1. Spirit Fanfics >
  2. Dependence (Em revisão) >
  3. Do I deserve this, universe?

História Dependence (Em revisão) - Do I deserve this, universe?


Escrita por: kaisooisreal

Notas do Autor


Oioioi
demorei mas cheguei ^^ (na real, nem demorei, mas deixa quieto)
Então, sobre esse capítulo...ele não está nem tretoso nem sem graça, mas eu, particularmente, gostei dele :3
antes estava MUITO palha, e eu estava bem desanimada, mas eu decidi colocar umas 2000 palavras a mais seria melhor do que um capítulo entediante, então, como podem ver, ele está maior que o anterior.
Eu não sirvo pra padrões, então se eu for dar uma média do tamanho dos capítulos, eles vão estar entre as 3000 e as 8000, então, né :P
Vou calar a boca
Boa leitura! XOXO

Capítulo 3 - Do I deserve this, universe?


Acordei com a luz do sol que entrava pela janela me cegando e, por um momento, perguntei-me onde estava, já que o sol não alcançava minha cama tão diretamente. 

Virei o rosto com os olhos ainda levemente fechados e vi uma mão na minha frente, subi o olhar pelo braço a que ela pertencia e me deparei com o rosto adormecido de Seokjin quase fora do colchão, assim como seu braço e sua mão que já se encontravam quase no chão.

Após encarar seu rosto por um tempo, levantei-me e fui até as cortinas com planos de fechá-las e voltar a dormir, quando vi meu telefone vibrar no chão, e me dirigi até ele, pegando-o e olhando na tela quem me ligava.

Yoongi.

— O que você quer, Suga? — Atendi sem cumprimentar.

Quero a mesma coisa de todos os malditos dias: que você desça sem reclamar e com uma aparência decente, não com essa cara de "sou imbecil e acabei de acordar" que você sempre tem de manhã. — Ele respondeu com o tom levemente ríspido, mas eu não liguei, sempre falávamos assim um com o outro.

— Calma, docinho. — Eu disse, sorrindo debochado. — É que normalmente não é você que me liga, só fiquei honrado em ouvir sua amável voz ao acordar.

Cale essa boca irritante, RM. — Ele respondeu, sem humor aparente na voz, apenas seu tom desinteressado usual. Não que isso dissesse muito, ele provavelmente usava esse tom até transando. — Tae está sem créditos como sempre e Hope perdeu o telefone ontem, então eu tive que gastar meu precioso tempo e meus preciosos bônus pra te ligar, seu inútil. Desça logo.

— Não seja tão agressivo, meu amor. — Eu fiz um bico, divertindo-me imaginando a expressão zangada de meu amigo. — Vou demorar um pouco mais hoje, em cinco minutos eu desço.

Desliguei sem esperar que ele respondesse e me virei para minha cama, com a intenção de acordar o ser vivo que dormia ali, o que me deu um susto, porque, quando me virei, ele estava sentado sobre as pernas, olhando-me meio perdido e sonolento.

— Com quem estava falando? — Ele perguntou, com a expressão inocente de quem acabou de acordar.

— Com Suga. — Ele me olhou, virando a cabeça, como se dissesse que não havia reconhecido o nome. — Fala sério, ele é da sua classe, como não o conhece? 

— Da minha classe…? — Ele virou mais ainda a cabeça, formando um leve bico com os lábios carnudos, parecendo pensar. — Não tem nenhum Suga na nossa classe. — Ele concluiu, olhando-me como se perguntasse o que fazer a seguir, como se realmente se importasse em saber quem era Suga. Talvez se importasse mesmo, do jeito que ele era.

— Aish. — Bati em minha testa, fechando os olhos. — Min Yoongi, você o conhece, não? — Perguntei olhando para ele.

— Ah! — Ele bateu as mãos e apontou para mim com os olhos brilhantes. — Esse eu sei quem é.

