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História Depois do pôr do sol - 0.01 ;; Capítulo um


Escrita por: vichon e e-thena

Notas do Autor


☂️✨ – 𝙊lá, quero deixar avisado que peço perdão por qualquer erro ortográfico encontrado no capítulo abaixo. O erro pode ter passado despercebido por mim, seja ele de pontuação, gramática, etc. No mais, aproveitem.
– 𝘾𝙤𝙢 𝙖𝙢𝙤𝙧, 𝙏𝙝𝙪𝙧 ᜃ

Capítulo 2 - 0.01 ;; Capítulo um


Fanfic / Fanfiction Depois do pôr do sol - 0.01 ;; Capítulo um

O cheiro de café fresco invade minhas narinas e quase flutuo até a cozinha, seguindo a fumaça, como nos desenhos animados. E desejo por um instante que isso fosse real. Animais monstruosos e vírus existiram para acabar com o mundo; as Winx nunca deram as caras para nos defender.

Enquanto ando até a cozinha, todos os músculos do meu corpo doem e parecem mortos, talvez até estejam se esforçando para me manter em pé. Ontem foi um dia extremamente cansativo. Passei o dia inteiro treinando com Tonny enquanto Stuart dormia confortavelmente no nosso quarto. Ele é patético, sempre agiu assim. Sempre anulou os treinos de luta marcial planejados por Pat para dormir.

Coço os olhos com as costas das mãos quando a claridade excessiva da cozinha os atinge. No instante em que chego ao ambiente, me sento em uma das cadeiras acolchoadas da bancada e deito sobre meus braços.

Ouço o barulho do vidro da minha xícara sendo arrastado pela madeira de um dos armários aéreos. Sei que é minha xícara porque o vidro dela é mais pesado, não é como o das outras. Toda vez que Tonny a puxa e ela é arrastada pelo armário, o som que emite é como se tivessem posto uma britadeira rente a um ouvido humano. Alto e pesado.

— Café? – ergo meu rosto encontrando os olhos de Tonny.

— Ainda pergunta? – Ele dá de ombros.

Seu cabelo está parecido com a vez que encostamos em uma bola magnética no prédio onde Pat trabalhava. Nossas madeixas ficaram em pé, como se tivéssemos levado um choque, mas bastava tirar a mão daquela bola enorme que tudo voltava ao normal. Tenho saudade daquilo. De quando éramos crianças e não tínhamos medo de sair na rua e brincar de qualquer besteira que inventávamos. Tenho saudade do normal.

Assim que termino de tomar um gole do café, Stuart aparece ao meu lado. Ele segura meu queixo com certa força e me retraio ao sentir as pontas geladas dos dedos compridos dele na minha pele quente.

— Deixa eu tomar meu café — protesto dando um chute na sua canela.

— Tá sangrando — observa Stuart.

— Jura? — zombo.

Paro no instante em que o sangue adentra minha boca. Stuart passa o polegar pelo meu lábio inferior e limpa a ponta do dedo com um algodão. Ele me entrega o objeto e empurra minha mão até os fios macios do algodão estarem roçando na minha pele. 

— Eu já volto.

Ele deixa a cozinha com passos pesados, levando consigo toda a frieza que havia dominado o ambiente.

— Eu o odeio — resmungo. — Ele podia esperar eu tomar café.

— E deixar você se contorcendo no chão por ouvir sons demais? Ou deixar você ficar vomitando sangue por aí? — Tonny rebate com um meio-sorriso no rosto.

— Cala a boca.

— Deveria agradecer que ainda restou alguém pra cuidar de você. Se dependesse de mim, morreria. Não suporto sangue e agulhas.

— Você é um medroso, isso sim!

Tonny revira os olhos.

— Sou humano, diferente de você — franzo o cenho.

— Eu ainda sou humano.

— Com uma audição aprimorada. Com saltos que ultrapassam dois metros de altura. Ainda quer mais?

— Eu sou um super-humano — falo, convencido.

Stuart retorna para a cozinha ainda mais furioso do que antes. Ele segura na mão esquerda a seringa com a dose matinal, e na direita um algodão branco como a neve que me entrega. Tonny vira-se de costas, para não olhar o sangue no algodão e nem a agulha da seringa. Seguro a almofada macia rente ao nariz enquanto me debruço sobre a bancada, sentindo Stuart levantar minha camiseta até a altura da minha nuca. Ele coloca o antebraço na frente da minha boca e pega a seringa que havia deixado na bancada.

