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História Destinos entrelaçados - 04. A verdade


Escrita por: iambyuntiful

Notas do Autor


Ooooie! Eu sou péssima com prazos, era pra ter postado ontem, mas eu protelei o dia todo, me perdoem -Q

Mas pra compensar temos um capítulo tão grande quanto o capítulo passado (se é que 4k e alguma coisa pode ser considerado grande), que foi escrito praticamente hoje. Meus dedos pedem socorro, obrigada (e eu ainda preciso ir começar o próximo, aeee!) Obrigada novamente pelos comentários e pela fanfic ter passado de 200 favoritos! Wow, eu juro que não esperava isso <3

As coisas finalmente acontecem nesse capítulo, e eu me senti muito bem escrevendo-o. Espero que vocês gostem da mesma forma! Nos vemos lá embaixo~!

Capítulo 4 - 04. A verdade


DESTINOS ENTRELAÇADOS

CAPÍTULO 4 – A verdade

 

Baekhyun estaria mentindo se dissesse que não passou o sábado inteiro ansioso por seu encontro com Chanyeol porque a verdade é que ele não parou de olhar para o relógio na cabeceira de sua cama.

 

Quando contou aos amigos que teria um encontro com Park Chanyeol no dia seguinte, Sehun e Yani não o deixaram discordar do fato de que estariam lá durante todo o sábado para ajudá-lo a se arrumar – por mais que todas as vezes em que tentaram mudar o visual de Baekhyun, Sehun apenas fez bagunça no guarda roupa do amigo e Yani apenas ralhou com Sehun – e esperar até que Chanyeol chegassem, porque os dois jamais perderiam a chance de ver suas interações ao vivo.

 

Sehun, a contragosto, admitiu que estava tão curioso quanto Yani para o desenrolar dos dois rapazes. Como estavam vendo a situação de uma outra perspectiva, era fácil para ambos analisar as reações e comportamentos de Baekhyun e assumir uma posição que o amigo tomaria. Chanyeol estava sempre se demonstrando passional e solícito a ajudar Baekhyun a entender e Yani conseguia ver que cada vez mais as barreiras de Baekhyun caíam. Chanyeol estava quase conseguindo seu objetivo.

 

Baekhyun já estava uma pilha de nervos quando os amigos chegaram, pouco antes das quatro horas da tarde. Chanyeol prometeu estar em sua casa às seis em ponto e ainda estava guardando segredo a respeito do local que iriam. Baekhyun tentou adivinhar, mas todas suas opções se mostravam inválidas se recordasse o motivo pelo qual estavam saindo juntos: Chanyeol não se mostraria um vampiro para si em frente a tantas pessoas como em um cinema e não o levaria para jantar ou precisaria matar o garçom.

 

Baekhyun, por fim, desistiu de tentar adivinhar o local que visitaria ao lado do novo aluno e se preocupou em não deixar que seus amigos destruíssem seu quarto. Sehun e Yani já estavam devidamente acomodados em sua cama, com diversas roupas em seu colo e seu guarda roupa revirado. Baekhyun suspirou, prevendo a bronca que levaria de sua mãe para arrumar tudo, mas esperava que a cara de cachorro abandonado na chuva de Sehun amolecesse o coração da senhora Byun. Ninguém resistia as caras de Sehun, afinal.

 

“Vocês poderiam, por favor, só não causar uma zona no meu quarto?”, Baekhyun pediu. “Eu arrumei hoje de manhã!”

 

“Por que arrumou seu quarto? Você nunca arruma seu quarto quando a gente vem”, Sehun deu de ombros. “A não ser que esteja arrumando para outra pessoa...”

 

Baekhyun jogou a primeira almofada que encontrou em Sehun. “Você é um idiota, Sehun, eu devia te expulsar de casa, mas só a sua cara que convence minha mãe que a bagunça não está tão ruim assim”, Baekhyun resmungou. “O que vocês fizeram aqui?”

 

“Nós arrumamos as suas roupas para sair com seu vampiro de estimação!”, Yani sorriu. “Achamos que você deveria combinar com o estilo dele.”

 

“Vai que ele te leva em uns cemitérios, não é mesmo?”, Sehun completou. “Nós precisamos estar sempre preparados!”

