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História Do You Want? - Stay with me tonight?


Escrita por: seokahjin

Capítulo 2 - Stay with me tonight?


Fanfic / Fanfiction Do You Want? - Stay with me tonight?

Seokjin sentiu o coração bater violentamente contra a caixa torácica. Não conseguiu responder com palavras, por isso só concordou com a cabeça, mas foi o suficiente para Jimin puxá-lo, entrelaçando seus dedos. Atravessaram a casa cheia por causa da festa, juntos, desembocando na saída que dava para o gramado da frente. Lá, sem impedimentos, Jimin iniciou uma corrida, arrastando-o e rindo de como ele tropeçava nos próprios pés. Jin acabou sendo contagiado, porque Park Jimin corria agarrado a sua mão, rindo para si, alegremente. 

O Kim guardaria para sempre aquela imagem, dos cabelos ruivos voando e o sorriso brilhante, transformando os olhos em risquinhos. 

Jimin só parou quando chegaram próximos de uma moto, estacionada quase no final da rua. Parecia uma Harley Davidson mais antiga, mas muito bem cuidada, daquelas que Seokjin só vira em filmes. Como não era um conhecedor de motos, não podia afirmar com certeza o modelo. A única certeza que tinha, era que aquela moto era muito maneira.

— É sua? — perguntou abismado, ao vê-lo tirar uma chave do bolso, abrindo o cadeado que prendia dois capacetes no aro da moto. 

— Não, é do meu irmão — o ruivo riu, passando o cadeado no guidão e o prendendo para que não soltasse. — Toma — lhe entregou o capacete. — Dei carona pro JK quando viemos, mas como ele ia encontrar com o paquera na festa, dúvido que vá pra casa tão cedo. 

Seokjin colocou o capacete, prendendo abaixo do queixo, com Jimin fazendo o mesmo para então subir na moto, levantando o pé de apoio. 

— Espera, você tem carteira?

Jimin sorriu arteiro, ligando a moto e roncando o motor, tão alto e possante que Jin quase deu um pulinho. 

— Não. 

— Não vamos ter problemas se a polícia nos pegar? — apesar da dúvida e desconfiança, Seokjin foi até ele, sentando na garupa pequena demais para comportar os dois sem terem que ficar colados. 

— É bom que não sejamos pegos, Jin. Se formos, meu irmão corta meu pescoço — riu, engatando a primeira, mas voltando ao ponto morto ao notar que o outro parecia estático. — O que foi? — olhou por sobre o ombro e sorriu de novo vendo o rosto cheio de espanto de Seokjin. 

Jimin sentiu que sorria demais estando com ele. 

— Seu irmão não sabe? — o ruivo negou. — Céus Jimin. 

— Fica tranquilo. Nada ruim vai acontecer — segurou as mãos grandes dele, colocando-as sobre sua barriga. Sentiu o aperto tímido dele e sorriu com isso, novamente. — Agora se segura, relaxa o corpo e aproveita a viagem. 

E então arrancou. Com o susto, Seokjin o agarrou, como um filhote coala. 

Apesar de desconfortável e assustado, o maior notou algo completamente louco, incomum e inédito para suas sextas a noite: primeiro, ele havia encontrado com Park Jimin em uma festa, falado com ele depois de dois anos sem conseguir ao menos dizer um oi – sendo isso para convidá-lo para dançar. E dançaram, se divertiram demais! Segundo, havia sentido o corpo dele contra o seu e escutado sua voz doce sussurrada. Agora, estavam em uma moto praticamente roubada, os dois sendo menores, o que quer dizer que não tinham carteira de motorista, passeando pela cidade numa madrugada de recém sábado. 

E, sobretudo, podia sentir a famosa barriguinha malhada dele contra os dedos. Todas as garotas viviam comentando sobre, mas era só um mito até então, porque ele nunca havia mostrado. Enquanto os outros garotos adoravam tirar a camisa depois de uma partida de futebol para mostrar o corpo, ele permanecia sempre com seu uniforme no lugar, deixando as fãs bastante chateadas. E isso incluia Jin.