— Pronto?

Respiro fundo, e então assinto. Consigo ouvi-lo suspirar antes de tirar a tampa na agulha e encaixá-la no ponto certo. Então Stuart perfura minha pele, o centro das minhas costas, e consigo ouvir a agulha adentrando o meu interior, passando pelo osso da minha medula espinhal e o líquido da seringa sendo injetado lá dentro. Quando menos percebo estou mordendo o antebraço de Stuart, deixando uma marca no local.

Fazemos isso desde que Rosemary morreu. Ela aplicava a dose e deixava que eu mordesse sua mão para não gritar de dor. Ela não gostava de saber que estava doendo. Mas desde que Rosemary se foi, Stuart se encarregou de ser o aplicador. No começo ele tremia tanto que errava os pontos certos e quase sempre a dose não surtia efeito. Depois ele foi aprendendo até acertar tudo. Demorou em torno de um mês para que ele me desse o braço para morder. No começo ele deixava que eu gritasse, depois começou a reclamar de que eu gritava muito alto e por fim deixou que eu o mordesse. Nas primeiras semanas Stuart ficava sem olhar para mim durante horas, e sempre brigava comigo por mordê-lo, depois de um tempo ele simplesmente não sentiu mais nenhuma dor e não me xingava mais.

Ele tira o antebraço da minha boca, olhando a marca e depois voltando o olhar para mim. A seringa é deixada em cima da bancada, vazia, e enquanto Stuart senta ao meu lado pronto para tomar um copo enorme de café, tudo começa a voltar ao normal. 

Pelo menos para mim.

Não ouço mais três batimentos cardíacos, nem o ácido clorídrico dos nossos estômagos decompondo as proteínas do que comemos. Também não ouço mais o ronco baixinho de Perr três andares abaixo e nem os latidos de cachorros gigantes há quilômetros de distância. Não ouço mais nada, apenas o que é normal para um ouvido humano ouvir.

— Como está? — pergunta Tonny entregando um copo de inox cheio de café para Stuart.

— Melhor — respondo. — Posso tomar meu café agora?

Stuart se vira para mim e tira o algodão da minha mão, analisando meu rosto. Então ele assente, levantando-se para jogar os dois pedaços brancos macios fora junto com a seringa.

— As doses estão acabando — Ele anuncia tornando a sentar-se na cadeira.

Tonny toma um gole de café e se recosta em um dos armários, com as sobrancelhas arqueadas e o olhar concentrado em um ponto cego. Ele está pensando no que vamos fazer.

Estabelecemos cargos aqui, para tentar manter a ordem. Tonny é o cérebro, ele decide o que fazemos ou não. Toda vez que as doses acabam, ele decide quem vai sair para pegar o que é necessário, e quem vai ficar. Stuart é a força, é ele quem mata os animais gigantes, ele quem anda na frente e é ele quem faz as doses. Eu sou... Bem, eu. Sou o garoto bom de lábia que despista todo mundo e sabe o local exato para se esconder. Além de ser como um problema ambulante para eles. Especialmente para Stuart.

— O que está acabando, exatamente? — indaga Tonny.

— O sangue infectado.

— Merda — Tonny resmunga. — Se fosse só a água do riacho eu poderia sair sozinho, mas tinha que ser justo o sangue infectado?

— Nós vamos sair? — questiono sem a mínima cara de pau para esconder a animação na minha voz.

— Você vai ficar para cuidar de Perr. — diz Tonny.

— Não! — grito. — Não vou ficar aqui. Vamos levar Perr junto, como sempre fazemos. Ela é um deles, treinado por nós. Pode facilmente matar um dos outros ou...

— Você fica, Luc.

— Não — dessa vez é Stuart quem protesta. — Ele tem razão. Todas as vezes que saímos, nós três, levamos Perr junto. E seria injusto não levar o Lucas sendo que são as doses dele.

— E se ele morrer no caminho?

— Vai ser melhor pra nós — Stuart dá de ombros.

— Ele é delinquente e não me obedece nunca. Ele não vai.

