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História Diário de uma Iniciante em Champions League - David - O abominável homem das Friendzones.


Escrita por: Fe_M

Notas do Autor


OLÁ, COMO VÃO VOCÊS?
Família Diário, vocês estão preparadas para isso? EU QUERO APERTAR VOCÊS ATÉ EXPLODIREEEEEEEEEMMM <3 Só tem gente linda aqui? Affe Jesus Kakacristo.

Primeiramente, um serviço de utilidade pública: Carol1903, desculpa. <3 Agora, ShitStyles e Let_P, por favor, não resumam seus coments nunca. Meninas em geral, David vai precisar comprar um presídio pra sequestrar a gente tudo HAHA. Marriely, MIOCÁRDIO EPILÉTICO UHAUHAUA Bubumatos, davinards2, Thathianny e SilFerraz, sejam bem vindas <3 VICPORTELA SUA LINDA ME BEJE, Mrs_Malik12 Queisso novinha, essa foto do seu user parou meu coração. MyFreitas, não pare de comentar nunca uahua R3X0N4 VOCÊ TEM O NOME DE USER MAIS LACRADOR DE TODOS OS TEMPOS! E obrigada a todo mundo que comentou <3

Pessoal, quem quiser ainda entrar no Grupo do WPP, agora podem entrar 100 pessoas nos grupos, e isso aumenta as possibilidades. Além do mais... ÍTALO E FÊ MORAES ESTÃO NO GRUPO E INTERAGEM COM AS MENINAS DO NESCAU DE GARRAFINHA. É, É ISSO QUE VOCÊS LERAM. Até o David.. Siiiiimmm... O DAVID LUIZ JÁ FALOU NO GRUPO.

Post dedicado a quem adora sonhar acordado, e a quem adora sonhar dormindo.. Com o David de camisa branca molhada sexy te carregando na areia da praia. =P

E com vocês, um capítulo cheio de cadeados e peitinhos HUE BR BR:

Capítulo 10 - David - O abominável homem das Friendzones.


Fanfic / Fanfiction Diário de uma Iniciante em Champions League - David - O abominável homem das Friendzones.

 

-Está bem. Eu não tenho paciência pra essas coisas, Sara. Sinceramente. Sou mais prático e menos romântico. E não vou mais colocar nem um dedo nessa história. Resolvam-se vocês dois, entre si. Pra mim chega de “Eu amo a Sara, mas não posso.” “Eu amo o Rodrigo, mas não tenho coragem de dizer.” “Não podemos ficar juntos.” “Mas eu te amo.” Pra mim, isso é besteira de vocês dois. – Brent rolou os olhos e suspirou.

Fernanda Medeiros e Adelina Barbosa, Triângulo de Quatro Lados.

 

 

 

***

Desde que a vi no hotel, Fernanda prendeu-me em sua beleza, seus gestos. Seu sorriso e seus lábios hipnóticos, o modo como alguns fios de seus cabelos presos em um coque caem pelas orelhas, e sua franja sobre a testa. O jeito como ela brinca com a comida enquanto pensa no que dizer em seguida e como ela fecha os olhos para apreciar o delicioso prato, sem conseguir disfarçar o quanto gostou. Não custa nada admitir, mais uma vez, que senti sua falta. Inclusive posso equiparar a falta que senti dela, à falta que senti dos meus pais quando saí de casa, aos 14 anos.

O baque das notícias que ela me deu ainda afligem meus pensamentos, e me fazem tentar, primeiro, uma tática de aviso, para argumentar contra a decisão dela. Eu disse que Sara havia feito o mesmo comigo, alguns anos atrás, quando terminamos pela primeira vez. Não foi uma ameaça, até porque não acontecerá da mesma forma. Eu amei Sara, mas o que eu sinto por Fernanda nem se compara. Não vou deixar a situação chegar ao ponto que chegou com a portuguesa. Definitivamente Fernanda não é Sara. E eu não sou o mesmo daquela época. Estou mais experiente, mais velho, mais consciente do que sinto. E o que sinto por Fernanda, nesse momento, é maior do que eu jamais pensei sentir por alguém.