Seokjin só voltou a órbita quando a moto foi parando aos poucos. Notou que eles estavam no mirante da cidade; a área era bastante alta e os dava visão de todas as luzinhas iluminadas abaixo, cada casinha e prédios. Clichê? Completamente, mas Jin adorava. 

Desceu da moto ao pararam totalmente, entregando o capacete quando Jimin fez o mesmo. Ele colocou ambos os equipamentos nos espelhos da motocicleta, deixando-a estacionada no canto, para não ficar tão a vista caso passasse alguém na estrada. 

Caminharam lado a lado até a parte cimentada do observatório, qual continha lunetas para olharem além do que o olho nu alcançava. Seokjin suspirou com a visão privilegiada que tinha, sentando-se em um dos banquinhos, de frente para a vista de tirar o fôlego. 

Gostaria de dizer que depois da dança e do passeio de moto havia perdido a vergonha, mas a verdade era que mal conseguia olhar para Jimin. 

— Por que me trouxe aqui? — perguntou, mas notou pelo olhar confuso de Jimin que poderia ter soado rude. — Desculpe! Eu não quero parecer chato, só estou confuso quanto ao lugar — sorriu sem jeito. 

Jimin riu baixinho, esticando as pernas para frente. 

— Na verdade eu não faço ideia — deu de ombros. — Eu só gosto daqui. A vista, as estrelas e principalmente o silêncio, me trazem paz. 

— Entendi — suspirou, estendendo as pernas também e relaxando contra o assento de pedra. — Também gosto daqui. Foi um dos primeiros lugares que visitei assim que me mudei. 

Os dois observaram um pouco da paisagem. Era relaxante ver as estrelas e escutar o barulho dos grilos que faziam morada na mata, ao pé do morro. 

— Você sente falta da sua cidade natal? — Jimin perguntou baixinho, com medo de ser invasivo demais. 

— Às vezes — Seokjin sorriu, mexendo distraído em um dos fios da calça. — Eu prefiro viver aqui, com minha avó, do que com minha mãe. 

Jimin lhe olhou de esguelha. Jin abraçou a si mesmo, encolhido contra o banco. 

— Não precisa falar disso se não quiser — disse no mesmo tom tranquilo, apertando o ombro dele. 

— Está tudo bem. Ela só… nunca foi do tipo maternal, entende? Minha avó quem me ensinou o que era amor de verdade, foi quem me deu carinho. 

— Eu te entendo, um pouco — Jimin suspirou. — Meu pai também é do tipo durão. Às vezes eu penso que ele não gosta de mim. 

— Impossível — Seokjin soltou sem pensar, pela segunda vez na noite. 

— O que? 

Jin arregalou os olhos ao notar o que tinha dito. 

— Ah… — começou, embaraçado. — Eu quis dizer que é impossível… não gostar de você. 

Suas bochechas e orelhas queimavam como nunca. 

— Você gosta de mim? — Jimin não conseguiu segurar a pergunta e Jin arregalou os olhos para ele. — Desculpe, eu não quis ser tão… Direto. 

— Eu gosto, Jimin — confessou, sentindo que teria um ataque cardíaco a qualquer momento. — Eu realmente gosto. Tudo bem se não sentir o mesmo, eu não sou tão legal quanto seus amigos ou o seu ex, o Taemin. Eu sou sem graça e sinceramente o único assunto que eu consigo falar sem acabar soltando alguma besteira, é sobre fórmulas. Eu não cons-

Jimin calou-o, segurando as bochechas quentes entre as mãos e trazendo o rosto contra o seu, selando docemente seus lábios. 

Foi só isso, um toque longo e delicado das bocas juntas. Talvez impulsionado pela confissão ou pelo álcool, mas nem um pouco inconsciente. 

— Desculpe se eu estou indo rápido demais — sorriu, sem afastar mais que alguns centímetros. — Eu adoraria te conhecer melhor, Jin. 

Seokjin sorriu, com o coração disparado. 

— Sério? 

— Sim — Jimin riu baixinho. — Eu não me lembro da última vez que me senti tão bem com outra pessoa ou que sorri tanto e, isso em pouquíssimo tempo que estamos na companhia um do outro. Ainda é difícil lidar com o término, porque eu me machuquei de muitas formas e existem feridas no meu peito por causa disso. Mas, acho que mereço ser feliz, mesmo que dure somente um mês, uma semana ou uma noite — esfregou o nariz pequeno no dele, rindo quando ele corou ainda mais, mas sorriu consigo.

