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História Descensum: Highway to Hell - Limbo: III


Escrita por: suspended

Notas do Autor


Qual o personagem favorito de vocês até agora? Deixem aí nos comentários! <3

Capítulo 4 - Limbo: III


  — Liam, está atrasado para o ensaio. — Debbie mostrou a tela de seu celular, indicando 15:45.

— É, eu sei. Eu precisei fazer algumas coisas. — Caminhou em direção à banda de cabeça baixa, sem confrontar a garota.

 — Já é a terceira vez que você se atrasa pra um ensaio, alguma coisa 'tá acontecendo?

  — Eu estou bem, Deb. Me deixa em paz. — Liam pegou sua guitara, ainda conversando com a jovem em um tom calmo, sem ir contra ao que ela falava em seu ouvido naquele momento, até que uma hora não aguentou mais. — Já entendi! Não vou me atrasar mais, porra!

Levantou os braços em espanto com a reação de Liam à suas palavras. Por mais que o temperamento de Liam fosse irritadiço, e que brigassem com frequência, ele nunca havia levantado a voz para ela dessa forma. Não sabia muito bem o que fazer, então apenas ficou ali, observando-o se acalmar até que alguma palavra saísse de sua boca novamente.

 —  Eu preciso fumar. — A garota alta de cabelos pretos saiu do estúdio, com uma expressão séria em seu rosto e sem encarar o guitarrista da banda.

Ficou ali por um tempo, estava mais frio do que de costume, mas ainda bem que estava com seu casaco de pele falsa de onça que havia garimpado em um brechó há uns tempos atrás. Se lembra exatamente do dia em que o comprou, quase saiu na mão com uma mulher mais velha pois ambas o queriam. Não podia deixar uma peça tão maravilhosa - e tão barata - escapar de suas mãos.

Questionava-se cada vez mais se seu lugar era ali. Será que estar na banda com os meninos valia mesmo a pena? Amava cada um deles, mas talvez seu lugar não fosse na música. Que tal um emprego onde se sentasse atrás de um computador, organizando pilhas e pilhas de documento por um salário fixo, sem passar perrengue todos os meses? Seus trabalhos como DJ estavam ficando cada vez mais escassos desde que um ex-colega resolveu queimar o seu filme porque ela estava recebendo mais do que ele ao mês.

Mesmo com aquele casaco enorme e peludo, o frio lhe cortava. Nem fumava mais o cigarro, apenas segurando-o, sendo afogada completamente por seus próprios pensamentos. A realidade é que só queria fugir dali, ir para um lugar qualquer e não precisar escutar nada de ninguém, mas sabia que não poderia ser bem assim.

 — Deb? — Voltou para terra e a primeira coisa que viu foram os cabelos descoloridos de Liam, e seus olhos azuis encarando-a. — Sobre o que eu disse lá dentro, olha... Eu... 

 — Não importa, está tudo bem.

—   Não, não está. Algumas coisas tem acontecido comigo, e eu tenho tentado resolvê-las, mas parece que eu só me fodo cada vez mais.

Não queria contestá-lo. Certas partes da vida de Liam não eram reveladas para ninguém, nem à Debbie. Mesmo com anos de amizade, ainda sentia como se uma grande e importante parte da vida do garoto era ocultada com frequência, só não entendia o porquê. Sentia que algo estava acontecendo, mas para aliviar sua consciência, preferia ignorar.

Respirou fundo, jogando o cigarro no chão em seguida. Encarou Liam por alguns segundos até que encontrasse as palavras certas a serem ditas naquele momento. Não queria mais problemas ou discussões, tudo o que queria é que ensaiassem e fizessem o show na semana que vem, e aí, veria o que faria com a sua posição na banda. Aquele show seria o determinante para ver se ficava ali, ou se iria embora.

 —  Vamos ensaiar? Não vamos acabar com a raça do The Neighbourhood sem nem ao menos tentarmos, não é mesmo?

—   Você está realmente disposta a acabar com eles, não está?

—   Na realidade não. — Caminhava junto a Liam até o estúdio.— É mais como se eu quisesse que seus fãs virassem nossos fãs também. 

— E Deb... Sobre hoje, novamente, eu... — Tentou pedir desculpas de novo à garota antes que ela abrisse a porta.

— Não esquenta, eu sei que você deve ter tido um motivo sério. — Fechou a porta que estava semi-aberta. — Mas uma hora você vai ter que me explicar sobre esses seus machucados. — Encarou-o séria, sabendo que na hora certa, ele iria conversar com ela a respeito.

Liam não falou nada, apenas entrou com a garota para dentro do estúdio novamente. Pegou sua guitarra e era como se nada tivesse acontecido. Um acorde e uma batida por vez, a música começava a se formar. Os vocais poderosos de Debbie complementação a canção, era uma mistura perfeita. Dava tudo de si quando estava nos palcos, era como se fosse para uma realidade alternativa, onde seus problemas e preocupações não existissem, somente a música.

O setlist já estava pronto, só tocariam duas músicas, então não havia sido muito difícil escolhê-las.  Quando descobriram que só tocariam duas, não ficaram desapontados, afinal já era de se esperar que lhe dessem um número pequeno por serem a banda que ganhou o concurso. Não eram uma banda grande, ainda mais em comparação às outras que iriam tocar no mesmo dia, e além do que, apenas de estar lá, já traria uma boa visibilidade à banda. 

  — Acho que acabamos por hoje. — Debbie tomava uma água, enquanto encarava os meninos, também exaustos. — Que horas são?

— Quase sete. — Sid respondeu, afastando-se da bateria. — Mantendo esse ritmo acho que faremos um bom show.

 — Nossos shows sempre são bons.  Precisamos fazer um show ótimo.  — Liam possuía um tom preocupado em sua voz. Quando se tratava de sua música, ele se cobrava bastante.

  — Vai dar tudo certo. — Dave respondeu aos dois. — Temos bastante harmonia entre nós. E como Sid falou, se mantermos esse ritmo, vai dar tudo certo. — Sorriu e começou a guardar seu baixo na capa do instrumento. 

Não sabiam se estavam prontos ou não. Era amedrontador se apresentar para mais de cem pessoas pois era algo que nunca haviam feito antes. E se errassem algo? E se não gostassem de seu som? Cada um deles se questionava por algum motivo, mas todos naquele momento sentiam-se preocupados com o que poderia acontecer.

  — Vamos apenas dar o nosso melhor, certo? — Debbie tomou a posição de líder naquele momento, tentando fazer com que não se sentissem tão inseguros quanto ela. — Vocês são músicos ótimos, e eu sei que vocês vão ir muito bem. Estamos juntos nessa.

— Você está se sentindo bem? — Sid olhou desconfiado para a garota, que raramente falava dessa forma.

— Vai à merda! Não tento mais encorajá-los também. — Antes que pudesse fazer mais outra coisa, Sid a abraçou. — Me solta, agora já não quero mais! — Começou a rir, da forma mais pura o possível, fazendo com que todos os outros caíssem na risada em seguida.

Aquela era a sua família. Uma família muito disfuncional e cheia de problemas, mas aquela eram as pessoas que a acolheram e estavam com ela nos momentos mais difíceis. Daria tudo de si no show semana que vem, devia isso a eles. A última coisa que queria naquele momento era desapontá-los.



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