 

“Yani, por que você trouxe o Sehun?”, Baekhyun revirou os olhos. “Deixa eu ver o que vocês separaram.”

 

Baekhyun nunca deixaria seus amigos saberem que estava agradecido por terem separado sua roupa, porque se preocupou tanto em arrumar coisas para fazer para evitar se sentir tão nervoso – Baekhyun nunca arrumaria seu quarto em dias normais – que se esqueceu do principal, que era ficar pronto para seu encontro. Olhou no relógio e percebeu que tinha apenas uma hora para ficar pronto e sentiu o nervosismo voltar a bater à sua porta.

 

“Vai ficar lindo lá que a gente arruma aqui!”, Yani disse, entregando a roupa para o amigo.

 

Baekhyun concordou sem sequer pensar em contestar e correu até o banheiro próximo de seu quarto. Seu nervosismo estava começando a voltar, embora o Byun não soubesse exatamente o porquê de estar se sentindo assim: não era nenhum bicho de sete cabeças e já tivera outros encontros em sua vida, não tinha motivo para se sentir tão ansioso em relação a Chanyeol. Talvez seja o fato de que não sei para onde vou, Baekhyun pensou.

 

O rapaz tomou o banho mais rápido que se recordava, o medo de acabar se atrasando e atrasando Chanyeol se tornando crescente. Olhou-se no espelho assim que vestiu as roupas escolhidas pelos amigos, sorrindo quase que de imediato; adorava como Yani sabia exatamente como vesti-lo para qualquer situação. As calças pretas jeans caíam perfeitamente em seu corpo, assim como a blusa xadrez vermelha. Sentia-se bonito enquanto arrumava os cabelos negros no espelho.

 

Voltou ao quarto, que havia sofrido uma reorganização radical e não havia mais nenhuma roupa em sua cama. Yani e Sehun estavam sentados conversando a respeito da escola quando Baekhyun voltou se perguntando quanto tempo esteve dentro do banheiro.

 

“Uau, o Baekhyun está muito bonito!”, Sehun exclamou assim que o amigo fechou a porta do quarto. “Quem diria que você conseguia ficar tão bonito assim, Byun?”

 

“Guarde o seu amor por mim, Sehun, fica feio desse jeito”, Baekhyun desdenhou, sentando-se entre os amigos. “Quanto tempo fiquei fora que vocês reorganizaram tudo aqui?”

 

“Bom, falta 30 minutos para seis da tarde”, Yani consultou seu celular. “É o horário que Park chegaria, não é?”

 

Baekhyun confirmou. Apanhou o celular, até se lembrar que Chanyeol não possuía um para que enviasse alguma mensagem perguntando sobre seu paradeiro ou algo que pudesse acalmá-lo. Seus amigos pareciam ter notado sua ansiedade e resolveram continuar conversando para distrai-lo.

 

“Você parece bastante ansioso”, Yani observou.

 

“Estou curioso para saber onde vamos”, Baekhyun justificou. “Deve ser só isso, a sensação de estar no escuro.”

 

“Ou talvez você esteja realmente interessado no garoto”, Sehun reiterou. “Não é uma possibilidade a ser descartada, a gente conhece você, Baek.”

 

Baekhyun pensou em negar, mas já estava começando a se cansar de negar até para si mesmo. Cansou de negar para si mesmo que Chanyeol o fazia bem, que os sorrisos de Chanyeol o deixavam feliz mesmo que não tivesse motivos para tal. Gostava até mesmo de todas as vezes em que Chanyeol enchia sua paciência seja falando sobre seus amigos vampiros ou sobre as épocas em que viveram juntos.

 

Admitir para si mesmo era um grande passo para Baekhyun.

 

“A gente perdeu você para Park Chanyeol, Baek, pode dizer.” Sehun riu. “Não tem nada demais se você está interessado no aluno novo, ninguém está dizendo que você está apaixonado.”

 

“Só aproveite seu encontro para descobrir você mesmo nessa bagunça!”, Yani alertou. “Que teus sentimentos saiam dessa confusão que estão sempre e que você encontre o que está procurando, seja em Park Chanyeol ou não.”