— Esse é o Suga. — Eu disse olhando para ele, desacreditando naquela criatura. Todo mundo chamava Yoongi pelo apelido, como ele poderia ser tão aéreo? — Você nunca ouviu as pessoas chamando ele assim?

— Quem sabe. — Ele deu de ombros, olhando-me com os olhos bem mais acordados. — Não gosto da forma como vocês abandonam o próprio nome e só se apresentam ou atendem por apelidos, não presto muita atenção neles, gosto de chamar as pessoas pelo nome.

Eu ergui a sobrancelha para ele, e ele apenas continuou me encarando sem expressão no rosto.

— Por isso que só me chama de Nam… — Ele me interrompeu com um grito ao olhar o relógio na mesa de cabeceira.

— Já são dez pras nove! — Deu um pulo da cama, indo até mim. — Temos menos de dez minutos para chegar na escola!

— Eu ia te chamar, mas você ficou me distraindo. — Eu fui até meu guarda-roupa, pegando meu uniforme extra e entregando a ele. — Vista isso rápido, os garotos estão esperando lá embaixo.

— Ok. — Ele acenou com a cabeça, pegando o uniforme um tanto afobado e indo até o banheiro, fechando a porta em seguida.

Peguei o uniforme que havia usado no dia anterior e comecei a retirar a calça e a blusa de moletom, colocando a calça do uniforme em seguida. Eu estava procurando minha camisa pelo chão do quarto quando Seokjin saiu do banheiro, vestido com meu uniforme do modo mais corretamente possível, visto que os três botões de cima não estavam mais lá e eu não havia lhe entregado a gravata.

Ficamos por alguns segundos nos encarando e ele prendeu a respiração, corando, virando o rosto logo em seguida e esticando o braço, oferecendo-me uma peça de roupa branca.

— Estava no banheiro. — Ele disse baixinho. — Era isso que estava procurando?

Caminhei até ele apenas com a calça do uniforme, achando engraçado sua afobação. Éramos dois homens, não éramos? Não havia porque ficar envergonhado. Peguei a peça de sua mão e a vesti, abotoando até o penúltimo botão.

— Eu havia esquecido que esse uniforme estava assim, desculpe. — Comentei olhando para o exagero no "decote" da camisa que ele vestia, vendo um medalhão retangular com algo gravado que eu não identifiquei. — Você não pode ir assim. — falei, vendo-o assentir discretamente.

Fui até meu guarda-roupa e peguei uma camisa estampada, entregando a ele e vendo-o ir até o banheiro, depois peguei meu blazer da cama e o vesti, batendo na porta do banheiro e avisando que fosse até a sala depois para irmos em seguida, recebendo um "okay" abafado como resposta.

Desci até o mesmo destino que havia indicado a ele e peguei minha mochila, ouvindo Seokjin descer os degraus rapidamente.

Ele saiu antes da casa e eu me virei para trancar a porta, descendo em sua frente pela escada da porta da frente até o portão, onde os garotos estavam.

— Você disse que desceria em cinco minutos mas desceu em dez! — Fui abordado por Suga logo ao sair do portão, seu dedo indicador quase indo de encontro com meu olho. — Posso saber o motivo dessa... — sua voz foi morrendo ao olhar para trás de mim, onde Seokjin se encolhia sem saber o que fazer diante da birrinha de meu amigo.

Suga olhou para mim com as sobrancelhas curvadas, desacreditando no que via. Tae tinha a mão sobre a boca e olhava do garoto de cabelos castanhos para mim, como se tentasse entender o que estava acontecendo. Hoseok só encarava Seokjin com a cara de idiota.

— O que... — Yoongi começou, curvando ainda mais as sobrancelhas, eu havia esquecido completamente que meus amigos não faziam ideia do que estava acontecendo e, sendo que eu não gostava de Kim Seokjin, era no mínimo estranho se deparar com essa situação.

