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História Dependence (Em revisão) - Boredom, some bruises and follow-up fights


Escrita por: kaisooisreal

Notas do Autor


Aqui estou!
Nossa! Eu fiquei com muito medo, sério! Achei que não ia conseguir publicar hoje, porque fiquei quase a semana toda sem escrever (provas ;-;) e hoje de manhã tinha, tipo, 1500 palavras prontas, mas prometi a mim mesma que ia publicar hoje de qualquer jeito, e aqui estou, com o dia quase indo embora mas muito satisfeita com o que consegui fazer num dia ^^ (eu não sei com quantas palavras isso está, não dá pra ver aqui, mas espero que seja suficiente >.<)

Vou calar minha maldita boca, BOA LEITURA <3

Capítulo 4 - Boredom, some bruises and follow-up fights


Eu acordei caindo. Literalmente. Maldita hora que decidi dormir num galho de árvore.

Não sei como fiz aquilo, mas, quando acordei, estava a um triz do chão e, quando percebi o que estava acontecendo, virei o corpo, rolando pela grama até parar de costas com o coração em disparada.

Eu havia caído de três metros de altura e não havia quebrado nada. Isso era um acontecimento digno de manchete, visto que eu conseguia me quebrar quando tropeçava no corredor.

Me levantei gemendo, sentindo meus braços doloridos, e fui checar minhas mãos quando notei que ainda segurava o boné de Jimin.

Encarei o objeto por alguns segundos e olhei para o prédio no qual eu havia planejado não entrar mais naquele dia. Suspirei pegando meu celular e olhando que horas eram. 16:30, ainda dava tempo de entrar para a última aula. Andei até a construção à minha frente mancando ligeiramente, eu podia não ter quebrado nada, mas com certeza havia dado um mau jeito no quadril. Fui me dirigindo ao banheiro que ficava mais perto de minha sala.

Lá dentro eu deixei o boné de meu amigo de infância no balcão da pia, ligando a mesma para limpar os pequenos ralados em meus braços e mãos.

Mirei o espelho, vendo um grande, mas não profundo arranhão do lado esquerdo de meu rosto. 

— Como consegui me machucar assim sozinho... — Eu ri sem humor. — Poxa, eu nem sequer procurei problemas e eles vêm até mim? Um pouco de trégua seria bom, universo! — Eu sempre tive a mania de falar sozinho, mas, naquele momento, eu estava realmente ficando irritado. E nem sequer sabia o porquê.

Encarei o machucado por mais alguns segundos, sentindo-me estranhamente irritado demais por causa de um arranhão que nem sequer era fruto de uma briga, e me esforcei para pegar no fundo de minha cabeça, o motivo. Fechei os olhos, sentindo o lado de meu rosto arder, e as lembranças voltaram num lampejo: 

Eu mancava, ele também. O sangue que escorria de meu rosto me lembrava tanto o seu, que me dava vontade de gritar, bater em quem quer que tivesse feito mal a alguém que não havia feito nada de errado, que não procurara nenhum problema, que apenas estivera no lugar errado, na hora errada.

"Eu não queria"

"Eu fui obrigado"

"Eu nem sequer procurei problemas"

Arfei, apoiando-me na pia e mirando o espelho. Aquilo era estranho, fazia muito tempo que eu não tinha um ataque desse tipo.

— Parece que não estou completamente curado, senhor psicólogo. — Eu dei um sorriso torto para o espelho, molhando meu rosto e jogando água no pedaço de vidro infernal que estava à minha frente.

Saí do banheiro com passos duros, ignorando a dor lancinante no quadril e virando à esquerda que levava à minha classe. Claro, eu teria chegado à sala se não fosse um ser vivo que decidiu se enfiar na minha frente.

Vou admitir que, por um momento, pensei que fosse Seokjin, e nem sequer fiquei zangado, claro que me preparei para xingá-lo, mas se fosse ele, eu não teria falado com toda a minha raiva verdadeira.

Só havia um problema: a pessoa à minha frente não era Seokjin. Não, com o corpo bem mais baixo e esguio que o de Seokjin, seus cabelos longos e seu uniforme curto, Meng Jia não se parecia em nada com quem eu havia imaginado ter esbarrado.