Jin não sabia se sorria, se ria, chorava ou ficava ali, encarando aqueles olhos castanhos brilhosos e lindos. Estava tão a fim dele, céus! 

— Jimin? — chamou. O Park disse um "hm?", sem desviar os olhos dos lábios carnudos do outro. — Eu… posso te beijar de novo?

— O que ta esperando? 

Jimin sorriu lascivo, deixando que ele tomasse a frente dessa vez. Com muita timidez, Seokjin deslizou as mãos para o rosto dele, como ele outrora havia feito. Deixou um carinho leve nas bochechas fofas, se aproximando mais sobre o banco e curvando um pouco o corpo, devido a diferença de altura. Encostou as testas, para recuperar o fôlego, cortando a distância vagarosamente, até ter os lábios cheios contra os seus, pela segunda vez. 

Foi como se um terremoto balançasse toda sua estrutura. Sem jeito, por ter beijado uma vez só na vida, entreabriu a boca, sugando o lábio inferior dele, delicadamente. Jimin fez o mesmo, suspirando com a maciez da boca alheia, tomando a frente quando notou que ele não tinha muita experiência. Contudo, como bom aluno, Seokjin logo pegou o jeito, seguindo os movimentos suaves de Jimin, estremecendo ao sentir a pontinha da lingua úmida passear entre eles. 

Automaticamente o Kim abriu um pouco mais a boca, sentindo melhor a língua de Jimin e por puro reflexo, deslizando a sua até a dele, quase derretendo todo ao tê-las se tocando gentilmente em meio ao beijo, tão delicado que Jin não se assustou ou sentiu vontade de sair correndo como quando beijou pela primeira vez. 

Jimin era cuidadoso e gentil. Suas mãos o tocavam com paciência, apesar de uma hora estarem fazendo carinho em seus cabelos, para então irem até seu rosto e logo depois aos ombros, deslizando por seus braços, carinhoso. Ah, e ele tinha um cheiro e gosto muito bom. Parecia com menta, mas docinho e com um toque de álcool, talvez por alguma bebida que ele tenha ingerido em pouquíssima quantidade. 

Seokjin suspirou ao ter o lábio puxado entre os dentes dele. Ganhou um selo e um suspiro contra a boca, para tê-lo beijando-o de novo. Resolveu arriscar fazer o mesmo, puxando o lábio macio entre os seus e recebendo mais um suspiro, desta vez mais pesado e sôfrego que o anterior. 

Sua mente parecia aos poucos entender que estava beijando Park Jimin. Quando o nervosismo pareceu querer o travar o lugar, ele chutou sua bunda e beijou Jimin com mais força, apoiando uma das mãos no banco e a outra na coxa dele, apertando sem medir muito bem a intensidade. 

Isso fez Jimin ofegar e jogar a cabeça para trás, afastando os lábios com um estalo. Seokjin simplesmente seguiu os instintos, dando um novo aperto e descendo selos pelo pescoço a mostra. 

Park Jimin se sentiu uma bela gelatina no calor, derretendo até virar suco. Jin tinha curiosidade, apesar de toda a inexperiência e suas mãos eram boas, o toque era firme sobre sua coxa. Ao ter os lábios agora inchados e molhados selando seu pescoço, teve certeza que seu coração não devia acelerar tanto por uma pessoa que só conversou duas vezes na vida e nem falaram tanto assim. 

Mas o fato era que desde que o chamou para dançar, cada pequeno detalhe de Seokjin veio a tona. Ele era tímido, mas divertido e engraçado. Era inexperiente, mas curioso e com muita vontade se aprender sobre o novo. Tinha um rostinho bastante perigoso e uma inteligência que sinceramente acendia Jimin todinho. Jamais imaginou que o gênio das olimpíadas de matemática o atrairia, mas seu corpo e coração disparado não podiam negar os fatos. 