— Podem parar de agir como se eu não estivesse aqui? — peço, minha voz soou alta demais, grave demais. — Eu achei que éramos como irmãos. E sabem o que irmãos fazem? Nunca abandonam uns aos outros. Eu sei que seria melhor para vocês se eu morresse, mas porra, dá para falarem as coisas na minha cara? — engulo em seco, tentando não chorar, e então continuo: — Eu sei que está tudo uma merda. Sei que sentem falta deles, mas não é assim que as coisas funcionam. Eu posso ter a merda do vírus, mas ainda sou humano. Ainda vivo com vocês.

O silêncio se instala. Longo e ensurdecedor. Stuart e Tonny estão me encarando, sem dizer nada, nem uma palavrinha. Possesso, me levanto da cadeira e pego minha xícara de café. Saio da cozinha com passos rápidos e ando até o elevador, apertando o botão e esperando-o abrir. Assim que entro, aperto o número três.

Quando o elevador finalmente chega ao terceiro andar as luzes se acendem, uma explosão de azul-ciano iluminando um lugar vazio. Conforme os anos foram passando, tivemos que deixar cada vez mais o terceiro andar vazio, Perr estava crescendo mais a cada dia que passava. Pat e Stuart criaram uma dose que impediria que Perr crescesse tanto que seria impossível mantê-la no banker.

Assim que piso no chão de grama e o elevador se fecha, ouço as patas de Perr correndo pelo espaço. Quando ela aparece no meu campo de visão, corro até sentir meus braços envolta do seu pescoço peludo e gigante. Perr se remexe um pouco.

Me separo dela e a vejo abaixar um pouco sua cabeça para que eu faça carinho no seu focinho molhado.

— Oi garota — murmuro. — Como você está?

Perr emite um som agudo, e fecha os olhos, se jogando no chão fazendo-o tremer. Ela é um hamster de quase quatro metros de altura, além dos seis metros de comprimento e várias toneladas – paramos de contar quando ela ficou grande demais. Eu a ganhei uma semana antes do mundo ser destruído, e a levei para o colégio para o dia dos animais. Perr acabou contraindo o vírus quando saímos pela primeira vez, uma semana depois de tudo mudar.

Bem, Rosemary e eu decidimos que domaríamos ela, não a deixaríamos por aí. Não era isso o que ela merecia. Graças a nós, Perr não tem vontade de comer eu, Stuart e Tonny.

Ela deita no chão, e eu me aconchego perto das duas orelhas, sentindo seus pelos brancos me abraçarem.

Tomo um gole do café e suspiro.

— Às vezes eu me pergunto se Tonny sairia daqui se eu não tivesse o vírus. Se ele ainda seria tão legal quanto era quando eles ainda estavam vivos.

Perr bufa e o som da sua respiração preenche o lugar.

— Eu sei garota, também sinto falta deles. Mas eu posso sair, não sou contagioso. Eu sei que sou delinquente e nunca obedeço o Tonny, mas eu não morri em todas as outras vezes que saímos... O fato de eu ter contraído o vírus foi um acidente. Assim como você. — suspiro. — A questão é que eu não aguento mais, sabe? Eu queria que houvesse uma cura, que o mundo voltasse a ser como antes. Seria tudo incontáveis vezes melhor.

Fecho os olhos e penso em quantas vezes eu já desejei isso. Quantas vezes Pat jurou que tudo voltaria ao normal. Eu acreditava nele no começo, mas não acredito agora. Nada vai voltar ao normal. Nunca.

Permito que as lágrimas sigam seu rumo pelas minhas bochechas e afundo ainda mais nos pelos de Perr.

E assim adormeço, com a única criatura no mundo que me entende e me conforta sem falar nada.

Quando acordo, estou no meu quarto, com as luzes fortes fazendo meu olho arder. Me sento na cama, com certa dificuldade. Minha medula dói assim como minha cabeça. Não sei por quanto tempo dormi, nem sei se foram dias, mas está tudo estranhamente silencioso. Tento escutar qualquer coisa a longo alcance, mas a dose ainda está fazendo efeito.

Me levanto da cama e percebo que estou vestindo uma das minhas camisetas de super-herói que eu encontrei em meio a alguns destroços de um helicóptero, há três anos. A Viúva Negra segurando armas que atiram para qualquer lugar me encara de volta quando me olho no espelho. Meu cabelo vermelho-alaranjado está completamente bagunçado, e meu rosto inteiro está amassado.