Mas ao que Fernanda não responde com hesitação ou medo à minha "ameaça", talvez porque saiba que eu seria incapaz de beijar outra boca, que não a dela, ou tocar outro corpo que não seja o dela... Um monstro verde e grande solta baforadas de um hálito acre e enjoativo perto de meu ouvido. Seu nome é Abominável Homem das Friendzones e eu sinto que ele me atacará em cinco minutos. Se eu não fizer nada.

Por isso falei em sequestrá-la. Ela riu, fez piada, e continuou a comer. Toda a refeição, e já come a sobremesa. Observo-a comer seu paris-brest e sorrio para ela quando ela limpa os lábios com o guardanapo de pano do restaurante. O canto dos lábios dela ainda fica sujo e eu indico com o meu indicador. Ela cora e tenta limpar novamente.

-Essa... - Ela fala. - Essa coisa, sabe? Isso aqui é a melhor coisa que eu já comi em toda a minha vida. - Eu rio.

-Eu acredito. Você está comendo com tanta vontade.

-Você não quer, né? - Ela aponta para os últimos resquícios de sobremesa destroçada em seu prato. Eu balanço negativamente a cabeça. Eu rio e meneio a cabeça. - Ainda bem. - Rio mais um pouco e fungo.

-É que eu estou vendo que você está se matando de vontade de comer isso tudo e pensando se aguenta comer outra. - Ela ri e tapa a boca com uma das mãos. Seu coque se desfaz e seus cabelos caem por ombros e rosto.

Como eu gostaria de tocá-la nesse momento.

-Verdade. Vou quebrar meu porquinho só pra vir aqui só para comer a sobremesa. - Ela volta a me olhar. - Mas pode pegar, se quiser. Eu sou gulosa, mas aguento dividir isso aqui... E...

-Estou bem, não quero. - Sorrio com o canto dos lábios.

-Última chance, hein? - Ela fala enquanto leva o garfo com a sobremesa até a boca, lentamente. Eu acompanho o trajeto do talher, e sinto minhas têmporas formigarem. Com mais cinco segundos de tortura eu viraria a mesa e a agarraria aqui mesmo. - Preciso conhecer o Chefe de cozinha daqui. - Ela fala e agora sou eu quem ri alto.

-Bem, não acho que ele vá te passar a receita.

-Eu quero beijar as mãos abençoadas dele. Quero dar um Prêmio Nobel pra ele. Você conhece o pessoal de Estocolmo? Sério. Ele vai ganhar o Nobel de cozinha, e quiçá o Nobel da paz.

-Da paz? Por que?

-Se as pessoas comessem mais disso, - ela mostra o prato vazio. - Elas seriam muito mais felizes.

-Com certeza. - Eu rio.

-Isso pode ser a solução para a terceira guerra mundial, você não tem noção, David. 

-Pode deixar que o La Societé não vai sair daqui. Se acontecer uma Terceira Guerra Mundial, nós voltamos aqui para falar com o chef e propor à ele que faça mais disso e de todas as suas sobremesas para todos os envolvidos.

-Você promete? - Ela estreita os olhos para mim. Eu assinto.

-Claro. - Eu rio, porque não consigo parar de sorrir ou de rir ao lado dela, e vejo Fernanda concordar.

-Feito então.

-Bom... Acabamos aqui? - Ela assente. - Então eu vou pedir a conta. E acho bom você ir lavar o rosto, porque está uma pintura... De chocolate. - Eu falo enquanto rio. Ela mostra língua para mim e se levanta. Enquanto isso, eu faço sinal para o garçom que nos atendia levar a conta.

-O almoço estava do seu agrado? - Ele pergunta enquanto retira os pratos.

-Magnífico. - Sorrio e mostro meu cartão para que ele leve a máquina junto com a conta. Ele assente e vai para o balcão.

Enquanto Fernanda ainda está no banheiro, ele volta o papel indicando o valor da conta. Eu olho e entrego meu cartão a ele. Indico para que ele também passe um pouco mais para gorjeta devido ao bom atendimento. Ele sorri e eu digito a minha senha. Pego o meu comprovante e espero Fernanda, ainda sentado na cadeira. Sinto que vou esperar eternamente e é mais ou menos isso, porque ela só volta depois de quinze minutos e agora, consigo ver diferença em seu rosto. Se ela não tem a intenção de me provocar, falhou nisso.

