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História Desejo Impuro - Jeon Jungkook - Recomeços.


Escrita por: Maaru

Notas do Autor


Oi amores, espero que vocês estejam bem! Primeiramente gostaria de me desculpar pela demora na atualização, eu entrei e semana de prova, portanto o tempo para me dedicar a escrever ficou um pouquinho limitado. Segundamente, o final de semana chegou e finalmente posso atualizar com calma 🥳.

Meus sinceros agradecimentos a @xxmoonbear pela capa e banner novos.

Boa Leitura! ♥️

Capítulo 33 - Recomeços.


Fanfic / Fanfiction Desejo Impuro - Jeon Jungkook - Recomeços.


Dias depois.


— Sunhee! Terra chamando Oh Sunhee!


Meu corpo sobressaltou sobre o pequeno puff cujo estava sentada, meus olhos se arregalaram e virei-me imediatamente para encarar Ah-ri, que se encontrava parada na minha frente de pé enquanto segurava as bordas da saia de um vestido cujo estava experimentando. 


— Me desculpa! — Suspirei com pesar, retomando a compostura, sequer percebi que havia desviado a atenção dela por alguns instantes, emergida nos próprios pensamentos.


— Poxa… — A morena riu fraco. — Você anda tão distraída hoje, o que houve? Parece até o Jeongguk.


Abri um pequeno sorriso, disfarçando a minha não muito aparente vergonha por realmente estar um pouco "fora de órbita" hoje. Também tive de evitar o desconforto ao ser comparada ao meu ex cunhado. 


— Ah… — Pigarreei, percorrendo meus olhos por seu corpo revestido pela peça de cetim rosa pastel, fazendo um belo contraste em sua pele bronzeada.


— Enfim, o que você acha? Ele não é muito extravagante, mas acho que serve para uma formatura, não é?


Concordei em um aceno de cabeça, sorrindo largo para demonstrar o quão linda eu comecei a achá-la, Ah-ri estava radiante. 


— Você está deslumbrante… — Bati palmas, mas sem emitir o som do impacto dos palmos muito alto, não queria chamar atenção na loja. Logo percebi as bochechas da Kang ficarem rubras, sorrindo abobada.


— Ora! Vai me deixar envergonhada desse jeito, Sunie! — Revirou os olhos, rindo fraco. — Mas obrigada, acho que já me decidi.


— Vai levar esse? — Inclinei a cabeça para o lado.


— Sim! — Disse firme. — E você vai levar o verde escuro, certo?


— Hãm… — Abaixei o olhar, analisando o traje de coloração verde escura que havia escolhido um pouco antes de Ah-ri decidir o seu. De primeira eu tinha me agradado bastante com o modelo e modo em como a peça encaixou bem em meu corpo sem precisar de ajustes, todavia, parando para pensar um pouco mais a respeito, comecei a cogitar. — Eu não sei… talvez eu devesse experimentar outros…?


— Por que? — O cenho da morena se franziu. — Olha, sinceramente, eu achei que você ficou muito linda nesse vestido, a cor e o modelo combinaram muito com você. Confia em mim, se deixar o seu cabelo solto, pôr um par de brincos bonitos e salto alto… — Abanou-se com as próprias mãos. — Gos-to-sa! — Gargalhamos, e comecei a sentir as minhas bochechas esquentar.


— Obrigada, Ah-ri. — Suspirei. 


— Pois bem, levanta esse popozão e vamos pagar por esses vestidos, se continuarmos aqui desse jeito podemos acabar mudando de ideia e nunca mais sair daqui. — Esboçou uma careta e eu ri, levantando-me para acompanhá-la juntamente a funcionária da loja que nos ofereceu ajuda quando chegamos.