Quase gemeu quando puxou os fios negros para cima, tendo a visão de um Seokjin com cabelo bagunçado, boca inchada, bochechas vermelhas e respiração ofegante, como se houvesse corrido uma maratona. Mas, acima de tudo, entregue. Totalmente entregue a Jimin. 

O Park decidiu que queria provar de sua pele. Desceu o nariz até seu pomo de adão, rindo maldoso ao aspirar aquela região, fazendo com que ele engolisse em seco. Sentiu o cheiro gostoso de desodorante masculino e perfume com notas amadeiradas, mordendo o lábio com força ao notar que aquele era um de seus cheiros favoritos. Aliás, reparando bem nele, Seokjin tinha tudo o que geralmente o atraia; ombros largos, alto, um porte físico de alguém que praticava pelo menos algum esporte uma vez por semana, braços firmes e um pescoço grande, marcado, totalmente atraente, como seu rostinho lindo. Não era do tipo que estabelecia um padrão de pessoas com as quais se relacionava, sua pansexualidade permitia que fosse bastante aberto a todos os tipos de pessoas, mas, sem dúvidas, se estivesse andando na rua e Seokjin passasse por ele, certeza que pararia para olha-lo. 

Ele era bonito da cabeça aos pés. Sobretudo, aqueles óculos o davam uma aparência irresistível. E o melhor? Ele não era uma casca vazia, somente aparência. Além de bonito era um homem brilhante e gentil, que merecia o mundo. 

Percebeu que o observava demais, quando Jin abriu os olhos lhe encarando confuso. 

— A-algo errado? — perguntou baixinho, o encarando de cima por Jimin ainda segurar através de seu cabelo, a cabeça para trás. 

— Alguém já te disse o quão lindo você é? 

Se possível o Kim ficou ainda mais vermelho. Mas Jimin não queria intimida-lo, por isso voltou a deslizar o nariz pelo pescoço largo, para distribuir selos pela região, arrancando suspiros de Jin. Passou os dentes de levinho na pele imaculada, deixando ele arrepiado e com a respiração pesada. Não chegou a marca-lo porque todos tinham seus limites e o Park não queria ultrapassar os que pudessem gerar desconforto nele. Respeitaria seu espaço, quem sabe se eles saíssem mais vezes ou tivessem outros encontros? Não podia negar que ficava eufórico ao imaginar levá-lo para o café que sempre ia com os amigos ou a pizzaria que seu irmão mais velho o levava escondido dos pais. 

Trocaram mais alguns beijos leves ali, sorrindo igual idiota um para o outro. Jimin adorava a companhia e Seokjin, bem, mal tinha palavras para a sensação gostosa que corria pelo seu corpo. 

— Jin, você quer dormir comigo hoje? 

O garoto arregalou os olhos, assustado. Ah, ele sentia atração por Jimin e seu corpo bonito, mas não estava pronto para esse tipo de contato íntimo, ainda era muito cedo, mal haviam trocado alguns beijinhos!

Ao ver a cara que ele fez e o rosto avermelhado, Jimin entendeu o que se passava na cabeça de Seokjin, corando junto com ele ao ponderar como sua frase havia saído. 

— Espera, não esse tipo de dormir! Só dormir mesmo — se afastou levemente, sentindo o constrangimento o abater. — Pelo amor de deus, não pense mal de mim, eu só articulei mal minha frase! E-eu só queria saber se quer dormir lá em casa. 

— P-por que? 

— É que eu não queria me despedir tão cedo de você. Se dormisse lá em casa, a gente podia sair pra almoçar com meu irmão amanhã, numa pizzaria que ele sempre vai — coçou a nuca sem jeito. — Mas eu entendo se tiver que voltar pra sua casa. 

— Bom, minha vó foi jogar poker com alguns amigos, duvido que volte antes das 6 da manhã. Acho, acho que não teria problema. 

— Mesmo?

Jimin olhou-o com um sorriso tão meigo e olhinhos brilhosos,  que seria um crime negar qualquer coisa a ele. 

— Mesmo. 

— Legal! Ah, eu tenho video game no meu quarto, a gente pode jogar até vir o sono. Você gosta? — perguntou empolgado, já se levantando e arrastando Seokjin consigo. 

— Gosto muito — sorriu largo, segurando os capacetes para ele levar a moto até a estrada. 