Seus cílios longos estão mais escuros e volumosos, e conferem um ar mais sedutor ao seu olhar. Seus cabelos estão mais arrumados, como penteados, e caem pelos ombros ordenadamente. Até seus lábios parecem-me mais convidativos, por causa de um batom rosado que os colore. Acompanho o movimento de seu corpo enquanto ela anda, e agradeço aos céus por ela não saber como o modo como ela caminha me hipnotiza, assim não pode usar isso ao favor dela.

E contra mim.

-Vamos? - Estendo o braço para que ela pegue. Ela franze o cenho e me olha confusa.

-Já pagou?

-Já.

-Quanto deu a conta?

-Alguns euros. - Coloco uma das mãos em suas costas quando vejo que ela não começa a andar de pronto e a empurro levemente. Isso faz com que ela dê alguns passos na frente, a caminho da porta. Um homem bem aparentado sorri para nós dois quando passamos e abre a porta. 

Assim que cruzamos a porta do restaurante, Fernanda se adianta, se desvencilhando de minha mão, arredia. Eu quero rir, mas quando tenho uma visão completa de suas costas, à medida em que ela anda à minha frente, ergo a mão que estava suspensa no ar até minha nuca, puxando levemente os fios de cabelo aqui. O Abominável homem das Friendzones ri de mim, e aponta o dedo cabeludo e verde para mim. Só para quando vejo Fernanda encolher-se com uma corrente de vento que corta seu corpo, jogando seus cabelos para trás. Empertigo minha postura e me aproximo dela.

-Vamos para o hotel? - A voz enrouquecida dela murmura, olhando-me com os cantos dos olhos, afastando os cabelos do rosto. Eu engulo seco, e meneio a cabeça.

-Qual a parte de "Eu vou te sequestrar" você não entendeu? - Ela pisca algumas vezes, confusa e depois olha para a rua. Observa algumas pessoas passando apressadas e outras passeando. Quando volta a me olhar, Fernanda parece em alerta. A ponta de seu nariz está vermelha.

-Você estava falando sério?

-Claro que estava.

-David... Você não pode me sequestrar. - Ela fala firme e eu quase rio. Ela fica ainda mais linda quando está brava. Suas bochechas coram devido a raiva e os seus olhos ficam arregalados.

-Porque não?

-Porque... - Ela procura desculpas e mexe as mãos enquanto tenta formular alguma frase que faça sentido. - Porque eu estou cansada e quero ir para o hotel. Estou resfriada... Ou vou ficar.

-O lugar pra onde vamos fica no caminho do hotel. Não é como se eu fosse te levar para algum passeio romântico. - Dou de ombros e a olho. Vejo quando ela morde o canto do lábio inferior e pensa nas possibilidades.

-Certo. Para onde vamos?

-Vamos a pé mesmo. - Eu falo e viro o meu rosto para o outro lado para indicar onde iremos. - Quero te levar em um lugar, nada em especial, mas acho que todo mundo que vem em Paris deveria ir. - Eu me viro para olhá-la e vejo que não está mais lá. Franzo o cenho e a vejo correndo em direção as escadas do metrô e não posso conter a minha risada.

Fernanda corre do jeito mais engraçado que eu já vi na minha vida. Não tem como explicar. Suas pernas vão para lados diferentes e os seus braços ficam abertos como se ela estivesse tentando se equilibrar. Sua bolsa quase cai no chão e eu não tenho certeza se ela está correndo ou saltitando. É um pouco dos dois. Eu balanço a cabeça negativamente e corro em sua direção. Não demora muito para que eu consiga alcançá-la. Seguro Fernanda pela cintura e a tiro do chão. Coloco-a sobre meu ombro e caminho para onde queria ir antes. Ela grita e dá socos em meus braços e em minhas costas. Fernanda é incrivelmente leve.

-Quanto você pesa? 20 quilos? - Eu rio e pisco para uma senhora que olha assustada para nós dois. Ela parece me reconhecer, porque relaxa a expressão e acena de leve com uma das mãos. Eu faço um cumprimento exagerado para a senhora, sorrindo abertamente, e ela olha para Fernanda. Eu fito minha raptada, que fita a senhora e sorri mais contida, acenando também. Quando nos afastamos dela, Fernanda volta a se debater.

