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História Desavenças - Prelúdio: Umas tretas hereditárias aí


Escrita por: meizo

Notas do Autor


Só uma three-shotzinha com um crackship que por motivos misteriosos me agrada muito :3

Capítulo 1 - Prelúdio: Umas tretas hereditárias aí


 

 

 

Foi em um festival escolar que a intriga entre os dois clubes teve início. Houve algum problema na hora de enviar o total de clubes que participaria do dito festival e como consequência, dois deles que tinham feito o cadastro devidamente – o de basquete e o de teatro – acabaram ficando sem ter um lugar apropriado para montar seus estandes.

Óbvio que os líderes de ambas as equipes da época trataram logo de exigir explicações dos professores que organizaram aquilo e depois de quase uma baderna ser feita, o diretor achou melhor intervir. Uniram outros dois clubes menores num só estande, abrindo espaço extra pra eles. Infelizmente, como só tinham conseguido liberar um local mediano, a equipe de basquete e o grupo de teatro precisaram trabalhar em conjunto durante todo o festival.

No início até parecia que tudo tinha dado certo, contudo, em pouco tempo os atritos começaram entre os membros dos grupos. Não houve harmonia entre eles, ficando bem óbvio quando tentavam sabotar um ao outro para conseguirem arrecadar mais dinheiro. O cume da implicação foi a briga entre os dois líderes que acabou machucando uma terceira pessoa envolvida por acidente. Essa pessoa era o sobrinho do diretor, que passava por casualidade observando as tendas e pessoas fantasiadas.

O diretor, irritado pela bagunça feita e por terem ferido seu sobrinho predileto, retirou ambos os clubes do festival, cancelando também todo e qualquer lucro que eles tivessem obtido até o momento. Esse acontecimento acabou solidificando a animosidade que antes era apenas uma sutil desavença que havia no ar.

Depois disso, mesmo após quatro anos desse acontecido e não restando mais nenhum membro do conflito original, as pequenas brigas e discussões entre as duas equipes continuavam. Era quase como se tivesse virado uma regra subentendida, algo como os descolados perturbarem os nerds. Dessa maneira, Jean-jacques – atual capitão da equipe de basquete – não via problema algum nesse tipo de troca de farpas. Pouco se importava se seus jogadores soltavam piadinhas de mau gosto ou se esbarravam propositalmente em alguém só para incitar discussões acaloradas nos corredores. (Claro, desde que mantivessem limites.)

As únicas coisas que ele se preocupava bastante era os treinos do time e sua crescente popularidade na escola. Todavia, pela primeira vez ele se viu fora dos holofotes quando um novato chamado Victor Nikiforov se transferiu na metade do ano. E isso o deixou extremamente angustiado.

Nenhum rei ficaria parado ao roubarem sua coroa. E Jean-Jacques era o rei autoproclamado daquela escola.

*

— Ele se juntou ao grupo de teatro? — Jean indagou, perplexo. Ele jurava que Victor se juntaria a algum dos clubes de esporte.

O garoto de rosto comum que era membro do time de basquete e seu espião nas horas vagas mexeu no celular como se verificasse algo enquanto mascava um chiclete ruidosamente.

— Sim. Tenho até uma foto aqui. — disse virando a tela do celular para o capitão para que ele mesmo visse a prova.

A boca de JJ caiu. Contudo, em poucos segundos o seu característico sorriso animado voltou ao rosto. Se Victor tinha optado pelo clube de teatro, isso significava que em pouco tempo a fama súbita dele se extinguiria. Tudo tinha se resolvido sem ele sequer precisar mexer um dedo! Sentindo-se mais motivado e feliz com o rumo das coisas, JJ deixou de se preocupar com a questão de popularidade e voltou a concentrar-se nos treinos para o próximo jogo.

Até aí tudo bem.

Entretanto, com o decorrer das semanas e a não mudança da situação, a preocupação de JJ voltou em dobro. Foi por isso que depois de ouvir falar sobre a pequena apresentação que o clube de teatro faria na frente da escola no final das aulas de sexta, ele se sentiu na obrigação de comparecer para conferir a tal peça. E então foi lá que ele o viu. Não Victor, seu usurpador de popularidade, mas sim um rapaz loiro de desenvoltura tão única que praticamente roubava a atenção do público. Aquele era Christophe Giacometti, o novo líder do clube de teatro.