— Então a gente vai se divertir muito — sorriu, equilibrando a moto e se esticando na ponta dos pés para roubar um beijo. 

Seokjin sentiu o rosto avermelhar de novo, por isso tratou de enfiar o capacete na cabeça para esconder o quão envergonhado estava. Ajudou Jimin a colocar o dele e logo estava na garupa novamente. 

— Jimin, seus pais não vão se incomodar? 

— Não, eles estão nos meus avós pra um evento do fim de semana, voltam na terça. Só meu irmão tá em casa, mas ele não costuma invadir meu espaço, desde que eu respeite o dele. 

Seokjin engoliu em seco. Não sabia se ficava aliviado ou se preocupava diante dessa informação. 

Não teve muito mais tempo para pensar sobre, pois Jimin arrancou a moto, levando-os cidade adentro. 


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Quando chegaram perto da casa dele, quase na esquina, Jimin falou que teriam que ir até lá empurrando a moto, pois ela era barulhenta e seu irmão poderia ver que ele tinha pegado-a sem permissão. Foram conversando baixinho, pela vizinhança quase completamente escura, senão por poucas luzes acesas. 

Seokjin parou de supetão quando Jimin estacou em sua frente, arregalando os olhos. Ao seguir seu olhar, notou que uma das casas de dois andares no típico estilo americano estava iluminada, com vários carros na frente e muita gente saindo e entrando. 

— Aquela é sua casa? — Jimin só acenou que sim, voltando a empurrar a moto com rapidez. 

— Deus, que Hoseok não tenha visto, que Hoseok não tenha visto! 

Confuso com o que ele dizia, Seokjin só o seguiu. Jimin deixou a moto na entrada, colocou um dos capacetes no banco e o outro no espelho, puxando Seokjin pela mão para dentro, de fininho. Mas novamente estacaram quando um rapaz parou na frente da porta, fuzilando Jimin com os olhos. 

— Eu juro por deus Park Jimin, que a próxima vez que você colocar sua patas em cima da minha moto eu corto seus dedos! Quem lhe deu permissão? — disse furioso e Jin chegou a conclusão que aquele era o irmão dele. — Deus do céu Jimin, você nem carteira tem, se apreendem minha moto como porras eu ia tirar ela do morro, seu imbecil?!

— Desculpe Hoseok! Olha, eu sei que foi errado pegar sem pedir, mas ninguém parou a gente! Eu só fui até a casa de um dos meus amigos e voltei, só isso. 

— Só isso?! O caralho! Eu devia contar pra mãe que você tá saindo por aí de moto sem carta — ameaçou. 

Se Jin fosse dar um adjetivo para ele, seria assustador. O olhar irritado e a postura ameaçadora — agora Jin entendia porquê da moto de motoqueiro, já que ele parecia um, com sua jaqueta de couro surrada, coturno e inúmeros piercings —, o faria sair correndo se Jimin não apertasse sua mão, segurando-o no lugar. 

— Conta então! Ai aproveito sua reunião pra dizer das festinhas que você anda dando quando eles saem da cidade — retrucou, parecendo tão ameaçador quanto o mais velho. 

— Você não ousaria, garoto. 

— Me testa — quase rosnou. O baixinho respirou fundo, tentanfo buscar calma. — Hyung, eu só dei uma voltinha e trouxe sua possante de volta sem um arranhão. Não se preocupa, nunca mais encosto um dedo nela, mas também não conte comigo pra mais nada! — empurrou ele, levando Seokjin consigo e adentrando a sala cheia de gente. 

Ninguém ligou muito para os dois, a maioria já caia bêbado. 

— Volta aqui Jimin! — Hoseok foi atrás deles, fazendo-os parar no meio dos degraus da escada. — Entenda que se você for pego vai foder nós dois seu idiota. 

— Eu sei, tá beleza? Já falei que não encosto mais nela! 

— Park Jimin! — berrou quando ele voltou a dar as costas, parando-os de novo. Jimin bufou irritado. — Quem é esse garoto? 

— Vai te catar Hoseok! Nem começa a bancar o irmão coruja — puxou Seokjin para perto. — Quando decidir que é adulto de verdade me chama pra ter uma conversa civilizada. 