 

O assunto foi cortado no momento em que Baekhyun ouviu a campainha de sua casa tocar. Levantou-se de súbito, sendo acompanhado de Sehun e Yani. No topo da escola tiveram a visão da senhora Byun recepcionando Chanyeol e o rapaz estava tão bonito fora das roupas pretas costumeiras que usava; Chanyeol parecia um adolescente normal conversando com sua mãe e sorrindo de forma simpática.

 

“Fiquem aqui!”, Baekhyun sussurrou. “E me desejem sorte.”

 

Yani o enxotou dali e Baekhyun desceu as escadas da forma mais discreta que conseguiu. Chanyeol o encarou com um grande sorriso, que não deixou de ser captado por sua mãe; o rapaz sentiu-se envergonhado pela situação que criaram, não queria que sua mãe já estivesse conhecendo Chanyeol dessa forma. Aproximou-se do Park, ficando ao seu lado e de frente para sua mãe, embora o silêncio persistisse por alguns segundos.

 

“Você está muito bonito, Baek”, Chanyeol o elogiou.

 

“Ah, você também está”, Baekhyun sorriu nervoso. “Vamos?”

 

“Claro!”, Chanyeol concordou. “Foi ótimo conhecê-la, senhora Byun.”

 

“Volte mais vezes, querido!”, a senhora Byun exclamou, acenando para os rapazes que se afastavam. “Baekhyun precisa trazer pessoas como você para casa!”

 

Caminharam em silêncio em direção ao ponto de ônibus mais próximo, Baekhyun ainda muito envergonhado pela atitude de sua mãe para perceber que Chanyeol estava rindo. As ruas estavam calmas enquanto andavam, mas o silêncio não parecia massacrante. Estavam confortáveis da forma como estavam e isso surpreendia ao Byun.

 

Chegaram ao ponto de ônibus e sentaram-se ali, aguardando a chegada de seu ônibus. Chanyeol ainda se recusava a contar seus planos para a noite e Baekhyun tentou deixar sua curiosidade de lado, só depois de ter feito Chanyeol prometer que não iriam a nenhum cemitério. Chanyeol riu com as ideias de Baekhyun e assegurou que iriam a um local seguro.

 

“Sua mãe é ótima”, Chanyeol sorriu.

 

“Minha mãe só me faz passar vergonha”, Baekhyun corrigiu. “Não a leve muito a sério.”

 

“Ela me parece uma ótima pessoa”, Chanyeol insistiu. “Suas antigas mães não me aceitaram tão facilmente.”

 

“Não começa de novo...”, Baekhyun sussurrou. “E por que ela não tem medo de você? Você me disse que todos sentem medo de você.”

 

“Eu disse que exalamos perigo.” Chanyeol corrigiu. “As pessoas sabem que feras podem matá-las, mas nem todas as temem. Talvez sua mãe tenha mais coragem do que é recomendado.”

 

Baekhyun não insistiu no assunto e deixou que o silêncio voltasse entre ambos. O céu começava a escurecer quando o ônibus dos rapazes chegou e eles escolheram lugares mais afastados do aglomerado de pessoas que se encaminhavam para o centro. Baekhyun observou o céu noturno conforme o ônibus se movimentava; gostava de andar por Seul à noite, sentia que a cidade conseguia ficar ainda mais bonita iluminada por tantas luzes.

 

Chanyeol estava em um estranho silêncio ao seu lado, mas Baekhyun não se ateve a tal fato. Chanyeol, por sua vez, estava admirando a visão que tinha de Baekhyun com a guarda mais baixa, admirando a cidade que os rodeia, e pensando que Baekhyun realmente era a reencarnação mais bela que sua alma gêmea já teve. Seu gênio difícil e cético o encantava, porque Chanyeol gostava do jeito que Baekhyun parecia ser suficiente. Não estava ali para protegê-lo de tudo e todos porque acreditava que Baekhyun era forte suficiente para si mesmo. Havia pequenos detalhes em Baekhyun que apenas fazia Chanyeol se sentir mais apaixonado, e nada tinha a ver com o fato de ser um eterno amante de sua alma; as pequenas estrelas que formavam a constelação chamada Byun Baekhyun o encantavam tal como as luzes da cidade hipnotizavam o rapaz Byun.