— Eu não te vi. Tome mais cuidado, sua idiota. — Eu disse, oferecendo minha mão a ela e, quando ela aceitou, senti uma dor absurda percorrer minha coluna, subindo do quadril.

— Desculpe, Joon. — Ela sorriu travessa, mostrado a língua (que tinha um piercing prateado), como sempre fazia. — Vou tomar mais cuidado. — Ela bateu em meu ombro, apesar de precisar fazer um pouco de esforço para alcançá-lo, e deu uma voltinha, passando por mim e andando de costas, completando antes de se virar — Pare de faltar aula pra brigar, seu idiota.

— Eu não estava brigando! — Eu gritei, vendo-a se afastar no corredor. — Não desta vez! — Apenas ouvi sua risada escandalosa antes dela virar uma esquina no corredor e sumir de minha vista.

Bufei, dirigindo-me à minha sala e batendo na porta, suspirando feliz ao ver que o professor que estava em classe era o senhor Lee, um professor que não tinha mais de 25 anos e que me dava as aulas de história mais divertida que já recebi em minha vida.

— Olha só quem resolveu aparecer! — O professor gritou, assustando todos que aparentavam estar fazendo algum tipo de exercício que, certamente, nem metade estava fazendo. A aula do senhor Lee era divertida quando conversávamos, discutindo os assuntos históricos como se estivéssemos falando de uma festa da noite passada, mas, às vezes, ele precisava encher um pouco nosso caderno, se não, seria demitido. — Antes tarde do que nunca, não é, RM? Entre, não aja como se eu fosse a senhora Jung!

— Mas você é mais bonito que ela, professor! — Uma garota, Fei, que andava com Jia, gritou ao fundo, causando risadas e afirmações.

— Eu não sei se me sinto elogiado. — O professor fez uma careta. — Até o Suga é mais bonito que ela! — Ele gritou, fazendo todos rirem, inclusive eu, e bateu em sua mesa, causando um barulho que, junto de seu grito, fez com que meu amigo levantasse a cabeça da mesa onde estava apoiado (vulgo: jogado), e dormindo, pra variar.

— O que foi, inferno? — Suga falou, entediado, passando a mão na cabeça.

— Primeiro: não é o inferno, é o seu querido e lindo professor de história, Lee Donghae. — Ele disse, causando um coro de risadas, principalmente femininas. — Segundo: "o que foi", foi que você estava dormindo em minha maravilhosa aula e eu aproveitei isso para te insultar, dizendo que você é apenas um pouco menos feio que a senhora Jung! — Terminou, meio que muito alto e com as mãos para cima.

Pensa numa pessoa atacada.

— Não quero ser insultado por você, seu velho. — Suga respondeu, voltando a apoiar a cabeça nos braços e fechando os olhos.

— Inveja é foda. — O professora disse, ignorando o resmungo de Suga e se virando para voltar à sua mesa, causando mais um coro de risadas. — Parem de gritar crianças! Eu vou ter que levar bilhetinho da diretora pra casa se vocês fizerem baderna de novo. — Ele riu quando todos começaram a vaiar e gritar coisas como "pare de gritar você primeiro!". Eu olhei entre os rostos sorridentes, pousando a visão no meio da sala onde Seokjin tinha a cabeça abaixada, como sempre, fazendo o trabalho passado e ignorando a bagunça. Ou, pelo menos, era isso o que ele fazia parecer. Agora eu via o pequeno sorriso no canto de sua boca e a mão que não movimentava o lápis. Ele provavelmente estava tão barulhento quanto os outros em seu interior, apenas tinha algo que os outros não tinham: anos de prática de ser o garoto perfeito.

 — Ok, muito engraçado, chega! — Ele elevou o tom (se é que isso era possível), calando toda a turma num segundo. — Vocês tem algo a fazer, e você — ele apontou para mim, que ainda estava perto da porta. — Venha cá.