-David, me solta! É sério. - Ela fala enquanto se debate. Sua cabeça está virada para as minhas costas e eu a seguro pelas pernas. Seu Quadril roça em minha bochecha. - Eu estou falando sério. Eu posso ser magra, mas sei bater. Vou dar um murro nas suas costas e você vai precisar de fisioterapia pelo resto da temporada e não vai jogar na Champions.

-Você não teria coragem de fazer uma coisa dessas comigo. - Falo enquanto caminho tranquilamente pela rua. Ela suspira e para de me dar tapas nas costas. - Posso te colocar no chão? Você não vai fugir? - Paro de andar e espero que ela me responda. - Fê?

-Vou, eu vou correr e vou gritar que tem um tarado querendo me pegar. - Ela fala, e eu rio. Dou um tapinha sem força em seu quadril, e ouço seu gritinho de raiva. Continuo a andar e ela suspira alto. - Isso é completamente idiota. Você não tem vergonha de sair me carregando assim pela cidade? Vão te achar um louco e eu posso pedir socorro e você vai preso. - Eu rio novamente.

-Não vou preso porque você não vai fazer isso. - Inclino o corpo para frente e a coloco no chão. Fernanda me olha emburrada e cruza os braços na frente do rosto. - Eu disse que ia te sequestrar e eu vou te sequestrar. Você pode tentar correr a cidade inteira, meu condicionamento físico é melhor que o seu. - Ela abre a boca em surpresa e eu rio de sua expressão. Rio ainda mais quando ela distribui diversos tapas em meus braços. - Calma, mulher.

Em um movimento rápido eu seguro seus pulsos e a viro de costas, segurando seus punhos com as mãos, e juntando nossos corpos. Escuto o ofego dela, e aproximo meu rosto de sua têmpora. Umedeço os lábios com a língua antes de respirar pesadamente contra seus cabelos, afastando-os da orelha dela. Sinto suas mãos tremerem, e a pele de seu pescoço nu e quente arrepiar-se. É quando percebo que atingi meu objetivo do dia.

-Você sabe que é inútil tentar fugir de mim. - Murmuro sem voz, e deixo que meus lábios entrem em contato com seu ouvido, em um ato de provocação. Sinto quando ela tenta sacar os pulsos, e escorrego meus dedos pela superfície de seu pulso quente. Sinto a frequência rápida, e a viro de frente para mim, sem soltar seus pulsos. Não quero que ela fuja de mim, não agora, que está tão perto. E tão influenciada por minha presença.

-Você me paga por isso. - Ela murmura. - Pode esperar. - Percebo quando seus olhos se desviam dos meus e vão até a minha boca. Sorrio com o canto dos lábios e ela volta a me olhar nos olhos. Seu rosto fica corado. - Vamos logo porque eu quero voltar para o hotel. - À mensagem que ela me passa, eu desfaço a força que prendia seus pulsos, mas não afasto meu corpo do dela. A atitude de minhas mãos agora é a de possuir sua cintura com as palmas, e pressiono os dedos na região que seguro. Inclino meu rosto para frente, ficando ainda mais próximo dela do que estávamos alguns segundos atrás. Sinto o ar lhe falhar e ela levantar as mãos, colocando-as em meu tórax. - David... - Ela fala baixo. - Pare de tentar me seduzir.

A voz de Fernanda é trêmula. Eu sinto a pele fria abaixo do tecido de sua camisa. Suas pupilas estão dilatadas. Desço os olhos até a pele de seu pescoço, e vejo os poros eriçados. Quando volto a fitar seu rosto, meu sorriso e sacana, e meus olhos estão levemente estreitados. Eu sou mesmo um cara de pau.

-Ah é. - Eu exorto, com o mesmo sorriso sacana. Ergo um pouco o queixo e roço meus lábios em sua testa, cuidadosamente. Fecho os olhos, e sinto o odor doce de seu cabelo. Meu coração salta. - Somos apenas amigos. - Forço meu corpo e minha mente a obedecerem a ordem de Fernanda, e tiro minhas mãos de sua cintura, dando um passo para trás. - Vamos. É por ali. - Aponto com a cabeça e coloco as mãos nos bolsos de meu casaco, mas dessa vez, não desvio os olhos dela até que ela comece a caminhar na direção correta.

