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História Desde agora e para sempre - Capitulo Quatro - Ele


Escrita por: magnors e Bane

Notas do Autor


Anteriormente em 'Desde agora e para sempre': Marcos recebeu seu filho, Theo, para passar o final de semana com ele, como de costume. Os dois jantaram na casa da vizinha, Francine, a qual Marcos desconfia que tem um crush por ele. Na noite do dia seguinte, ele recebe uma ligação da irmã, informando que o pai faleceu.

Sempre se atentem às datas no começo dos caps, é importante para saberem quando houve uma passagem de tempo maior que um dia ou dois.
Por favor, comentem o que estão achando.
Boa leitura :D

Capítulo 5 - Capitulo Quatro - Ele


Fanfic / Fanfiction Desde agora e para sempre - Capitulo Quatro - Ele

8 de abril de 2034.

 

            - Marcos? – ouço a voz de Bianca.

            Permaneço imóvel, tentando assimilar a informação. Não pode ser verdade, ele não pode ter morrido. Mas porque minha irmã brincaria com algo tão sério?

            Minha mente dá voltas e não sei distinguir paranoia de realidade.

            - Marcos, quer que eu vá ai?

            - Não. – digo, de forma fria.

            - Tem certeza?

            - Sim.

            - Theo está aí?

            - Sim.

            Silêncio.

            - Amanhã de manhã vou te buscar.

            - Ok. – não me interesso em saber mais informações.

            - Aguenta firme, logo estarei ai. – funga, antes de desligar.

            Abaixo a mão que segura o telefone e encaro o chão, ainda incrédulo. O que aconteceu? Será que tinha alguma doença que não sabia? Será que sentiu dor? Foi internado? Como minha mãe está nesse momento?

            A única coisa que consigo é me questionar, o momento é surreal. Acho que ninguém imagina como reagirá perante a perda dos pais.

            - Papai. – assusto com a voz sonolenta de Theo.

            Tenho um pequeno delay para responder.

            - Sim, filho?

            - Tive pesadelo.

            Estou vivendo um.

            - Não tenha medo, vem, vamos para a cama.

            Ele deita em meu braço e me abraça, enquanto faço cafuné em sua cabeça. Acalento-me naquele aconchego, pensando em como Theo ficará quando eu não mais estiver aqui. Será que ainda terá a companhia da mãe? Será que estará preparado para os desafios que a vida o proporcionará?

            Por um momento questiono a forma como estou criando meu filho. Quero que ele seja um homem honrado e respeitoso no futuro, mas que também saiba que o apoiarei em qualquer decisão que queira para sua vida, mesmo que me contrarie ou me chateie.

            Com toda certeza serei diferente do meu pai nesse aspecto.

          Apesar do jeito amoroso e atencioso com que me tratava, sempre cobrou para que eu fosse o exemplo de macho alfa e homem de negócios. Pra ele não existiam jeitos diferentes ou gosto individual, somente a sua vontade, que devia ser respeitada acima de todas as coisas. Isso acabou causando nosso afastamento.

             Tento lembrar a última vez que tive uma conversa amigável com ele. Ano passado o vi algumas vezes, mas não passamos das interações sociais corriqueiras. Talvez esse momento ocorreu durante o seu jantar de bodas de ouro, anos atrás.

 

~ <> ~

 

16 de fevereiro de 2030.

 

            Estaciono a moto na grande garagem destinada à coleção de carros antigos do meu pai. Tiro o capacete, notando a apreensão no rosto de Aline.

            - Calma, ninguém vai te morder. – digo de forma descontraída.

            - Devíamos ter trazido algo.

            - Sério que você quer presentear alguém que já tem tudo?

            - É só questão de educação.

            Dou de ombros, guardando os capacetes.

            - Meu cabelo está bom? – mexe nos fios recém-escovados.

            - Você está linda meu amor, como sempre.

            - É sério, Marcos.

            - Está ótimo.

            Seguimos de mãos dadas até o deck próximo à piscina, onde estão dispostas mesas redondas forradas com toalhas brancas. Minha família está quase toda no local, sinto falta de poucos rostos.

            - Marquinhos! – ouço a voz de tio Dionides.

            O homem magro, branco e de roupa amassada vem em minha direção, abrindo os braços. Recebo seu abraço caloroso, feliz.

            - Há quanto tempo. Em que buraco estava escondido? – brinca.