Enquanto esperava pela mais velha pagar pelo seu vestido, pois havia pago pelo meu primeiro, senti o celular vibrar dentro do bolso do sobretudo, não era a primeira vez que o aparelho fazia isso desde que saí de casa pela manhã, tinha dado uma rápida olhada antes de deixá-lo de lado definitivamente para dar atenção aos meus afazeres. Eu sabia de quem eram as insistentes mensagens, mas ainda não me sentia bem o suficiente para ter uma conversa no mínimo passível com Nari e Haeri, que constantemente, ao menos algumas vezes por dia desde o desagradável ocorrido na boate, não param de me mandar mensagens pedindo desculpas e querendo saber como estou. Honestamente, posso reconhecer que se sintam culpadas, talvez por não terem prestado tanta atenção ao meu estado inerte naquele momento, que aliás, era o mesmo que o delas, provavelmente se sentiram mal quando finalmente se deram conta do meu sumiço, e que fui parar no hospital em estado literalmente catatônico. É… eu me sentiria do mesmo jeito, uma péssima amiga por não ter estado lá para dar algum tipo de suporte.


Respirei fundo, decidida a continuar deixando o meu celular de lado, resolveria a minha situação com elas depois.


— Prontinho, tudo pago, vamos? — Ah-ri enroscou o seu braço ao meu, estava tão próxima que eu era capaz de sentir o cheiro de shampoo que emanava de suas madeixas e o perfume cítrico, ah… eu amava o cheirinho dela.


— Sim. — Assenti sorrindo, começando a caminhar lado a lado consigo até a saída do estabelecimento.


— Poxa, uma pena que sejamos apenas nós duas fazendo compras, era tão divertido quando Sora e Sa-Rang vinham com a gente também. — Disse Ah-ri, em um tom quase de resmungo. — Não que com você não seja divertido também Sunie, é só que…


— Eu entendi o que você quis dizer, não se preocupe. — Umedeci os lábios. — Também sinto a falta delas.


— Como Sora está? — Perguntou.


— Externamente ela parece bem. — Dei de ombros. — Nos vemos com menos frequência durante o dia, ela anda bastante ocupada com o estágio, e também… começou um tratamento psicológico…


— O que? Por que? — Ah-ri parecia surpresa.


— Não sei ao certo, ela não conversou comigo sobre isso, mas a ouvi conversar com a nossa mãe sem querer enquanto passava pelo corredor e… — Encarei os meus próprios pés enquanto caminhava. — Ela achou que seria o melhor para si, ao menos para ajudá-la a passar pela fase difícil em que está.


— Ah… entendi… — A voz da Kang soou baixa. — Na verdade isso me parece bom, é bom que ela esteja procurando por ajuda, aguentar todas as situações que ocorreram até agora na vida dela não deve ser tão fácil, e nem sempre o apoio familiar é eficaz, e eu reconheço o quanto você e a sua família são bons para Sora.


— Por favor, não comente com mais ninguém sobre isso, você é a única que sabe. — Pedi.


— Fique tranquila Sunie. — Sorriu para mim, transpassando confiança. — O que contam para a Ah-ri, morre com a Ah-ri! — Rimos.


— Obrigada.


— Mas, ela vai na formatura do Joonie, não vai?


Hesitei em respondê-la por alguns segundos, repensando em toda a situação atual e o quanto Sora quase que rapidamente parecia se afastar de grande parte da convivência que tinha com os amigos, nem mesmo me lembrava da última vez em que a havia visto interagir com um deles a não ser Jimin quando ficou para almoçar na nossa casa. Ela não compareceu mais aos encontros para almoçar juntos que realizamos sempre que temos tempo livre, festas, e pareceu piorar depois que terminou com Jeongguk, como se ela também quisesse evitar vê-lo, pois a probabilidade de o rapaz estar presente é grande, a não ser que ele também pense o mesmo.


— Eu… acho que não. — Crispei os lábios. — Ela sequer comentou algo sobre, não age como se planejasse ir a algum evento.


— Ah… — Ah-ri meneou a cabeça, parecia triste agora, e eu a entendia. A falta que eu sentia da antiga Sora sempre animada e ansiosa para comparecer em eventos não me cabia no peito, ela amava fazer compras, principalmente vestidos e acessórios, e agora, ao que vejo, trocou tudo isso por um emprego cansativo de meio período e sessões terapêuticas, até sua expressão e visual mudou, parece mais séria e… se traja casualmente quase como uma idosa de sessenta anos no inverno. 


Em poucas semanas eu presenciei o quanto situações como as em que a minha irmã mais velha se encontra são capazes de mudar quase que drasticamente a vida de alguém.


— Quem sabe em uma próxima ocasião. — Suspirei com pesar.