 

O tempo parecia voar para ambos, mesmo que estivessem presos em pensamentos diferentes. Baekhyun pensou que Chanyeol era a primeira pessoa com quem se sentia tão confortável mesmo em silêncio, sem que precisasse a todo custo conversar para manterem-se ativos e não enjoarem um do outro. Chanyeol não o cobrava por respostas, pelo contrário, apenas continuava a observá-lo e isso sequer o incomodava, porque a atenção de Chanyeol era bem-vinda.

 

“Vem, Baek”, Chanyeol o chamou. “Nós ficamos por aqui.”

 

Baekhyun levantou e seguiu Chanyeol até a saída do ônibus, abandonando-o assim que o ponto chegou. A noite caiu em Seul e as luzes iluminavam as ruas, apesar de não estarem no centro da cidade. O ponto de ônibus era em frente a um hospital grande e conhecido por Baekhyun e Chanyeol caminhava calmamente em direção ao local. Baekhyun o seguiu, ainda que estivesse confuso. Por que diabos Chanyeol o levaria até um hospital? Nada disso fazia sentido para o mais novo.

 

Chanyeol parou ao lado da entrada do hospital, ainda que estivessem em um local que não poderiam ser vistos. Baekhyun continuava a encará-lo como se esperasse respostas e Chanyeol deixou que sua curiosidade continuasse a consumi-lo. A rua não estava tão movimentada quanto ambos acharam que estaria, então teriam bastante tempo para conversar embora em um local completamente inusitado.

 

“Acho que é agora que você me explica o que estamos fazendo aqui”, Baekhyun comentou.

 

“Eu pensei ontem em diversos lugares que poderia levá-lo para fazê-lo acreditar em mim”, Chanyeol começou. “Nada me pareceu mais satisfatório do que mostrá-lo como sou quando não estou na figura que você vê agora. E, para tal, eu precisava de sangue.”

 

“Você... Você vai matar alguém...?”, Baekhyun sussurrou, assustado.

 

“Não!”, Chanyeol contestou. “Eu o trouxe até este hospital porque é daqui que eu tiro o sangue que me alimento. Eu não me dou muito bem com a ideia de matar pessoas para sobreviver e, depois que os humanos começaram a armazenar sangue, o meu trabalho se tornou muito mais simples.”

 

“Então você vai só entrar aí e roubar sangue do hospital?”, Baekhyun perguntou.

 

“Basicamente”, deu de ombros. “Melhor do que matar seus pacientes. Não vá embora, não se afaste e não se deixe ser visto. Eu volto em breve.”

 

Baekhyun mal teve tempo para piscar e Chanyeol já não estava mais à sua frente. Decidido a obedecer aos comandos de Chanyeol e por sua curiosidade estar quase o matando, Baekhyun encostou-se à parede do hospital, onde ainda estava escondido dos olhares de qualquer pessoa que passasse por ali. Estava finalmente quase cara a cara com as respostas de seus anseios e não poderia desperdiçar a chance, embora houvesse dentro de si uma pitada de medo pelo que veria.

 

Não sabia se Chanyeol se tornava muito diferente após ingerir sangue, mas confiava no rapaz de uma forma estranha a ponto de saber que não o faria mal.

 

Chanyeol voltou algum tempo depois, com uma bolsa de sangue escondida em sua jaqueta. Caminhava a passos preguiçosos em direção de Baekhyun, que já não se aguentava mais de curiosidade e começou a caminhar em direção a Chanyeol. Ambos pararam frente a frente, a penumbra noturna começando a tomar conta do local onde se encontravam já que não estavam mais tão próximos da avenida onde a iluminação estava.

 

Chanyeol mostrou a bolsa de sangue que carregava e Baekhyun engoliu em seco. Não havia nenhuma mudança significativa na fisionomia de Chanyeol e o mais novo aguardou para ver o que poderia acontecer. Afastou-se alguns passos quando viu os caninos de Chanyeol crescendo além do limite e quando o vampiro mordeu a bolsa de sangue, sugando seu conteúdo em uma velocidade alarmante.