            - Até parece que sou eu quem fui morar no meio do nada. – devolvo.

            - Sempre preferi o ar do interior, sabe disso. – justifica. – Oi Alana.

            - Aline. – corrige, ao cumprimenta-la.

            - É mesmo. – sorri, um pouco constrangido.

            - Onde estão os donos da festa? – indago, olhando ao redor.

            - Provavelmente andando de perna aberta, de tanto que estão puxando o saco deles.

            Rimos.

            - Então é melhor eu garantir meu lugar na fila logo.

            Ele gargalha, batendo em minhas costas.

            Cumprimentamos diversos membros da família da minha mãe e do meu pai, respondendo perguntas repetidas sobre o meu relacionamento com Aline e sobre nosso filho.

            Demora uma eternidade para encontrarmos o senhor Tomás em meio a tanta gente.

            - O que se deseja em bodas de ouro?

            Quando ele se vira e me vê, abre um sorriso, me abraçando.

            - Pensei que não viria por causa do bebê.

            - Demos um jeito, ele está com a babá.

            Sinto carinho e verdade em seu abraço. Faz quase um ano que não nos falamos, e apesar de tentar manter a aparência de homem independente, sempre me torno um menino carente em seus braços. Sinto o aroma da fragrância que usa desde que eu era criança. Lembro que ele mandava importar os frascos da França, afirmando que é somente lá que fazem perfumes de verdade.

            - Cada vez que te vejo está mais linda. – diz, ao cumprimentar minha esposa.

            - Obrigada. – fica lisonjeada.

            - Cadê a primeira dama?

            - Cuidando dos últimos detalhes para o jantar. Sabe como sua mãe é.

            Arqueio as sobrancelhas, concordando.

            - E você Aline, o que tem feito?

            - Trabalhando muito, como sempre.

            - Que bom, valorizo mulheres que lutam para ganhar o seu dinheiro.

            Contenho-me para não revirar os olhos.

           - E você?

            - Ultimamente só coço a bunda e assisto filmes. – brinca.

           Ela ri. Forço um sorriso.

            - Não tenho mais animo pra nada, até meu golfe deixei de jogar.

            Como de habitual, tinha que reclamar de alguma coisa, se lamentar por ser um cara rico, que tem uma vida confortável e dinheiro para comprar quantos jatinhos e iates quiser. Aline finge se importar.

              E então, silêncio. Nos encaramos, buscando algo para falar, iniciar outra conversa, mas esse algo não existe.

            Durante os anos, desde que fui morar com Nick, nossa relação tem ficado mais e mais distante, isso, em grande parte por culpa dele e de sua péssima mania em tornar qualquer conversa que tenhamos em uma proposta de emprego na fábrica. Estou surpreso que ainda não encontrou alguma forma de falar sobre o assunto.

          “Fujo” daquele lugar desde que tinha dezesseis anos. No decorrer da infância, meu pai constantemente levava a mim e Bianca para visitar a fábrica, enfatizando o quanto aquele ambiente era legal. Na época, com minha inocência, pensava que fazia isso para passar mais tempo conosco, mas ele só estava tentando plantar a semente do mundo corporativo em nossas mentes.

             Durante o ensino médio, começou a nos ensinar mais profundamente os processos que ocorriam ali, desde a preparação da matéria prima até os acabamentos mecânicos. Minha irmã logo caiu em seus encantos, fazendo faculdade de publicidade e começando a trabalhar na fábrica. Mas comigo as coisas foram um pouco diferentes, e quando anunciei que cursaria fotografia, ele quase teve um infarto, recebendo a notícia como se tivesse acabado de dizer que torturei e matei cinquenta crianças.

          - Filho! – minha mãe chega no momento certo, nos tirando daquele silêncio constrangedor.

          - Oi mãe. – a cumprimento.

          - Oi Aline. – as duas se beijam no rosto e a mulher tenta disfarçar o desconforto ao ver minha esposa.

          - Como está, Fátima?

          - Bem, minha querida. – força um sorriso. – Vamos para a mesa, o jantar logo será servido.

          A acompanhamos, fazendo companhia à Bia e aos meus tios: Dionides, Carla e Lourdes. Os garçons e garçonetes passam a informação para o restante dos convidados e logo todos estão confortáveis em suas mesas. Aline tem que esperar até que um dos funcionários traga uma cadeira extra, minha mãe realmente não estava esperando a sua presença, ou simplesmente não a queira aqui. 