— Então, você vai sozinha? Ou pensa em passar a reserva dela para outra pessoa…?


— Eu já passei…


— O que? Sério? — Arregalou os olhos. — Pra quem?


— Park Jimin. — Falei de uma vez, prendendo a respiração questionavelmente.


Ah-ri formou um "o" com a boca e sacolejou os nossos braços.


— Eu não acredito! — Quase gritou. — Mas ele já não tinha sido convidado?


— Não. — Bufei. — Namjoon disse que não o convida mais porque ele odeia se vestir socialmente, mas que eu poderia tentar se quisesse…


— Minha nossa… — Ah-ri gargalhou alto. — Park é tão fresco. E como você conseguiu convencê-lo?


— Eu só… perguntei se ele queria ir comigo. — Dei de ombros. 


— Sem enrolação? Sem precisar insistir? — Cerrou os olhos.


— Só um pouquinho. — Gesticulei com os dedos. Porém, vou poupá-la de saber que passei quase uma hora de relógio tentando convencer o ruivo a usar ao menos uma camisa de botão social e me acompanhar. Era para ser apenas uma conversa normal por chamada, ele queria se desculpar por ter gritado comigo no hospital, justificando que aquele não era o momento e nem o meu melhor estado para ser tratada daquele jeito, o tom de voz lento e rouco transparecia o quão arrependido ele estava por isso, e como a boba molenga que sou, o desculpei.


Compreendia a preocupação dele assim como a dos outros, cada um tem a sua maneira de demonstrar valor a alguém que gosta, e essa é peculiarmente a do Park, que por um acaso infeliz do destino já tinha passado por uma experiência parecida. Conversamos sobre isso também, e me odiei naquele instante pois não queria ser inconveniente na vida pessoal dele, no entanto, surpreendentemente, Jimin não surtou ou encerrou a chamada na minha cara, apenas afirmou que o pai havia passado por aquela situação também, e que foi doloroso me ver daquele jeito, ao mesmo tempo em que lembrava do genitor, foi como vê-lo no meu lugar naquela época. 


E no fim, eu também me desculpei por isso.


— Que fofo, ele deve gostar muito de você. — A morena entonou um gritinho agudo. — Cedendo tão fácil.


— Não seja boba! — Ri envergonhada. — Somos amigos, quero que ele se divirta um pouco, só isso.


— Vocês já se viram pelados! 


— Ah-ri! — Pus o indicador sobre seus lábios, para que ela contesse o tom de voz alto, afinal, ainda estávamos em público. — Pelo amor de Deus! Nós não fazemos mais isso, decidimos que era melhor acabar com aquele "relacionamento".


— Tensão sexual não acaba, querida. — Riu. — E se eu fosse você aproveitava, ele logo vai para Londres e…


— O que você disse? — Arregalei os olhos, quase tropeçando nos próprios pés ao saber da notícia. — L-Londres? Como assim?


— Você não soube? Jimin não te contou? — Ergueu o cenho, e pela minha expressão de incredulidade ela pareceu entender. — Caramba, eu achei que ele tivesse lhe contado.


— Ele deve ter tentado… — Ponderei, ao lembrar de algumas vezes em que ele citou um assunto parecido, como da primeira vez em que apareceu em meu apartamento dizendo ter um motivo em específico e da última vez quando almoçou em minha residência, quase me confessando algo que faria daqui a dois meses. Poderia ser isso? — Como você soube disso?


— Hoseok nos contou durante um jantar, foi bem antes do Park viajar na época do meu casamento, ele tinha ido assinar um contrato com uma produtora no exterior que se interessou pela música… mas não pela banda em si. 


— Mas por que não? Eles são tão bons. 


— Queria poder te responder essa pergunta, mas infelizmente é tudo que sei. — Suspirou. 


— Então… Park Jimin vai para Londres? — A sensação me soava estranha, parcialmente triste e curiosa, ainda que eu não compreenda completamente.


— Poderia conversar com o próprio Jimin sobre isso. — Olhou-me nos olhos. — O que acha? ele já tentou te contar, portanto só precisam de outra oportunidade melhor.


— É… — Arfei, sentindo-me um pouco tensa internamente agora. — Farei isso, mas não agora.