Claro, originalmente JJ tinha ido com a intenção de caçoar daquela atividade que ele achava tão idiota, mas foi com surpresa que no início dos aplausos finais, ele estava chorando de tão verdadeiramente tocado que ficou com a história. Tinha sido uma adaptação do Pequeno Príncipe com um tom mais sombrio, mas de alguma forma tinha ficado tão cativante que Jean não pôde evitar as muitas lágrimas que vieram. Sua sorte era que estava bem ao fundo da plateia improvisada então não foi flagrado aos prantos, mas logo fugiu dali para evitar qualquer incidente indesejado.

Aquela foi a primeira vez que JJ se encontrou sem palavras. Ficou tão chocado pela própria reação que naquela noite nem conseguir dormir conseguiu. Rolou na cama de um lado para o outro até o nascer do sol, sempre revendo as cenas daquele tal líder da equipe de teatro. Não entendia o porquê de ter ficado tão encantado com a atuação de Chris e ficou tão fissurado nisso que na semana seguinte decidiu assistir aos ensaios da próxima apresentação ainda sem data prevista.

Como eles ensaiavam na sala de anfiteatro da escola seria um pouco difícil passar despercebido caso entrasse durante o ensaio, por isso JJ se adiantou e se acomodou em uma das cadeiras do canto mais afastado antes de sequer um dos membros estar lá. Na sua cabeça o plano era perfeito, mas não demorou muito para ser percebido por uma das meninas que se alongavam e faziam testes de poses aos comandos de Chris. Com desconfiança Chris seguiu com o olhar para onde sua colega apontava, logo avistando o perceptível capitão usando a jaqueta do time, sentado de braços cruzados. Achou estranho, mas acabou dando de ombros enquanto começava ele mesmo a fazer alguns alongamentos, para alívio de JJ.

Voltando a perscrutar o loiro, procurou qualquer justificativa que o fizesse chamar alguma atenção especial, mas ele não via nada além de um rapaz vestindo uma roupa preta justa e abrindo um espacate com uma facilidade assombrosa. E não é que aquela calça justa lhe caía muito bem? Delineava bem suas pernas e, principalmente, sua bunda ficava bem marcada.

JJ piscou aturdido.

“O que foi que eu acabei de pensar?”

Uma mão no seu ombro o despertou do transe – pois ainda fitava a bunda alheia com muito interesse – e ele se virou assustado para a pessoa ao seu lado. Seu amigo e companheiro de time, Leo de la Iglesia, o encarava com um sorriso tranquilo.

— O que foi, JJ? Estava dormindo acordado?

Um risinho nervoso lhe escapou.

— Isso não importa. O que está fazendo aqui?

Leo inclinou ligeiramente a cabeça antes de lançar um olhar ligeiro para o palco.

— Eu poderia te fazer a mesma pergunta... Mas, enfim. — voltou-se para o amigo, agora com uma expressão um tantinho preocupada. — Yakov anda te procurando como um louco. Parece que é algum problema envolvendo suas notas.

Jean engoliu em seco, arregalando um pouco os olhos. Não precisava nem pensar muito para imaginar a causa de Yakov estar atrás de si, visto que sabia muito bem o quão mal estava indo em algumas disciplinas. Dando por encerrado aquele momento de observação, ele agarrou a mochila e correu para fora dali, querendo não encontrar um Yakov enfurecido pelos corredores. Quer dizer, só por ele ser o professor responsável pelo time não lhe dava o direito de puxar suas orelhas pelas notas ruins... Ou dava?

De qualquer forma, Yakov – provavelmente já imaginando seus planos – o pegou bem na saída da escola. Naquele dia ele ouviu o suficiente para manter as orelhas aquecidas por todo um inverno, mas não foram as ameaças de perder seu posto no time que o fez ter outra noite mal dormida. No curto momento em que conseguiu relaxar e fechar os olhos, seus sonhos foram tomados por imagens de Christophe o mostrando o quão flexível ele era e o convidando para exercícios nem um pouco inocentes.

Acordou no meio da madrugada com a respiração forte e uma semi-ereção embaixo das cobertas. É, ele não sabia como tinha passado por aquela súbita mudança em seus desejos, mas não tinha como negar que estava se sentindo fisicamente atraído pelo rapaz de brilhantes olhos verdes. (e talvez também estivesse interessado no eu-ator dele) Quer dizer, até aquela presente data todos os seus interesses românticos/sexuais tinham sido garotas... Então isso o classificava como bissexual? De qualquer forma sua cabeça estava uma confusão só.