Se fosse qualquer outro professor, eu teria entrado na defensiva no mesmo instante, mas, com ele era diferente, eu não o via apenas como meu professor atacado de história. Era um amigo.

— Diga, senhor Lee. — Eu parei ao seu lado, ficando com a postura ereta como se estivesse num quartel militar. Apenas uma brincadeira interna.

Ele se virou pra mim, forçando uma careta séria.

— Primeiramente, criatura: que merda de "Senhor Lee" o quê? Tá me estranhando? — Ele perguntou, olhando-me sério, e eu me segurei para não rir. Era difícil permanecer sério na presença de Lee Donghae.

— Desculpe, Hae-hyung. — Eu disse, soltando um riso soprado. Ele me olhou, ainda com a carranca, mas imediatamente mudou para um bico forçado.

— Owwn, que fofo, você me chamou de hyung! — Ele gritou, abaixando-me (muito) de forma nada delicada, diga-se de passagem, e bagunçando meus cabelos como se lidasse com uma criança. — Mas não me desvie do assunto! — Ele brigou comigo. Como se eu tivesse feito algo, faça-me o favor.

— Eu não fiz nada. — Eu disse levantando as mãos para ressaltar minha inocência. — Mas volte para seu importante assunto, senhor Lee. — Completei com a voz repleta de ironia, causando-lhe uma careta.

— Pare de me chamar assim, caramba. Eu me sinto velho. — Ele me deu um soco fraco em meu flanco direito, ou tentou, já que eu me desviei. Grande erro, visto que para fugir, eu dobrei o quadril, o maldito quadril que estava machucado. — Você está bem? — Ouvi-o perguntar, me olhando preocupado.

— Tudo bem, não importa. — Eu disse, não sendo muito convincente. Sinceramente, eu devia estar com uma careta absurda no rosto. Aquilo estava doendo pra caralho.

Donghae deu de ombros. Ele me conhecia bem o suficiente pra saber que eu odiava pessoas me enchendo quando eu dizia estar bem, então deixou pra lá.

— Enfim — começou, pegando uma folha de papel aleatória e a rasgando em pedacinhos pequenos. — O que houve?

— Hã?

— Não se faça de desentendido, eu vi sua cara quando entrou na sala, parecia ter visto um fantasma. — Ele me encarou sério.

— Eu... — Tentei começar. Eu sabia que estava meio perturbado com meu ataque de mais cedo, mas não imaginei que alguém tivesse percebido. — Não foi nada. — Conclui, desviando o olhar dele. Eu não conseguiria mentir olhando em seus olhos, não pra ele.

— Nem tente me desviar do assunto. — Ele comentou sem expressão no rosto. Isso não era bom sinal. — Você teve uma recaída, não teve?

Arregalei os olhos, confuso. Apenas minha mãe, meu irmão e meu psicólogo sabiam de meus ataques, nem Suga sabia disso.

— Como você...? — Não terminei a pergunta, esperando que ele entendesse.

— Como eu sei? — Ele sorriu de novo, livrando-me da sensação desconfortável que seu rosto sério me causava. — Hyuk me contou. — Ele informou travesso, fazendo-me bufar.

— Tinha esquecido que meu psicólogo esquece completamente sobre sigilo profissional quando se trata de você. — Eu comentei sem realmente estar irritado, estranhamente, visto que eu estava bastante irritadiço ultimamente. O “ultimamente” de três dias atrás, pelo menos. Hae-hyung sorriu, parecendo uma criança por um momento. — Eu sei que você fica feliz só falando do seu namorado, mas se controle por favor. — Comentei maldoso, vendo-o me encarar com uma careta. — Lembre que você está na sala e na sala você é "o professor jovem, bonito e "hétero" que as garotas amam". Imagine como elas ficariam arrasadas se você soltasse a peruca aqui.

— Cale a boca, idiota. — Ele me deu outro soco, que eu não desviei. — E Hyuk não é meu namorado.

— Claro. — A ironia estava em cada palavra quando disse isso, causando outra careta no rosto do professor.

