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História Do Seu Ponto De Vista - Décimo Sexto


Escrita por: filixie

Notas do Autor


eu prometo que logo, logo eu termino de respondo os comentários do capítulo anteiror. é que eu não tava me sentindo muito bem, e só gosto de responder vocês só quando estou feliz

enfim, reza a lenda que agora só temos o epílogo

Capítulo 17 - Décimo Sexto


Houve uma vez em que meu pai teve que sair às pressas por causa de um de seus casos, onde uma garota estava sendo julgada por assassinato. Meu pai, porém, sabia que ela era inocente, e por tal motivo defendia ela com unhas e dentes. Naquele dia, ele recebeu uma ligação onde falava que a tal garota havia sido sequestrada e que os policiais já estavam em cena: devia ter, no mínimo, vinte homens fardados atrás da tal garota, mas quando a encontraram já era tarde demais. Ela estava ensanguentada, com cortes pelo rosto e uma corda no pescoço, no porão de uma casa no interior. O sequestrador, no entanto, não era ninguém mais, ninguém menos que o homem que estava sendo colocado como inocente no caso, como se os papéis estivessem sido invertidos. Houve uma outra vez, em um caso da minha mãe, que um garoto havia sido sequestrado e o encontraram em um rio longe da cidade, com o corpo cheio de hematomas que mostrava que havia sido espancado; descobriram, três dias depois, que o responsável por aquilo era o próprio professor. O que ambos os casos tinham em comum era: sequestro, machucados e um lugar afastado, e os dois terminaram na morte das vítimas. Era algo que acontecia com frequência, meus pais diziam. Um dia, perguntei a eles por qual motivo insistiam naquela profissão, e o que recebi como resposta foi sorrisos distantes. Eles apenas gostavam de ajudar pessoas que precisavam ser ajudadas, mesmo que pusessem a própria vida em risco. Talvez fosse algo de família.


Pensamentos diversos me rodeavam enquanto carros passavam por nós, todos parecendo rápidos demais, mas era o Wooyoung quem estava passando pelos sinais vermelhos e deixando todos os outros automóveis para trás. Mesmo sem saber o motivo de estarmos ali, ele corria ao meu pedido, reclamando sempre que sua placa era fotografada.

Uma esquina foi virada,  algumas ultrapassagens e outros sinais vermelhos ignorados, o que resultou em freiadas bruscas e reclamações altas, mas Wooyoung ignorou tudo isso e continuou com o pé no acelerador, virando as esquinas sempre que eu falava. Direita, esquerda, direita de novo…


Wooyoung me perguntava o que estava acontecendo, completamente confuso, e a minha voz urgente só servia para lhe deixar assustado. Eu não tinha o que responder, eu não sabia como o fazer; nem eu mesmo sabia ao certo o que estava acontecendo. Em um dia eu estava bem, no outro eu estava com uma pulseira vermelha e com visões assustadoras que apareciam quando eu fechava os olhos, me levando para outros lugares, o que me tornava alguém diferente. Aprendi a controlá-las e voltei a ficar bem, mas então tudo ficou ainda mais estranho quando conheci Yeosang e descobri que, por algum motivo, ele sabia de cor tudo o que meus olhos tapados não conseguiam compreender. Veio um sonho que eu julgava ser um sonho qualquer, mas que agora desconfiava estar se tornando realidade. Como eu poderia falar aquilo para o Jung sem parecer um louco? Pela milésima vez eu pensei: talvez eu fosse mesmo um.


"É aqui!", eu gritei.

Meu corpo sacolejou quando o carro parou, e saí do automóvel às pressas.

— O que está acontecendo, Yunho?!

A rua estava vazia. Já era tarde demais e poucas pessoas moravam por ali.

— Yunho!

Um carro. Um carro do outro lado da rua, próximo à porta de entrada do lugar abandonado. Um carro branco com uma mancha vermelha em uma das portas.