— O que foi? — Eu encarei Yoongi com o semblante despreocupado, antes de começar a andar na direção da escola, sendo seguido por Seokjin e, logo em seguida, por meus boquiabertos amigos. Eu iria explicar depois, não estava nem com cabeça e nem com paciência para contar toda a história, eu só pensava em como Seokjin havia parecido incomodado quando Suga levantou a voz, e eu havia agido o mais rapidamente possível para tirá-lo daquela situação.

Não me pergunte porque fiz isso. Eu não sei.

Seguimos caminho comigo na frente enquanto Seokjin me seguia de perto e Suga um pouco mais atrás à minha esquerda, encarando-o desconfiado, e o casal chiclete andava atrás de nós, com um Hoseok ainda sem falar (um milagre digno do livro de recordes: Jung Hoseok ficou três minutos inteiros acordado sem abrir a boca) e um Tae com a expressão confusa, aos poucos passando para uma um tanto mais maliciosa.

— Mas quem diria... — Taehyung começou e eu pedi silenciosamente que ele calasse a boca. O que quer que ele fosse falar, não seria agradável, nem pra mim e muito menos para Seokjin. — Quer dizer que isso é ódio, hyung? — Ele deu uma risadinha. — Da próxima vez que eu disser que não gosto de alguém, tenho que levá-lo pra cama também?

Eu me virei e vi Seokjin todo vermelho, com uma expressão de quem quer se enfiar num buraco. Fuzilei Tae com o olhar, num aviso silencioso para que calasse aquela maldita boca, e ele realmente a calou, mas Suga continuou seu trabalho.

— O Joon sempre disse ser hétero... — Ele chegou perto de Seokjin e passou o braço ao redor do ombro dele (ou tentou, já que Yoongi era bem mais baixo). — Mas eu sempre achei que era conversa. — Ele deu um sorrisinho de lado, que seria angelical se não fosse aquela aura de perversão que meu amigo carregava no momento. — Me diga — ele disse sorrindo e se aproximando mais de Seokjin, que se afastou um pouco. — Como você conseguiu levar esse cabeça-dura para a cama?

Seokjin arregalou os olhos, Yoongi não tinha como saber, mas eu via o pavor nos olhos dele. Ele não sabia o que dizer ou fazer.

Não pensei bem no que fiz a seguir, mas tudo o que se passou pela minha cabeça foi que eu tinha que tirar aquele idiota de perto de Seokjin, ou ele teria um ataque. E eu também.

Yoongi arfou surpreso quando eu o puxei pelo ombro, afastando-o do garoto. 

— Vão na frente. — Eu o empurrei levemente, o suficiente para afastá-lo mais meio metro. — Não é nada do que estão pensando, depois eu falo com vocês, mas, por agora, vão na frente, eu encontro vocês mais tarde. — Encerrei e vi apenas parcialmente quando meus amigos se afastavam rapidamente dali. Eles sabiam quando eu estava falando sério, não me incomodariam com isso até eu contar.

— Você está bem? — Perguntei, tentando encontrar seu olhar, mas sem sucesso, visto que ele estava com a cabeça abaixada para não precisar olhar pra mim. Suspirei e o puxei até a mureta baixa de uma casa qualquer, sentando-me ali logo após ele. — Não vai falar comigo? — Perguntei, abaixando a cabeça novamente e tentando manter contato visual com ele, fracassando outra vez. — Que sensação de déja vu. — Comentei, apoiando-me com as mãos na mureta e jogando a cabeça para trás. — Não passamos por isso ontem? — Perguntei, sorrindo de lado e vendo-o levantar o olhar para encontrar o meu de forma tímida e sorrir minimamente. — Se acalmou? — Perguntei, recebendo um aceno de cabeça como resposta. — Quer comer alguma coisa? — Ele me olhou com os olhos interrogativos e acenou com a cabeça novamente. — Não vamos conseguir chegar a tempo mesmo, já que você não consegue correr. — Ele me olhou confuso quando me levantei. — Pensa que eu não percebi que está mancando desde ontem? Você faz careta pra andar, não quero nem ver se tentar correr, não quero te carregar pra enfermaria ou algo do tipo. 