E voltaram a ir para o segundo andar ignorando os chamados do mais velho.

Jimin trancou a porta assim que entraram e Seokjin se surpreendeu por seu irmão não ter vindo atrás deles, um pouco apreensivo sobre o que fazer caso eles brigassem de novo.

O Park o tranquilizou, dizendo que amanhã os dois se acertariam. Com um selo na boca de Jin — que ficou vermelho feito um pimentão —, avisou que iria tomar um banho rápido e já voltava. Seokjin ficou encantado por ele ter um banheiro no próprio quarto e em como aquele cômodo da casa era enorme, quando conseguiu parar para analisá-lo.

Jimin tinha uma cama de casal, guarda roupa acoplado na parede, um armário no canto cheio de medalhas e troféus, livros e mais alguns bonecos de ação; perto ficava uma mesa de estudos com notebook e em frente da cama tinha um tapete fofo cheio de almofadas, para quem assistisse a televisão presa na parede pudesse escolher entre ficar sobre a cama ou deitar no chão. 

Contudo, preocupação de ter causado problemas para Jimin com o irmão era um incômodo chato no fundo de sua consciência. Tentaria conversar com ele mais tarde, mas no momento, seria o garoto curioso que era, no meio de tantas coisas a serem descobertas. 

Os dedos tortinhos passaram sobre as lombadas dos diversos livros dispostos na estante. Tinham de todos os temas, desde mangás yaoi até livros de biologia e física. Sorriu ao encontrar algumas fotografias. Haviam de um bebê gordinho no colo de outro garoto que devia ter uns 4, 5 anos — Jin supôs serem Jimin e Hoseok —, de um casal sorridente com dois garotos, quais deveriam ser os pais do Park; Jimin já adolescente com uma senhorinha que tinha os olhos idênticos ao dele e por fim, uma dele sozinho segurando um troféu no campo de futebol. Dava para notar que Jimin era muito ligado a família. Jin não conhecia muito dos pais ou do irmão do rapaz, mas eles pareciam pessoa muito boas, apesar do patriarca Park parecer meio carrancudo. 

Esse pensamento o fez rir. Abaixando-se um pouco para ver a caixinha de som que havia na parte baixa do armário, sorriu encantado, pois ele parecia bastante antigo. Abriu o compartimento de fitas, que já continha uma; curioso como era, apertou o play, sem esperar realmente que alguma coisa acontecesse. 

Arregalou os olhos surpreso quando ele começou a chiar e logo riu alto ao ter Like A Virgin da Madonna tocando. Nunca uma música descrevera tanto uma situação em sua vida. A única diferença é que ele não era virgem apenas no sentido figurado, era virgem em todos os sentidos, mal sabia beijar. 

Sentindo que iria ficar corado de novo, passou para a próxima. O rádio demorou alguns segundos para então iniciar Suspicious Mind do Elvis. Suspirou. Era uma ótima música. 

Mal reparou que Jimin observava-o do batente da porta do banheiro. Tinha um sorrisinho pequeno, que cresceu quando Jin se levantou e tirou um de seus mangás, remexendo os pés de lá para cá, por causa da música. Tentou, mas não conseguiu segurar a risada quando ele começou a deslizar de costas, imitando um moonwalker cômico demais. 

Seokjin se virou surpreso e apesar de muito corado, teve de rir. A risada de Jimin era contagiante. 

— Desculpe — pediu, voltando a colocar o mangá no lugar, desligando a música. — Acho que me empolguei. 

— Não precisa se desculpar — riu, parando ao lado do outro. — Gosta de rádios antigos? 

— Eu gosto da maioria das coisas antigas — sorriu. — Meu pai gostava muito, também. Eu tenho até hoje uma vitrola que o meu avô deu pra ele. 

— Ele não gosta mais? — perguntou Jimin distraído. Arrumou uma das fotos tortas, estranhando o silêncio de Seokjin. Quando se virou ele parecia perdido dentro da própria cabeça. — Tudo bem? — tocou levemente seu ombro, ganhando novamente a atenção dele. 

