aqui, eu sei o que vai acontecer e não estou a fim de participar.
- Por favor, não vai, é a minha melhor amiga, podemos ir para outra cidade, arrumar uma nova vida.
- Eu sempre vou ser sua amiga, e obrigada por tudo, mas o que eu quero agora é voltar para junto da minha família. Espero que entenda. Sempre que quiser pode ir ao Brasil me visitar, vou ter o maior prazer em te mostrar minha cidade.

- Merda, eu vou sentir tanto a sua falta – Ele me puxou para os seus braços e me abraçou com força.
- Também vou – Recostei minha cabeça em seu peito. De repente meu voo foi chamado, era a deixa para voltar ao meu grupo. Cada um me deu um presente de despedida, o que me fez chorar, e todos me deram um longo abraço. – Quando tiverem uma folga vão lá me visitar, irão adorar minha cidade, tem as mais bonitas praias do Brasil, e minha mãe vai amar receber vocês.
- Nós vamos –
Caleb disse fungando.
- Eu amo vocês, obrigada por tudo – Joguei beijo para todos, e antes que me derramasse em lágrimas de novo, eu fui para a sala de desembarque. É isso aí, adeus Nova York.


Gabe

Aquele pressentimento ruim ainda não passou, e isso estava me incomodando, e a forma como Anna falou comigo, e ate mesmo olhou, foi estranho, era quase como se estivesse se despedindo. Que loucura, mas sua expressão não saiu da minha cabeça. Mas pelo menos aceitou falar comigo amanhã, o que era um bom sinal, talvez sua raiva tivesse passado e agora estava disposta a me ouvir, e tenho certeza de que com um pouco de força de vontade eu conseguiria seu perdão. Novamente a garagem do prédio estava barrada por uma confusão, tive que ir pela frente. Ao entrar no saguão o concierge me chamou:
- Senhor Scott
- Sim? – Parei de andar.
- Tem uma encomenda para o senhor
- Para mim? – Estranhei, pois não tinha pedido nada. Me aproximei do balcão enquanto ele se abaixou para pegar.
- Sim senhor, chegou há alguns dias, mas o senhor não passou por aqui e quase não parou em sua casa, acabamos esquecendo, e peço mil desculpas por isso – Ele deixou uma caixa retangular sobre o balcão.
- Não tem problema. Quem mandou? – Olhei todos os lados procurando o remetente.
- Eu não sei senhor, mas lembro que o entregador pediu que fosse entregue em suas mãos.
- Hmm! Tudo bem, obrigado – Peguei a caixa.
- Ah! Senhor, mais uma coisa, a senhorita Weber veio novamente a sua procura hoje.
- Deve sempre dizer a ela que não estou aqui, e sob hipótese nenhuma ela pode subir ao meu apartamento, fui claro?
- Sim senhor, como desejar.
- Ótimo, tenha uma boa noite. – Andei até ao elevador.
- Boa noite senhor.
Assim que entrei em casa Spike me recebeu com seus rotineiros latidos. Deixei a caixa sobre a mesa e tirei meu paletó:
- Oi Gabe – Will me cumprimentou descendo as escadas. – Eu vou pedir comida chinesa, você quer?
- Oi, quero, obrigado. – Olhei com curiosidade para aquela caixa.
- O que é isso?
- Eu não sei, me mandaram
- Abre
Eu queria tomar banho primeiro, mas a curiosidade me venceu e tinha uma vozinha que me pedia para abrir de uma vez. Eu sentei no sofá e rasguei o papel, revelando uma caixa toda desenhada, “presentes personalizados” estava escrito encima, e um bilhete grudado ao lado. Peguei e li em voz alta:
- É assim que vejo nosso relacionamento, como um quebra cabeça, onde as peças pouco a pouco vão se juntando perfeitamente, ate formar uma linda imagem. Feliz aniversário de namoro. Te amo. Anna.   
- Ela te mandou?
- Sim, ele disse que chegou há uns dias, com certeza foi no dia do nosso aniversário – Eu tirei a tampa e dentro tinha várias peças de quebra cabeça espalhadas. Coloquei tudo na mesa.
- Há! Há! É um presente criativo, um quebra cabeça – Ele sentou ao meu lado.
- Pouco a pouco vão se juntando ate formar uma linda imagem – Eu afastei tudo de cima da mesa e comecei a caçar as peças para formar.
Durante a hora seguinte eu e Will nos dedicamos a montar o quebra cabeça e eu já tinha noção de qual era a imagem, e meu coração martelava forte com a saudade, e a tristeza. Por fim a última peça, eu encaixei e soltei um suspiro:
- Caramba, é forte, mas também é lindo – Ele falou tentando amenizar o tapa sem mão que levei ao receber isso.
Era uma foto nossa, que tiramos em Laguna Beach, o mar ao fundo e nos beijando, estávamos no bangalô do Heisler Park, o lugar que ela mais queria conhecer, e sei disso porque fui eu que bati a foto. Foram o quatro dias mais felizes de toda a minha vida, ela não parava de sorrir, estava tão animada com tudo, parecia uma criança querendo descobrir tudo, e eu fazia todas as suas vontades, jamais me atreveria a tirar aquele sorriso do seu rosto. Agora tudo parecia distante, eu não tinha mais aquela alegria. Apoiei os cotovelos sobre os joelhos e juntei as mãos por trás da minha nuca, fechei os olhos e deixei as lágrimas virem:
- Não fica assim Gabe, tudo vai se resolver
- Eu estou tentando ser confiante, e me agarrar a qualquer fio de esperança, mas estou achando cada vez mais impossível.
- Não, as coisas vão acabar bem
- Eu estraguei tudo. E eu nem tive chance de dar o presente a ela, do nosso aniversário.
- Continue guardando, uma hora você vai entregar
Como eu queria ser positivo como meu primo, mas minhas esperanças estavam acabando.