Ele ficou envergonhado e eu comecei a andar, chamando-o e o vendo me acompanhar afobado logo em seguida.

— Você parece uma lesma, anda logo. — Eu falei, andando à sua frente. — Já foi no Wu's? — Ele me olhou interrogativo e balançou a cabeça negativamente. — O gato comeu sua língua? — Perguntei, rindo ao ver ele ficar vermelho.

— Não… — Ele respondeu e eu ri. Ao contrário da imagem intocável que ele sempre passava, que eu estava cada vez mais convencido de ser uma máscara, este Seokjin que eu estava conhecendo era infantil, facilmente irritável e ingênuo. Não sei por que, mas preferia-o assim. Sei lá, ele parecia mais… humano.

E mais fofo também. 

Mas eu só admiti isso para mim mesmo depois de muito tempo.

— É ali. — Apontei para a cafeteria que ficava a dois quarteirões de nossa escola. Um lugar não muito grande, mas que também não podia ser considerado pequeno, com um ar sofisticado misturado ao caseiro com suas janelas de vidro e suas paredes de concreto e madeira.

Abri a porta, fazendo soar o sininho clássico das cafeterias americanas e inalei o agradável aroma do lugar, que era basicamente pão quentinho e café novo.

— E aí, RM? — O atendente perguntou, seu sorriso destacando suas covinhas profundas. — Matando aula de novo? — Ele perguntou e Seokjin me encarou acusador, cruzando os braços.

— Na realidade, Lay-hyung, eu estaria na aula, mas o príncipe aqui não consegue correr. Então, viemos comer, já que não tomamos café da manhã. — Eu comentei, apontando para Seokjin que me olhou feio.

— Não consegue correr...? — Lay virou a cabeça com uma expressão confusa no semblante. — Eu achei que você fosse hétero, Joon.

— Não, não! — eu neguei, balançando as mãos. — Não é isso que está pensando. — Eu tentei explicar, mas Lay já chamava Kris-hyung, o dono do estabelecimento, que estava atendendo uma senhora no outro extremo do balcão e contando a "novidade" ao poste que ele chamava de namorado. — Hyung! — Eu falei ao ver os dois chineses me encararem sorrindo, Kris maliciosamente e Lay com uma verdadeira felicidade inocente estampada no rosto. — Já disse que não é isso! 

— Não? — Kris perguntou com a usual voz rouca. — Então o que é?

— Ele se machucou. — Eu me limitei a dizer, sem deixar de notar como Seokjin se encolhia de vergonha atrás de mim. — E você, pare de agir assim, senão eles nunca vão acreditar em mim! — Eu disse me virando para ele com a expressão irritada.

— Não fale assim com ele, Joon. — Kris comentou, bebendo um capuccino que provavelmente havia preparado para si. — Vai o assustar assim. — Lay concordou com a cabeça, tendo seu ombro abraçado pela torre ao seu lado.

— Enfim, eu vim aqui comer, não convencer vocês que nem todo mundo tem esse fogo no cu que vocês tem.

Kris deu uma risadinha e perguntou o que queríamos, dizendo para que nos sentássemos e que logo nos traria os pedidos.

Sentei-me com Seokjin longe das janelas da frente, num canto da cafeteria, e cruzei os braços, sem olhar para ele ao menos uma vez, mas tendo plena noção de que ele me encarava de vez em quando, desviando o olhar logo em seguida.

Depois de um pouco mais de dez minutos, uma garota com os cabelos tingidos de ruivo trouxe nossos pedidos; suco e torradas pra mim e cappuccino e bolo de morango para Seokjin. Observei ele comer avidamente o que havia pedido, vendo-o se sujar com a espuma do cappuccino e o glacê do bolo, que era cor de rosa, como uma criança.

Eu não havia nem tomado metade de meu suco quando o garoto à minha frente terminou, suspirando sonhador enquanto olhava a vitrine de bolos que estava perto de nós.

