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História Desconhecidos - Capítulo Único


Escrita por: ikus

Notas do Autor


Melissa Ikus está entediada e com sono pra fazer qualquer coisa no aeroporto.
Bem, acho que já posso postar essa fanfic, já que faz um tempo que aconteceu e tô de boas agora. Sei lá, escrever sempre foi algo que eu fiz pra superar a dor então saiu isso na época, acho que eu gostei, então tô postando hauahajaha

Capítulo 1 - Capítulo Único



    Eu lembro até hoje como te “conheci”. Posso dizer que foi meio intuitivo, instintivo, porque quando eu vi aquela fanfic nos Recentes, com apenas uma frase como sinopse, eu nunca poderia imaginar que seria tão boa quanto é. Mas é.

    O primeiro parágrafo foi o suficiente para eu ficar admirado e nem acreditar que eu estava lendo algo como aquilo. Pareci um louco, saí comentando empolgado em cada capítulo, querendo mais e mais, como se eu tivesse ganhado na loteria. Mas era quase isso, não é sempre que se acham fanfics assim.

Foi assim que achei mais um escritor que eu poderia seguir sem medo e favoritar as fanfics sem nem ler elas por saber que o conteúdo seria bom. Sempre achei que o seu número de leitores não condizia com a qualidade das suas fanfics, mas provavelmente eu sempre acharei isso mesmo porque a qualidade é desproporcional com a quantidade de pessoas no mundo que possam acabar lendo.

Lembro até hoje de como eu não entendi nada quando você criou uma conta no Twitter para uma votação e veio falar comigo. Eu só conhecia você por comentários, então fiquei um tanto surpreso. Mas não tão surpreso quanto quando eu me vi conversando madrugada afora nas DMs sobre assuntos aleatórios e até mesmo constrangedores. Tudo parecia tão fácil. Você pareceu cada vez mais incrível.

Se me perguntarem quando que eu acabei ficando tão amigo seu eu não saberei dizer. Simplesmente aconteceu, simplesmente foi. Quando eu menos esperava, você já estava lá como uma pessoa que eu ia me apoiar, pedir opinião, rir de qualquer coisa idiota.

Eu gostava de nosso ritmo, de como a gente só se mandava foto feia, de como meu celular ficou lotado de memes próprios e fotos lindas de nossos ídolos em comuns acompanhadas por xingamentos porque como um ser humano podia ser tão “grrrr”?

Eu gostava de como depois de te encontrar ao vivo só passei a te admirar mais, querer te ver mais, te conhecer mais, me apoiar em você mais. Eu gostava de saber que eu poderia falar tudo que eu pensava, sentia, ser sincero sem julgamentos.

Eu gostava de gritar com você sobre fanfics novas e antigas, gostava do mistério que você me fazia sobre algumas que ia lançar, gostava ler de camarote algumas outras. Eu gostava de ter sua opinião, alguém que eu admiro muito, sobre algo que fiz, que escrevi. Parecia ter muito crédito, até porque você sempre soube que nunca era obrigado a me falar algo bom.

Eu não percebi quando comecei a gostar de você além de amizade, mas percebi em algum momento e, bem, eu gostei. Eu gostei de poder cultivar esses sentimentos por alguém depois de dois anos sem sentir nada por ninguém. Eu gostei de ter esse privilégio, realmente acredito que isso foi um privilégio.

Não sei dizer se gostei, mas foi uma nova experiência saber que eu também gostava de gente do meu próprio sexo. E por algum motivo foi tão natural que nem causou estranheza em mim. Foi tão fácil aceitar.

Eu nunca esperei nada de volta, mesmo quando contei para você. Eu só queria que você soubesse. Seria mentira se eu dissesse que não queria nada com você, porque é óbvio que eu queria, mas eu não esperava, não queria nem parecer esperar porque eu sei como é desconfortável estar nessa situação.

Até hoje lembro em como eu fiquei nervoso, em como meu coração se acelerou quando contei para você. E eu fiquei feliz, porque nossa, fazia tanto tempo que meu coração não acelerava assim. Eu sabia que era algo idiota e impossível, seu coração não estava no momento e, mesmo se estivesse, eu estava longe, muito longe. Mas eu sabia que aquilo me fazia bem.

Foi bem chato quando eu entrei na faculdade e fiquei com menos tempo pras coisas. Foi bem chato não poder gritar com você toda hora ou escrever aqueles comentários enormes que, mesmo com aquele tamanho, não mostravam 1% do que eu sentia. Foi chato não estar tão presente nos meus meios de comunicação, mesmo sabendo que você não se importava nem ficava chateado. A gente sabia dos limites um do outro, eu pelo menos achava isso.