— Faça-me o favor e vá para seu lugar. Eles estão fazendo um resumo sobre o assunto do semestre. — Ele não me encarou mais quando disse isso, começando a mexer nos papéis de sua mesa, parecendo subitamente um adulto (como deveria parecer o tempo todo, mas não parecia).

— Sim, senhor. — Dei um sorriso debochado. Adorava saber como desestabilizar Hae.

Dirigi-me ao fundo da sala, desabando na cadeira. Eu sabia o assunto de História, era uma das únicas aulas que eu verdadeiramente prestava atenção, mas, eu não iria fazer aquele resumo e Hae sabia disso.

Adoraria dizer que fiquei toda a aula dormindo, compondo algo, ou até mesmo fazendo o maldito resumo, mas, tudo o que fiz, foi me sentar e ficar encarando um lugar aleatório da sala, como um idiota.

Tudo bem, não foi um lugar aleatório.

Seokjin deve ter terminado o resumo muito antes que todos, como sempre, pois, depois de quinze minutos que me sentei, ele foi até Hae e entregou alguns papéis, sorrindo para o professor e se dirigindo à sua carteira em seguida. Quando ele estava se sentando, seu olhar se virou para o fundo da sala, encontrando-se por uma fração de segundo com o meu e me fazendo desviar o mesmo em seguida. Eu não ouvi sua risada naquele momento, apesar de saber que ele havia sorrido, e voltei a encará-lo alguns segundos depois.

Após ele se sentar, vi-o pegar um caderno e, com um lápis, fazer anotações. Bufei, como ele podia apenas estudar sem parar?

Observei-o por vários minutos em seguida, resmungando quando alguém se metia em minha frente e rindo quando ele se atrapalhava e deixava o lápis cair no chão, ou algo assim.

— Posso saber o motivo de tanto escândalo, RM? — Ouvi a voz, rouca pelo sono, de Suga soar ao meu lado. — Faz tempo que você está agindo que nem um maluco. Para onde tanto olha? — Ao perguntar isso, ele levantou a cabeça, tentando encontrar onde meu olhar estava segundos atrás. Assim que ele focou em Seokjin, olhou-me desconfiado, como se me perguntasse porque diabos eu não explicava logo o que estava acontecendo.

— Não é nada. — Dei de ombros, focando em uma parede que ficava atrás de Seokjin em minha visão, para despistar meu amigo. — Não me encare assim, seu maluco.

— Eu te encaro do jeito que eu quiser, principalmente se você estiver agindo como um tolo apaixonado. — Quando ele disse isso, virei-me com os olhos arregalados, querendo saber de onde diabos ele havia tirado essa ideia absurda. Suga sorriu de lado, debochado. — É isso o que está parecendo, Joon. Por que não me conta logo qual é o negócio com o garoto propaganda? — Apontou com o queixo para Seokjin.

— O negócio é que não tem negócio nenhum. — Respondi de mal humor. — Eu apenas o ajudei ontem. E não aconteceu nada do que essas cabecinhas pervertidas de vocês estão pensando.

— Ajudou em quê? — Yoongi se aproximou, subitamente interessado, como se esperasse que eu abrisse a guarda.

Mas eu não estava mais com humor para nada. Virei o rosto e ignorei Suga por todo o tempo em que ele me chamou. O que não foi muito, visto que meu amigo não tem muita paciência. Não olhei para Seokjin por um bom tempo também, mas, quando estava quase dormindo por causa da fraca brisa que entrava na sala, meu olhar caiu nele novamente, ficando ali por um bom tempo, até que eu adormecesse.

Naquela vez também não tive sonhos.

 

[...]

 

Namjoon-ah.....

Namjoon-ah....

Namjoon-ah...

— Namjoon-ah!

Acordei de supetão, levantando a cabeça rapidamente, batendo com ela no rosto de quem me chamava fazendo tanto barulho, balançando-me daquele jeito irritante que as pessoas usam para acordar os outros. Coloquei a mão na cabeça ao mesmo tempo em que ele se encolheu abaixando o tronco, segurando o rosto e murmurando um "ai" sofrido.