Paro de encarar meu reflexo e saio do quarto, andando até a sala de jantar. Pego o tablet em cima da mesa e o ligo, indo direto para a visão das câmeras de todos os andares. O primeiro andar está vazio, em nenhum dos cômodos há alguma coisa além de móveis sem graça.

O terceiro também está vazio, a não ser por Perr que dorme tranquilamente no chão verde de grama. É só no segundo que encontro Tonny lutando sozinho. Ninguém além dele. Revejo as câmeras para ver se deixei Stuart passar, mas não há ninguém além de Tonny e eu no banker.

Deixo o tablet em cima da mesa e corro até o segundo andar, pelas escadas, sem me importar com a dor nos meus músculos inferiores. Quando chego a área em que treinamos, ando até Tonny, parando há dois metros de distância dele.

— Cadê o Stuart? — pergunto.

Ele dá um soco no saco de pancadas.

Um.

Dois.

Três.

— Tonny! — grito.

Ele continua me ignorando.

Mais um soco.

— Onde ele está? — tento, novamente.

Outro soco.

Tento controlar minha raiva, mas é impossível. Empurro Tonny com toda a força que tenho, lançando-o contra a parede. Ele finalmente me olha, com os globos oculares arregalados. Tento acertar um soco no seu rosto, mas ele desvia e tenta me dar uma rasteira. Eu pulo por cima das suas pernas e o acerto com um chute, bem no seu ombro.

Tonny cai no chão, mas antes que eu possa fazer qualquer coisa, ele se recupera e levanta. Tonny é duas vezes maior que eu, o que significa que tem mais músculos e mais força que eu. Mas eu eliminaria a dose do meu sangue se fosse preciso para vencê-lo. Mesmo que isso significasse acabar com a nossa relação de irmãos.

Ele corre até mim e me acerta com um soco bem no estômago. Viro o corpo e quase vomito a última coisa que comi, mas engulo o líquido com gosto de bile e encaro Tonny. Parto para cima dele e desvio do chute que ele iria me dar, me agachando e dando um golpe certeiro no seu tornozelo. Ele cambaleia para trás, o seu tronco desnudo encharcado de suor.

Me levanto e tento andar até ele, mas o sinto segurar minhas pernas com os pés e me girar, dando um soco nas minhas costas e fazendo-me cair no chão. Furioso, me arrasto até os bastões no canto da sala. Pego um deles e me viro, apontando-o para Tonny em pé em cima de mim.

Acerto o bastão de madeira de eucalipto no seu peito e o empurro para longe. Torno a ficar de pé, em posição de ataque. Tonny dá um sorriso ladino e tenta me acertar.

Dou com o bastão na canela direita dele e o giro nos dedos, passando por trás das minhas costas e pegando-o com a outra mão. Acerto um chute no músculo gastrocnêmio de Tonny. Ele cai no chão, e começa a se arrastar, como eu, até os bastões. Piso em cima das costas dele, em uma tentativa de impedi-lo, mas Tonny se vira e eu escorrego na sua pele molhada, caindo no chão.

Tonny vê nisso uma oportunidade para se levantar e correr até os bastões, pegando um e apontando para mim. Levanto-me o mais rápido que posso e dou uma investida, tentando acertá-lo nas costelas, embora eu tenha errado, consegui ter a oportunidade perfeita de desviar a atenção dele de mim para o bastão e soltá-lo. Corro pelo chão até estar atrás de Tonny, montado nas suas costas, aplicando um mata-leão.

Ele segura meus braços com força e me puxa, agachando um pouco o seu corpo e tirando-me das suas costas. Sinto meu corpo ir de encontro ao chão e todos os meus músculos doerem com o impacto. Tonny me encara, e consigo perceber que seus olhos estão vermelhos, mas antes que eu possa perguntar o motivo, ele dá com o seu bastão no meu abdômen.

Grito de dor, deixando minha preocupação de lado, dou uma cambalhota reversa, passando por baixo das pernas de Tonny e ficando em pé logo atrás dele. Ele se vira e, com toda a força que posso, acerto sua têmpora esquerda. Então seu corpo vai de encontro ao chão, e Tonny parece desistir, porque fica deitado por um bom tempo.

Quando estou prestes a deitar ao seu lado, ele se levanta e me empurra contra a parede, encostando meu nariz no dele.

