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História Do Outro Lado - (Catradora e Lumity) - Amor à primeira dedada


Escrita por: BriasRibeiro e naluoliveira

Notas do Autor


aviso de conteúdo: conteúdo sexual explícito

lembrem q nessa fic o nome real da Glimmer é Gisele e do Bow é Bruno
na real n sei se é lembrem pq n lembro se foi citado antes

Capítulo 7 - Amor à primeira dedada


26 de março de 2021

Tem uma coisa que tem arrancado risadinhas internas de Catra nas últimas semanas: o fato de que, sempre que chega nas aulas, normalmente em cima da hora ou charmosamente atrasada, uma certa loira que Mermista gosta de chamar de “projeto de Chloe Price” fica procurando por ela, lançando aqueles olhares de curiosidade, e desviando sempre que Catra devolve o olhar, fingindo estar concentrada na aula com a mesma habilidade que um peixe escala uma árvore.

Durante esta semana, no entanto, Catra tem a impressão que essa atenção está exacerbada até demais.

– Que que cê quer, loirinha? Pensando no meu convite? –  provoca Catra. Assim que a professora as liberara para o intervalo, Adora se levantara para vir até ela.

– Quem sabe? – Adora devolve a provocação, fazendo Catra arquear as sobrancelhas – não, mas eu queria perguntar… vem cá, você mora com alguém?

– Quer me comer no meu apartamento agora, é? Eu posso arranjar isso.

– Não! – Adora dá um tapa na própria cara, sentindo o rosto levemente vermelho ao perceber uma de suas colegas ali por perto, encarando as duas de cenho franzido, como quem as julga – eu só queria fazer uma pergunta, caramba!

– Não, loirinha. Eu não sei onde tem outra sala vazia, mas podemos procurar – Catra diz, um leve sorriso se desenhando em seus lábios perante a reação de Adora, que ri de nervoso. Rindo vitoriosa por dentro, Catra estica o braço pra dentro da mochila e tira um tapuér de pães-de-queijo que havia sobrado de mais cedo – ok, por que você quer saber disso? – ela questiona, enfiando um pão-de-queijo na boca.

A maior parte das cadeiras se encontram vazias neste momento. Adora puxa a cadeira da mesa à frente da de Catra para si, se sentando pelo lado contrário, de frente para a colega.

– Você gosta de se oferecer, hein?

Catra fita o semblante de Adora. Pouco a pouco, um sorriso torto, de lado, se forma em seus lábios.

– Quer pão de queijo? Chocho e frio, do jeito que eu gosto – ela oferece, estendendo a metade que sobrou do que mordera para Adora, quase o esfregando em sua cara. Seu tom completamente inalterado quase faz o sutil sarcasmo da sua sentença passar despercebido. A loira responde mordendo o resto do pão de queijo direto na mão de Catra. Ela mastiga lentamente, os olhos fixos nos da colega.

– Não é tão ruim assim – replica a loira. Catra arqueia as sobrancelhas mais uma vez.

– Já tá comendo na minha mão, Adora?

– Não só a mão – devolve. Catra não esboça reação imediata alguma, o que para Adora já é uma reação por si só: ela se diverte com o pensamento de ter causado uma bela tela azul na mente da outra.

– Eu vou cobrar mais tarde, Adora – ela replica, levando outro pão-de-queijo à boca.

– Por falar em mais tarde, vai ter um show da Panic Velcro hoje. Vai ser bem daora, num barzinho LGBT lá na Vila Leopoldina. Cê vai colar lá?

– Vou ganhar entrada VIP?

– A entrada é gratuita, Catra – ri Adora – paga a sua cerveja e é isso.

– Posso ganhar bebida grátis, então? Eu sou importante para a moral da banda – Catra suavemente passa os dedos pelo braço de Adora, encarado aqueles olhos azuis com um desejo contido.

– Dependendo do que acontecer, eu te pago uma caipirinha – replica Adora, fingindo revirar os olhos, achando graça na situação.

– Uma caipirinha e depois um boqu… pera, quê – a voz monótona de Catra só deixa a situação toda mais engraçada. Adora contém uma risada ruidosa.

– Vou te esperar lá, beleza? – Adora começa a se levantar.

– Falou.

– Ah! Quase que eu me esqueço! – ela rapidamente se volta para Catra – você é paraguaia?

– Hã? Não, eu sou de Foz. De onde tirou isso?

– Ah…! Lembra aquela viagem que eu te chamei?

– Que que tem?

– Pois é! Você não vai acreditar na coincidência! Minha irmãzinha, a Amity, é amiga da Luz, sua prima! Sabia dessa?!

Catra estreita os olhos para a loira.

– Então foi tu que levou minha baixinha pra passear?

– Tecnicamente, mas foi a Amity quem convidou!

– Vem cá, cê por acaso não cantou as parada que tu canta nos shows pra ela não, né? A mãe dela ficaria puta da vida comigo.

– Claro que não, pelo amor de deus! A gente só ficou de boa na cachoeira, no máximo tocamos uns modão! A Luz se divertiu bastante. Vê se da próxima vez vem com a gente, ouviu?

– Vai ser difícil de rolar, loirinha. Muita coisa pra fazer.

– Então, sua agenda é tão disputada assim, é? – ironiza Adora, cinismo estampado em sua cara.  Ela subitamente segura a mão de Catra que acaricia o seu braço, usando a outra mão, e a comprime contra a própria pele – fico até lisonjeada por você tirar um tempo pra vir me assistir…

– Fica se achando não, ô loira odonto – retruca Catra, desvencilhando-se de Adora e dando um peteleco no seu rosto – a bebida me atrai mais que a sua bandinha de garagem.