— Você quer comer mais? — Ele virou pra mim e corou, afirmando com a cabeça. — Como você come tanto? 

— Comer me faz feliz. — Ele me respondeu, encarando-me como se me desafiasse a contrariá-lo.

— Então seja feliz. — Eu disse, segurando o riso. — Mas antes de pedir mais, limpe a boca, você está todo babado.

Ele levou as mãos ao rosto, limpando os cantos da boca com o dedão e os lambendo em seguida.

— Tem um monte ainda. — Eu me inclinei à mesa e passei um guardanapo em sua bochecha, tirando o glacê que ali se encontrava, fazendo-o fechar os olhos e torcer o nariz. Ele abaixou os olhos após eu ter limpado seu rosto e só então eu percebi que aquilo era a coisa mais gay que eu podia ter feito no momento. Sentei de novo rapidamente, murmurando um "desculpe" para ele. — Não vai pedir mais? — Perguntei depois de um tempo, quebrando o silêncio desconfortável que havia se instalado entre nós.

— Não. — Ele negou sem me olhar. — Eu adoraria, mas não tenho dinheiro para repetir.

— Quer que eu pague? — Ele me olhou desconfiado e eu dei de ombros. - Sei lá, você parece estar com fome. - Ele afirmou com a cabeça, mas logo negou.

— Não precisa, obrigado. — Ele sorriu minimamente.

Dei de ombros, não ia forçá-lo, era dinheiro a menos para gastar, mas não entendi direito porque ele havia negado.

Levantei-me e ele me seguiu, indo até o balcão ao meu lado, pagando em silêncio.

Virei-me para ir embora, falando um "até logo" para meus dois amigos que haviam nos atendido e esperei que Seokjin me seguisse, mas quando estava na porta, olhei para trás e o encontrei ainda no balcão, com o braço sendo segurado por Lay-hyung, que lhe dizia algo que eu não conseguia ouvir por estar longe.

— Seokjin! — Eu chamei, vendo-o se curvar levemente ao ser largado por Lay e correr até onde eu estava. — O que ele disse? — Perguntei, vendo-o corar.

— Nada demais. — Ele disse, andando a minha frente, apressado.

O olhei sem entender, mas logo dei de ombros e o segui, indo em direção à escola.

 

[...]

 

Quando chegamos já não havia ninguém no portão, então entramos sem problemas. Achei estranho não o terem fechado ainda, mas não liguei. Seguimos até dentro do prédio e, quando Seokjin ia virar à esquerda a caminho da diretoria, eu o impedi.

— Vamos logo, senão não vamos poder entrar na segunda aula também. — Eu disse enquanto segurava seu braço, nós dois parados numa esquina dos corredores.

— Temos que pedir autorização à diretora. — Ele me olhou como se eu fosse louco e eu revirei os olhos.

— Você teria razão se nós tivéssemos uma justificativa viável. — Eu o observei me olhando confuso. — A não ser que você queira dizer a ela que ficou bêbado ontem à noite e dormiu na minha casa. — Completei num sorriso sacana.

Ele abriu a boca para responder, mas logo a fechou, abaixando o rosto e me seguindo até a sala com um bico do tamanho do mundo no rosto.

O sino tocou no momento em que chegamos à porta e, quando eu perguntei a Seokjin que aula ia começar, ele arregalou os olhos e abriu a boca, olhando-me agitado.

— A primeira aula foi com a Senhora Jung... — ele começou. — E a segunda também é. — Ele me olhou sofrido e eu suspirei, preparando-me para a perseguição. Não sabia o que ela ia dizer, mas coisa boa não era.

— Com licença. — Falei baixo ao abrir a porta, ouvindo todas as poucas conversas cessarem e a professora interromper sua explicação para nos encarar boquiaberta.

— Mas o que… ela começou confusa, olhando de mim para Seokjin como se estivéssemos com uma melancia pendurada no pescoço ou algo do tipo. — Onde vocês estavam? Tem justificativa para entrar? 