Minhas têmporas latejam, assim como meu corpo inteiro pulsa de maneira diversa. É o tipo de sensação que eu sei que esconde uma excitação vigorosa, através da adrenalina que percorre minhas veias. Mas o que sinto é permissivo e me dá condições de maquiá-lo com uma atitude amistosa. Um sorriso simpático e um olhar mais carinhoso e menos lascivo.

O que realmente importa é que Fernanda me acompanha e não tenta mais fugir.

Depois de algum tempo de caminhada, seguimos pela via Quai d'Orsay e olhamos os barcos que velejam pelo Sena, e também os que estão na margem do rio, onde algumas pessoas moram. Um senhor com cabelos grisalhos está sentado na beirada de seu barco, e observa a Pont des Arts às nuvens de fumaça de seu cachimbo. Olho Fernanda e tento imaginar se ela reconhece, exatamente, onde estamos. Tudo o que ela transparece é distração. Dou um passo para o lado para ficar mais próximo dela, para o caso de ela notar, e isso me ajudar, de qualquer maneira.

-Sabe, eu estava pensando... - Ela diz. - Imagina tudo isso aqui no rio Tietê. - Eu rio alto de seu comentário. - É sério, imagina. Os barquinhos bonitinhos navegando pela espuma de sujeira. Imagina o aroma do rio Tietê. Os velhinhos recebendo uma gota da água de lá no rosto... - Fernanda imita um respingo com os dedos, batendo em seu rosto, e para de andar, cobrindo um olho com a mão. Ela começa a imitar a voz de uma velhinha. - Ó! Meus olhos, estão queimando! Ó! Que mundo cruel! Isso arde! É enxofre! Deus, me leve agora! Ó! Ó!  - Eu rio mais, e a minha mão encosta na dela, solta no ar. Seus dedos estão frios demais, o que é estranho, porque estamos em pleno verão francês. As temperaturas não são as do Brasil, mas não são tão baixas.

-Está com frio? - Paro de andar e ela para também, virada para mim e costas para a ponte.

-Não muito.

-Suas bochechas estão bem vermelhas e faz tempo que você não... - Ela espirra. - Fazia tempo que você não espirrava. - Eu rio e ela também. - Vem aqui, vamos comprar um gorro para você. Caminhamos alguns passos até um vendedor ambulante com diversos gorros, bolsas e chaveiros com a Torre Eiffel. Pego uma boina vermelha e coloco em Fernanda. Ela sorri com o canto dos lábios e eu já vejo em seus olhos que ela está cansada. Começo a pensar que não foi uma boa ideia vir a pé com ela.

-Ficou bom?

-Ficou linda. - Ela fica da cor da boina. Eu sorrio e a observo enquanto ela se olha no pequeno espelho que o francês oferece. Ajeita seu cabelo de forma que sua franja fique para fora da boina. Seus cabelos estão mais claros nas pontas e um pouco ondulado.

-Vamos? - Ela pergunta e eu olho para o francês, que agora já atende outra pessoa e franzo o cenho.

-Já pagou?

-Claro que eu paguei.

-Mas era um presente. - Abro os braços. Fernanda revira os olhos e me empurra um pouco para trás, para sairmos do caminho dos novos fregueses.

-Você já pagou meu almoço. Está de bom tamanho por muito tempo. - Sorrio e volto para a calçada diminuindo o passo quando passamos pela ponte.

-Vem, é do outro lado. - Entro na ponte e Fernanda vem ao meu lado. Seus olhos passam pelo Sena e ela tenta disfarçar quando percebe em que ponte está.  Há diversos cadeados espalhados pela ponte inteira.

Pont des Arts. A Ponte dos Namorados.

Alguns casais jovens riem e escrevem seus nomes em seus cadeados. Um casal chama nossa atenção. O rapaz faz juras de amor e a sua namorada sorri, ao mesmo tempo que chora. Não sei italiano o suficiente para saber o que ele diz, mas compreendo que ele fala de amor, porque a conexão no olhar dos dois é própria do assunto.