 

Os olhos de Baekhyun não conseguiam abandonar a visão que tinha à sua frente. Chanyeol se alimentava de forma voraz e rápida, o sangue desaparecendo a cada segundo que passava. Em pouco tempo a bolsa de sangue estava vazia e dispensada e Baekhyun finalmente viu a versão de Chanyeol que ainda não conhecia: seus lábios estavam muito mais vermelhos do que o de qualquer outra pessoa, manchados pelo sangue consumido, com os caninos proeminentes em sua boca. Entretanto, o que mais surpreendeu a Baekhyun foram os olhos vermelhos e ferozes que o encaravam e a forma como podia ver a sede estampada em seus olhos.

 

Inconscientemente, Baekhyun deu mais alguns passos para trás, surpreso demais com a cena que presenciou. Havia alguma coisa dentro de si que dizia para não ter medo porque Chanyeol jamais o faria algum mal, mas seu instinto de sobrevivência apenas o deixava em alerta em relação aos olhos avermelhados. Chanyeol parecia consciente de seus atos, porque estendeu a mão em direção do rapaz como se estivesse o chamando. Nenhum dos dois fez movimento algum por tempo demais, que ninguém se preocupou em contar, até que Baekhyun, relutantemente, deu alguns passos em direção ao vampiro.

 

Tocou a mão estendida em sua direção, surpreendendo-se pela temperatura de seu corpo. As únicas vezes que Chanyeol o tocou não dava para sentir nada já que estava protegido por suas roupas, mas dessa vez era nítida a forma como sua pele era fria e rígida. Baekhyun o estudou com cuidado, quase com fascínio, levando sua mão em direção rosto do vampiro de forma lenta. Chanyeol observou seus atos, os olhos vermelhos o acompanhando a cada toque.

 

“É verdade então...”, Baekhyun sussurrou tocando seu rosto. A pele de sua bochecha era tão fria quanto sua mão, mas Baekhyun gostava da sensação de tocá-la. “Você é um vampiro...”

 

“Nunca em minha existência eu mentiria para você, Baekhyun”, Chanyeol sussurrou. Os dois estavam próximos demais para que precisassem erguer o tom de voz, embora nenhum tivesse percebido tal fato. “Não está com medo?”

 

“Você não me faria mal algum”, Baekhyun assegurou. “Estivemos sozinhos em diversas situações e em nenhuma delas me atacou quando poderia muito bem já ter me matado. Eu me sinto seguro com você.”

 

Chanyeol sorriu e sentiu as presas repuxarem seus lábios. “Não importa quantas vezes eu o veja me descobrindo, sempre acabarei fascinado com a forma como acaba aceitando o sobrenatural de forma quase natural, mesmo após tanta reluta.”

 

Baekhyun já não se importava mais se Chanyeol falasse de si mesmo em outras vidas. O rapaz confirmou o que estava dizendo sobre ser um vampiro, por que não poderia estar falando a verdade a respeito de ser a reencarnação de sua alma gêmea? Estava agora curioso a respeito de suas vidas passadas, queria que Chanyeol o contasse tudo que pudesse. Sentia-se ansioso e apreensivo pelo que estava vivendo, mas não poderia negar que a excitação do sobrenatural estava quase tomando conta de si.

 

Logo Byun Baekhyun, sempre tão recluso e quieto, via-se envolvido em uma paixão de vidas passadas e o sobrenatural o perseguindo. E embora tudo parecesse estranho e repentino, Baekhyun não conseguia se sentir arrependido de nada porque Chanyeol ainda estava aceitando seu toque e seus olhos avermelhados já não o assustavam tanto. Era o mesmo Chanyeol que conheceu através de bilhetes e uma notícia dada de qualquer jeito, apenas em sua versão natural. Uma criatura da noite feita para matar, mas que lhe proporcionava mais segurança do que jamais sentiu.

 

“Por que você nunca me transformou?”, Baekhyun perguntou, deixando que sua mão caísse do rosto de Chanyeol. “Você diz que me procura por todas as épocas, mas... Se eu sempre estivesse ao seu lado, você não teria esse problema.”

