Yoriichi continuou vivendo na sua simples cabana mesmo depois da terrível morte da esposa e filhos, ele enterrou o corpo de Uta e os restos mortais das duas crianças atrás da cabana. Passou a plantar a própria comida e exilado como caçador, não recebia mais missões aposentando a sua katana na sala da cabana.
Munjuro continuou enviando cartas a ele que nunca foram respondidas, então por fim, visitou seu aluno em segredo depois de quase um ano.
Sua feição continuava como era jovem, parecendo no mundo da lua, mas dessa vez a tristeza pairava no seu rosto e era evidente. Quando entrou na cabana, Yoriichi estava de costas apreciando sua flauta.
- Soube que vocês usavam isso para chamar Minoru, é verdade?
- Uhum…
- Você está bem, meu Pequeno? Tem se alimentado?
- Mestre, não precisa me chamar mais de “pequeno” - guardou a flauta nas vestes e se levantou - se descobrirem que veio até aqui será punido.
- Não se preocupe com isso. Sou um Hashira das Chamas e o Mestre me adora… E você vai ser sempre o meu pequeno. Lembro de você alegre naquela cela, numa situação triste. É frustrante vê-lo triste de verdade… - reparou no cabelo do caçador - Você cortou o cabelo?
- Não sou mais digno de honra.
- Sente-se, irei arrumar.
O cabelo estava na altura do ombro e Munjuro lavou e penteou, só Michikatsu cuidava assim de seu longo cabelo, mas não se importou com seu Mestre fazendo isso. Fez ele se lembrar do irmão.
- Ele nos traiu - disse chorando - se tornou um Oni.
- Tenho certeza que fez isso por uma boa razão.
- Que razão é essa que faz um Kisatsutai se tornar um Oni? Ele pode nos revelar a Muzan.
- Yoriichi… - Fez o caçador olhar em seus olhos - Não sei se sabe, mas o feitiço não é apenas uma camuflagem.
- Não? Ele afasta os Onis não é?
**
Munjuro ocultou o fato que os gêmeos foram abençoados pelo Mítico, mas naquela mesma noite antes de se despedir Tayoumaru pediu proteção para o Templo e ele voltou dois dias depois. O feitiço não envolvia um simples conjunto de plantas, era um pacto de sangue feito com gotas do sangue de Tayoumaru.
Pacto esse que por enquanto seus descendentes vivessem, o Templo estaria protegido. Em troca, ele definharia até a morte. Então nenhum Oni conseguia encontrá-los, eles sempre eram desviados da rota ou ficavam desnorteados quando chegavam perto dela, e se passassem, seus corpos virariam pó.
Foi assim com Nezuko dentro da caixa, ela estava suando frio e queria fugir dali, mas não podia sair a luz do dia. Assim que o kakushi tirou um ramo do feitiço ela se acalmou como se tivesse pegado no sono de repente e entrou no Quartel confortada achando que estava entrando em casa.
Kaburamaru passa sem dificuldades, pois absorveu pelo sangue de Yulah o mesmo feitiço dado aos gêmeos na gravidez. Isso também é prudente para Michikatsu, mas junto da dúvida se Muzan poderia ou não passar por ser um Oni poderoso, escolheu esconder a localização do Quartel.
O fato é que Kaburamaru e Michikatsu, sendo Onis, não enxergam o que está atrás da barreira assim como todos os Onis, mas podem passar por ela. A primeira vez que a cobra passou, sentiu o mesmo calafrio que Nezuko, mas estava de dia e se o sol não a matou com certeza a barreira não iria. E se Kaburamaru vive no sol pelo sangue "contaminado" de Yoriichi, é certo afirmar que Michikatsu também tem esse benefício ou adquiriu depois de alguns anos, mas o próprio não sabe disso.
**
- Então enquanto eu e meus sobrinhos vivermos, o Templo estará protegido?
- Exatamente.
- Mas Michikatsu é um Oni, ele pode passar?
- Acho que por ser um Oni, não. Mas reze para ele viver por muito tempo.
- Mestre, você não perde a chance de uma piada, né?
O clima foi ficando melhor e os dois discutiam a possibilidade do irmão estar escondendo o Templo ou armando algum plano maléfico com Muzan. Depois do cabelo arrumado esquentou um pouco de água para o chá.
