Shinobu organizou uma reunião com muita comida para todos os amigos, hashiras e as Caçadoras das Flores, como a Mansão Borboleta era um centro médico, Muichiro concedeu sua casa no alto da colina do Quartel. A Mansão da Névoa foi a última a ser construída e é a mais moderna, a primeira mansão a receber direto na construção, aquecedor e encanamento. Também é muito bem iluminada repleta de janelas enormes que dava a vista para todo o Quartel.
Todos estavam muito contentes pelos três Tsugukos e celebravam a nova classe Kinoto deles pelo combate em Yoshiwara junto da recuperação.
- Dessa vez alcancei você, engomadinho! - provocava Inosuke para Murata.
- Ainda sou seu superior! E meu nome é MURATA!
O centro da sala estava rodeado pelos jovens, enquanto os Hashiras trocavam bolo e chá apoiados na janela da Mansão, aproveitavam aquele momento como uma tarde de chá, assim como ensinou o Mestre. Pelo trabalho de prioridade alta, era proibido bebidas alcoólicas. Himejima observava todos muito emocionado - “todos tão jovens” - vinha seus pensamentos em meio a lágrimas de alegria - “consigo sentir por essas vozes tão alegres”, um clima harmonioso.
O assunto entrou nas espadas e Inosuke notou que Genya não tinha uma.
- Ei Genya, cadê sua espada?
- Ele é do Esquadrão das Armas, - Respondeu Tanjiro - por isso não tem espada… Por que você tá longe da gente? Senta aqui, tem mais bolinhos.
Genya estava sozinho e tímido longe dos jovens e mais próximo dos Hashiras. Ele fez uma cara feia que deixou todos curiosos.
- Nem que me paguem eu sento perto de você, ESQUECEU QUE QUEBROU O MEU BRAÇO?
Inosuke caiu na gargalhada - CARAMBA, O TANJIRO BATE EM TODO MUNDO!
- Mas isso foi culpa sua mesmo, Genya. - Respondeu sorrindo e de olhos arregalados como se estivesse provocando o interior de Genya - você bateu numa garota.
- PARA DE ME CHAMAR PELO PRIMEIRO NOME, NÃO SOMOS AMIGOS - Ele estava nervoso, mas respondeu se sentando perto dos quatro amigos fazendo todos rirem discretos.
- Esse bolinho de arroz, ta uma delicia, quer um? hum… - Sentiu um cheiro estranho vindo dele.
- O que foi?
- Nada, você tá bem?
- Tô ótimo. Qual é a sua hein?
Tanjiro continuou fitando o caçador sem deixar de prestar atenção na conversa, ele considerava Genya pelos dois participarem da mesma seleção final. O assunto foi se dissipando até cada um apresentar suas espadas, Zenitsu ganhou sua nova espada do mesmo ferreiro do Mestre da Respiração do Relâmpago que treinava no Esquadrão. - Devo muito ao Sr. Toyohara - dizia ele de boca cheia - deixou com o mesmo punhal e guarda mão do vovô.
- Ele é tio do Kanamori, não brigou com você? - Perguntou Inosuke.
- Ah não, ele estava muito tranquilo.
- Já percebeu que tudo pra você é de mão beijada?
- Idiota...
- Dizem que a espada amarela treme muito, é verdade Sr. Agatsuma? - Perguntou Kyo.
- Sim, tem que ficar sempre dentro da bainha.
- As espadas rosas são perfumadas - comentou Kanao e todas as caçadoras das Flores confirmaram.
As espadas passavam de mão em mão admiradas por todos, inclusive as novas de Inosuke que sempre ficava às seguindo para ninguém se cortar e com ciúmes delas, é claro.
- Como é a sua espada, Mestre Tokito? - Perguntou Zenitsu.
- Pesada.
- Pesada? - Perguntou Murata curioso - É realmente o oposto da preta então? A espada do Tanjiro é muito leve, parece de brinquedo.