         - O que teremos de jantar cunhada? – meu tio questiona.

          - Você verá, Dionides. – sinto o desdém em sua voz.

         - Acho que devemos fazer um brinde a esse casal lindo e maravilhoso. – Bianca se manifesta.

         - De quem está falando? – papai brinca.

          Alguns riem. Antes que Tomás peça que o garçom mais próximo encha as taças, mamãe intervém.

         - Tenho algo mais especial. – diz. – Menino, pegue o Veuve Clicquot na adega.

         - Sim senhora. – balança a cabeça e sai andando.

         - Tem certeza? Aquilo é muito caro. – Tomás questiona.

        - Minha família merece. – para de sorrir ao pousar os olhos em Aline.

        - Onde está Theo? – Bia se vira para mim e Aline.

         - Em casa, a babá está com ele. – ela responde.

         - O aniversário dele está perto, não é?

          - Sim.

          - Já sabem onde farão a festa?

          - Já tenho uma ideia, mas estou procurando por algo mais barato. - falo.

          - Sei que deu trabalho, mas crianças gostam de coisas luminosas e coloridas.

        - Ele não tem idade pra saber nem o que está acontecendo direito, é melhor nos pouparmos pra daqui alguns anos. – completo.

          - Vocês que sabem. Se mudarem de ideia, contem com a minha ajuda.

          - Claro, Bia. – Aline sorri.

           - Tenho que lembrar de comprar o presente. – reitera.

        Ela pega o celular e anota algo, depois guarda. Abro a boca para dizer que não precisa, mas sei que um dos seus passatempos atuais é mimar Theo de todas as formas possíveis.

          O garçom retorna com o espumante e minha mãe pede que nos sirva. Quando chega em Aline, ela coloca a mão acima da taça, negando a bebida.

            - É algo de extrema qualidade querida, prove somente um pouco. – mamãe fala.

          Repreendo Fátima com o olhar enquanto o garçom enche minha taça. Sabendo onde a mulher estava nos últimos meses e pela situação difícil que passou, não deveria nem cogitar falar algo do tipo. Quando percebe o erro que cometeu, abre um sorriso tímido e desconversa:

          - Faça o brinde, filha.

         - Primeiro, todos precisam ser servidos, mãe. – Bia se mostra um pouco envergonhada perante a gafe da mulher.

         Depois que o restante das taças estão cheias, minha irmã ergue a dela.

         - Aos cinquenta anos de união desse casal fabuloso.

         Levantamos os copos e brindamos.

        - Vamos comer a comida de Rita hoje? – pergunto.

        - Não. – mamãe diz. – Amo Rita, mas ela não possui o requinte que essa noite pede.

         - Não fale assim dela, Fátima. – meu pai recrimina.

         - Só estou dizendo a verdade.

          Logo as entradas chegam: são quatro enroladinhos de parma e rúcula, regados com um pouco de molho. Ao provar, sinto que são recheados por algo agridoce, mas não consigo distinguir com exatidão do que se trata.

        Percebendo que só há bebidas alcoólicas sendo servidas, fico compadecido pela situação da minha esposa.

        - Quer um suco ou refrigerante? – falo, baixo.

        - Não. – diz, de forma meiga.

        - Certeza? Posso pedir se quiser.

       - Não precisa.

        Pela sua feição sei que está mentindo, provavelmente não quer causar um incômodo. Penso em contrariá-la, mas acredito que se o fizer, ouvirei muito em casa.

        - Ei, mocinha. – mamãe chama a garçonete que está passando. – Cheque se todos as entradas estão iguais, e faça o mesmo com os pratos principais e as sobremesas.

        - Sim senhora.

        - Qualquer diferença venha falar comigo.

        A mulher acena, nos deixando.

       - Pra que isso? – Tomás busca entender.

        - Estou pagando caro por esse chef, tenho que ter certeza que está fazendo o seu trabalho bem.

       Aline me olha como se dissesse ‘‘que exagero’’. Sinto vontade de rir, às vezes a paranoia e o perfeccionismo da minha mãe ultrapassam todos os limites.

       O prato principal é um kobe bife com purê. A carne derrete na boca a cada garfada. Quando a sobremesa chega, meu pai demonstra uma mistura de surpresa e felicidade:

         - Milk & honey!

