História Diabolik Memories - Eighty-Six

"Sinceramente, eu não escolhi ser o escolhido" Inabalaveis - Choice

Mansão dos Sakamaki's

- E o que te leva pensar que eu vou deixar você se matar só porque está de birra? - Subaru chegou a sala com esta frase. 

Akame olhou para o albino e sentiu-se novamente sem chão. Estava tudo errado.

- Agora o papai irá defender a cria. -Akastu sussurrou enquanto revirava os olhos para a cena que estava por vir. 

Subaru via, o que antes era seu sacrifício, se tornar sua filha. E ele estava confuso. Todos os sentimentos, todo o tempo e toda a angústia que sentia. Ele poderia culpar Akame pela morte de Kamiko, mas não tinha coragem, afinal, Akame sofreu demais por algo que ela não pediu. O preconceito. 

- Eu tenho a escolha de aceitar o sangue ou não, e a minha escolha é o não. - Akame disse.

Ela estava decidida. Havia passado por coisa demais, além de ter morrido três vezes. Estava decidida a esperar a morte de vez, e agora, queriam obrigá-la a se tornar imortal. Ver tudo e todos morrerem ao seu redor, e ela continuar invicta e intocável. 

- Você vai. - Subaru disse. 

Akame encarou-o, pela percepção da garota, Subaru tinha tudo para odiá-la, mas ele estava ali, tentando convencê-la a viver mais. Estava tudo, definitivamente tudo errado. 

- Vou? Está tentando me obrigar a viver eternamente? - Akame cuspiu aquelas palavras com sarcasmo. - Depois de tudo isso? Morrer tantas vezes, fazer minha família sofrer, descobrir tudo isso e ainda ter que aguentar tudo? As memórias? Viver eternamente com isso? Desculpe, mas não.

Akame parecia mais nervosa e triste a cada palavra que dizia e, sem perceber, acabara de iniciar uma discussão que não gostaria de ter, não naquele momento.

- Então você está simplesmente desistindo. - Subaru disse finalizando a frase com um longo suspiro. - A Akame que eu conheço não é assim.

- Ah, A Akame que você conhece? - Akame começou com ironia. - Foi mal mas você não conhece ninguém aqui. Você viu Akame, a morta viva, isso não te faz me conhecer. Apenas viu o lado ruim.

- Mas...

- ...Mas se não querer tomar o sangue do menino que ama, que do nada virou seu pai, é desistir, então tudo bem, eu desisto! - Akame gritou, finalizando a frase que jurou nunca pronunciar. 

O silêncio se instalou na sala, Subaru não sabia o que falar e Akame parecia perdida demais, cansada de tudo e todos. 

- Você... O quê? - Subaru tentou falar, as palavras estavam em sua mente, mas sua boca não dizia. 

- Sim, é, eu amo você. Akame apaixonada pelo Subaru, o mais novo, o de cabelo branco, o estressadinho. - Akame dizia enquanto gesticulava e andava em círculos pela sala. - E daí? Eu te amo, ok? Desde que aquele velho psicopata começou a falar sobre vocês, e o porquê? Porque eu me identifico. 

Akame falava, mas não parecia perceber, estava apenas desabafando, afinal, para ela, sua vida acabaria daqui à algumas horas. 

- E eu nunca falaria isso, afinal, sou apenas uma humana que apareceu do nada, falando merda, e você é um vampiro de 300 anos, afinal, qual é o sentido de eu te amar? Só porque eu acho que você tem uma personalidade incrível e fodida, além de ser lindo? Isso não existe! 

- Mas... Akame... - Subaru tentou interromper.

- MAS E DAÍ? - Akame gritou, e ela sentia a cabeça começar a doer. - Era pra isso ir para o túmulo comigo, até, a meia hora atrás, eu descobrir que você, o menino vampiro que eu amo ser meu pai! O meu pai! Você tem noção do tanto que isso é estranho e ruim?! 

- Akame... - Akastu segurou o braço da garota, fazendo-a olhar para ele. - Eu te amo!

Akame parou por um segundo, olhando pela primeira vez para aquele olho vermelho, e para o olho branco de Akastu.

- Ama o caralho! - A morena gritou. - Você era outro que eu pensava que era meu amigo, mas na verdade me traiu, Akastu, ou seja lá qual seja o seu nome. Você estava se aproximando de mim para me vigiar, e eu confiava em você, pensei que era diferente, e normal. Você era meu porto seguro, e quando fui perceber, você era tudo o que eu queria evitar! - Akame disse. - E eu ainda estava me sentindo confusa, sério, entre Subaru, Akastu e Shuu, eu tenho algum tipo de problema mental! Eu não sou a porra de uma garota virgem!

- Eu?! - Shuu exclamou. 

Akame havia se soltado de Akastu, estava coçando sua nuca com uma mão enquanto a outra estava fechada em punho. 

- Deixa de ser falso! Quem ia no meu quarto era você, quem falava um monte de merda em duplo sentido e depois sumia era você, e ainda por cima se fingia de bobo! - Akame gritou, e em seguida socou a parede ao lado, que rachou. 

Shuu tentou negar, mas afinal, era verdade, e ele também se sentia confuso. 

- Mas adivinha quem ganhava toda a briguinha? O meu papai. - Akame disse com sarcasmo. 

A garota escorou na parede mais próxima, escorregou até o chão e se sentou, abaixando sua cabeça até que sua franja cobrisse seu rosto. Estava de sentindo infinitamente mais leve, afinal, mais um grande peso havia sido tirado de dentro de seu coração. 

- Você sabe muito bem que isso não vai dar certo. - Akawarisu disse.

Akame suspirou.

- EU SEI, TÁ?! - Akame gritou, mais para si, do que para o outro. - Eu amo ele, e isso nunca poderá ir para frente, porque a errada na situação toda sou eu, afinal, ele é meu pai. E é por isso que eu desisto, afinal, quem aguenta viver com isso? Tudo desabou.

O silêncio se instalou naquela sala. Akame apenas levantou e saiu, subiu as escadas e, em sua mente, nunca mais gostaria de descer ali. 

- E o que você vai fazer agora? - Ayato perguntou. 

- Eu sei lá... - Subaru respondeu enquanto bagunçava seu cabelo branco. 

Akastu apenas se jogou no chão, com a cabeça escorada entre as pernas, olhando para o chão e pensando em tudo o que havia acabado de acontecer.

Tic.Tac.Tic.Tac