— Qual o seu problema, criatura? — Falei, encarando-o irritado. — Não me acorde assim! — Ele não respondeu, apenas continuou segurando o nariz e a boca com uma mão em concha e choramingando. Foi quando meu cérebro pareceu ligar de verdade e eu percebi quem era. — Seokjin. — Olhei em volta, a sala estava vazia e o sol lá fora já começava a dar adeus. — Por que está aqui? — Ele respondeu baixinho (ou tentou, visto que estava com a mão sobre a boca também e parecia sentir dor) e eu pedi que repetisse, coisa que ele não fez.

Vendo que ele não ia me responder, levantei da carteira e fui até ele, abaixando-me levemente para vê-lo e me assustei assim que fiz isso quando vi o filete de sangue que escorria por sua mão. Levantei-me e o trouxe até o banheiro pela mão que não estava sobre seu rosto. Ele me seguia com dificuldade por ainda mancar e murmurava que não era nada, mas não dei ouvidos. Cheguei ao banheiro e fechei a porta, levando Seokjin, que estava parado ao meu lado como se me esperasse, até a pia.

— Deixe eu ver. — Falei. Desta vez, ele não retrucou, apenas tirou a mão da frente do rosto.

Seu nariz e sua boca estavam sujos do sangue que havia se espalhado por um pouco de suas bochechas e seu queixo. Peguei um lenço (daqueles que as pessoas "swag" usam) o qual provavelmente pertencia a Hoseok e que estava em meu bolso, e o molhei, falando para que Seokjin se apoiasse na pia para que eu limpasse seu rosto. Vou admitir que, naquela hora, amaldiçoei-o por ser tão alto. Quando tirei o sangue, notei que o sangue vinha, na realidade, de feridas reabertas em seu lábio e sua bochecha, próximo ao nariz. Nada muito sério, mas que me fez rosnar por lembrar de onde vinham.

— Eu disse que não era nada demais. — Seokjin se encolheu. — Eu estou bem, Namjoon-ah.

— Eu não diria que você está bem, mancando desse jeito. — Falei, ainda como que rosnando, sem olhar para ele. — Porque está a essa hora na escola?

— Eu me distraí e fiquei na sala por mais tempo… E quando estava saindo, vi que você estava dormindo e me preocupei com você ficar preso na escola ou algo do tipo.

— Não é a primeira vez que eu durmo demais, não precisava fazer tudo isso. — Eu resmunguei, mais porque eu tinha necessidade de reclamar de algo que qualquer outra coisa. — Além do mais, eu odeio quando me acordam.

— Eu apenas me preocupei. — Ele levantou o rosto, olhando-me com a sobrancelha levantada. — Mas agora que você disse, eu provavelmente só perdi tempo e me arrisquei a ficar preso aqui também. — Ele empinou o nariz. Lá estava de novo o Seokjin birrento. — Além de que eu vou me atrasar para o trabalho.

— Assim é melhor. — Sorri, indo até ele e bagunçando seus cabelos, deixando-o me olhar confuso. — Adoro quando você perde a linha comigo, baixinho. É bom te ver chato e irritadinho, principalmente sabendo que fui eu que te deixei assim. — Sorri maldoso, observando-o cruzar os braços e armar o bico.

— Você não tem a menor moral pra me chamar de chato. — Ele me fuzilava com o olhar e eu apenas ri.

— Então okay. — Me dirigi até a porta. — A gente se vê por aí, senhor perfeitinho. — Acenei com uma das mãos na maçaneta da porta, carregando a ironia em minhas palavras e em meu olhar, quase saindo do lugar quando parei ao ouvi-lo me chamar.

— Obrigado. — Ele abaixou a cabeça. — Você sabe, por ter se preocupado comigo.

— Bom, eu não podia ficar sem fazer nada. — Não olhei para ele ao falar. — Afinal, fui eu que te machuquei. Mesmo que tenha sido sua culpa. — Alfinetei, virando para ele com um sorriso irônico no rosto. 

— Bem, você tem razão. — Ele colocou a mão sob o queixo, como se considerasse minhas palavras. — Você é bem cabeça dura mesmo, eu não acreditava até sentir por mim mesmo. — Ele completou mostrando a língua, travesso, fazendo-me rir.