Eles, finalmente, encontram um lugar entre os milhares de cadeados e o fecham juntos. Fito Fernanda, e ela sorri para a cena, depois mira outros cadeados, e se afasta de mim, aproximando-se das grades repletas de cadeados. O casal italiano beija a chave e os dois se viram para o Sena, jogam a chave no rio e o garoto pega a namorada pela cintura e a abraça forte enquanto a roda no ar. A risada da moça preenche minha audição por alguns instantes.

-Fê... - Começo a dizer, mas ela me interrompe.

-Olha isso aqui. - Ela se agacha e aponta para um cadeado prateado. Eu agacho-me ao lado dela, e ela lê os nomes no cadeado. - Fê e David. Coincidência não é? - Ela ri, e olha o cadeado. Eu passo a língua pelos lábios.

-Seria, se a gente fosse um casal.

-Ah, enfim. - Ela solta o cadeado e me olha. - Ei, cabeludo...

-Espera, Fê. - Ela me olha. - Até você ir embora, nós vamos voltar aqui e colocar um cadeado com o nosso nome. Assim, de verdade... Igual a esse aí, não é?

-David... - Ela suspira, mas não abaixa o olhar. - Talvez eu não fique em Paris durante a temporada. Sinto como se tivesse levado um soco no estômago. Por um momento, fica difícil respirar. O ar fica ainda mais frio. Ela sente o mesmo que eu, porque abaixa o olhar por alguns segundos antes de voltar a encarar os meus olhos.

-O que você quer dizer com isso? - Pergunto baixo. Tentando controlar o misto de emoções dentro de mim. Desilusão. Tristeza. Perda. Dor. Abandono. - Pensei que você tivesse vindo para cobrir a temporada do PSG. Você foi fazer as entrevistas e...

-Eu fiz entrevistas com vários times. A Brenda só me mandou para Paris por enquanto por é mais perto de todos os outros países que eu fui, mas eu vim para cobrir o Barcelona durante a Champions. Se o PSG ficar no mesmo grupo que o Barça, devo continuar em Paris, mas se não, eu vou para a Espanha. Vou para onde quer o Barcelona esteja. - Sua voz é confiante e ela não a treme em momento algum. Fluente, Fernanda me explana a realidade.

-E porque você escolheu o mesmo hotel que eu para ficar?

-Porque eu pensei que... - Ela morde o canto do lábio e suspira. - Não vale a pena falarmos sobre isso agora, David. Não quero entrar nesse assunto novamente. - Ela desvia de mim e levanta, para caminhar pela ponte. Eu passo as mãos nos cabelos, e também levanto, chutando o ar na minha frente. Algumas pessoas que passam me olham com o canto dos olhos, mas não por mais de alguns segundos, antes de continuar o seu caminho.

-Fê... - Falo e ela para de caminhar. Ela se vira para mim e aguarda eu terminar de falar.  - Vem, vamos voltar para o hotel. - Indico o outro lado da ponta, para onde devemos ir e damos meia volta. Dessa vez, Fernanda não afasta o corpo do meu e me deixa ficar com o braço em seu ombro.

-Era só isso, o seu passeio?

-Não. Se você ficar em Paris, você descobre outro dia. - Sorrio. Ela me cutuca nas costelas com a ponta dos dedos e eu rio, porque sinto cócegas. Fernanda espirra novamente e eu passo os dedos por sua franja, meio presa pela boina, e sinto sua testa incrivelmente quente. Ela está febril, e eu sei que é por causa do resfriado, antes de qualquer outro motivo. - Você está quente, mocinha.

-Um pouco. Meus olhos estão doendo.

-Hm... Foi uma má ideia ter te trazido aqui.

-Não, não. Eu me diverti, cabeludo. - Ela murmura, e ri. - E ganhei um almoço. Vou precisar abrir o botão da calça, porque minha barriga está estourando. - Nós rimos. Ela tosse, e eu olho ao meu redor.

-Vou pegar uma bicicleta.

-O que? - Ela me pergunta, olhando-me de lado. - Você surge do nada com essas ideias. - Fernanda ri, e eu a solto, caminhando até um garoto, tirando a carteira do bolso. Pergunto quanto ele quer pela bicicleta e o menino me olha com os olhos arregalados. Então eu reparo na camisa que ele veste. Uniforme do Paris Saint-Germain. Eu sorrio, e pergunto o nome dele. O garoto responde e me estende a bicicleta, sem pedir nada em troca. Eu autografo a camisa dele, tiro uma foto, dou o dinheiro pela bicicleta -um valor além do que a bicicleta realmente vale- e vejo Fernanda se aproximar de mim. O menino fala com ela também, e vai embora saltitando, sorridente.