 

“Eu jamais poderia condenar alma tão bonita a um destino tão cruel quanto o meu, Baekhyun.” Chanyeol disse. “Vocês, humanos, sempre se preocupam em como a vida é tão curta e sempre querem viver mais, mas a beleza da sua vida está na sua finitude. Eu adoro vê-lo envelhecer, adoro ver cada parte de sua vida e ver que faço parte de cada uma.”

 

“Você apenas sofre a cada vez que morro”, Baekhyun disse, sem perceber que falava de si mesmo ao invés de relacionar às vidas passadas. “Você vive um ciclo vicioso quando poderia quebrá-lo apenas com um ato...”

 

“A eternidade não é uma dádiva, a eternidade é um castigo.” Chanyeol continuou. “O único propósito que tenho em continuar vivo é encontrá-lo, não importa onde, como ou como você esteja.”

 

Baekhyun aceitou suas palavras e não o contestou. Parecia ver Chanyeol de uma nova perspectiva, vê-lo de uma forma que não havia pensado antes; soava bastante altruísta que Chanyeol não o condenasse a se tornar alguém que mata outras pessoas, embora esse fosse seu próprio destino. Conseguia enxergar nos olhos de Chanyeol, que aos poucos voltava a tomar sua cor original, a dor que sentia em ter que deixá-lo partir a cada vida, mas quase podia sentir a esperança em seus poros de voltar a vê-lo.

 

Baekhyun sorriu, agarrando a mão de Chanyeol entre as suas. As mãos de Chanyeol eram diferentes em relação às suas tão quentes, mas Baekhyun não se importou, gostava da sensação que sentia. Não havia nenhuma iluminação que pudesse clarear o rosto de Chanyeol para si, mas, ali, enquanto era apenas os dois abaixo de um céu estrelado, Baekhyun imaginou que jamais poderia considerar Chanyeol mais bonito do que naquele momento. Chanyeol sorriu para si, feliz por Baekhyun finalmente entendê-lo e aceitá-lo e aquele sorriso o aqueceu.

 

Baekhyun quase podia entender por que todas suas vidas passadas se apaixonavam por aquele sorriso.

 

. . .

 

Sehun e Yani ainda estavam em sua casa quando Chanyeol o trouxe de volta.

 

Já passava das onze da noite quando Baekhyun voltou para casa, despedindo-se de Chanyeol de forma relutante. Passaram toda a noite conversando a respeito de suas vidas passadas, como Chanyeol fazia para encontrá-las e todos os problemas que enfrentava para convencê-las do que falava era real. Baekhyun realmente se divertiu com as histórias que ouviu e percebeu que Chanyeol era um rapaz engraçado e simpático. Nada parecia forçado enquanto riam juntos caminhando pela calçada, mesmo quando seus dedos se esbarravam pela proximidade que mantinham.

 

Era uma sensação boa, Baekhyun percebeu. Foi uma noite mais divertida do que se lembrava de já ter tido.

 

“Então a gente se vê na escola?”, Baekhyun perguntou.

 

“Vou estar lá”, Chanyeol confirmou. “Boa noite, Baekhyun.”

 

“Boa noite, Chanyeol.” Baekhyun sorriu.

 

Chanyeol se afastou e Baekhyun continuou na porta de casa observando-o se afastar. Assim que o perdeu de vista, fechou a porta atrás de si e correu em direção ao seu quarto, depois de avisar sua mãe aos gritos que estava em casa. Chegou ao seu quarto com a surpresa de ainda ter Sehun e Yani lá, arrumando colchões onde dormiriam ao lado de sua cama. Baekhyun parou na porta observando-os.

 

“Chegou!”, Yani disse, largando as cobertas que carregava. “Nos conte tudo!”

 

“O que vocês estão fazendo aqui?”

 

“Ué, você não esperava que fossemos esperar até amanhã para saber o que aconteceu, não é?”, Sehun rolou os olhos. “Sua mãe gentilmente nos deixou dormir aqui, já que amanhã é domingo.”

 

“Eu estou cansado, quero dormir.” Baekhyun disse, tentando desconversar.

 

“O que aconteceu para você se cansar assim, hm?”, Sehun perguntou erguendo a sobrancelha.