- Nossa, é verdade! - Comentou a caçadora Shinoe que acabara de pegar na recém moldada espada preta.
Murata estendeu as mão para ela para mostrar, e ele pegou a espada com o polegar e dois dedos e começou a balançar como se fosse um pedaço de papelão.
- IMPOSSÍVEL! - Exclamou Aoi de boca aberta. - Me dê! - E surpresa, aquela arma parecia mesmo de mentira. - Por que ela tem essa mancha?
- Ah, essa é uma espada antiga do Mestre, ele pediu para o Sr. Haganezuka concertar, ela tinha uma mescla vermelha e ficou assim.
Tanjiro contou brevemente seu encontro com o Mestre na cabana e sobre a história da espada. Ninguém deu muita importância já que o próprio caçador também não acreditava tanto na linhagem do caçador do sol, até comentar sobre os brincos de hanafuda.
- Então esses brincos são passados por gerações? - Perguntou Muichiro.
- Sim, meu pai usava e meu avô… Diziam que dá sorte e afasta maus espíritos.
- Eu tenho um desse, mas é um pouco amarelado, e não branco. Senhora Amane que me entregou, disse que o Quartel guardou há muitos anos e que era da minha família.
- Era a família Tsugikuni?
- Sim. - Muichiro respondia tudo calmamente e com o olhar vago distante.
- NOSSA! É a mesma família da espada!
- CARAMBA, VOCÊS SÃO PARENTES! - Comentou Inosuke rindo.
- É CLARO QUE NÃO - Os dois responderam em coro.
- Por que estão irritados?
Todos na rodinha começaram a rir, Muichiro e Tanjiro tinham os mesmos trejeitos de irritação, nem os Hashiras esconderam o riso.
A espada de Tanjiro passeava de mão em mão em meio às provocações de parentesco com o Hashira da Névoa. Uma caçadora das Flores brincou tentando equilibrá-la pela lâmina e Tanjiro teve que tomá-la de volta para ela não se machucar. - Desculpe… - Pediu ela tímida vendo a cara irritada do caçador.
- Como é o peso da sua espada Mestre Tokito? - Perguntou Murata.
- Bom… Só eu posso levantar, mas se eu tirar da bainha tudo vira névoa. - Respondeu se levantando - Mas tem a do meu irmão…
Em direção a um altar que ficava no corredor para os quartos, apanhou uma espada idêntica à que carregava. Ao tirar da bainha, muitos ali presenciaram pela primeira vez o brilho da espada branca. Uma nuvem flutuante, um pedaço de seda muito bem lavado, não sabiam descrever, e acompanhada pelo raio de sol que entrava no entardecer parecia uma joia recém polida.
- Posso segurar? - Muichiro assentiu e estendeu a mão.
Murata se levantou saltitando e confiante, iria ser o primeiro a segurar uma espada tão brilhante. Segurando firme com a mão esquerda só a soltou quando Murata fechou o punho. Ele foi ao chão junto com ela pela força que seu braço caiu - COMO ASSIM É PESADA DESSE JEITO? - Tentou se levantar junto com ela, mas o máximo que conseguiu foi arrastá-la arranhando o piso da Mansão.
Muichiro sem surpresa nenhuma voltou para seu lugar.
- Só minha linhagem pode levantá-la - comentou tranquilamente tomando um copo de chá.
- ENTÃO VAI LÁ TANJIRO! VOCÊ É PRIMO DELE! - Chamou Inosuke fazendo um coro de riso na sala.
- EU NÃO SOU PRIMO DE NINGUÉM!
- Então quer dizer que você é um fraco? - Provocou grudando seu rosto no do amigo.
- FALA ISSO PRA VOCÊ TAMBÉM!
Em meio às piadas, Tanjiro se levantou e pegou no punhal da espada, como os outros, ele só conseguiu arrastá-la. Dobrou os joelhos e colocou toda a força nas pernas, que conseguiu tirar a ponta da espada do chão - VAI TANJIRO VOCÊ CONSEGUE! - Ele já estava vermelho - TANJIRO! TANJIRO! TANJIRO! - Mas travado, foi levado ao chão como uma estátua vencida pelo peso.