– Assim você me ofende! – Catra mostra a língua e faz uma careta, debochada. Adora ri, e Catra não aguenta a risada dela: começa a rir também. Adora passa os olhos rapidamente pela tela do celular e se levanta – ah, vou ali fora pegar um salgado antes que o intervalo acabe. Te vejo lá no show, gatinha!

Catra fica observando, meio em choque, enquanto Adora deixa a sala. “Quem foi que te deixou me chamar de gatinha?”, se pergunta.

[...]

Na saída da faculdade, Catra sente o celular vibrar.

 

(número desconhecido) +55 11 98292 2469

hey gatinha

quer uma carona???? :3

tô de carro

Catra

quem eh tu

como conseguiu meu número

(número desconhecido) +55 11 98292 2469

sou eu, cat ):

a adora

Catra

num conheço nenhuma adora

(número desconhecido) +55 11 98292 2469

porra

num vo mais te dar carona >:(

Catra

AHASDBHJADBAHDSJ

tá, deixa eu te add aqui

 

Enquanto a adiciona, Catra levanta os olhos do celular e, coincidentemente, vê aquela loira metida a rebelde na saída da FEA/USP, com o celular enfiado na cara, e uma garota de cabelos rosas que ela reconhece como a baterista da banda, rindo histericamente na cara dela. Curiosa, Catra se aproxima, lentamente. Mesmo estando mais ou menos longe, ela nota as orelhas avermelhadas de Adora.

– Nunca pensei que viveria pra te ver apaixonadinha de novo!

– Cala a boca, ô purpurinada!

– Apaixonadinha por quem, Adora? – Catra pergunta, aos sussurros, no ouvido da loira, alcançando-a por trás e a segurando pela cintura. Ela nota a orelha de Adora ficando ainda mais vermelha e, com um gritinho agudo de surpresa, ela se desvencilha de Catra.

“Apaixonadinha por quem, Adora?”, ela repete, dentro de si, bem mais séria, com vontade de chorar. Não acredita que logo quando conseguiu começar a se aproximar de Adora, ela já estava tendo alguma outra coisa com alguém. Claro, uma garota como ela deve conhecer muita gente. Imagine quantas outras mulheres ela já não conhece, e tem amizade, e é ficante, há muito mais tempo do que Catra? Ela, que acabou de chegar na sua vida, que provavelmente só ganhou uns momentos da atenção de Adora para não fazer desfeita e para agradecer por tê-la  salvo daquele mané de tatuagem de lagarto. Difícil acreditar que alguém poderia se interessar por ela, sempre com cara de cansada e sem tempo pra nada.

– N-nada não! A Gi que é uma idiota! – a baterista gargalha ainda mais histericamente, chegando a escapar lágrimas dos seus olhos – cadê o viado do Bruninho? A gente tem que ir logo, vamos perder a hora.

Catra tem a forte sensação de estar sendo ignorada. Adora sequer olhara em sua direção.

– Vamos pro carro, a gente espera ele lá – sugere “Gi”.

Catra se sente um tanto curiosa por qual deve ser o nome real da garota. Na banda, ela sempre se apresenta como “Glimmer” e usa maquiagens cheias de purpurina, parecendo uma fada saída de algum desenho animado, mas agora, ela tem a cara totalmente limpa.

Seu rosto é um pouco diferente de como Catra imaginava: ela tem olhos puxados, pele bronzeada, e bochechas gordinhas que faz Catra pensar que ela deve ter sofrido muito na mão de tiazonas na infância. Ela se pergunta se é daí que vem a revolta de “Gi” com o mundo. A de Adora, a julgar por umas músicas antigas da banda que quase ninguém hoje em dia conhece, vem do pai e talvez alguns professores que Catra não tem certeza se são reais.

As três se dirigem ao carro de Adora, Catra um pouco atrás das outras duas, que conversam animadamente. Vez ou outra, Gi sussurra alguma coisa no ouvido de Adora, e ri desvairadamente, enquanto Adora parece se envergonhar, tenta calá-la, lança olhares nervosos para Catra.

Nenhuma das duas dirige a palavra a ela.

Catra se sente como uma invasora entre elas duas.

Elas esperam na frente do carro de Adora por uns minutos até que um rapaz negro, pouco mais alto que Adora e usando cropped, aparece correndo, apressado, carregando uma enorme peruca loira e uma sacola de alguma loja de roupas nos braços, a mochila nas costas junto da capa do seu baixo.

– Foi mal, gente! Foi mal! Fiquei tirando dúvidas com o professor, desculpa aí!

– Vamo logo! – apressa Adora, abrindo a porta do motorista. Glimmer vai no passageiro ao lado dela, e Bow e Catra, no banco de trás.

Catra passa o caminho todo olhando pela janela. No começo, percebe o peso do olhar de Bow sobre ela, como quem se pergunta o que ela está fazendo ali, mas logo se distrai da sua presença e conversa animadamente com as amigas.

Não demora muito para que cheguem num bar que Catra nunca ouviu falar, mas cheira desconfortavelmente a coisa de riquinho, com seu chão e parede de madeira polida e o design geral feito para parecer propositalmente rústico. “Vila Leopoldina, né”, pensa a garota, entrando no  bar logo atrás da banda, feito uma rookie. O pensamento a faz se sentir meio ridícula. Ela estaca onde está e deixa que os três se percam no meio da multidão. Provavelmente nem darão pela sua falta. Catra suspira e olha ao redor, procurando pelo balcão, e o encontra não muito longe dali. Caminha até lá, se senta num banquinho livre.