         - Depois vai dizer que não presto atenção em você. – mamãe diz.

        Eles se beijam. Milk & honey é a sobremesa preferida de Tomás, geralmente comíamos o doce no dia de seu aniversário, em um bistrô de um amigo. O prato consiste em uma espuma de leite com um crumble de aveia e fava de mel, sobre isso é colocado duas bolas de sorvete de baunilha. Quando criança não gostava muito, mas com o passar do tempo essa também se tornou uma das minhas sobremesas favoritas.

       Ao final da refeição, meu pai sai e minha mãe resolve conferir com os convidados se a comida estava do agrado de todos. Após alguns minutos de conversa com minhas tias e Bia, vou ao banheiro, aproveitando para passear um pouco pela casa, local que não habito há um bom tempo.

       Cruzando o corredor da biblioteca, percebo que a porta está aberta. Ao espiar dentro do cômodo, vejo meu pai a admirar os livros. Tenho um pouco de receio de entrar, talvez tenha se isolado pois quer ficar sozinho. Respiro fundo, venço meu medo e empurro a peça de madeira escura.

         Meus sapatos sociais fazem barulho contra o piso de madeira, o cheiro de livros antigos domina o ambiente. O homem gira a cabeça rapidamente em minha direção, mas volta a folhear o exemplar que tem em mãos.

       - Tem uma festa pra você lá fora, mas prefere ficar aqui. – digo.

       - Sabe que não sou muito de festas.

        - O lugar passou por uma bela reforma. – olho ao redor.

         - Troquei as prateleiras, os cupins estavam destruindo as antigas.

       Caminho vagarosamente, observando os detalhes. Giro o globo de madeira e passo a ponta dos dedos nas lombadas acolchoadas de alguns livros, pegando um exemplar de Quincas Borba. A poltrona azul em um dos cantos, ao lado de uma mesinha, chama a minha atenção. Era o lugar “sagrado” onde meu pai lia, talvez seja até hoje.

           - Lembro de você dizendo, quando criança, que iria ler todos esses livros. – fala.

           - E na metade do segundo, fiquei entediado. – rio, ele faz o mesmo.

           - Você e sua irmã eram fissurados por esse local. – recorda.

           - Uma tarde, quando saiu para trabalhar, vasculhamos tudo, achando que havia uma passagem secreta aqui.

        Ele não parece surpreso com a informação.

         - Não deveria ter deixado vocês assistirem Harry Potter todas aquelas vezes. – sorri.

        Devolvo o gesto, mas de repente, o silêncio cai sobre nós. Tomás torna a encarar a prateleira, escolhendo e folheando outro livro.

        Decidido a acabar com o clima estranho, resolvo falar a primeira que me vem à mente.

        - Como você e mamãe conseguiram ficar juntos por tanto tempo?

         Volta a me mirar.

        - Pra falar a verdade, não sei. – diz. – Fui vivendo um dia após o outro, alguns mais difíceis, outros mais fáceis, e quando percebi, já estava casado há cinquenta anos.

          Sua fala me tira um sorriso. Sempre admirei a cumplicidade dos dois.

         - Quero ter um casamento tão duradouro quanto o seu. – falo com sinceridade.

        - Cuidado com o que deseja, garoto. – brinca.

       - Estou falando sério, vocês são um grande exemplo pra mim.

         Percebo que fica lisonjeado e levemente sem jeito.

        - Continue cuidando de Aline, é difícil encontrar uma mulher como ela por aí.

        Assinto.

       - E se tiver que te dar um conselho: transe bastante antes dos sessenta, porque depois as coisas se tornam mais difíceis.

       Não consigo conter a risada. Constato que ainda há cumplicidade entre nós, só é necessário que nos permitamos mais.

 

~ <> ~

 

        Assusto com o som de batidas na porta, nem percebi que havia adormecido. Levanto com cuidado para não acordar Theo e corro para a entrada. É Bia, ela usa óculos escuros e seu cabelo loiro está amarrado em um coque desgrenhado.

        - Oi. – falo.

       - Oi. – responde, baixo.

      Ela me abraça, prendendo o corpo ao meu como se não mais quisesse separar. Então, percebo que não se tratava de um devaneio ou um pesadelo, meu pai realmente morreu.

      Permanecemos ali por mais alguns instantes, até que ela decide entrar.