— Não. — Eu disse, sentindo Seokjin balançar a cabeça baixa ao meu lado. 

— Com o senhor Kim eu infelizmente estou acostumada, mas — ela olhava para Seokjin com uma expressão de decepção, exagerada demais para parecer real, se quer saber. — Nunca esperei isso de você. Aonde você estava? — Ela perguntou séria e eu a olhei indignado, desde quando ela podia se meter na vida dos alunos assim?

Seokjin não soube o que responder, eu o vi levantar o olhar para mim como se pedisse ajuda. 

— Eles estavam juntos. — Ouvi a voz familiar vindo do fundo da sala. Suga. Eu prendi a respiração, se ele falasse algo fora da linha, todos podiam entender tudo muito errado. — Fazendo algo que não é do interesse desse seu nariz absurdamente grande. 

Assim que ele disse isso, a classe explodiu em gargalhadas e a professora, esquecendo totalmente de mim e de Seokjin, foi até meu amigo gritando que ele a acompanharia para um lugar muito divertido: a diretoria. 

Saímos da porta para deixá-la passar e, quando Suga passou por mim, eu dei um soco em seu punho fechado. Um silencioso agradecimento.

Antes de ir para meu lugar, eu olhei para fora, vendo meu amigo andar calmamente com as mãos nos bolsos atrás da professora que ainda brigava com ele. Dei uma risada baixa, a professora não sabia, mas as idas à diretoria eram realmente divertidas, a diretora, senhora Choi, era uma mulher relativamente jovem que não gostava da senhora Jung, assim como a gente. Ela conversava ou jogava conosco enquanto comíamos seus biscoitos sempre quando éramos encaminhados à sua sala.

Bem melhor que ficar na sala com a tonta da professora de gramática.

 

[...]

 

O céu estava azul, sem nuvens. A brisa que batia em meu rosto era a única coisa não estressante que havia me acontecido naquele dia. E eu fechei os olhos, pedindo ao universo que eu pudesse ficar mais um pouco assim, sem barulho, sem irritações, sem ter que encarar qualquer ser vivo.

Claro que não durou.

Eu havia ouvido os passos, havia sentido a aproximação de pessoas também, mas como o bom mal humorado que sou, não me dei o trabalho de abrir os olhos para checar quem era o incômodo que se aproximava. Quem sabe assim, ele ia embora.

— Joon! — Ouvi a voz familiar e bufei, ignorando-a. Poxa, universo! Não dava pra me atender pelo menos uma vez? — Ei! Está me ouvindo, seu puto? 

Eu continuei ignorando Suga com a esperança de que ele me deixasse em paz, quando ouvi a voz de Hoseok falando algo que eu não identifiquei, e senti mãos em meu tronco, empurrando-me. 

— Porra, Tae! — Gritei ao ser empurrado do banco em que estava deitado, indo de encontro à grama do pátio arborizado que ficava na parte de trás da escola.

Meu amigo deu uma risadinha.

— Eu sabia que você não estava dormindo. — Ele deu alguns passos para trás ao ver que eu me levantava. — Se estivesse, não teria acordado só com isso. — Disse fazendo com que Yoongi e Hoseok afirmassem com a cabeça, o primeiro deles com um sorriso debochado no rosto.

Bufei. Por menos que eu gostasse deles zombando de mim, era verdade, eu provavelmente não teria acordado. Às vezes ter amigos que te conhecem tão bem não é uma coisa boa.

— O que vocês querem? — Perguntei, amaldiçoando-me por ter tido preguiça de subir até meu telhado. Lá, nem eles me incomodavam.

— Você sabe o que queremos. — Suga cruzou os braços. — Pode ir explicando o que diabos foi aquilo de manhã, senhor.

Suspirei. Eu estava na esperança deles não virem mais me incomodar. Como sou inocente, levantei, limpando o uniforme por puro costume, já que não havia me sujado na queda.