- FRANGO! - Provocou Inosuke
- VOCÊ TAMBÉM!
- LUTA COMIGO ENTÃO!
- PRA VOCÊ APANHAR DE NOVO?
- hihihi, o Tanjiro está irritado - murmurou Shinoe com a mão na boca para Kanao que balançava a cabeça sem tirar os olhos do caçador, parecia hipnotizada - é engraçado.
- Chega… Chega - Pediu Shinazugawa puxando os ombros de Inosuke - Já anoiteceu, você vem comigo.
- Nem no meu aniversário eu tenho folga?
- É claro que não.
Se despediram com o Hashira arrastando Inosuke e os outros aproveitaram para fazer o mesmo. Muichiro se levantou e pegou sem dificuldade a espada no chão para guardá-la, deixando todos os homens de braços cruzados e cara amarrada.
- É… Parece que vocês não são dignos - comentou Zenitsu.
- O QUE?
- “O que” o que? Não conhece a lenda de Thor? - Ele olhou ao redor, todo mundo fitava ele ofendido - Fala sério, difícil ser extrangeiro neste país…
- Ei Zenitsu - chamou Shinoe saltitando - temos uma missão juntos hoje em Wakayama!
- Ah, eu não quero não.
- E quem disse que você tá na posição de escolher? - Respondeu Murata agarrando no braço direito do amigo e Shinoe aproveitou para pegar no outro. - Vamos juntos hoje, não vai ser legal? Uma caçadora da pedra, um da água e o outro do Relâmpago! - De sorriso largo passava a mão em um título invisível.
- Fantástico!
Para Zenitsu só restou revirar os olhos.
Já Tanjiro, não tinha nenhuma missão agendada naquela noite e estava ajudando Aoi com a organização da casa. Muichiro teria de voltar para o posto na Vila dos Ferreiros, mas observando o caçador, chamou ele para lhe acompanhar.
- É claro Mestre Tokito, o que aconteceu?
- Seu ferreiro está desaparecido.
- E VOCÊ SÓ ME DIZ AGORA?
- Por que está irritado?
- Me desculpe… - Se acanhou - Estou procurando ele há dias, quero agradecer pela espada.
- Bom, eu também… Soube que seu olfato é bom, pode farejar. - O comentário não foi por maldade Tanjiro não sabia se agradecia ou se o corrigia.
- Por acaso… Aconteceu alguma coisa?
- Eu suspeito que sim. Meu ferreiro faleceu sábado passado, outros ferreiros disseram que ele foi assassinado, então fui investigar. Chegando na Vila no dia seguinte seu ferreiro não havia voltado para a casa. Iremos procurar pelos dois, embora eu acredite que o meu ferreiro tenha morrido de pura velhice.
Aquele tom de voz era tudo muito estranho para Tanjiro, Tokito estava sério e não sentia nenhum cheiro de maldade ou ao menos preocupação. Sentia como se o Hashira estivesse cumprindo apenas um compromisso de agenda.
**
Os dois seguiram pela estrada de terra que ligava a Vila em silêncio, agora estava sendo pavimentada então alguns pontos estavam ligeiramente iluminados.
- Por que se importa tanto com as pessoas? Não tem nada que você prefira fazer para você mesmo? - Perguntou Tokito repentinamente e ele sentiu que a pergunta se direcionava para Genya.
- A vida sempre recompensa as boas ações - Respondeu orgulhoso de si mesmo - Então quando ajudo os outros também estou me ajudando.
Estranhamente, aquela frase fez Tokito se lembrar de algo.
Os dois agora se tornaram meras sombras no caminho para a Vila, a noite penetrava como nunca antes na primavera e pequenas rajadas de vento faziam os dois por vezes abaixar o rosto direto para seus pés.