"Ligue para a polícia. Ligue para a polícia e para a emergência. Uma ambulância", foi o que eu disse, gritei ou sussurrei. "Volte para o carro e não saia de lá". Tive que andar até ele, segurar em seus ombros e lhe guiar de volta até o interior do veículo. Ele se debateu, assustado e preocupado e confuso e temeroso, mas depois pegou o celular e discou algumas teclas.

Ouvi ele me dizer para tomar cuidado enquanto eu atravessava a rua, invadindo a confeitaria pela janela do banheiro quando a porta principal não abriu.


Gritos, o homem das visões sempre gritava, mesmo que eu nunca ouvisse a sua voz. Bêbado e sujo era sempre a sua aparência, mesmo que eu nunca me lembrasse dos detalhes do seu rosto. E ali estava ele, bêbado e sujo e gritando em um canto do lugar escuro, cheio de poças de água pelo chão, tudo fedendo a mofo. A voz era rouca e alta, embolada e chiada. "Você quem me obrigou a fazer isso!", a voz era ensurdecedora. Ele não devia ser tão velho, mas o seu rosto estava acabado, provavelmente pelo álcool. O papel de parede florido estava lá como um plano de fundo.

Um choramingo baixo e desesperado.

Yeosang estava no chão imundo, sentado nas próprias pernas enquanto se encolhia mais e mais. Os braços estavam amarrados atrás do corpo, o gesso sendo visível. O braço machucado estava sendo forçado a ficar em uma posição que obviamente doía. O sangue escarlate e vivo pintava parte do seu rosto.

O velho pegou a barra de ferro e a ergueu no ar. Yeosang me encarou e seus lábios sibilaram um pedido de socorro, assim como no meu sonho de semanas atrás.


Minha mão em punho no rosto do homem. Ele gritou, veio em minha direção e acertou a barra de ferro na minha perna. Doeu, doeu muito. Outro soco, daquela vez na barriga dele, e quando ele levantou a barra mais uma vez, eu a segurei, a jogando para longe. Choramingo, soluços, choramingo…

Tudo estava tão escuro.


Yeosang se debatia, tentando se livrar das amarras a todo custo. Eu estava tonto, fraco. As coisas não paravam de girar.

Outros socos. Eu sentia algo viscoso nos meus dedos. O homem já estava sangrando, tão fraco quanto eu.


O zumbido nos meus ouvidos era como pássaros cantando no céu. Gritos. Joguei o homem no chão e fiquei por cima dele, continuando a desferir socos em seu rosto. Alguma coisa brilhou, como um diamante à luz do sol. Uma faca, tinha uma faca no meu sonho, porém já era tarde demais. Uma dor imensa me atingiu na barriga e eu urrei de agonia.


Choramingos. Sangue. Eu não tinha força alguma. Yeosang conseguiu se soltar. Eu o vi pelo canto do olho. Ouvi algo quebrar e logo uma quarta presença chegou ali. Seonghwa socou o rosto do homem velho e eu me perguntei o que ele estava fazendo ali.


O meu corpo todo doía, me deixando fraco o suficiente para eu não conseguir me manter de pé; eu estava deitado no chão sujo, com a cabeça deitada em algo macio e alto, como um travesseiro. Era possível ouvir uma voz ao fundo, falando algo que eu não conseguia decifrar. Abrir os olhos foi uma luta, mas o fiz, sendo cegado por uma claridade que não tinha antes. Demorou algum tempo para eu me acostumar com a luz.

O travesseiro era as coxas do Yeosang, que chorava sem parar e deixava suas lágrimas caírem em minhas bochechas. Meus olhos estavam ganhando cada vez mais pontinhos pretos, mas eu ainda assim conseguia enxergar as coisas ao meu redor. Ainda estávamos na confeitaria abandonada.

Fiz uma careta, sentindo minha barriga toda dolorida. Percebi que o Kang fazia uma pressão ali, tentando conter o sangue.