— Fico imaginando como outras pessoas reagiriam se vissem o quanto você é infantil. — Comentei maldoso, mas me divertindo no fundo. Eu gostava quando ele agia assim comigo, autêntico, sem máscaras.

— Elas não vão ver. Não se preocupe. — Ele sorriu e eu me senti realmente incomodado naquele momento. Quase perguntei por que diabos ele agia de um jeito tão diferente com as pessoas num geral, quando senti meu telefone vibrando em minha mão, a mão com que tinha acenado para ele. Nem tinha percebido que o tinha pego de cima da mesa, provavelmente por puro costume. — Ah, estava tocando havia tempo. — Ele apontou para o objeto em minha mão. — Foi um dos motivos de eu ter te acordado.

Olhei na tela e me surpreendi ao ver quem me ligava. Eu esperava que fosse Suga ou algo assim, então, apenas ignorando a chamada, guardei o celular no bolso, deixando Seokjin me encarando curiosamente.

— Por que não atendeu?

— Depois eu retorno, não quero ser incomodado por ele agora, já que ele provavelmente vai me obrigar a ir para o consultório. — Respondi sem pensar, falando mais comigo que com ele.

— Consultório? — Ele virou a cabeça, curioso, e eu praguejei.

— Não é nada. — Cortei o assunto, abrindo a porta e saindo do banheiro, mas, antes de retirar todo meu corpo do lugar, coloquei minha cabeça para dentro novamente. — Você devia ir embora também, já vão fechar a escola. E você tem que trabalhar, não? — Terminei, deixando o banheiro rindo de um Seokjin irritado por eu ter usado suas próprias "armas" contra ele. Eu ainda ouvi um "Mas como é chato!" vir de lá, causando-me mais risos ainda.

 

[...]

 

Chegando no pátio, vi que o portão já estava apenas com um dos lados aberto, sinal de que logo seriam fechados. Olhei para trás, perguntando-me se Seokjin conseguiria sair. Dei de ombros, eu não devia me importar, caramba! O que diabos estava acontecendo comigo?

Fui tirado de meus pensamentos ao ouvir vozes, vozes que eu conhecia, diga-se de passagem, à minha esquerda, ao lado de fora do muro. Fui até o portão e olhei para a direção de onde eu acreditava que vinham as vozes, encontrando Jimin e Jungkook, um de frente para o outro, falando em voz alta.

— Eu nunca disse que não queria que você fosse lá! — Jungkook gritou, encarando Jimin.

— Não precisa dizer! — Meu amigo de infância respondeu num tom mais baixo, mas encarando o mais alto com a mesma intensidade. — Você sempre deixou claro que acha uma perda de tempo!

— Claro que acho uma perda de tempo! — Jungkook levantou os braços, claramente exaltado. — Eu não quero que você desperdice seus anos na escola por causa dessa maldita dança! — Quando Jungkook disse isso, eu olhei para ele como se ele fosse um bicho gosmento, querendo seriamente dar um soco naquela criatura irritante e me assustei ao sentir um braço segurar o meu, como uma mensagem que eu não saísse dali. Olhei para trás e dei de cara com Seokjin, que sorriu e colocou o dedo indicador na frente dos lábios e, em seguida, apontando para o casal que ainda discutia. Acenei com a cabeça e me virei para eles, mas não sem perceber como Seokjin estava apoiado em cima de mim, quase me abraçando. Por um momento, quis mais daquilo, mas forcei meu cérebro a voltar a funcionar direito. Qual era o meu problema?

— Claro que não quer! — Assustei-me ao ouvir Jimin gritando em plenos pulmões. Eu apenas o havia visto levantar a voz com alguém umas cinco vezes em toda a vida, mas aquele tipo de discussão não parecia coisa nova para os dois. — Você está sempre me ignorando, não importa o que eu faça, e sempre me diz o que fazer e o que não fazer, estou cansado disso! — Meu amigo estava fora de si e, naquele momento, ele pareceu muito maior que Jungkook, que se encolheu como se tivesse levado um soco com as palavras do namorado.