— Meu pai faleceu a alguns anos — encolheu os ombros, suspirando. — Depois disso eu e minha mãe não nos entendemos mais. Tudo virou de cabeça pra baixo e eu só não aguentei tanta pressão. Antes que eu fizesse besteira, minha avó insistiu que eu viesse pra cá. 

— Sinto muito Jin — disse baixinho. — Você… você sente muita falta dele? 

Seokjin engoliu em seco. Fazia anos, mas ainda surgia uma bola em sua garganta quando lembrava do pai, de toda saudade que sentia dele e da constante dor de saber que nunca mais ganharia um abraço dele. 

— Todos os dias, Jimin. Eu pergunto pra mim mesmo se ele se orgulharia de mim, se sorriria como quando eu era garoto e todas as coisas que me ensinaria se estivesse aqui. Eu sempre amei demais meus pais, mas meu pai era meu melhor amigo, o cara mais incrível do mundo e meu exemplo. Foi muito difícil, eu tenho gravado na minha pele o quanto — apertou as mãos nos antebraços, respirando fundo, dolorido. — Apesar de ser mais suportável agora, ainda dói.  

Jimin não soube o que dizer, por isso abraçou apertado o corpo dele, que parecia frágil, prestes a quebrar. Deslizou os dedos pelo cabelo escuro, beijando seu ombro quando ele o apertou de volta, agarrando sua camiseta como se fosse seu salva vidas. 

Não sabia se Jin chorava, ou se segurava o choro, não queria que ele se sentisse mal por expor um lado tão sensível de sua alma. 

— Quando.. — começou baixinho, com a voz falhando. — Quando meu avô paterno morreu eu sofri muito com a perda dele. Eu era pequeno e não entendia porque ele não me respondia mais ou porque não nos visitava no verão. Ele era tão legal Jin, me ensinou a jogar bola e a andar de bicicleta, deu o carinho que meu pai nunca deu — se afastou apenas o suficiente para ver o rosto abatido de Seokjin. — Ele não era meu pai e já era velhinho quando se foi, mas eu entendo um pouquinho sua dor e de coração, você suportou até aqui, isso mostra o quão forte e incrível você é. Tenho certeza absoluta que seu pai teria muito orgulho de você, porque você é a pessoa mais maravilhosa que eu já conheci — penteou com delicadeza os fios escuros para trás, sorrindo quando ele fechou os olhos para apreciar melhor o carinho. — Você acredita em mim? 

Seokjin abriu os olhos. 

— Não muito, mas vou me esforçar mais pra ver tudo isso que você vê — sorriu pequeno. — Sinto muito Jimin. Ninguém deveria sentir esse tipo de dor. 

— Se não tivéssemos sentido, não seriamos quem somos agora. Pessoa fantásticas, huh? — sorriu, fszendo-o sorrir feito bobo. Afastou um pouco dele, se curvando para beijar seus antebraços, por cima da camisa de mangas azul que ele usava. 

Sabia o que tinha ali embaixo, mas respeitaria o espaço dele. Um dia, quem sabe confiasse o suficiente para lhe mostrar suas cicatrizes, não apenas do corpo, como as da alma. 

Park Jimin não sabia o impacto que suas ações tinham, mas a delicadeza e o respeito quase fizeram Jin se desmanchar em lágrimas de uma vez. Aquilo significava muito mais do que podia colocar em palavras. Era amor, carinho e consideração pelo próximo. 

— Vamos jogar? — perguntou animado. Jin, ainda impactado por sua ação, apenas acenou. — Se prepare pra levar uma surra no mortal kombat! 

Puxou-o pela enésima vez na noite, jogando-se consigo sobre as almofadas, para ligar o vídeo game. 

Seokjin tinha certeza que aquele era o melhor dia de sua vida. 


Notas Finais


Ontem, dia de finados não foi fácil, como nunca é. Aos meus queridos amigos que passam por isso todo ano, por favor, sintam-se abraçados e saibam que vocês são pessoas incríveis e fortes!


O que divertiu meu final de semana, foi que essa noite sonhei que apertava a bunda do JK. Não sei o contexto do sonho, mas levantei rindo então, obrigada BTS kdkdkskdk


Mais um capítulo e encerramos :c espero que estejam gostando.

Bejo.


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