– Hey, querida. Vai querer o quê hoje? – um viado vestindo roupa toda coladinha feito uma bailarina, longos cabelos loiros e pele castanho-claro com uma tatuagem de camaleão no pescoço e outra no braço com a famosa frase da equipe  Rocket, “prepare for trouble, and make it double”, sai de trás de umas cortinas de miçangas e vem atender Catra, que apoia a cabeça entre as mãos.

– Sei lá, vê o que tem de mais barato aí.

– Eu tenho umas cachaças de má qualidade – o viado responde, sarcástico, e Catra gesticula com uma das mãos, uma sequência agitada e sem sentido aos olhos do atendente.

– Serve, amigo.

– Amigue – elu corrige.

– Foi mal.

Ê atendente se abaixa e pega uma garrafa debaixo do balcão, em seguida servindo uma dose do líquido transparente para Catra. Ela vira a dose toda de uma vez.

– Hm. Fala aí, qual mina te deu um fora? – indaga ê atendente, arrancando um olhar subitamente hostil da sua cliente.

– Ninguém me deu fora não porra, tá louco?

– Então tá aí toda depressiva por quê?

– Tô de boa… põe outra dose aí.

Ê atendente suspira e obedece. Mais uma vez, Catra toma tudo de uma só vez.

– Na real, é só que a… mina que eu queria… não me quer – talvez seja a bebida que deixa a língua de Catra tão solta. Ela não sabe. Catra sente lágrimas escorrendo pelo seu rosto – não do jeito que eu quero ela.

– E de onde exatamente você tirou isso, querida? – ê atendente pergunta. Tem um sorriso torto e debochado na cara, uma das mãos apoiada na cintura e a outra no balcão. Elu revira os olhos: sua experiência como atendente em bar LGBT já fez com que lidasse com muitas outras sapatonas emocionadas antes. Catra esfrega o braço na cara, tentando se livrar dessas lágrimas desobedientes, e diz, com a voz embargada:

– Eu ouvi a amiga dela dizendo que ela tá apaixonada por outra garota.

– E daí? Você ouve isso e decide que vai ficar aqui chorando no ombro dê primeire desconhecide que encontrar, em vez de tomar uma atitude? Acha que ficar se debulhando em lágrimas e sentindo pena de si mesma vai ajudar em algo?

– Não tem nada que eu possa fazer…

– Ô garota, se enxerga! – ê atendente dá uma batida com um pano no balcão, causando um ruído estrondoso – sempre tem algo que você pode fazer! Tá achando que tá tudo definido desde o começo dos tempos? “Destino” não existe não, é só um besteirol que usam pra nos controlar! Quem faz seu futuro é você!

Catra abre a boca para responder algo, mas antes que tenha a chance, seu celular vibra em seu bolso. E depois de novo, e de novo, e de novo. Parece que alguém a está metralhando de mensagens no whatsapp. Aposta seu braço que é a Scorpia.

 

loira gostosa

CATRA????

 

Catra acaba de perder o braço.

 

loira gostosa

ONDE CE TA?????

SUMIU

OLHEI PRA TRAS E VC N TAVA LA

SERIO, CADE VC???? ALGUEM TE SEUQESTROU?

*SEQUESTROU

PELO AMOR DE DEUS, TA TUDO BEM?

 

Ela franze o cenho, surpresa pelo excesso de preocupação.

 

Catra

rlx

onde vc ta?

loira gostosa

PUTA Q ME PARIU VC QUASE ME MATOU DE SUSTO

to no camarim me aprontando ue

Catra

caralho tem camarim aqui??????

loira gostosa

sim

Catra

teus amigo tão ai?

loira gostosa

nnn

tão em outro

cada um no seu proprio camarim oras u3u

Catra

bando de burgues safado

flw, me espera ai q ja apareço

 

Catra começa a se levantar, mas antes, lança um olhar àquelu atendente, que agora conversa com um trio de amigos ali perto. Catra sinaliza para elu, que volta até ela com a garrafa já pronta para servir mais uma dose.

– Deixa isso aí, não quero não – ela rejeita – como tu chama, viade?

– Minhes amigues me chamam de Double Trouble, anjo – elu sorri, indicando a tatuagem com o olhar – e você, gatinha?

– Minhas amigas me chamam de Catra – ela replica no mesmo tom sarcástico dê atendente, joga umas moedas sobre o balcão – valeu – e sai murmurando a ninguém em particular.

Catra dá uma cambaleada ao se levantar e quase cai, mas após alguns segundos de pé, consegue recobrar o equilíbrio. Perguntando a uns seguranças, encontra o caminho até os camarins, que ela logo descobre serem quatro portas espremidas num corredorzinho apertado. Catra bate duas vezes na primeira. Sem resposta. Ela abre e dá com um quarto escuro, impossível de enxergar qualquer coisa. Fecha e parte para a porta seguinte.

– Pode entrar! – a voz de Adora soa de lá de dentro, e claro, Catra não se demora a obedecer.

O camarim é apertado: possui uma pequena penteadeira com espelho na parede oposta à porta, lâmpada pendendo do teto, e um armário aberto onde as roupas que Adora usava na faculdade estão à mostra, penduradas num cabide. A loira percebe Catra entrando através do espelho e imediatamente se levanta, com um sorriso bobo no rosto, e vem até ela.