Estico o joelho e acerto suas partes baixas com força. No mesmo instante ele me solta e cobre seu pênis, caindo no chão e se encolhendo enquanto tenta engolir os gemidos de dor. Me jogo no chão ao seu lado e o viro, tirando suas mãos daquele lugar e colocando meu braço no seu pescoço.

— Eu ganhei — anuncio.

Tonny assente.

— Com um golpe baixo — diz ele.

Eu o solto e sento no chão ao seu lado. Tonny suspira, mas continua deitado. A calça moletom cinza é a mesma que eu estou vestindo, só que números abaixo do meu. Consigo ver a barra da cueca branca que sempre usamos desde que entramos aqui, tão branca quanto o resto do banker.

Respiro de forma desgovernada.

— Onde está Stuart? — pergunto, mais uma vez.

Tonny me olha.

— Ele saiu.

Arregalo os olhos e por um instante esqueço como se respira. Stuart saiu. Sozinho. Ai que merda.

— Como? — consigo perguntar.

— Ele deixou um bilhete em cima da bancada da cozinha.

Tonny aponta para sua camiseta ao lado do elevador. Me levanto e ando até a camiseta, pego o papel branco em cima dela e vejo a letra levemente deitada para a direita de Stuart. Volto em uma semana, não vou deixar Lucas sem as doses e se ele não vai, você também não vai, Tonny. Pat falou para agirmos como uma família. E é isso o que famílias fazem. Se eu não voltar dentro do prazo, sabem o que aconteceu. Stuart.

— Que filho da puta — sussurro.

E então não consigo mais só sussurrar. Corro até o saco de pancadas e o acerto em cheio com um chute, depois o soco repetidas vezes. Até os nós dos meus dedos doerem. Até meu rosto estar encharcado de lágrimas. Até o saco estar fundo. O soco tanto que só paro quando não tenho mais força para erguer os braços. Sinto minhas pernas bambearem e é como se meus membros superiores pesassem toneladas.

Deixo que o chão encontre meu corpo. Sinto Tonny deitar em cima de mim, me abraçando de forma desajeitada. Ele não fala nada, só deixa eu chorar no chão até minha garganta doer.

Stuart é um estúpido idiota. Não estou chorando porque me importo com ele, e sim porque ele sempre soube o quão perigoso o mundo é para sair sozinho. Porque ele não nos avisou. Porque simplesmente saiu.

— Uma semana — resmungo, tentando achar o significado de uma semana no meu cérebro.

— Ele vai ficar bem — diz Tonny.

— Sozinho? — questiono. — Ele sabe que não se deve sair sozinho. Ele sempre soube disso. Mas mesmo assim, ele saiu. Por que ele tem que ser tão teimoso?

— Ele saiu para conseguir manter você vivo. As doses permitem que você viva, Luc.

— Do que adianta eu continuar vivo e ele morto, Antonny? — percebo que estou gritando, mas não baixo uma nota sequer da minha voz. — Quem vai aplicar a dose me mim amanhã?

— Eu.

— Você tem medo de agulhas.

— Posso tentar. Por você. É o que irmãos fariam, né?

Olho para Tonny e por mais que ele esteja com um sorriso no rosto, sei que ele quer chorar. Tonny sempre foi assim. Ele sempre quis parecer forte perto de mim para que eu visse que ele é o pilar do qual eu posso me segurar durante uma tempestade, mas acho que ele esquece de si mesmo. Dos próprios sentimentos.

— E se ele não voltar?

Fazer a pergunta em voz alta é como um tiro. Se Stuart não voltar significa que morreu indo atrás de algo para mim, algo que eu deveria buscar. Significa que eu serei o culpado da sua morte.

Meu estômago se revira.

— Ele vai.

— Mas e se?

Tonny se desvencilha de mim e senta-se ao meu lado.

— Nós vamos atrás dele — ele afirma.

— Tonny...

— Você sempre quis sair, sempre quis ir embora. Se Stuart não voltar, nós vamos atrás dele. Vamos levar Perr, e fodam-se aqueles bichos gigantes e o vírus e qualquer merda que exista do lado de fora. Você sobreviveu com o vírus durante todo esse tempo, nós também vamos sobreviver. Nós vamos sair se Stuart não voltar, ponto final.

Deito minha cabeça no chão novamente.

— Ele só tem que voltar. E logo.


Notas Finais


– 𝐄spero que tenham gostado.
⠀𝙙esculpa qualquer erro ortográfico.


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