— É assim? — Jungkook olhou para Jimin com os olhos reluzentes e o lábio inferior tremendo, delatando seu choro iminente. — Chega. — Ele se afastou de Jimin com passos descoordenados e de costas, balançando a cabeça. — Acabou. Jimin. Seja feliz com sua maldita dança. — Terminou, virando-se e indo correndo até o carro que o esperava no fim do quarteirão.

Após o garoto ir embora, Jimin pareceu cair na real, deixando-se acocar na calçada com as mãos nos cabelos, murmurando coisas sem nexo e encarando o concreto como se o mundo estivesse acabando. Vi minha deixa naquele momento e saí de meu esconderijo, sendo seguido por Seokjin de perto, ele ainda segurava meu blazer, provavelmente inconscientemente.

— Parece que você pensou bastante no que eu disse, não? — Abaixei o tronco, sem tocá-lo, e virando a cabeça para ver seu rosto.

— O que eu vou fazer, hyung? — Jimin não olhou para mim ao falar, mas eu sentia o desespero em sua voz. — Todos os anos que eu investi nisso foram jogados fora porque eu me exaltei com ele. Não era culpa dele. Porque eu falei daquele jeito com ele? — Ele disse mais para si mesmo que pra mim, eu percebi, mas, mesmo assim, respondi.

— Bom, primeiramente porque era sim culpa dele. — Comentei, vendo Jimin me encarar zangado e sentindo um tapa fraco de Seokjin em meu ombro, como se me repreendesse, e eu me virei para ele, xingando-o em silêncio, perguntando sem falar, apenas movendo minha boca, qual era a necessidade daquilo.

— Escolha bem suas palavras, se não, só vai piorar as coisas. — Ele sussurrou em meu ouvido e eu revirei os olhos, estalando a língua e me virando para Jimin de novo.

— E, segundamente, porque aquele moleque é uma megera controladora. — Falei, exclamando um "ai!" quando senti o beliscão que Seokjin me deu no flanco, olhando-me severo. — Vamos lá, é verdade, caramba! E pare de me beliscar! — Disse segurando a mão de Seokjin que já tentava me machucar de novo. Seokjin apenas me encarou travesso e maldoso, erguendo a mão livre para mostrar que se rendia. Soltei sua mão e me voltei novamente para Jimin, sentindo Seokjin voltar a se apoiar em mim e vendo meu amigo de infância nos olhar confuso, como se tentasse entender de onde viera tanta intimidade. Pois é, queria eu saber. — Mas enfim, o que aconteceu, exatamente?

— Eu apenas perguntei se não poderia ir ao Lux hoje à noite ao invés de ir à casa dele. — Ele se levantou, ficando mais alto, mas não o suficiente para que eu levantasse muito o olhar. — Nós tínhamos feito as pazes mais cedo e eu achei que seria uma boa hora de perguntar, já que ele estava de bom humor. — Ele suspirou, olhando para a rua. — Mas ele explodiu e começou a dizer que dançar e ir a esses lugares não ia me levar à nada, e que eu não podia sair de seu lado. — Ele estalou a língua, logo suspirando novamente, com o olhar triste.

— Me belisque. — Seokjin falou, e eu e Jimin olhamos para ele, tentando entender o que diabos estava dizendo. — Eu te belisquei quando você o chamou de megera. — Ele olhou para mim, formando um biquinho. — Pode me beliscar para compensar, sinto muito. Ele é uma megera controladora. — Sorri ao ouvir isso, notando a careta de Jimin e beliscando a bochecha de Seokjin, fazendo com que ele me olhasse com um bico ainda maior e com as sobrancelhas erguidas numa expressão chateada.

— Você não disse onde eu tinha que beliscar. — Falei, rindo em seguida, com Seokjin me acompanhando um pouco depois.

— Desde quando você se dão tão bem? — Jimin perguntou, olhando de mim para Seokjin, como se tentasse entender algo.