-Por favor, suba e fique à vontade. - Eu monto na bicicleta e solto um dos braços para que ela suba no quadro. Fernanda me olha receosa, e eu rio. - Anda, não tenha medo. Eu sei andar de bicicleta, oras. - Ela se aproxima e senta sobre o quadro de metal. Eu passo o braço pela lateral do corpo dela e seguro o guidão da bicicleta, começando a pedalar.

Enquanto eu pedalo, Fernanda me conta sobre tudo o que aconteceu desde que vim para Paris. Sobre como foi parar no esquenta e sobre o contato que mantêm com Sara desde que elas viraram amigas. Fala sobre o curso que Ítalo faz em Portugal e sobre como Murilo começou a trabalhar na ESPN. Seus olhos chegam a brilhar quando ela fala sobre o almoço com William Bonner e eu não consigo segurar a risada quando ela me conta sobre a parte da Nutella. Bem típico dela. Ela ri também, porque nem adianta tentar se defender nesse caso. Também me fala sobre a sua participação no Encontro com Fátima Bernardes e sobre o que planeja fazer nos dias de folga.

Pedalo com mais força, e a velocidade aumenta. Sinto seus cabelos chicotearem meu rosto, e rio, pedindo que ela os segure. Fernanda o faz, e coloca a boina em minha cabeça, fazendo-nos cambalear e quase cair. Nós rimos, e ela me manda olhar para frente, ralhando comigo. Eu agora estou com a boina vermelha na cabeça, e ela está desprotegida.

Talvez por isso ela pare de tagarelar para espirrar diversas vezes. Eu paro a bicicleta e tiro o moletom que visto, colocando sobre os ombros dela. Fernanda não debate comigo sobre meu ato, e eu sei que ela está realmente mal, agora. Abro a boca para falar, mas, antes que eu possa fazer isso, vejo um grupo de mais ou menos quatro crianças e dois adolescentes correndo em minha direção. A garota, que parece ser a mais velha, balança o celular na mão já com o aplicativo de câmera aberto. Eu sorrio e assinto para eles. Todos abrem um sorriso enorme e aquilo faz com que eu me sinta bem. Dar atenção para as pessoas que admiram o meu trabalho é uma das melhores partes. Saber que é real. Saber que tudo o que eu faço tem um sentido e toca alguém de alguma maneira. Essa é a melhor parte.

Saio da bicicleta e mexo no cabelo, bagunçando-o um pouco, enquanto Fernanda segura a bicicleta. Tiro algumas fotos com os meninos e com a garota. Faço caretas e coloco a língua para fora, como sempre faço e vejo que todos repetem meus gestos. Dou alguns autógrafos para os mais novos e aceno quando eles se afastam, todos juntos da mais velha para tentar ver melhor a foto.

-Vamos? - Pergunto para Fernanda. Ela assente e caminha até onde eu estou, trazendo a bicicleta e espirrando mais uma vez. - Acho que você gripou mesmo. - Falo. Ela assente e se encolhe mais em minha blusa. - Vamos logo para o hotel. Quer pegar um táxi?

-Não precisa. - Ela balança a cabeça. - Estou gostando de ter você como meu chofer. - Ela ri, e tosse. - Além do mais, estamos quase no hotel.

***

-Qual o seu andar? - Pergunto quando entramos no hotel. Fernanda procura a chave no bolso de sua calça enquanto eu chamo o elevador.

-Sétimo. - Ela diz quando finalmente acha o cartão. A porta do elevador se abre e eu repito o número para a ascensorista. Fernanda ainda está encolhida ao meu lado, o que me deixa preocupado. Novamente, um imbecil. É claro que devíamos ter pego um táxi.