Eu gostava de tirar prints de e te mandar para a gente rir ou conversar, pra começar um assunto. Eu gostava de ver o quanto você tinha crescido nesse meio tempo, quantos leitores novos você tinha, quantos amigos preciosos você fez. Eu nunca esperei que isso fosse acarretar tudo que acarretou.

Primeiro que o print acabou sendo uma faca de dois gumes para mim, e me fez descontar uma frustração por algo que nem tinha a ver com você por estar esperando uma resposta que você não era obrigado a me dar. E eu sei que estava completamente errado, por isso pedi desculpas.

Segundo que eu nem fazia ideia que justo o que eu brinquei para tentar trazer o assunto dos seus novos leitores e amigos à tona era o que estragou tudo. Eu demorei muito para entender.

Mesmo sem saber o que eu fiz de errado, eu entendi que tinha algo de errado e aquilo me fez tão mal. Eu tenho realmente um problema de ansiedade horroroso que me ataca principalmente quando eu acho que posso resolver, consertar tudo. Quando eu acho que fiz mal para algo ou alguém. Eu simplesmente não consigo lidar com minha consciência. Já foi pior, e eu agradeço ter conseguido vencer um pouco isso, mas está longe de ser ideal.

Mesmo estando exausto, sem dormir por causa da faculdade, suas provas e suas responsabilidades, quando eu arranjava tempo para dormir, não conseguia. Aquilo me corroía. Até minha maldita gastrite nervosa ameaçou levemente a voltar. Eu não queria te fazer mal, eu não conseguia suportar a ideia de te fazer mal.

Eu estava chorando, sem conseguir dormir quando eu te mandei uma mensagem para que você pelo menos me respondesse, não importasse o jeito, e foi um alívio tão grande quando eu tive uma resposta.

Você se sentiu controlado, aquela minha brincadeira sobre os leitores novos pareceu uma exigência, uma obrigação de que você falasse comigo. Eu não queria te controlar, não queria mudar o jeito que você é, até porque eu sou apaixonado por você exatamente desse jeito.

Você chegou a falar que eu não fiz nada de errado, só acabei te lembrando de algo que te fez mal no passado. Eu me senti tão mal, mas tão mal, te machucar era a última coisa que eu queria e saber que eu tinha feito isso tão “do nada” foi horrível, acho que nenhuma desculpa que eu desse seria o suficiente para mim. E aparentemente para você também.

Queria que tudo fosse uma fanfic, em que os personagens curam as cicatrizes e machucados um do outro como um passe de mágica. Que eu realmente pudesse ser capaz de fazer algo além de me alegrar quando você me contou que andava se sentindo feliz. Queria poder garantir isso sempre.

Eu queria consertar, queria que tudo desse certo de novo, queria que você soubesse que eu estava lá para ouvir tudo que você quisesse falar, no tempo que quisesse falar. Que eu estava lá, para apoiar, não para machucar, mesmo que eu tenha feito isso. Eu queria que você soubesse que assim como eu falava exatamente o que eu pensava, eu me arrependendo ou não de pensar assim, você poderia falar comigo.

E eu tentei voltar a conversar igual a gente fazia. Mas você já não era o mesmo, mesmo que eu afastasse esse pensamento, era inegável, e eu deveria ter esperado quando você disse que iria se afastar de mim porque não queria ficar me ignorando.

Mas doeu tanto. Eu queria que você me desse uma chance, eu me senti injustiçado de ser tratado daquele jeito por causa de alguém que te fez mal. Eu queria que você refletisse tudo o que passamos juntos, tudo o que fomos um para o outro para não se afastar daquela forma tão simples, como se fosse tão fácil.

Eu te amo tanto. Não porque sou apaixonado, mas porque você era um amigo que significava demais, significa demais. Eu não queria perder aquela amizade. Eu queria que você soubesse tudo que passava pelo meu coração, pela minha cabeça.

Você disse que precisava fazer isso pra pensar em você primeiro, porque aquilo te desestabilizou, te lembrou de coisas e que sabia como aquilo ia continuar. Eu realmente sempre concordei em pensarmos em nós mesmos primeiro, porque eu sei que eu teria sofrido muito menos por muita coisa se eu tivesse isso na minha cabeça, e você também.

Mas ao mesmo tempo eu achava que aquela situação merecia uma segunda chance. As pessoas erram, você já errou, e eu errei sem querer, de verdade, eu errei por parecer exigir uma coisa que eu nunca quis de você e aquilo era frustrante, me deixava inconsolável porque não precisava ser assim.