 

“Você não cansa de apanhar, Oh Sehun, incrível”, Baekhyun ralhou, jogando novamente a almofada no amigo. “Não aconteceu nada demais. Nós ficamos caminhando pelo centro, ele me comprou alguns doces para comer e conversamos bastante. Foi divertido.”

 

“Nem um beijinho sequer?”, Sehun insistiu. “Ele não tentou te beijar? Que rapaz a moda antiga mesmo.”

 

“Sehun, deixa de ser babaca”, Yani reclamou. “Que bom que se divertiram e que Chanyeol respeitou seu espaço. Agora nos conte os detalhes sórdidos, não era hoje que você descobriria sobre... aquilo?”

 

“Ah”, Baekhyun ofegou, recordando-se da primeira parte de sua noite. “É, é sim. Vamos arrumar tudo, eu conto para vocês depois.”

 

Sehun insistiu que não queria ouvir depois, mas não conseguiu convencer os amigos, então juntou-se aos mesmos para continuar a arrumar o quarto. Não demoraram muito, já que estava tudo quase pronto quando Baekhyun chegou. Depois que se livrou das roupas usadas nessa noite e colocou seu pijama, jogou-se em sua cama, tendo Yani deitada no colchão ao seu lado e Sehun sentado aos seus pés na cama. Conseguia ver a curiosidade exalando dos olhos de seus amigos e aquilo quase o fez rir.

 

“Chanyeol me contou tudo”, Baekhyun disse. “Contou sobre ser um vampiro, ele realmente é, não estou brincando. Vocês não viram o que eu vi”, Baekhyun alertou ao ver a cara cética de Sehun. “Nós também conversamos sobre as minhas vidas passadas. Ainda é muita coisa para minha cabeça, mas aos poucos as peças vão se encaixando e começa a fazer sentido.”

 

“Então, quer dizer que Chanyeol não mentiu em nenhum momento?”, Yani perguntou com um sorriso fascinado em seus lábios. “Você parece estar vivendo um romance de best seller.

 

“Não zombem de mim!”, Baekhyun brigou. “Ele é um ótimo rapaz, sabe? Nós tivemos uma ótima noite e em nenhum momento ele tentou forçar a situação só porque agora eu sabia que sempre estivemos juntos em outra vida. Eu ainda tenho o tempo que preciso para me acostumar a situação, Chanyeol é realmente incrível.”

 

“Você já parece gostar bastante dele para falar desse jeito, Baek”, Sehun disse. “Nós o conhecemos muito bem. Se você confia em Park Chanyeol, nós confiaremos também.”

 

“Mas diga a ele que precisa pedir nossa permissão primeiro!”, Yani disse. “Somos como seus pais, sem a nossa benção, nada feito, ouviu?”

 

Baekhyun riu alto com o comentário de sua amiga, mas concordou. Falaria com Chanyeol na segunda feira a respeito, porque já tinha decidido o que faria sobre a relação estranha que mantinham. Se sentia tão bem ao lado de Chanyeol, Baekhyun não via sentido em não continuar dessa forma. Seus sentimentos sempre foram confusos e Chanyeol bagunçou-os ainda mais, mas Baekhyun esperava que a convivência pudesse desembaraçá-los e tornar as coisas mais claras.

 

Baekhyun chutou Sehun de sua cama e preparou-se para dormir, apagando as luzes e dando boa noite aos amigos. Estava realmente cansado, embora soubesse que Sehun estaria no colchão de Yani em poucos instantes e continuariam a conversar e sabe-se Deus o que mais – Baekhyun terminantemente não estava interessado no que seus amigos faziam quando dormia. Ajeitou-se em seus travesseiros, sentindo o sorriso surgir em seus lábios de forma involuntária quando pensou na noite em que teve.

 

Talvez Sehun tivesse razão; estava se mostrando muito mais sorridente e feliz do que normalmente estava. Poderia chamar isso de efeito Park Chanyeol.

 

. . .