Ela assentiu, e seguimos nosso percurso apenas comentando sobre assuntos aleatórios, estes que não condizem mais com nossas vidas pessoais.


                           [...]


Prendi o meu cabelo em um coque frouxo, enquanto acompanhava Ah-ri preguiçosamente para retornamos ao carro, tínhamos acabado de almoçar em um restaurante que ficava bem em frente a praça principal do centro, e agora, exaustas e de barriga cheia, só desejávamos adentrar o carro e ir para casa, e particularmente eu gostaria muito de um banho e relaxar em minha cama, era como se minhas pernas fossem ceder a qualquer momento pelo cansaço após andar tanto atrás de lojas que nos agradasse para comprar vestidos.


 Finalmente nos aproximamos do veículo de Ah-ri estacionado, abri a porta do passageiro e sentei-me, pondo o cinto logo em seguida, vendo a Kang fazer o mesmo ao passo em que se acomodou no assento do motorista.


Suspirei, pondo algumas sacolas que estavam em meu colo no assento de trás, esperando pela minha amiga que mexia em seu celular pela primeira vez assim como eu desde que saímos.


— Ah-ri? — Franzi o cenho, após jurar tê-la ouvido fungar, e foi então que eu tive a certeza do que havia escutado, virando-me para encarar a mais velha, que em menos de cincos minutos após adentrarmos o seu carro, se encontrava misteriosamente chorosa. As bochechas avantajadas continham um tom rubro, assim como a pontinha de seu nariz, e os olhos amendoados cediam lágrimas, lágrimas discretas, como se não quisesse demonstrar que estava chorando. — Ei…


— Mas que merda… — Murmurou embargada. — Para quê fui olhar o maldito celular.


— O que houve? Aconteceu alguma coisa ruim? — Questionei preocupada.


Ela respirou profundamente, desviando a atenção do aparelho para mim.


— Você vai achar que eu sou uma idiota…


— Eu nunca acharia isso, a não ser que você mereça. Quer me contar o que está acontecendo?


— É o Jin…


Franzi o cenho.


— O Jin? Kim Seokjin? — Ela assentiu, me entregando o celular para que eu pudesse ver, a tela estava aberta no Instagram, no perfil pessoal do Kim. — Não há nada demais aqui… — Falei enquanto deslizava o polegar pela tela lisa, observando o feed com fotos de paisagens e algumas selfies do Jin.


— Olha as últimas fotos que ele postou… — Fungou.


Meu cenho se ergueu após retornar para as últimas fotos postadas, completamente diferentes das últimas que estava vendo. O rapaz não estava mais sozinho como nas selfies e muito menos era uma imagem em admiração a algum lugar bonito, mas sim o Kim na companhia de outra pessoa, romanticamente, e afirmo isso, pois, se encontrava de mãos dadas com a mulher desconhecida por nós, lado a lado, de costas e beijando a bochecha dela. Percebi que haviam mais fotos, estas em que o casal estava junto.


— Nossa… — Murmurei. — Ah-ri…


— Eu sei, eu sei que não deveria mais me incomodar com a vida de alguém que já não faz mais parte da minha, e também não estou chateada por ele já ter encontrado outra pessoa em pouco tempo, é só que…


Ah-ri simplesmente e inconscientemente ainda parecia acreditar que haveria algum possível recomeço para o relacionamento, era óbvio e ela não escondia - pelo menos de mim - que estava ressentida após ver as fotos do ex noivo com a aparentemente atual companheira.


— Você ainda o ama, não é? — Senti os meus olhos e nariz arderem, eu entendia o que ela estava sentindo. — Não precisa se culpar por ainda ter sentimentos, ele… teve uma grande importância na sua vida, querendo ou não…


— Eu não imaginei que me sentiria assim… achei que já estivesse pronta, e olha só… — Apontou para o rosto molhado por lágrimas. 


— Amiga…


— Odeio pensar que poderia ser eu no lugar dela… que estaríamos casados agora se tantas coisas ruins não tivessem acontecido… — Soluçou.


— Entendo. — Foi tudo o que consegui dizer, praguejando-me por pensar que poderia lhe consolar melhor.