Disposto a descobrir se aquela atração era passageira, JJ passou a seguir Chris sempre que tinha tempo livre. Em sua humilde opinião ele se considerava uma pessoa eximiamente ninja, por isso nem lhe passou pela cabeça que uma hora seria descoberto. Contudo, quando estava seguindo discretamente o Giacometti pelos corredores e depois de esperar alguns segundos na curva do corredor só pra garantir não ser pego, acabou sendo puxado de súbito para dentro de uma salinha de armazenamento de cadeiras extras.

O coração bateu acelerado pelo susto e precisou de alguns segundos para conseguir identificar direito o rosto que o encarava de perto. Quando reconheceu os olhos claros e o cabelo loiro que em alguns pontos formavam pequenos cachinhos, seu primeiro pensamento foi fugir dali. Mas quem disse que ele tinha como fazer isso? Christophe o encurralou contra umas mesas amontoadas, cutucando acusadoramente seu peito com o dedo em riste.

— Por que está me seguindo? — Suas sobrancelhas claras estavam contraídas em irritação. — Está tentando aprontar pra meu lado? Se isso é por Mila ter dado uma chave de braço num dos seus garotos, saiba que ele mereceu. Passar a mão na bunda de alguém é considerado assédio e se eu estivesse no lugar dela não teria liberado ele apenas com uma chave de braço.

JJ piscou confuso. Do que diabos ele estava falando? Porque ele não ficara sabendo disso?

— Quando isso aconteceu?

O loiro estreitou os olhos para o capitão do time de basquete. Ele parecia genuinamente surpreso, mas ainda assim preferiu mantê-lo sob suspeita.

— Semana passada.

De fato, Jean não tinha ficado sabendo de nada daquilo. Quer dizer, ele não ligava muito pras discussões que ocorriam vez ou outra entre os membros dos dois clubes, até assistira algumas delas, nem para as constantes rixas. Mas assédio era uma coisa completamente diferente. Uma vez, inclusive, precisara interferir num planejamento de uma pegadinha pesada que alguns garotos do time -- uns reservas que pareciam ter entrado pro clube só pelo status -- estavam tramando fazer com os calouros do teatro. E era deles que JJ estava desconfiando agora.

Suspirou.

— Pode deixar que eu vou cuidar disso.

Depois daquela fala, dita com considerável seriedade, Chris se afastou um tanto e colocando as mãos na cintura, o mirou curioso. Talvez o capitão do time de basquete não fosse tão babaca quanto imaginava a princípio.

— Se você não estava atrás de mim por causa disso, então era pelo quê?

Jean arregalou os olhos, engolindo em seco. Caso ele soubesse que um dia cairia naquela armadilha teria ensaiado uma ou duas explicações anteriormente, contudo, naquele momento ele só conseguiu falar o que lhe vinha a mente, tendo o cuidado de não mencionar os sonhos molhados, claro.

— Eu só queria te conhecer melhor. — moveu as mãos nervosamente para os bolsos da jaqueta. — Assisti sua peça na sexta e percebi que tinha uma imagem errada do clube de teatro. Você estava muito incrível. Digo, vocês estavam muito bem. Aí eu...

— Então quer dizer que você se interessou por teatro depois disso? Te vi assistindo alguns de nossos ensaios.

JJ mexeu com o zíper da jaqueta do time, tentando pensar em como explicaria que o interesse não tinha sido exatamente pelo teatro, mas ele nem precisou responder visto que Chris logo continuou a falar.

— Pois saiba que não tenho o menor interesse em dar atenção a qualquer capricho do líder do clube que vem nos perturbando há tanto tempo. Agora que estamos esclarecidos, pare de me seguir. — disse e saiu da pequena sala, deixando JJ a sós com seus pensamentos.

De certo modo esse fim era esperado, apesar de JJ se sentir um pouco infeliz com ele. Ficou ali, no escuro mesmo, pensando no fora que tinha levado. (Afinal, tinha sido um fora, não é?) Não era como se alguém do basquete e alguém do teatro pudessem se dar bem assim do nada quando o histórico de desavenças entre eles vinha desde anos atrás, mas Jean tinha mantido uma pequena esperança.

Infelizmente tudo que lhe restara daquela atração curiosa foi o sentimento chato de rejeição. E também um desânimo não muito característico para alguém como ele.

Mal ele sabia que esse era apenas o início de uma onda de abatimento daquelas.

 

 


Notas Finais


alguém leu isso aqui? aodisaiosdjaiosjdioad

é realmente uma história simplezinha que dividi em três partes para não ficar muito longo pra ler, sacomé


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