      - Te acordei? – analisa minhas vestimentas.

      - Sim, mas já devia ter levantado, que horas são?

      - Dez e vinte e três. – olha no celular.

     - Desculpa, esqueci que estava vindo. – passo a mão nos olhos, retirando as remelas.

     - Sem problemas, cadê Theo?

      - Dormindo.

      - Coloca uma roupa, rapidinho, e pega ele, tenho que voltar logo pra casa de mamãe.

      Obedeço, voltando ao quarto. Enquanto troco de blusa e coloco uma calça jeans, penso que talvez, nesse momento, a casa da minha mãe não seja um ambiente propício para uma criança, mas me dói só de pensar em devolvê-lo para Aline. Fico alguns instantes olhando seu rosto pacífico ao dormir, e tomo uma decisão.

       - Filho. – o chamo, chacoalhando seu corpo levemente.

       Theo abre os olhos e pisca algumas vezes.

        - Bom dia. – abro um sorriso.

        - Bom dia.

        - Vai escovar os dentes que o papai precisa sair.

       - Só mais cinco minutos. – fala com voz manhosa.

        - Vamos, Theo. – insisto.

        Quando o garoto finalmente levanta, o conduzo até o banheiro, retornando ao quarto para arrumar sua mochila.

        - Tia Bia! – ouço a voz do garoto ao sair do cômodo, minutos depois.

         Ao chegar à sala, vejo os dois abraçados, minha irmã o enche de beijos.

         - Venha trocar de roupa, filho.

        Demora um pouco, mas obedece.

        - Pra onde vamos? – indaga, no momento que lhe entrego a mochila cheia.

         - Eu vou resolver algumas coisas e você vai pra casa da sua mãe.

         - Porque não posso ir com você?

          - Porque... porque não. – não sei o que inventar.

           - Mas eu quero ficar com você.

           Eu também, não sabe como é horrível te dizer isso.

          - Já disse que não. – sinto um aperto no peito.

         Chateado, arrasta a mochila para fora do quarto. Pego a chave de casa e o celular, e vamos até a entrada.

          - O que houve? – minha irmã diz, olhando pro garoto que espera na porta do carro.

          - Vamos deixa-lo na casa de Aline.

          - Não acha que ele deva saber o que está acontecendo?

         - Não agora.

          Percebo que ela não concorda com minha decisão, mas acata a ordem.

       Durante o caminho, Theo permanece em silêncio. Toda vez que vejo sua feição brava pelo retrovisor, me sinto mais desapontado comigo mesmo.

           Paramos em frente à casa da minha ex-mulher e ele desce do carro imediatamente.

           - Theo, espera.

           Apresso o passo atrás dele, agarrando seu braço.

           - Não quero falar com você. – esbraveja.

          - O papai explicará tudo depois, está bem?

          - Porque não explica agora?

          - Porque é complicado, filho.

         - Complicado como? – noto seu esforço para entender.

        Respiro fundo, toda essa situação está mexendo muito com a minha mente, mesmo se quisesse acho que não conseguiria explicá-lo nesse momento.

         - É... complicado.

        Vejo seu semblante se encher de frustração. Seguro sua mão, o acompanhando até a porta. Após três batidas, pinto pequeno, digo, Eric atende, parecendo surpreso ao me ver. Theo corre para dentro, sem se despedir.

         - Oi Marcos. – percebo a confusão em seu rosto.

         - Tenho que resolver alguns assuntos pessoais e resolvi trazê-lo mais cedo.

         - Certo.

         Nos despedimos brevemente e entro no veículo, a caminho do que acredito que continuará sendo o pior dia da minha vida. 


Notas Finais


Em alguns caps de Marcos teremos flashbacks do tempo quando ele e Aline ainda estavam juntos, mostrando a visão dele das coisas, esse foi o primeiro.
O que acharam da familia dele?
Acharam certo de marcos não contar ao filho o que aconteceu com o avô?
Tivemos algumas informações importantes sobre o futuro nesse flashback, quem pegou pegou, quem não pegou não se preocupe, num futuro proximo vcs terão mais pistas.
Prometo que os próximos flashbacks serão mais sucintos, acabei me empolgando nesse kkkkk
O proximo cap sai dia 18/07, proxima quarta.
Por favor, comentem o que estão achando.
Obrigado por ler e até o próximo :D


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