— Mas tudo bem, ele só está seguindo a vida dele, não é? É o certo a se fazer… — Suspirou. — Nós não nos comprometemos em reatar nada e muito menos somos prisioneiros um do outro, ele tem todo o direito de se relacionar com outra pessoa e buscar pela própria felicidade, e é isso que eu prezo, pela felicidade dele… — Pegou o celular que estava em minha mão e o desligou, pondo de volta em sua bolsa e a jogando para o assento de trás. — E se é com ela que ele se sente feliz, então eu me sinto melhor. 


— Nem sempre o amor da sua vida, é o amor para a sua vida. — Sibilei aleatoriamente, era uma frase que eu tinha visto na internet há um tempo. 


— É… — Riu fraco. — Faz sentido. De qualquer forma, ele foi e sempre vai ser importante para mim.


— Eu não duvido disso. — Sorri pequeno para ela. — Me desculpa por não poder te consolar melhor, eu nunca sei o que dizer em situações assim, nem consigo lidar comigo mesma…


— Tudo bem… acho que agora eu sei como você se sentiu… — Arfou, secando as lágrimas com os indicadores. — É uma droga… eu queria ser uma pedra.


— Eu também… — Rimos fraco.


— Mas nós vamos ficar bem, todos nós. — Segurou o volante, recompondo-se. — A vida é um ciclo interminável de recomeços.


Assenti, começando a sentir um aperto no peito ao ouvi-la dizer tais palavras.


                            [...]


20:45.


— Fiz torrada com pasta de amendoim e banana para você, irmã. — Esgueirei o corpo na porta para adentrar o seu quarto, acanhada. — A nossa mãe disse que você não se alimentou muito bem hoje, então eu…


— Deixe em cima da cama, obrigada. — Respondeu simplista, aparentava estar ocupada e focada em algum tipo de tarefa que eu ainda não tinha conhecimento. Passei pela porta e caminhei lentamente até me aproximar de sua cama, pondo a bandeja com o "lanche" consideravelmente farto que preparei para ela sobre o colchão. Virei-me, com a intenção inicial de deixá-la sozinha em seu aposento, no entanto, chamou-me a atenção vê-la agachada ao lado do guarda-roupa, haviam caixas ao seu lado, cujas estavam sendo preenchidas por roupas e outros utensílios que eu não consegui reconhecer por causa da distância em que estava.


— Como foi hoje no seu estágio? — Perguntei, tentando puxar um assunto, já fazia alguns dias que não conversávamos, ela não passava mais tanto tempo em casa.


— Cansativo, mas está valendo a pena. — Deu de ombros. — Acredita que eu tive de ver uma criança tirar sangue hoje? A carinha de choro da garotinha quase me fez chorar junto. — Riu fraco. 


— É mesmo? — Ergui o cenho. — Pobrezinha…


— Sim, mas eu precisei solicitar o exame. — Suspirou. — Agora eu entendo o que a nossa pediatra teve de passar conosco.


— Mas a Sr. Bae parecia ser tão cruel às vezes. — Cruzei os braços e formei um bico nos lábios. — Eu tive de comer brócolis e beterraba por três meses sem cessar nas refeições. Urgh! — Esbocei uma careta.


— Eu compreendo que possa ter soado como um castigo para você na época, mas, você precisava comer aquelas verduras, estava anêmica, irmã…


— Eu sei… — Crispei os lábios. — Meu apelido de Kayako perdurou por um tempinho no colegial. — Ri ao lembrar, não era uma lembrança tão ruim, ainda que pareça ter sido bullying, apenas as minhas amigas mais íntimas de classe me chamavam assim, após uma festa do pijama em que assistimos o filme "O grito" e elas me compararam a personagem fantasmagórica, por minha pele estar pálida e toda a minha estética desde o cabelo estarem semelhantes. 


— Enfim, e quanto a você? — Desviou o assunto, rebatendo a pergunta para mim. — Já começou o seu estágio? Ou ainda faltam mais alguns períodos?


— Ainda faltam alguns períodos, mas estou tentando conseguir algo temporário na biblioteca. Ouvi dizer que as horas como assistente contam no currículo. 


— Ah…


— Você… foi ao terapeuta hoje?


— Sim.


— E como foi? 