— Desde nunca. — Falei, arrumando a postura. Seokjin soltou meu blazer e se afastou um pouco, com os olhos baixos. — Você devia ir agora. — Virei para Seokjin, vendo-o levantar a cabeça para me encarar. — Eu tenho que conversar com esse cara. E você tem que trabalhar, não? —  Ele acenou com a cabeça, virando-se para ir embora.

— Está bem. Juízo, Jimin-ssi. — Ele olhou para Jimin, que sorriu fraco e acenou com a cabeça.

— E o senhor perfeitinho volta à ativa! — Bati as mãos, vendo Seokjin me encarar zangado. — Não se preocupe, teremos muito juízo lá no bar na esquina da minha casa. — Provoquei apenas para ver como ele reagiria. Eu não ia levar Jimin para beber, de jeito nenhum. E eu ia cuidar daqueles malditos cigarros também.

— Se você levá-lo para beber, vai se ver comigo. — Seokjin ameaçou, fuzilando-me com o olhar.

— Consegui, te irritei! Um ponto pra mim! — Apontei para ele, rindo ao vê-lo me encarar raivoso, revirando os olhos logo depois.

— Cale a boca, hyung. — Jimin me interrompeu, virando-se para Seokjin em seguida. — Não se preocupe, eu não bebo. E esse idiota não gosta também, não vamos fazer nada de errado, obrigado por se preocupar. — Ao dizer isso, ele se curvou respeitosamente a Seokjin, sorrindo para o mesmo em seguida, que nos olhava desconfiado, mas logo deu de ombros e se virou, indo embora, não antes de acenar de volta para Jimin. Que ótimo, agora ele ia me ignorar.

Fiquei encarando-o enquanto ele sumia de minha vista, andando calma e tortamente por conta dos machucados.

— Alguma hora eu vou descobrir o que diabos aconteceu com vocês dois. — A voz aguda de Jimin me tirou de meus pensamentos, sorrindo para mim quando o encarei prestes a dizer que não havia acontecido nada. Ele se virou para a direção de nossas casas, saltitando e cantarolando. Quem olhasse para ele, diria que ele não podia estar mais feliz, mas eu conhecia Jimin muito bem. Sabia que ele agia assim para encobrir a tristeza quando a sentia. Ele provavelmente estava desmoronando por dentro. E eu tinha que reparar o estrago.

Lembrei do boné em minha bolsa e virei para a direção por onde Jimin havia ido. Ele se encontrava a uns dez metros de mim.

— Ei! — Gritei. Quando ele virou o rosto para saber o que eu queria, completei, com a mão ao lado de minha boca, fazendo um alto falante para minha voz — Quer dormir lá em casa hoje? Acho que temos muito pra conversar!

Ele me encarou sem expressão por um tempo, mas logo sorriu, sorriu mesmo, com direito a eye smile e tudo, e acenou com a cabeça, voltando a andar, agora sem saltitar, como que esperando que eu o alcançasse. E eu fui atrás dele, correndo até parar ao seu lado e seguindo pela rua que ambos usávamos há tanto tempo sem nos falar, desta vez juntos, lado a lado.


Notas Finais


Eai? Gostaram?
Então, eu tava vendo uns vídeos fofogay de NamJin e agora até eu estou torcendo pra acabar logo o cu doce do RM pra poder usar as ideias que eu tive (se preparem porque eu sou muito viada, e vou transformar eles em viados melosos também :3 mentira, eu não vou exagerar, mas ninguém se incomoda com umas cenas mais gayzinhas né? estamos lendo um yaoi, afinal :P)
Sobre a discussãozinha do banheiro, eu realmente fiquei meio apreensiva, porque eu fugi um pouco do meu ideal de "Jin bebê amorzinho" que eu vejo no meu bias (ele tava parecendo o BaekHyun naquela hora '-'), mas como eu gostei da discussão, deixei assim mesmo, espero que não tenha incomodado ninguém.
Então, quem estava reclamando das tretas com o JiMin, elas não vão mais durar muito, mas as com o Kookie vão continuar por um tempinho ainda :P

Espero mesmo que vocês tenham gostado, porque eu adorei esse capítulo :3
Até semana que vem! '3'


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