Ao mesmo tempo eu fiquei perdido, magoado, porque logo você, que escrevia capítulos enormes, me mandava umas frases curtas, meio na defensiva quando tudo que eu queria era que você conseguisse expor tudo o que você estava pensando e passando assim como eu, porque eu sempre achei que isso faria com que nos entendêssemos. Porque existe empatia, porque eu sempre quero pensar no seu lado.

Me doeu porque em vez de você entender meu lado e insistir em tentar fazer com que eu entendesse o seu, você ficou na defensiva como se eu estivesse te atacando, te culpando, sendo que isso era a última coisa que eu queria. Você ficou na defensiva justo quando eu estava abrindo meu coração.

Você preferiu falar que eu precisava de um médico, que minha dependência não era normal, e mandar um emoticon de hangloose quando eu só queria mais paciência, respostas, o que você estava pensando.

Porque até hoje eu entendo que você tem seus motivos, mas você preferiu desistir de falar comigo e me transformar em um desconhecido do que falar.

Eu não sei direito o que eu quero, se eu quero que você diga que a culpa não é minha, nem sua, e me desse um voto de confiança para falar o que passa na sua cabeça, ou talvez que eu signifiquei alguma coisa, porque no meio disso tudo, o que eu mais senti era que tudo o que a gente compartilhou foi para o lixo rapidinho e, caralho, jogar no lixo foi tão fácil assim?

Eu não tentei falar mais com você depois que você me ignorou, eu respeitei você, eu respeitei a mim mesmo. Eu me odiei por volta e meia te encontrar no meu feed do Twitter, conversando com seus leitores e, em vez de ficar completamente feliz por você, por suas conquistas, por tudo que você merece, me sentir meio triste e com inveja, porque eu queria estar fazendo parte disso.

Eu até que fiquei bem, porque eu entendi que não havia nada mais que eu pudesse fazer sobre nós. Que eu contei tudo que passava na minha cabeça e, talvez, isso não fosse o suficiente, eu não fosse o suficiente, e eu tinha que viver com isso. Eu sei que eu abri todo o espaço possível para você vir falar comigo de volta, mas isso não aconteceu.

Bem, na verdade até aconteceu. Depois de muito tempo você veio me chamar no Twitter para me pedir para te tirar do meu perfil. Eu não entendi porque, primeiro, eu já havia tirado há um tempinho, naquele mesmo dia, confesso. Eu não entendi porque isso não deveria significar nada para você e queria que meu próprio tempo fosse respeitado. Você não tinha direito de arrancar isso de mim fora do meu próprio tempo.

Eu me sinto muito idiota de ainda esperar algo de você, alguma explicação, qualquer coisa. Me sinto idiota porque eu vejo novos capítulos de suas fanfics saindo e não sei se eu deveria ler, muito menos comentar do jeito que eu queria. Me sinto idiota porque eu fico me remoendo se eu escrevo ou não aquela fanfic de aniversário que planejava há tempos, se eu no mínimo dou um parabéns.

Me sinto muito idiota quando eu fico triste ao ver novos amigos seus recebendo apelidos que um dia foram meus. Acredite, eu não te persigo, eu não te stalkeio, eu não fico me auto-sabotando, meu feed que faz isso, por isso finalmente decidi silenciar todas as suas notificações dele, acho que isso me fez bem.

Porque é triste te ver seguindo a vida, não porque eu quero te ver mal, mas porque nessas horas eu fico meio egoísta e esperava que eu tivesse algum impacto, que eu tivesse significado alguma coisa porque, por mais que eu viva bem, ande de peito estufado porque eu sei que tenho muita gente boa ao meu redor para me apoiar, eu me sinto triste de ter perdido um amigo tão importante. Às vezes a melancolia e a frustração vêm, porque eu não entendi direito quando fomos de tudo a nada, nem o porquê.

Teve uma festa que eu fui em que eu estava dançando um modão sofrência com minha amiga. Eu nunca tinha ouvido ele e, mesmo agora, depois de pesquisar, não sei que música é essa. Só sei que quando eu percebi que as letras falavam de se afastar, de cada vez ter menos importância e de esquecer, eu comecei a chorar no ombro dela.

Eu comecei a chorar porque eu sei que é isso que vai acontecer com a gente agora. Que a gente vai esquecer, vai ter menos importância (isso é, se eu já não fui esquecido e se sequer um dia tive importância), e isso é triste porque eu não queria que alguém tão importante escorresse ralo abaixo assim.

É meio triste porque eu lembro de que quando eu reclamei de uma oneshot angst sua e fiquei com medo de sofrer muito com uma longfic, você disse que não era capaz de dar um final triste a uma longfic, que isso era muita crueldade.

Então, me diga, por que você está deixando a gente terminar assim?



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