— O sinal vai tocar logo, não podemos falar na saída? — Todos me olharam feio por eu estar enrolando. — Sério, se eu explicar do jeito errado vocês vão achar que eu estou mentindo ou algo do tipo. — Eu falei olhando para eles com uma expressão sofrida. A verdade era que eu não queria contar a eles, eu sentia que, se contasse, estaria traindo a confiança de Seokjin. Mas não era só isso, havia outro sentimento misturado a isso, uma espécie de... ciúmes? Como se, se eu contasse o que havia acontecido, tudo o que houvesse acontecido no dia anterior perderia sua importância, todos os sentimentos bons, e os ruins também, apesar de serem bem menos numerosos, fossem desaparecer.

Segurei a cabeça com as mãos e soltei um ruído de frustração, não chegando a ser um grito. No que eu estava pensando? Desde quando Seokjin importava para mim?

— Devo estar louco. — Murmurei segurando a cabeça e olhando para o chão.

— Joon? — Suga me chamou, olhando-me como se perguntasse qual era meu problema. — O que houve? Você se desligar do mundo e ficar pensando é normal, mas por que a revolta?

Olhei para meus amigos, todos me olhavam com um misto de preocupação e tédio, como se só quisessem saber o que diabos estava acontecendo comigo.

Quisera eu saber.

— Eu falo com vocês depois. — Falei antes de sair caminhando rápido, deixando meus amigos me olhando com cara de “WTF?”. Eu precisava pensar, e não era falando com meus amigos, que estavam bem babacas no momento, que eu ia conseguir.

Eu ia subir no meu ‘esconderijo secreto’, mas, por algum motivo, acabei pegando outro caminho, dirigindo-me ao pátio arborizado que era perto do portão principal. Olhei em volta, vazio. Dirigi-me a uma das grandes árvores frondosas que ficavam perto do muro, subindo no tronco grosso e velho com certa dificuldade. Fazia tempo que eu não ia ali. Lá era menos seguro que eu não seria incomodado, porque, outras pessoas, mesmo que poucas, conheciam aquele lugar. Mas eu não me importei, os alunos já estavam dentro do prédio, então, eu não corria nenhum risco.

Sentei em um dos galhos fortes da árvore, um com o qual eu já estava bastante familiarizado, me encostando no tronco sem problemas, sentando no galho espaçoso e olhando para baixo, e logo para a árvore ao lado, mais especificamente para um galho que ficava ao lado do que eu estava, suspirando, quando ouvi uma voz acima de mim.

— Nostálgico. Não, hyung? — Um timbre infantil disse e, no galho em que não havia ninguém à um segundo atrás, surgiu um corpo que eu reconheceria em qualquer lugar. “Surgiu” porque ele apenas desceu dos galhos mais altos, balançando-se em um mais acima daquele em que estava no momento e caindo ali.

— Ainda com a mania de subir em árvores, Jimin? — Eu disse, escondendo minha careta com uma expressão desinteressada ao vê-lo. Eu só queria ficar sozinho por um minuto, saco. — Sua mãe não gosta disso, você sabe.

— Não, ela não gosta — ele começou, olhando para algum lugar aleatório à sua frente. — Mas ela também não gosta do fato de eu ser gay — ele continuou, pegando um cigarro do bolso e o acendendo em seguida – Ou de eu fumar — disse, soprando a fumaça na direção oposta ao meu rosto, agradeci por isso. — Ou de eu ter parado de andar com meus amigos de infância. — Ele terminou de falar, olhando-me com um meio-sorriso sem humor sorriso no rosto.

— Você não tinha parado de fumar? Achei que seu namorado tivesse te feito parar.  — Eu falei, realmente confuso, porque, mesmo que eu não falasse mais com Jimin, ele ainda pegava o mesmo caminho de volta que eu e os garotos, e eu nunca mais havia o visto fumando enquanto voltava para casa, coisa que um dia fora seu costume sem exceção.

— Eu não fumo mais como costumava – ele deu um sorrisinho sem graça – Mas essa é minha fuga pra quando as coisas estão um pouco difíceis.