- E meus registros, vocês já queimaram todos?
- Mestre Joshiya impediu parte deles… Não sei o porquê, mas sei que levou para a antiga mansão de Jun Ubuyashiki a espada que resgatamos do seu pai, a do seu avô e os brincos dele. E por falar em espada… - acima da lareira estava a de Yoriichi como um enfeite - Por que parte dela está vermelha? Resolveu aderir às chamas?
- Não - sorriu - ficou assim depois que enfrentei Muzan.
- Uau… Está linda.
Aquela conversa revigorou Yoriichi e o Hashira prometeu que iria visitá-lo mais vezes sem antes insistir para ele viajar até o novo endereço de seus sobrinhos e cunhada, que estavam mais ao sul do Japão. A família estaria passando por dificuldades sem um homem em casa e Yoriichi com muita relutância prometeu que iria.
O fato da família do irmão demônio ainda estar viva lhe causava uma faísca de inveja, os meninos estaria agora com 10 e 8 anos de idade e tiveram que parar o treinamento com a expulsão do Templo, mas viu a oportunidade de passar adiante sua Respiração do Sol, afinal as crianças eram dois Tsugikuni e poderiam aprender.
Na manhã seguinte, aprontou uma trouxa de roupas, apanhou a espada e partiu. A viagem era longa e a nova casa da família ficava na Baía de Tosa, hoje conhecida como Shikoku. Utilizando a respiração constante, não se cansou com a viagem e no meio do caminho pensou que seria indelicado chegar sem presentes para as crianças - mas o que dois filhos de um espadachim iriam querer se não fosse uma espada nichirin?
Com isso se lembrou do seu ferreiro - "ele deve estar com 70 anos agora" - seus pensamentos e visão estava sempre no mundo da lua e nem mesmo se importou com a chuva da primavera que pegou no caminho. Dormiu em uma estalagem a troco de um serviço de lenha para os senhores e partiu novamente.
A casa ficava no alto da montanha e chegou lá no fim da tarde. Hana estava terminando de tirar algumas roupas do varal.
- TIOOO!
Com o grito do sobrinho se lembrou que eles receberam o nome dos avós em homenagem. O primeiro a gritar foi o pequeno Suyumaru e Minoru apareceu na varanda pronto para abraçá-lo também.
- Meu Deus, vocês estão enormes! Faz quanto tempo?
- Quase dois anos… - Hana caminhou tímida até ele, a semelhança com o marido lhe assustava ligeiramente.
- Como estão as coisas aqui Hana? Como encontrou esse lugar?
- Estamos nos virando bem, comecei a plantar legumes para vender na cidade… Por favor, entre vou preparar o jantar.
Contou que Michikatsu recebia folga a cada ano, então usou suas economias para construir a casa longe do Templo.
- Ele também queria sair de lá como você… Ninguém aprendeu a Respiração da Lua.
Outra conversa longa sobre o passado e como era importante manter a segurança das crianças. Yoriichi se ofereceu para ficar na casa cuidando deles e ajudando com a plantação, ela aceitou sem rodeios e os meninos adoraram a ideia de voltar a treinar.
- Sabe Yoriichi, que bom que veio. Fiquei me perguntando quando apareceria porque constantemente sinto que estou sendo observada.
- Por quem?
- Não sei, mas comecei a ficar com medo. Enviei uma carta para o quartel contando isso, mas ninguém respondeu. Eles realmente não se importam com dois pequenos Tsugikuni desprotegidos. Não sabia que tratavam assim os exilados.
- Eu também não sabia… Fomos os primeiros. Não sei o que meu avô faria, ele tinha muito orgulho de ser samurai.
- Às vezes eu também acho - encheu os olhos de lágrimas e falou baixo para as crianças no outro cômodo não ouvirem - que quem nos observa é Michikatsu. Isso é possível? Será que ele quer devorar a própria família?
- A maioria dos onis pedem consciência, só querem comer sem parar. Então se ele quisesse, já teria feito. E as crianças, como lidaram com isso?
- Minoru sabe, mas Suyu acha que ele morreu em batalha e eu prefiro que seja assim.
- Eles não ganharam brincos? - Esse fato incomodou Yoriichi, já estava com o do filho mais velho pronto, mas infelizmente quando voltou o menino estava em pedaços.