– Catra! Meu deus do céu, você quase me matou de susto!

– Relaxa. Se alguém me sequestrasse, é com o sequestrador que tu precisaria se preocupar.

Quando Adora estaca diante de Catra, as duas ficam se encarando desajeitadamente, sem saber o que dizer.

– Então, huh… – Adora começa, e Catra a segura pelos braços.

– Quando tempo cê tem? – sussurra.

– Hã, uma hora, talvez? – chuta Adora, sorrindo constrangida, conforme Catra a empurra, devagar, de volta para a penteadeira – ouvi que a banda antes da gente tá atrasada, então talvez um pouco mais…

– Que bom. Uma hora – sussurra Catra, e quando Adora sente a beira da penteadeira tocando a parte de trás da sua coxa, Catra continua a pressionando, forçando-a a se sentar sobre a escrivaninha. A loira engole em seco – por quem você se apaixonou, Adora?

– Esquece isso Catra, sério! – Adora replica, forçando uma risadinha – era só a Gi me enchendo a paciência, como sempre.

– Hm… deve ser uma garota incrível – ela sussurra no ouvido de Adora, que sente todos os pelos da sua nuca se eriçarem. Como se soubesse, as mãos de Catra passeiam pelas suas costas, sobem até o seu pescoço, agarram a parte de trás da sua cabeça, cravando as unhas entre os seus cabelos – me pergunto se ela sabe que você dorme com a namorada dos outros por aí…

– C-Catra…

– Que foi, Adora? – Catra funga no pescoço de Adora, como uma amostra grátis do que vem a seguir, quando começa a distribuir beijos lentos e suaves na região, subindo aos poucos, até chegar ao rosto, arrancando arfadas da cantora punk. Instintivamente, Adora agarra as costas de Catra, puxando seu corpo para mais perto, sentindo o calor gradualmente tomando conta do seu corpo, e antes que ela ao menos pense em algo para responder, seus lábios são selados pelos da sua misteriosa colega de classe.

– Eu quero te ver – Adora consegue sussurrar, e dessa vez, são os pelos de Catra que se arrepiam. Escondendo a  tristeza por trás da tranquilidade, Catra tira a própria camisa e o top preto e os arremessa na direção do armário. Não demora muito para que Adora comece a apalpar os seus seios, como se com pressa para senti-los. Surpreende Catra, mas ela gosta.

– Sua vez, loirinha – Catra sibila no ouvido de Adora, enfiando as mãos por baixo da camisa dela, raspando a ponta das suas unhas nas costas de Adora, só para ver suas reações. Adora contém um sorrisinho envergonhado e imita Catra, arrancando sua camisa e sutiã que tinha acabado de colocar para a apresentação e pendurando na cadeira ao lado de Catra. Em seguida, ela torna o olhar para a gatuna à sua frente, que viera para cá com toda essa cara de pau roubar o seu tempo de preparação pré-show.

Catra morde o lábio inferior e levanta uma das sobrancelhas, uma indagação clara no ambiente, como se transmitida por telepatia: “vai fazer o quê, agora?”, e Adora não hesita em responder: ela junta os lábios de Catra aos seus num beijo muito mais intenso que o anterior, e usa sua posição, sentada na escrivaninha, para usar as pernas para prender Catra contra ela, como uma armadilha.

– Gostosa – Adora sussurra no ouvido de Catra e dá uma mordiscada em sua orelha. A garota sente a própria calcinha cada vez mais molhada, mas ainda não quer dar esse gostinho pra essa burguesinha metida a punk.

– Te permiti falar, por acaso? – indaga Catra, num sussurro tão baixo que Adora quase não ouve. Em seguida, como se para atestar sua dominância, ela usa a mão que segurava a nuca de Adora para agarrar a sua garganta, enforcando-a, porém bem de leve, e a faz se deitar na penteadeira, derrubando várias embalagens de perfumes baratos e maquiagens no caminho. Catra se debruça sobre o corpo de Adora e se põe a chupar o seu mamilo, puxando-o para dentro da boca, passando a língua vorazmente, da mesma maneira que fizera com o clitóris dela naquele dia da sala da FEA/USP.

Ela ama ouvir aqueles gemidinhos estrangulados.

– A garota que você ama sabe que você fica dormindo com outras quaisquer por aí, Adora? – sussurra Catra, sentindo uma pontada no coração ao dizer. Adora parece tentar tomar fôlego para responder, mas Catra rapidamente alcança  o clitóris da loira, enfiando sua mão por dentro da calcinha, e faz movimentos agressivos com a parte média dos dedos, usando uma força desproporcional, como quem quer machucá-la tanto quanto quer fazê-la gozar.

Como uma vingança mesquinha, disfarçada de uma atitude dominadora.

Pelo menos, ninguém pode dizer que Adora não está gostando: seus gemidos são intensos, e seus olhos entreabertos, seus movimentos incalculados, indicam que ela já se encontra em outro mundo, tomada pelo prazer. Catra foca toda a sua atenção na expressão do rosto da mulher, o fascínio escondido por trás da raiva, da tristeza, por nunca ser a primeira opção de ninguém.

– A garota que você ama já te viu como eu te vejo, Adora? – ela sussurra, mas se Adora a ouve, a ignora completamente, arqueando seu corpo de prazer quando Catra sutilmente deixa as unhas postiças do indicador e médio da mão direita caírem (suas duas únicas unhas falsas, por questões sapatônicas) e introduz o dedo indicador nela, ao mesmo tempo que usa o polegar para continuar a maltratar o seu clitóris.