— Sua fuga costumava ser a dança. — Eu murmurei. — O que você está fazendo com sua vida, Jimin?

— Estou tentando ser feliz, hyung. — Ele apagou o cigarro no tronco e o guardou no bolso.

— Você não parece estar feliz agora. — Eu comentei vendo o cansaço em sua feição. — O que aconteceu?

— Briguei com ele de novo — disse, dando de ombros, como se não se importasse, mas eu via a tristeza em seu olhar. — Nada fora de rotina. — Ele completou, rindo nasalmente sem animação e abaixando o rosto. — Parece que eu irrito todo mundo que fica perto de mim. Nem você me aguenta mais, hyung.

— Por que você namora esse garoto? — Eu perguntei, olhando para ele. — Eu não te odeio ou algo do tipo, só me irrita absurdamente o fato de você ter largado tudo o que fazia, tudo o que era por causa dele. — Suspirei, encostando no tronco de novo. — E porque você está sempre com ele. E ele me irrita muito.

— Você nunca se apaixonou, hyung. — Ele me olhou com seu sorriso característico, mas não parecia nem um pouco verdadeiro. — Não tem como entender, mesmo se eu explicar.

— Mas você até mesmo parou de dançar! — Eu falei mais alto e Jimin apenas me olhou, sempre com o mesmo meio e fraco sorriso no rosto. Ele parecia sorrir para não chorar. Talvez fosse isso mesmo. — Vale a pena largar sua maior paixão, seu sonho, por um garoto que não te dá valor?! — Falei no mesmo tom, não o afetando de forma aparente e, por um momento, lembrei de Seokjin que se encolhia com certos comentários, mas deixando de lado em seguida. Por que eu havia pensado nele?

— Não é como se ele não me desse valor, hyung. — Ele continuou, olhando para mim. — Ele é um garoto complicado, muito mais do que aparenta, e é muito mais fraco do que faz parecer também. Ele precisa de mim, assim como eu preciso dele. — Ele completou com o sorriso fraco se tornando verdadeiro, como se só por pensar em Jungkook fosse o suficiente para esquecer os problemas.

— Mas porque você faz tudo o que ele manda? Você não esta sendo um namorado, está sendo um idiota. — Eu estava começando a ficar irritado.

— Ele teve suas ações controladas em toda a sua vida, faz parte da personalidade dele querer ter controle sobre algo. — Ele me olhou como se tentasse fazer com que eu me convencesse, ele sabia que eu não ia entender. E estava certo.

— Então você abriu mão de tudo por causa do seu namorado que precisa mandar em alguém? — Eu ri nasalmente, sem olhar para ele. — Desculpe minha ignorância, mas eu ainda te acho idiota.

— Sim, eu sou idiota. Você também é, todos somos. — Ele ficou de pé no galho e eu senti que aquela conversa estava acabando. — Mas sou um idiota que ama, e isso é algo que você nunca vai conseguir ser se continuar vendo o amor como uma perda de tempo, como faz. — Ele flexionou as pernas, saltando do galho em que estava para se segurar em outro e então cair no chão, saindo correndo em seguida.

Observei o garoto pelas folhagens até ele sumir de meu campo de visão e suspirei, olhando para onde ele estivera, encontrando seu boné ali. Peguei o objeto e ri baixinho.

— Idiota. — Eu olhei para a peça, percebendo ser o mesmo que eu lhe dera a dois anos atrás, após ele ter ficado chorando para que eu o comprasse quando fomos à praia todos juntos, porque ele não tinha mais dinheiro. — Só não perde a cabeça porque ela está presa no pescoço.

Passei o resto da tarde ali, pensando em como Jimin parecera triste e em uma forma de ajudar aquele idiota que, eu admitindo ou não, ainda era meu amigo.


Notas Finais


Então? Gostaram? Acharam chato?
Nesse eu comecei explicando um pouquinho sobre a treta JiMin/NamJoon, mas tem muito mais ^^
até semana que vem meus amores


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...