- Michikatsu iria dar a eles quando completasse 15 anos, junto com as espadas. Seria a sorte do início das missões.
- Se permitir, posso fazer para eles.
- Por favor, não. Se o Templo expulsou um Tsugikuni então que não tenha nenhum vestígio de hanafuda andando por aí.
Yoriichi mencionou revirar os olhos.
- Me desculpe, não quis ofender.
- Não se preocupe, eu entendo.
Estando frente a frente com seu cunhado, notou que havia sim uma grande diferença entre ele e o marido. Yoriichi parecia procurar algo acima dela constantemente e Michikatsu a olhava nos olhos concentrado em domar uma serpente. O mundo transparente a ele atribuído na adolescência, embora assustador, foi fácil de lidar, era só manter a aura e energia fria assim como sua espada.
- Prometo não tomar seu tempo, Hana. Quero apenas ser útil para alguém próximo a mim.
- Por favor, fique o tempo que quiser. Os meninos te adoram. E sinto muito por sua família - pousou suas mãos na dele.
- Obrigado.
**
Ainda sofrendo com a dor da perda, a visita de seu antigo Mestre foi ótima para lhe dar uma pitada de esperança.
Soube ali que Rengoku também trocava cartas com Hana - um homem muito prestativo - o melhor elogio que via no Mestre, e como ele sempre dizia para aquecer seu coração, quem na verdade fez isso foi o próprio Munjuro.
- Suyumaru! Minoru!
Os dois meninos encheram o peito esperando as ordens na manhã seguinte e achou aquilo divertido.
- A partir de agora, serei o Mestre de vocês!
- Sim Senhor!
- Minoru, me mostre o que sabe fazer com a espada.
O garoto pegou a sua de madeira - presente de Munjuro - e começou a girar com ela, sempre fazendo movimentos de meios círculos e golpes rápidos como se segurasse uma esgrima - "droga, a Respiração da Lua" - Pensou.
Ele conhecia os movimentos do irmão, mas não respirava friamente como ele. Seu ar quente no corpo não condizia com os movimentos da Lua que eram muito leves como a própria Respiração das Flores. Mas olhando o menino abriu um leve sorriso no rosto ao pensar que o irmão adorava treinar com o Mestre Koji e logicamente, queria passar suas habilidades para os filhos.
- Tá legal, vou ensinar para vocês tudo que sei das técnicas do seu pai - mais uma vez teve que deixar de lado a Respiração do Sol.
As crianças se animaram, Minoru não se importava ou não entendia a gravidade que foi o pai se tornar um oni, mas sentia falta dele e o importante era manter sua memória viva.
**
Os dias foram passando e Yoriichi consertou o telhado da casa, ampliou a plantação de Hana colocando cerca e afastando pragas, além de ensinar as crianças a cortar lenha para o fogo. Treinava os meninos intensificando as atividades a cada mês, fazia eles descer e subir a montanha junto dele correndo.
- Mantenha a respiração!
O pequeno Suyu respirava com dificuldade.
- EU VOU MORRER!
- Vai não, vamos! Um dois, um dois! Prende o ar e solta no três.
- QUE TRÊS?
- Exatamente! Não tem três! Vamos!
Minoru conseguia controlar e ria das piadas do tio - "deve ter aprendido com o Mestre Rengoku" - na corrida, permanecia ao lado do irmão para socorrê-lo se precisasse.
Aprenderam a se exercitar e deixaram o cabelo crescer, pequenos guerreiros fora do Templo dos Caçadores.
Diferente do sistema centralizado de mestre-vassalo usado no período Kamakura, o Xogunato Ashikaga substituiu os mestres pelo sistema descentralizado dos daimyos (senhores feudais locais), e o poder militar dependia em grande parte da lealdade desses daimyos. Na cidade que vendiam ou trocavam as verduras por roupa e ferramentas, haviam dois senhores feudais cegos pelo novo regime. Então, todo cuidado precisava ser tomado para os senhores não encontrá-los e levá-los para servir.
- Quais as regras do Esquadrão?