Quando a loira parece prestes a gozar, Catra para o que está fazendo, ganhando um olhar de questionamento desesperado de Adora.

– Tira essa merda – ela murmura, sem se preocupar com o quão rude soa, puxando a calça de Adora para baixo. Ela sorri, meio boba, adorando a sua agressividade, e ajuda Catra a se livrar do que ainda resta de roupas, exibindo-se finalmente completamente nua à outra.

Catra se ajoelha diante da intimidade de Adora, as mãos segurando firmemente suas coxas, mantendo suas pernas levemente abertas.

E Adora sente mais uma vez aqueles lábios incríveis a chupando, succionando seu clitóris com força para dentro da boca, onde a língua de Catra a lambe, pressiona, estimula Adora de maneira que ela sente que já perdeu completamente o controle dos próprios músculos, da própria voz, e geme alto, tentando vez ou outra abafar os sons que produz mordendo os lábios ou o antebraço, mas na maior parte do tempo ficando distraída demais com as sensações para se lembrar disso.

O orgasmo atinge Adora como um rolo compressor. Sua respiração descompassa-se completamente, ela sente ondas daquela sensação se espalhando pelo seu corpo, fazendo suas pernas tremerem, seu tórax subir e descer enquanto tenta desajeitadamente recuperar o fôlego.

Catra observa, apática, aquele corpo magrelo, cheio de tatuagens que boa parte das pessoas nunca viu e nunca verão, estirado diante de si.

Se sente frustrada com o pensamento: “até quando isso vai durar?”.

Duvida que algum dia tenha algo significativo com alguém. De qualquer forma, ela sente como se já tivesse desistido da maioria das coisas que outras pessoas da sua idade chamariam de "comum".

– Catra… – a voz de Adora corta os pensamentos conturbados de Catra. Ela levanta os olhos, fixa os de Adora, ainda meio entreabertos, viajando por uma dimensão paralela – Catra…

– Fala – ela pede, um tanto incomodada pela repetição.

– Puta que me pariu… – arfa Adora – você fode bem pra caralho.

A frase pega Catra de  surpresa.

– E tu é uma putinha, tá ligada né?

Adora esboça uma risada, mas talvez pela falta de fôlego, ela sai fraca.

– Vem aqui – ela segura o pulso de Catra e a puxa fracamente. Entendendo seu desejo, ela a obedece, mesmo magoada. “Caralho, eu sou cadelinha demais dessa mina, puta que me pariu”, Catra pensa, com raiva de si mesma, ao se deitar por cima de Adora e aceitar seus beijos carinhosos, no rosto, no pescoço, nos lábios, o seu abraço quente.

Adora sorri, feliz da vida, completamente livre de preocupações, enquanto Catra apenas segue o flow dela, esperando de todo o coração que a loira não perceba a sua apatia.

Ela parece bem lerda. Duvida que perceba.

– Me conta, Clementina Tesselon Noceda – Adora sussurra para Catra, aqueles olhos azuis brilhantes bem fixos nos dela, um sorriso leve estampado nos lábios – o que está te incomodando?

Filha de uma puta. Ela percebeu.

– Desde quando tu sabe meu nome do meio?

– Eu vi na lista de chamada – devolve Adora, divertida.

– Não menciona essa merda. Tesselon é a puta que me pariu, literalmente.

Adora franze ligeiramente o cenho, surpresa pelas palavras de Catra.

– Se eu não posso saber o que te preocupa… ao menos eu poderia te ajudar a tirar essas coisas da sua mente? – ela pergunta, tornando àquela expressão arrogante que ela tinha no dia em que estava zoando Tung Lashor, ou quando estava fazendo Catra ter o melhor orgasmo do seu ano inteiro. Catra tenta pensar numa resposta esperta, mas os dedos de Adora invadindo a sua calça e acariciando a sua intimidade tornam a missão de se concentrar consideravelmente complicada.

Adora aos poucos se inclina, fazendo menção de se sentar, e Catra acompanha o seu movimento, permanecendo agachada sobre a loira enquanto ela a toca. Catra nota como Adora nunca desvia os olhos dos dela. Parece fascinada pelo o que vê, e Catra não quer dar o braço a torcer. Não quer ser aquela que corta o contato visual, não quer permitir que Adora a veja tão vulnerável assim, de novo, tão facilmente.

– Eu ainda estava pensando – reclama Catra. Apesar da reclamação, Adora sente as mãos de Catra pousando em suas costas, sente sua cintura fazendo movimentos suaves, tentando sentir melhor os seus dedos, apesar da expressão misteriosa da garota, que continua encarando Adora fixamente, esboçando pouca ou nenhuma reação.

– Pensa no meu dedo, vadia – retruca Adora, de bom humor. Catra não ri, como ela esperava. Por alguns momentos, ela não expressa reação alguma, mas como se a piada aos poucos a atingisse, ela morde os lábios numa tentativa falha de conter um sorrisinho.

– Idiota – murmura. Adora ri e, com a mão livre, empurra a nuca de Catra, começando um beijo intenso e molhado, ao final do qual Catra mordisca o lábio de Adora. A sensação na mente de Adora é de vários pequenos foguetinhos explodindo. O olhar sensual de Clementina quase a leva à loucura. Seu coração bate descompassadamente enquanto ela pensa, “onde esta mulher esteve durante a minha vida toda?”, e uma nova série de beijos é depositada no ombro e pescoço da Noceda. Pouco a pouco, ela sente a mulher em seu colo relaxar e aproveitar mais o momento.