 

A noite estava mais bonita do que Baekhyun já havia visto, embora não soubesse onde estava. Não se recordava de uma floresta como onde estava e sentia-se confuso por não saber para qual direção caminhar. Ouviu passos às suas costas e escondeu-se para não ser visto, mas de forma que ainda pudesse observar o que acontecia na clareira onde outrora esteve.

 

Baekhyun se surpreendeu quando viu Chanyeol chegar e sentar-se em um tronco que estava caído ao chão. Não parecia diferente do Chanyeol que conhecia, embora seus trajes fossem diferentes. Ainda se vestia tão negro quanto a noite, mas parecia mais suntuoso, mais clássico. Baekhyun se perguntava o que estava acontecendo para ter Chanyeol ali.

 

Suas respostas chegaram com novos passos não muito tempo depois da chegada do vampiro. Uma garota com vestidos tão suntuosos e clássicos quanto as vestes de Chanyeol se aproximava rapidamente, o cabelo negro preso em uma trança caída em seus ombros e o sorriso radiante em seus lábios. A garota correu em direção a Chanyeol, jogando-se em seus braços assim que se aproximou o suficiente.

 

“Chanyeol!”, a garota exclamou. “Eu senti a sua falta.”

 

“Eu também, Hyuna.” Chanyeol respondeu. “Mas as caçadas têm se tornado cada vez mais frequentes e os moradores já desconfiam de mim...”

 

“Não podem levá-lo, Chanyeol”, a garota disse, e Baekhyun podia sentir o desespero de suas palavras. “Não podem tirá-lo de mim!”

 

“Ninguém nunca me tirará de você, querida”, Chanyeol prometeu. “Só tenha um pouco mais de paciência, tudo bem? Você logo completará a maioridade e poderemos sair daqui, sem precisar mais que seus pais permitam.”

 

“Eles querem me casar com Kim Jongin”, Hyuna confessou. “A família Kim é bastante próspera e uma das mais ricas da região, mas eu não quero, eu amo você. Está sendo difícil protelar a situação em casa.”

 

“Aguente só mais um pouco”, Chanyeol pediu. “Em breve nós dois não precisaremos mais nos esconder.”

 

Hyuna concordou e voltou a afundar seu rosto no pescoço de Chanyeol, que mantinha seus braços firmes na cintura da garota. Baekhyun percebeu que aquela era uma de suas vidas passadas, ele era a reencarnação de Hyuna e Hyuna era de tantas outras vidas. O rapaz percebeu nos olhos de Chanyeol a mesma chama que via quando o olhava agora, e percebeu que o amor de Chanyeol realmente ultrapassava a barreira das épocas.

 

Permaneceu escondido entre os arbustos observando o casal ter seu encontro, que parecia tão difícil de acontecer. Sentia-se feliz por Chanyeol naquele momento, por vê-lo feliz ao lado de quem Baekhyun foi tantos séculos atrás. Baekhyun pensou que se sentiria mal em ver Chanyeol com outras pessoas, mas percebeu, naquele momento, que era ele ali, apenas em outro corpo. Hyuna até mesmo parecia um pouco consigo, o mesmo sorriso quadrado que seus amigos elogiavam e a forma como falava, tão energética e viva.

 

Chanyeol parecia feliz naquele momento e Baekhyun se sentia bem por isso. Não havia nenhum motivo para sentir-se mal em relação ao que via, porque sabia que, no fundo, era sempre a sua alma procurando Chanyeol a cada vida que tinha, como se sua inquietação apenas pudesse ser cessada no momento em que o encontrasse. Quando estava nos braços de Chanyeol, como Hyuna estava no momento, as coisas pareciam fazer sentido.

 

Naquele momento, Baekhyun percebeu que já vivera muito mais do que pensava e do que se recordava, mas que todas as suas vidas sempre acabavam voltando a Park Chanyeol. 


Notas Finais


E chegamos ao final mais uma vez! O próximo capítulo já é o último, mas eu pretendo postar uns dois extras dessa fanfic, então a gente ainda vai demorar um pouquinho pra se despedir. (aliás deu pra sacar que a última cena é um sonho do Baek né? eu espero que sim, socorr)

Digam-me aí embaixo o que vocês acharam dessa vez, ou me encontrem no twitter que é o @iambyuntiful!
Até a próxima~!


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