- Todo caçador ganha sua espada depois de muito treinamento aos 15 anos - responderam em coro - É proibido os caçadores brigarem entre si; O caçador que não quebrar sua espada por um ano ganha uma semana de folga; O Mestre dos Kisatsutai deve ser respeitado e ter a identidade mantida em segredo; O caçador que estiver em situação de perigo eminente a transformação de um oni deve tirar a própria vida, pois o Templo dos Caçadores não pode ser descoberto; A hierarquia no Esquadrão é o maior dever a ser respeitado por um caçador; O caçador com parentesco ou discípulo que se tornar um demônio deve cometer seppuku… - essa balançou Minoru.
- Tudo bem, chega… Vocês sabem muito bem como um espadachim deve manter a disciplina e isso já é o bastante.
Hana acompanhava os treinos assistindo da varanda com um sorriso genuíno, agradecia sempre que podia pela presença do cunhado que era um extremo cavalheiro e respeitoso com ela.
O tempo também foi determinante para Yoriichi saber quem observava a família que Hana tanto falava. Ele era um Hashira, então não foi difícil ver a sombra de um Oni rondando longe da casa, como também outros Caçadores e kakushis.
**
- Veja, um kakushi na fila para trocar o leite - murmurou.
- Sério? Quem? - Sem disfarçar, olhava para o fim da fila que as pessoas faziam por suas verduras.
- Um senhor barbudo. Hana! - cutucou - Controle-se!
- Desculpe, mas porque eles estão aqui?
- Faz um tempo que estão nos observando… - estendeu batatas para o senhor e pegou duas jarras de leite - Bom dia senhor! Tenha uma boa refeição! - O velho reverenciou e saiu devagar sem antes olhar para trás de novo sendo encarado por Yoriichi.
- Acho que o Templo não quer perder assim um Tsugikuni como pensa.
Grr. Hana ficou irritada com aquela perseguição sem sentido.
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Prestes a Minoru completar 15 anos, estava na hora de deixar o novo homem da casa cuidar de tudo, ele já tinha a capacidade de proteger a família de um possível ataque de Oni e cuidar da casa e plantio.
Mas claro, ao passarem mais uma vez as regras do esquadrão, eles perguntaram de suas espadas e para um homem defender a casa de um Oni precisava de uma nichirin. Principalmente para aquele Oni que começou a rondar a casa.
Yoriichi saia à noite para caçá-lo, mas nunca conseguiu o feito, como também passava a noite em claro esperando qualquer ruído, mas nada lhe chamava a atenção como relances da sombra dele sumindo com o dia raiando.
Com kakushis e outros caçadores pelas redondezas, poderia sair e buscar o que tanto seus sobrinhos queriam e sabia quem era a pessoa certa que faria de bom grado para ele. Tranquilizou Hana antes da viagem e ao passar pela cidade intimou um kakushi que o seguia, pegou ele pelo quimono e o prensou em um muro, fazendo as pessoas olharem assustadas.
- Não me siga!
- Eu tenho ordens!
- E eu não sou mais caçador, esqueceu? Eu mesmo mato você!
- Antes, chamo os Daimyos para aqueles moleques - deu um sorriso maléfico e Yoriichi o soltou golpeando no estômago. O kakushi, fraco, começou a tossir e se contorcer.
- Se quer seguir alguém, siga o oni que ronda a casa de Hana. Tenho certeza que como parte do esquadrão já o viram por lá e se estão aqui - puxou o cabelo do rapaz que gemeu de dor - é para vigiar os Tsugikuni, não é? O Mestre Joshiya ainda está vivo? Mande meus agradecimentos.
Bateu a cabeça do kakushi no muro antes de partir e se virou para ele de novo - E NÃO ME SIGA MAIS, NEM VOCÊS! - Virou para algumas mulheres que seguravam cesta de roupas - outras Kakushis - elas se assustaram e afirmaram com a cabeça.
Pela periculosidade da situação, não poderia demorar com a viagem e também seria fácil mais kakushis ou caçadores lhe encontrarem no caminho, afinal a Vila dos Ferreiros era como uma segunda casa para eles.
Adentrando a Vila, já tinha certeza que o Templo sabia que estava por lá então não queria demorar e torcia para seu ferreiro ainda estar vivo.
Subindo o pequeno cume de escadas, notou que a casa dos Haganezuka aumentou de tamanho como também de pessoas, homens e mulheres andavam pelo quintal com suas máscaras de Tengu - "que droga" - não esperava ver tanta gente - "ninguém vai me atender" - pensava e com vergonha deu meia volta para sair dali.