No outro dia eu tentei me concentrar no trabalho, Anna disse que íamos conversar hoje, deixei um recado em sua mesa, mas ate agora ela não apareceu, provavelmente está cheia de trabalho, ou não quer que as pessoas a vejam entrar na minha sala. Tudo bem, eu esperaria ate o almoço. De repente alguém bateu na minha porta, e meu coração deu um salto imaginando ser ela:
- Entra – Esperei ansioso, mas não era ela.
- Bom dia Gabe
- Bom dia Alex
- Espero não está atrapalhando, mas eu vim trazer um documento para você assinar – Ele me entregou os papéis.
- O que é? – Perguntei pegando-os.
- É uma demissão
- Demissão? Do meu departamento? – Estreitei as sobrancelhas.
- Sim
- Eu não estou sabendo disso. Quem se demitiu? – Ele não respondeu, mas procurei o nome no documento – Anna Oliveira Lonergan. – As palavras flutuaram ate eu entender o que significavam, meu coração disparou e parou, minha respiração mudou de ritmo ficando mais pesada. – Anna... Se demitiu?
- Sim, ontem ela apresentou sua carta de demissão
- Não, não pode ser, ela não... – Continuei lendo todo o documento. – Ela não me disse nada.
- Eu sei. Ela me pediu para te entregar isso. – Ele me mostrou uma carta, e eu olhei para os dois esperando que me dessem uma resposta, mas nada. Peguei e abri com as mãos trêmulas. Engoli em seco antes de começar a ler.
- Gabe, se está lendo isso é porque já sabe sobre minha demissão, e eu me sinto uma covarde escrevendo essa carta, e ter de contar por aqui que estou indo embora, mas eu sabia que não teria coragem de dizer isso na sua frente, você não aceitaria e eu não queria discutir, minha decisão já está tomada. Eu estou saindo para me proteger, depois de tudo o que aconteceu eu sabia que não conseguiria ver você todos os dias, trabalhar ao seu lado e o ver reconstruindo sua vida, e eu levaria uma eternidade para se quer olhar para alguém. Eu preciso de tempo e de espaço para resolver minha vida, preciso pensar em tudo isso, e ficando ao seu lado eu não conseguiria, por isso quero dizer que estou voltando para o Brasil, quando ler isso eu já estarei longe, fora de Nova York. Você pode achar que estou fugindo, e pode ser que esteja certo, mas eu quero me resguardar, me encontrar de novo, e preciso voltar as minhas raízes para isso. Por favor, eu vou pedir que não venha atrás de mim, não perca seu tempo. Não quero que se sinta mal, essa foi uma decisão minha, eu cansei de lutar, e espero que me entenda, e me perdoe. Obrigada por tudo, eu fui muito feliz ao seu lado, e eu desejo de todo o meu coração que encontre alguém especial, e construam juntos um lindo futuro. Eu amo você, mas está na hora de partir. Eu adorei cada momento, e vou te agradecer eternamente. Com amor, Anna.
Eu não podia acreditar no que estava lendo. Ela foi embora? É isso? Voltou para o Brasil? Meus lábios tremiam e as lágrimas escorriam sobre minhas bochechas:
- Não, isso não é verdade, não é – Eu levantei de supetão derrubando algumas coisas, dei a volta na mesa e saí correndo da sala. Fui ate a sua cadeira e estava vazia, meu bilhete continuava lá – Cadê a Anna? – Perguntei a Stuart. Ele ficou sem fala, e olhou para o lado.
- Ela... Ela não veio
- Você sabia
- Eu sinto muito Gabe
- Não, não, é mentira – Me virei e corri ate a mesa da Sophia. Ela estava lá, eu virei sua cadeira – Cadê a Anna?
Ela me olhou com espanto, e também ficou sem fala. Seus dois companheiros também estavam com cara de culpados:
- Cadê ela? Me diga, por favor.
- Sinto muito... Ela se foi – Falou baixo.
- Não, ela não pode ter ido. Como pôde deixá-la ir?
- Eu não pude fazer nada, ela estava decidida, me desculpe – Ela mordeu o lábio e seu olhar estava triste.
- Não, por favor, não... Ela não... – Olhei para os três, e evitaram me olhar nos olhos. Passei as mãos nos cabelos amassando a carta, que tornei a ler sem acreditar. Não, isso só podia ser um pesadelo, não, ela não podia ter me abandonado. Agora entendo sua expressão de ontem, ela estava se despedindo. Foi sem me dizer nada.
- Gabe, ela quis assim... – Sophia tentou justificar.
- Não, ela foi embora, me deixou e não teve coragem de dizer isso na minha cara
- Calma, ela estava magoada
- Eu também estava – Virei os calcanhares e voltei apressado para a minha sala. Eu precisava entender o que estava acontecendo, minha vida desmoronou de vez, em poucos dias eu perdi tudo, não me restava mais nada. O pressentimento ruim sumiu, avisando que já havia cumprido o seu propósito, agora tudo o que restou foi a dor em meu peito. Eu me sentia dilacerado, tudo acabou.     

 

Continua...
 


Notas Finais


é tudo por hoje meus amores...
Cade os lencinhos de vocês?? Anna foi embora, Gabe está arrasado, e agora hein?? O que será que o futuro reserva para esses dois?

Até o próximo capítulo. Bjss


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