– Ei, tira isso aqui – sussurra Adora, segurando a barra da calça jeans de Catra – tá atrapalhando.

Catra assente, desce da penteadeira e tira o que ainda resta de sua roupa, e ao se virar para Adora de novo, é surpreendida pela loira a agarrando e forçando ela a girar até que esteja contra a penteadeira, da mesma forma que a própria Catra fizera contra ela mais cedo, e a força a se sentar sobre na beirada da mesa. Em seguida, é como se Catra fosse atacada por todos os lados: Adora a devora em beijos, chupadas e mordiscadas por toda a extensão do peito, ombros e pescoço, enquanto introduz o dedo indicador e médio de uma mão em sua vagina de uma vez, e com a outra segura firmemente suas costas, prendendo Catra contra o seu corpo. Catra respira ruidosamente, e como se por instinto, prende Adora no lugar usando suas pernas fortes, e a abraça, arranhando as costas da loira com força, como naquele dia da sua primeira vez juntas. A loira se sente toda arrepiada pelas reações de Catra, até mesmo a dor dos arranhões passa uma sensação boa, e ela deseja mais. Adora encontra um único ponto dentro de Catra e se concentra ali, fazendo movimentos com os dedos como se estivesse chamando um gatinho, intensos, buscando arrancar suspiros cada vez mais ruidosos da garota à sua mercê, nem que seja na marra.

– Linda – Adora sussurra no ouvido de Catra, que não reage. Ela ouve, mas escolhe ignorar. Adora conclui que a garota deve estar mais concentrada nas sensações e se concentra no seu trabalho.

Vez ou outra, ela sente os braços fortes de Catra a apertarem com mais força, só por um momento. Ela ama quando isso acontece. Ama também quando as unhas de Catra fincam-se com mais força na sua pele.

– Eu quero te chupar – Adora sussurra, tão baixinho quanto pode, no ouvido de Catra, que sente seus pelos se eriçarem. “Sim, pelo amor de deus, me chupa, eu quero sua língua dentro de mim”, ela quer responder, mas em vez disso, apenas assente. Adora, pouco a pouco, tenta afastar-se do corpo de Catra para se abaixar, mas ela continua apertando-a com força contra si. Faz Adora rir – gatinha, assim eu não vou poder te alcançar lá embai…

– Ô ADORA! TÁ QUASE NA HORA PORRA, VAMBORA! – uma voz aguda e estrondosa sobressalta as duas garotas, ao mesmo tempo que a porta é aberta com violência, e Catra solta um gritinho agudo assustado e enterra o rosto no peito de Adora, numa tentativa tosca de se esconder, enquanto Adora olha por cima do próprio ombro para encarar seus dois companheiros de banda paralisados, Glimmer num macacão cor-de-rosa e roxo e cheia de glitter na cara, e Bow caracterizado como uma drag queen peituda, de enormes cabelos loiros e delineado todo colorido.

O próprio tempo no pequeno camarim parece parar.

– Dá pra dar licença? Não tão vendo que eu tô ocupada não, ô caralho? – Adora é a primeira a cortar o silêncio, assustando seus dois amigos, que fecham a porta apressadamente, sem falar nada.

Assim que ouve o clique da maçaneta se fechando, Catra empurra Adora pra fora do caminho e corre para as suas roupas íntimas jogadas perto do armário.

– Hey, huh… não quer continuar? – indaga Adora.

– Tá louca?! Eu vou é embora, me enterrar viva  e nunca mais dar as caras em lugar nenhum! Puta que me pariu, Adora! – retruca Catra, incrédula, sem se dignar a olhar  na direção da loira, enquanto ansiosamente veste suas roupas.

– Você não vai ficar pra me assistir?

Catra estaca. Então, pensa na possibilidade daqueles dois perceberem ela na plateia.

– Nem fodendo! – ela decide, agarrando a calça e a vestindo de uma vez, passando a procurar pela camisa e sapatos.

– Ah, qual é Catra… – Adora tenta se interpor entre ela e a porta quando a garota termina de se vestir – fica, vai. Por favor, por mim!

– Mano… não, véi. Puta que pariu – ela esconde o rosto entre as mãos – você acha que eles viram que era eu?

A mesma coisa passa na mente das duas: mesmo que não tenham visto seu rosto, deveria ser óbvio que a garota que Adora trouxe junto é a mesma que veio com ela até o camarim e… bom, não é necessário descrever o resto da história.

– Que isso, claro que não! – Adora se faz de boba – eles são, tipo, super lerdos! Sério! Além disso, eles acham que você foi embora, já que você sumiu! Eles com certeza acham que é alguma outra garota que eles não conhecem, garanto! Isso vive acontecendo!

Foi a primeira vez que isso aconteceu.

Adora fica paralisada, os olhos atentos em Catra, ansiosa para descobrir se conseguiu tranquilizá-la.

“Isso vive acontecendo”, a frase retumba na cabeça de Catra.

– Tudo bem – ela murmura – eu quero ir embora. Me dá licença – ela afasta Adora e alcança a maçaneta.

– Você… realmente não vai ficar pra me assistir? – questiona a loira. Soa até… machucada – eu, huh… terminei uma música nova, esses dias… já fazia tempo que eu tava trabalhando nela, sabe? Eu larguei porque não estava mais me sentindo inspirada, mas aí, a inspiração voltou e eu consegui terminar. Hoje ia ser a primeira apresentação dessa música. A gente ainda tá gravando a versão pra postar no Spotify e YouTube… enfim, eu realmente queria que, hã… as pessoas vissem.