- Eu achei que não te veria nunca mais - uma voz velha e rouca veio de longe, era a voz que queria ouvir, o quarto e último filho vivo do velho Haganezuka impediu sua ida.
- SENHOR HAGANEZUKA! - Como uma criança que um dia foi, correu para abraçar o ferreiro.
Todos ficaram olhando para eles e depois de um leve aceno do ferreiro, seguiram suas tarefas.
- Não se preocupe com eles, somos apenas ferreiros, não fazemos parte do Esquadrão.
- Obrigado Senhor Haganezuka.
- Por favor, me chame de Hiroki.
- Achei que os homens de Tengu não falavam o primeiro nome.
- Ah eu não ligo muito para isso… Venha, vamos conversar lá dentro.
Entre um gole de chá e outro, Yoriichi contou sobre sua luta com Muzan e como a espada ficou vermelha e claro, mostrou para o ferreiro que ficou admirando sem tocá-la.
- Mas o que te traz aqui meu Pequeno?
- Preciso de duas espadas - pediu com timidez.
- Ah é claro, imagino que seja para o Suyuzinho e Minoru não é?
- Sim! Saíram daqui sem nada, são filhos de um ex-caçador, precisam de uma nichirin.
- Não prometo que ficará pronta hoje para levá-las, estamos sem o aço. Mas me informe onde está morando que eu mesmo levo.
Muito agradecido, passou o endereço e se despediu do velho ferreiro. Mal sabia ele que o tratamento de boas vindas não foi só pelo ferreiro gostar muito dele, mas sim por ordens do próprio Mestre Joshiya.
**
De volta a cidade de Hana e aliviado por todos estarem bem, levou 20 dias para o novo patriarca dos Haganezuka subir a montanha com seus sinos de glicínias e chapéu de palha carregando dois embrulhos.
Os meninos comemoraram mais do que nunca, mas só abriram as espadas depois da refeição. Hiroki se emocionou vendo a alegria das crianças e como era impressionante a domação delas com as espadas de madeira.
- Você fez um belo trabalho.
- Obrigado.
- Mas não é o Sol, não é?
- Não… Eles aprenderam a Lua como o pai, só falta concentrar a respiração em modo constante, mas eles conseguem.
- É claro, são dois Tsugikuni - por baixo da máscara o velho sorria e lacrimejava lembrando dos tempos de Tayoumaru e Minoru quando caçador.
Lembrou também do dia que brigou com Minoru após a luta com Tokimune, achou que o caçador mentia e foi o culpado pela morte de Go. Não deu tempo de se desculpar com o caçador, aquela viagem marcou todos no Templo.
- Muito bem crianças - chamou o ferreiro - Vamos ver se estão prontos para apanhar uma nichirin.
Ao abrir a caixa, as duas eram iguais, punhal branco com um guarda-mão geométrico dourado. Decidiram tirá-las da caixa juntos de olhos fechados e sem surpresa nenhuma, as duas ficaram extremamente brancas.
Hana ficou emocionada se lembrando do marido e Yoriichi orgulhoso pelos dois alcançarem o nível de caçador. Seu trabalho estava acabado, poderia partir para a casa com tranquilidade. Então começou a prepará-los para a despedida.
Partiu para sua casa depois de um mês sem antes repassar os treinos e as tarefas braçais para os dois. Mesmo com muita insistência de Hana e das crianças, ele queria viver sozinho. O tempo ali não supriu sua saudade e solidão, talvez o impediu de cometer um suicídio, mas ainda assim sentia falta do ar da montanha que morava com Uta.
Se despediu com abraços calorosos prometendo visitá-los e lhes enviar cartas.
Quando o sol se pôs, Hana como sempre, recolheu tudo rapidamente e fechou a casa, mas na madrugada seguinte escutou uma leve batida na porta e aquela voz baixa chamando seu nome idêntica a Yoriichi, a fez pensar que ele esquecera alguma coisa.
Abriu e o sorriso frio e olhar sério paralisou seu corpo, Michikatsu estava com o mesmo rosto e roupas do dia que partiu.
- Achei que ele não fosse embora - tentava sorrir.
O coração de Hana iria sair pela boca sem antes desmaiar por uma mistura de medo, felicidade e saudade.
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