Poucos metros antes da entrada Vila, Tanjiro fungou o nariz.
- Tem mais alguém aqui! - Pegou na espada.
- Sim, tem mesmo.
Não havia neblina, eles olharam ao redor em sincronia e ao voltarem para frente, de repente uma silhueta da altura deles apareceu há pouco mais de 10 metros.
- “Um Oni!” - Tanjiro se posicionou - “O cheiro dele é diferente!”
Não deu tempo de acionar Tokito, o Mestre da Névoa já formava seu golpe tirando a espada da bainha, Tanjiro não enxergou nada, mas ainda sentia o cheiro do Oni.
Tokito deslizou com os joelhos até o pescoço do Oni - Respiração da Névoa: Iryūgiri - sua posição era perfeita e precisa, sentiu o corte da espada, mas não ouviu nenhuma cabeça rolar. O Oni saltou antes para uma árvore rindo.
- Conseguiu me pegar? - Debochava Hantengu - Bom, nem tanto não é mesmo? - O corte na testa já havia se curado.
- Uma Lua Superior? - Perguntou Tokito ainda de costas para o Oni.
- “Eu não to vendo nada!” - MESTRE TOKITO?
- Estou bem… E quem é você?
Tanjiro seguiu a voz suave do Hashira e o cheiro do Oni - Respiração das Chamas - Estava ardendo com confiança fez a sétima forma das Chamas e do Sol. Segurando firme a espada, a ponta da lâmina encontrou o alvo em um giro, Hantengu caiu da árvore e Tokito só precisou impulsionar a espada.
Sua cabeça foi cortada sem nenhuma dificuldade.
Tanjiro já havia presenciado aquele tipo de cena, e não baixou a guarda. - MESTRE TOKITO, NÃO GUARDE SUA ESPADA - Gritou imediatamente em que a névoa se foi.
- O que? - Confuso - Por quê?
- MESTRE TOKITO! - Tanjiro tentou segurar o Hashira afastando do Oni caído no chão, mas os dois foram arremessados.
Hantengu havia reaparecido nas costas do Hashira - kekkijutsu - serpentes de pedra saíram debaixo dos pés do Oni fazendo tudo tremer e jogando os dois em direções opostas, com Tokito sendo arremessado aos céus e Tanjiro arrastado no meio da mata.
**
- Estive procurando por você - Começou Hantengu caminhando até Tanjiro enquanto ele se levantava com dificuldade - Meu mestre lhe enviou um presente especial.
- NÃO QUERO NADA QUE VENHA DE VOCÊS - Se posicionou novamente e o Oni estava bem em sua frente a poucos metros de distância, carregava um trouxa ensanguentado. - NÃO QUERO NADA QUE VENHA DE MUZAN.
Tanjiro não sabia se sentia raiva pela provocação ou se ficava curioso com o cheiro vindo da trouxa. Hantengu emanava uma presença muito diferente de Daki, ele parecia mais ordenado em seus passos e até mesmo falas. De fato era uma criança, mas uma criança amaldiçoada e muito perigosa, não sabia se ele se igualava ao cheiro de Akaza ou mesmo até sua força. Fitou seus olhos. Superior 4. - “Droga! As numerações estão cada vez mais próximas, só que agora eu to sozinho… Não! Não! Você consegue Tanjiro, você já fez isso!”.
- Medo? Eu também sinto cheiro de medo, sabia? Mas… Que tal açucarar um pouco esse medo?
Ele jogou o saco para o alto em sua direção, estava aberto e nele saiu um globo preto. Aquilo rolou e quando chegou em seus pés Tanjiro viu os cabelos longos, nariz arrebitado e um olho cortado.
Seus pés tremeram e sentiu que ia desmaiar com o cheiro. Aquele cheiro era conhecido, aquela cabeça e rosto embora nunca tenha visto carregava um cheiro especial que estava procurando há semanas. Era seu ferreiro. A cabeça de Hotaru Haganezuka.
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