Adora não tem coragem de dizer que queria que Catra ouvisse a música. Nem que foi Catra quem a inspirou a terminá-la, depois daquele seu primeiro encontro no mês anterior.

– Isso é chantagem emocional – chia a morena, espiando a loira por cima do ombro.

– Não! Juro que não é! – os olhos de Adora se acendem feito faróis com a suposição – eu só… eu… ficaria feliz se você ficasse!

– Aham – Catra revira os olhos e suspira – ok.

– Sério?!

– Sim. Eu fico.

“Puta que o caralho, eu sou uma cadelinha da porra”, Catra se xinga mentalmente, observando aquela punk pelada dando pulinhos de alegria e batendo palmas.

– Ah! Catra! Posso pedir só mais um favor?

– Fala… – subitamente, a expressão de Adora parece muito séria.

– Pelo amor de deus, me ajuda a me arrumar! Gi disse que tá quase na hora e eu não tô nem perto de estar pronta! – e ela dispara para as suas roupas, as vestindo rapidamente e recolhendo seus perfumes e maquiagens do chão. Suspirando, Catra se aproxima da cantora e a encara através do espelho.

– Eu faço sua maquiagem – murmura Catra, pressionada pelo próprio instinto e vontade irracional. “Clementina, tá querendo arrumar emprego como putinha de branquela, é?”, ela continua se xingando mentalmente, mas o sorriso bobo e feliz da vida de Adora é compensador.

– Uhhhhh! Você vai fazer aquele seu delineado de gatinho em mim? – pergunta ela, animada – eu nunca vi alguém ter um delineado tão bom! Me ensina depois?

– Fica quieta senão eu não consigo fazer, Adora.

– Certo, certo! Desculpe!

[...]

Catra se encontra sentada num banquinho junto ao balcão do bar, consideravelmente longe do palco onde as Panic Velcro estão subindo neste exato momento. Adora veste uma jaqueta preta de couro falso sobre uma camisa branca lisa, calça preta, cinto preto tipo chain, all-star, num visual que faz Catra pensar em Joan Jett. Ela traz a guitarra a tiracolo, chega até o microfone, pigarreia. Seus dois companheiros se posicionam ao redor dela, Bow com seu baixo e Glimmer na bateria.

– E aí, bandiviado, travesti, sapatão e tudo o que há de bom! – Catra ouve umas risadinhas vindas de um grupo de três garotas perto dela – pra quem não conhece a gente, não digo “prazer em conhecer” porque o prazer vem só depois, na minha cama, mas boa noite e bem-vindos, nós somos a Panic Velcro!

– Hey, Catty – uma voz já bem conhecida por Catra a chama e ela vira o olhar para elu. Sorri de leve.

– Hey, Trouble.

– Falou com a sua mina? – elu tem um ar de malícia. Vem se posicionar encostade no balcão, perto até demais de Catra, como se estivessem fofocando algo super secreto.

– É, algo assim. Qual é a sua cerveja mais barata?

– Que mão fechada menina, eu hein – elu finge reclamar e sai rindo, voltando pouco depois com um latão de Glacial – tá aqui, mão-de-vaca.

– Valeu – Catra abre a latinha e bebe uma golada generosa – que bagulho ruim da porra.

Double Trouble ri do comentário dela.

– Interessada na protagonista da noite?

– Quê?

– Você tá olhando um pouco demais para a Adora…

– Huh. Ela canta bem – disfarça Catra, enquanto a loira se esgoela feito uma gralha no microfone, descrevendo um threesome que ela supostamente participou com duas travestis. Catra conhece aquela música de trás pra frente desde o dia que ela foi lançada, há alguns meses, e nunca conseguiu decidir se acha que é uma história real ou não.

– Mas e aí, como foi a conversa com a sua mina? – Catra engasga na cerveja e começa a tossir. Double Trouble ri da cara dela.

– Boa…! Foi ótima, a gente, huh… falou bastante!

– Seeei. Vocês transaram, não é? Dá pra sentir o cheiro de couro daqui – ri Double Trouble, deixando Catra paralisada, seu rosto aquecendo rapidamente, enquanto ela desvia o olhar para o chão e deixa um biquinho se formar em seus lábios, tentando evitar a zombaria de DT – não se preocupa não, eu teria feito o mesmo!

– Porra… – “por que todo mundo tem que ficar sabendo?”, ela completa mentalmente.

– Olha, dica de mestre: se ela vai pra cama com você, então já tem um interesse dela em você aí. Você só precisa estimular isso nela. Fazer com que esse interesse dela em você se torne mais forte do que nessa outra menina que ela gosta.

– É difícil lutar contra os sentimentos de outras pessoas – replica Catra.

– Hm, eu não acho não!

– E eu não me importo se ela não me quiser… – Catra torna a encarar Adora lá no palco. Agora, ela canta uma letra incrivelmente esdrúxula sobre uma guerra de tesouras – não seria… nada de novo. Eu estou bem assim.

Catra permanece de costas para DT. Não pretende que elu não veja seus olhos marejados.

Ela toma mais um generoso gole dessa coisa horrível que DT jura que é cerveja.

– Bom, querida. Você é quem sabe no final das contas. Mas ó – Trouble a segura pelo ombro, atraindo o olhar de Catra. Elu dá uma piscadinha e cochicha – aproveita, viu? E quando acabar, lembra que aqui tá sempre cheio de mulher louca pra dar pra alguém.