As portas do elevador se abre quando o marcador apresenta o 7 em um número luminoso e vermelho. Eu saio junto com ela. Vejo que ela franze o cenho, mas não reclama ou faz nenhum comentário sobre isso. Trocamos olhares enquanto andamos pelo corredor, e, às vezes, eu sinto vontade de rir, quando fazemos algum contato visual silencioso. Apenas quando ela abre a porta e eu faço menção de entrar que ela levanta uma das sobrancelhas e segura a porta antes de abri-la completamente. Ela estreita os olhos e eu encolho os ombros.

-O que houve agora? - Pergunto.

-Não sei... O que está tentando fazer?

-Te ajudar a deitar. Você reclamou o tempo todo de dor no corpo. Vou pedir um remédio na recepção, enquanto você toma banho, e preparo sua cama.

-E... Por que? - A voz dela soa confusa. Eu balanço a cabeça.

-Porque você precisa, e eu estou com remorso por tudo o que fiz.

-Faz parte da indenização que você está me devendo?

-É, isso aí. - Sorrio com o canto dos lábios.

-Então eu vou aceitar. - Ela fala, ainda que séria e abre a porta do quarto por completo. Logo de cara vejo que ela ainda nem entrou no quarto desde que chegou. Ele está arrumado demais para isso. Isso facilita o meu trabalho. Caminho até os armários que eu já conheço tão bem e tiro de lá mais dois travesseiros. Vou até a cama e tiro a grande colcha, deixando apenas o lençol e ajeito os travesseiros de forma confortável.

-O aquecedor está bom para você ou quer que eu ajuste?

-Está bom assim. - Ela responde e então, se senta na poltrona e tira o tênis e as meias. - Se importa se eu for tomar banho agora?

-Vou pedir o seu remédio enquanto isso. - Eu completo e me sento na cama, tirando o telefone do gancho.

Fernanda entra no banheiro e fecha a porta atrás de si e eu me perco em meu pensamento. Imagino-a nua lá dentro. Dentro da banheira, com os olhos fechados e os cabelos parcialmente molhados. Tenho que resistir ao impulso de entrar e a voz da recepcionista me traz para a realidade. Faço o pedido e ela me diz que o remédio estará disponível no quarto em alguns instantes. Agradeço a ajuda e desligo. Encaro a porta do banheiro fechada por bastante tempo, pensando sobre tudo o que conversamos hoje. De forma alguma seria imprudente entrar, mas também, não escuto o barulho do chuveiro. Fernanda deve estar na banheira. Levanto-me da cama e coloco as mãos nos bolsos. Não seria mesmo prudente entrar.

Mas eu sempre fui bem cara de pau.

Por isso caminho pelo quarto a passos rápidos e passo a língua pelos lábios, e as mãos pela parte de fora dos bolsos da frente do jeans. Passo os olhos pelos cantos do cômodo e miro a porta do banheiro. Penso, mais uma vez, se devo ou não entrar. A resposta é bem óbvia. Claro que eu não devo entrar no banheiro que a minha ex-namorada está tomando banho. Porque ela está tomando banho. Lembro de seu corpo molhado, imagem que já tive o prazer de presenciar.

E abro a porta antes que eu desista de ser cara de pau.

Fernanda está deitada na banheira e alguns sais de banho fazem espuma na água e impedem que eu veja o seu corpo por trás dela. Mas ela tem um sobressalto quando ouve a porta, e ergue o tronco no susto. Fernanda arregala os olhos quando me vê e seu corpo escorrega da banheira, fazendo com que boa parte da água caia no chão. Seu rosto está mais vermelho do que nunca e ela, desesperadamente, tenta puxar mais espuma para cobrir seu corpo.

Eu ainda não sei o que dizer, porque minha cabeça parou de funcionar quando eu vi seu tronco. Nu. Novamente. E agora, Abominável Homem das friendzones? O que devo fazer?

***


Notas Finais


Millyzinha, promessa feita é promessa cumprida. PESSOAL, AQUI ESTÁ: Conheci essa garota um dia desses e adorei <3 Ela me apresentou a fic dela e eu estou lendo, e também é um amor <3 portanto resolvi colocá-la por aqui, pra divulgar um pouco o trabalho dela, e espero que gostem <3 Aí vai o Link: http://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-david-luiz-true-love-2555264

EITA EITA EITA EITA. DESCULPA PELA DEMORA A POSTAR <3
ISSO É TUDO, PESSOAL
Ass.: Fê.


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