— Pare de chorar — murmurei, a voz arranhando a minha garganta. Minha boca tinha um gosto forte de ferrugem. — Eu estou bem.

Yeosang fungou, fazendo um movimento negativo com a cabeça.

Diferente de antes, eu não sentia mais calor, eu não estava quente. Meu corpo sentia frio e eu tremia levemente, eu só não sabia se o tremor era pela temperatura ou pelo medo.

— Você está sangrando muito, Yunho, como pode estar bem? — Mordeu o próprio lábio, tentando inutilmente conter um soluço.

Tudo se apagou por alguns segundos e então voltou ao normal. Minha noite estava sofrendo cortes de cenas, minha mente se desligando de tempo em tempo. Porém, não importava quantas cenas e quantos cortes sofria, aquele momento não acabava. Eu continuava tonto, fraco, com dor e ainda naquele lugar. Yeosang continuava a chorar, fungar e soluçar. Ele não iria parar de chorar?


Eu sabia que ele tinha uma faca. Desculpa. Eu acabei esquecendo — eu disse quando voltei a ficar lúcido.

Sirenes machucavam os meus ouvidos. Homens fardados andavam para lá e para cá. Alguns deles gritavam.

Tossi algumas vezes e Yeosang novamente negou, demorando algum tempo para finalmente responder:

— Você nem sabia. Como poderia ter esquecido?

— Eu sabia, assim como sabia que era aqui que você estaria. Eu cheguei a tempo.

Escuridão. Mais vozes. Novamente a luz. Ainda era possível ouvir o choramingo.

A dor havia dado lugar à dormência, não me deixando sentir nada além dos meus olhos pesados. Eles queriam se fechar, eles queriam se fechar… Eu tinha que lutar contra a inconsciência.

— Yeosang? — murmurei. Minha voz saiu tão baixa que eu tive dificuldade para ouvi-la. — Temos que lembrar ao Joseph de nos ensinar a como nos defendermos de uma faca. Ele não ensinou isso. — Forcei um sorriso. Yeosang meio que riu, meio que soluçou, mas por fim assentiu. "Não gaste suas forças contando piadas", ele sussurrou.

Tentei tocar o seu rosto, secar as lágrimas que insistiam em cair, no entanto minha mão não conseguiu se erguer. Consegui, porém, segurar a sua mão que continuava tapando a minha ferida. Senti a fina pulseira em seu pulso. Destino, eu havia dito. Sempre acreditei no destino.

— Eu gosto da sua marca de nascença…

— Não é uma marca de nascença.

Alguns segundos.

— Eu sei.


Borrões. Tudo não passava de borrões. Havia um borrão atrás do Yeosang, alto e roxo, e ele parecia tremer. Wooyoung. Wooyoung chorava baixinho. Desculpa, eu disse, porém o pedido não passou de um pensamento. Desculpa por só perceber agora.

Eu havia perdido a minha voz. 


Yeosang falou algo baixinho, um murmúrio, um lamento, um pedido de socorro; eu não sabia o que era, eu não ouvi, mas sei que doeu.

Eu já não enxergava mais nada, as vozes não passavam de sussurros. Fechei os olhos e me vi, deplorável e triste, com o rosto pálido, sem vida, com coisas por fazer e falar.

"A ambulância chegou!", consegui ouvir alguém gritar, e pela primeira vez desejei chegar ao hospital, desejei ver o teto branco e desejei sentir o cheiro de álcool e remédios que eu tanto odiava.


Notas Finais


não, nenhum cap de pov vai ter um final aceitável. desculpa, porém não me desculpem, pq eu não me arrependo de nada ksks
aliás, se esse cap tiver ficado ruim, a culpa é da elly que me falou que ele tava bom. acreditem, eu reescrevi esse bendito três vezes e queria reescrever de novo
por favor me falem o que acharam e até a próxima
eu amo muito todos vocês 💙💙💙


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