Catra até esboça um sorrisinho. Acha graça nessas palavras.

Ela torna a sua atenção ao palco e Double Trouble vai atender outros clientes. Adora fala alguma coisa similar ao que dissera para ela antes: estava travada nessa música, mas conseguiu completar ela recentemente, blá blá blá.

– Eu chamo essa de “Ela fode bem pra caralho” – anuncia Adora, e toca a primeira nota da sua guitarra.

Não tem como não se lembrar do que a loira havia dito pra ela quando estavam lá no camarim: “você fode bem pra caralho”. E é como se uma onda elétrica percorresse o corpo de Catra quando, de lá de trás, Adora olha direto na sua direção, exibindo um sorriso radiante que lentamente se transforma num bem mais malicioso, como quem se lembra do que acabaram de fazer, e começa a cantar, sem cortar o contato visual:

 

Outro dia

Conheci uma mina

Que usava a língua

Como ninguém!

 

Outro dia

Conheci uma mina

Que me fodia

Tão, tão bem!

 

Catra dá um sorrisinho de leve. Acha graça na música. Ela tem um ritmo bem diferente do que costuma ouvir da Panic Velcro, algo similar a um Mamonas Assassinas numa versão de instrumentais mais agressivos.

 

Ela tem olhos de gato

Veludo nos lábios

E os dedos habilidosos de uma pianista!

 

Tem ouro nos cachos,

E tem eu nos lábios,

E manja mais de línguas que qualquer linguista!

 

Catra tinha até se permitido sorrir com a música. Parecia até que era sobre ela que Adora estava falando, até chegar à parte em que ela descreve a garota como loira.

É óbvio que a música não seria sobre ela. São só coincidências.

Mas Adora tinha até mesmo pedido que ela ficasse, só para ouvir essa música…

Ela se lembra da escolha de palavras da loira. “Ela teria pedido pra qualquer um ficar. Só quer mostrar sua música nova para o seu público”, ela conclui. “É claro que não tem nada de especial sobre mim”.

 

Campeã das brigas de tesouras!

Rainha das rinhas de aranhas!

Da minha buceta, a escavadora

Que é mestre de todas as manhas

 

Catra bota a mão na testa e ri baixinho com as rimas inesperadas. Talvez, não tão inesperadas assim, tratando-se da Panic Velcro. Como que essa loira consegue ser sempre tão incrível?

 

É como diz o ditado:

Foi amor à primeira dedada!

Ela fode bem pra caralho

Essa mina é dona da minha raba!

 

Após isso, a música entra no estágio final, com todos os instrumentos acelerando cada vez mais até pararem todos de uma vez. Parte do público aplaude a apresentação, alguns riem, divertidos, e outros ignoram a banda, concentrando-se em suas bebidas, em suas mesas de amigos, nos flertes da noite.

Catra dá um último gole na sua cerveja e larga a latinha em cima do balcão. Parece ter sido a última apresentação da banda por hoje. Adora troca umas últimas palavras com o público, faz mais algumas piadas sexuais, e deixa o palco junto de seus companheiros.

Catra suspira. Já é hora de ir pra casa. Ela chama Double Trouble, pergunta o preço da cerveja e larga umas moedas no balcão. Quer sair logo dali. Sua cabeça já está começando a doer.

Enquanto se dirige à saída, Catra vê Adora conversando com um grupo de garotas desconhecidas. “Bando de oferecidas”, pensa Catra, amarga, e desvia o olhar, apertando o passo.

– Catra!

Ela reconhece a voz de Adora a chamando, de longe. Acelera o passo. Não quer falar com ela agora. Sua mente está caótica e sua cabeça dói demais para isso.

– Hey, Catra! Espera aí! – ela ouve passos de alguém correndo atrás dela. Percebe que não vai escapar tão fácil. A loira não demora a alcançá-la e a segura pelo ombro – ei, peraí! Você… huh, não gostou da música?

– É boa – confirma Catra, sem se virar para olhá-la – o que foi?

– Ah… não quer fazer algo? – Adora dá a volta pelo corpo de Catra para ficar de frente para ela. Ela carrega aquele mesmo sorriso de pouco antes de começar a cantar a sua última música.

– Minha cabeça tá doendo, Adora.

– Ah… tá muito ruim?

– Eu só preciso deitar e dormir.

– Hã, huh… quer que eu te leve pra… minha casa? Eu cuido de você.

Catra não crê no que está ouvindo.

– Cê quer me levar pra sua casa? Comassim?

– Ah, a Amity disse que chamou a Luz e os outros amigos para irem lá em casa jogar RPG. E ela disse que a Luz está sempre pra baixo porque a prima dela não dá atenção pra ela – Adora finge um olhar reprovador sobre Catra – isso é cruel, sabia? A Luz é uma fofa, você tinha que cuidar mais dela!

– Eu não tenho tempo! – retruca Catra – não faço por mal! Mas pra pagar aquela porra daquela escola de burguês do caralho, eu tenho que dar meu couro!

– E você não pode tirar um tempinho sábado? Além disso.. – Adora puxa Catra para perto pela cintura – eu posso cuidar muito bem de você, sabia?

Catra sente sua vagina lacrimejar.

– Só porque a Luz vai estar lá – replica Catra, se desvencilhando de Adora – vamos logo, minha cabeça vai explodir!


Notas Finais


double trouble fazendo discuso motivacional pra sapatona emocionada, quem amou

e essa hot angst aí????? opiniões?????


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