— Eu fiquei com pena dele, deve ser um saco ter de me ouvir falar feito uma tagarela. Principalmente sobre os meus problemas pessoais e… amorosos. 


— É o trabalho dele, Sora, com toda certeza ele não te acha um saco, você precisa desabafar para se sentir mais leve e quem sabe… achar a raiz dos seus problemas. E é justamente nisso que ele vai te ajudar.


— Eu realmente gostaria de arrancar os meus problemas pela raiz, se não tivesse apenas um pequeno detalhe.


— Que seria?


— As sequelas.


Meus lábios se entreabriram, mas infelizmente não consegui dizer mais nada.


Sora voltou a sua atenção silenciosamente para as coisas que estava arrumando, e eu optei a deixá-la em paz, retomando o meu caminho até a porta, quando sem querer, em um momento de distração, acabei por esbarrar em algo grande, quase perdendo o equilíbrio e indo de encontro com o chão, se não fosse pelo apoio na lateral da porta a me sustentar de pé.


— Porra! O que essa mala gigante está fazendo aqui? — Bufei, assoprando os meus fios que salientaram para a frente do meu rosto.


— Meu Deus, me desculpa, pedi à mamãe que me emprestasse algumas de suas malas e esqueci de tirá-las daqui quando ela trouxe. — Vi Sora se levantar e afastar três malas enormes de coloração bege de perto da porta para o outro lado do quarto, o que despertou a minha curiosidade. Por que ela precisa de malas?


— P-Por que você precisa de malas? — Gaguejei a pergunta, de repente comecei a me sentir nervosa. — Nós vamos viajar? — Era estranho que ninguém tenha me avisado nada sobre.


— "Nós" não, apenas eu. — Respondeu.


— O que? Você vai viajar? Sozinha?


— Qual o problema?


— Nenhum, mas é que…


— Eu já tenho vinte e quatro anos, Sunhee. Eu sei me cuidar. — Revirou os olhos.


— Não entendo, tão de repente. Por que? Para onde você vai?


— Aish… — Fechou os olhos por um instante, respirando fundo antes de reabrir os olhos e me encarar. Eu realmente estava confusa. — Essa viagem já estava sendo planejada desde o meio do ano, surgiu uma oportunidade de estágio para mim fora do país, e bom… eu não posso desperdiçá-la, não novamente.


— Como assim? Eu não sabia disso.


— Porque eu não contei, não achava necessário na época, dispensei a primeira solicitação por causa do meu casamento. Mas agora, bom… não existe mais casamento. — Deu de ombros. — Nem nada mais tão importante que me mantenha obrigatoriamente aqui. 


Céus…


— E em qual país é?


— Japão, não é tão "longe".


— Para mim é longe o suficiente! — Rebati. — Porque não me contou? Quando pretende ir? 


— Recebi uma segunda solicitação no mês passado, pretendia recusar novamente, mas senti que dessa vez deveria ir. Nem eu mesma esperava tomar essa decisão repentinamente, porém não é toda faculdade que se prova ser tão generosa. A oportunidade vai ser muito boa para mim e não vou perder a chance outra vez. — Umedeceu os lábios. — Partirei após o ano novo, então, ainda poderei aproveitar mais um pouco com a minha família.


— Mas você vai voltar, não vai? Quanto tempo vai ficar fora? 


— Ah irmã… — Sora se aproximou de mim lentamente, enquanto eu sentia uma sensação desconfortável no peito, minha garganta estava ardendo, como se quisesse liberar um choro forte, sendo contido com todas as minhas forças. Eu não esperava por uma notícia dessas, não dessa forma, não a minha irmã. — Eu não pretendo retornar para a Coreia tão cedo…





Notas Finais


Eita... 😳.

Um capítulo cheio de fofoca, quem amou? Não há nada de tão CHOCANTE aqui, né? Porém, eu fiz questão de guardar o meu litrão de gasolina para acender o fogo dos próximos. Então, forças 😔✊🏻

Amo muito, muito, muito vocês. Obrigada a todos que estão lendo a fic e interagindo até aqui, é muito importante pra mim. ♥️

Até o próximo, e provavelmente eu poste ainda nesse final de semana. Beijos e se cuidem! 💜


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