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História Doce Diário - Cap37 .....................24.11.20..


Escrita por: MashiroHanabi

Notas do Autor


Oi, pessoaaaas! ha...haha...eu sei que vocês estão putos da vida comigo. Desculpa.
Ai, gente, aconteceu tanta coisa. Primeiramente, eu passei em todas as matérias do semestre com notas boas. Yey! Em compensação, até o meio de agosto eu não dormia, me alimentava mal e basicamente estava quase ficando doente. Eu ia usar as férias pra escrever, e realmente tentei fazer isso, mas o cansaço mental era maior. Meu semestre recomeçou em setembro. Meu aniversário chegou, e eu continuava tentando escrever esse capítulo. Cara, eu fiquei doente, devido (olha que viadagi) a baixa umidade relativa do ar na minha cidade. Fui ao hospital umas vezes aí, fiz uns exames e estou bem de saúde. MAAAAS...de uns tempos pra cá, a vida começou a me pregar várias peças. Morreu gente, tive complicações na faculdade, fiquei sem celular, sem internet e nessas madrugadas, enquanto eu me matava pra escrever, as coisas começaram a ir mal com o meu boy e nós estamos quase terminado, infelizmente. A verdade, minhas caras, é que se minhas histórias de amor fossem bonitas como minhas fics, eu seria a mulher mais completa desse mundo. Mas fazer o que, né? Aliás, a gente ficou muito mal essa madrugada, e eu, mesmo com o coração em pedaços, me empenhei em terminar o capítulo. Prometo me esforçar por cada um dos próximos. Até as notas finais.

Capítulo 47 - Cap37 .....................24.11.20..


Fanfic / Fanfiction Doce Diário - Cap37 .....................24.11.20..

Olá, Diário!

Hoje foi o grande dia: o dia de conhecer os pais de Lysandre. Depois de não dormir a noite toda, fazer e desfazer minhas malas um milhão de vezes, revirar todo o guarda-roupas procurando algo que fosse apropriado e quase matar Sucre de estresse devido a movimentação excessiva do quarto, resolvi ir à cozinha às 4:30 da manhã, para cozinhar algo. Qual foi a ideia brilhante? Rocambole de creme branco com morangos. Era o que tinha em casa: ovos, manteiga, açúcar, farinha, leite, baunilha, amido de milho e morangos. Nada de fazer coisas elaboradas e cheias de ingredientes extraordinários. Nem fermento tínhamos. Precisava ser algo com crescimento mecânico (**processo de crescimento de massas devido a evaporação de água, separando as camadas através da gordura e proteína de determinados ingredientes, como manteiga e claras em neve**). Depois de pronto (levou pouco mais de uma hora), resolvi tomar banho e colocar as roupas que eu havia escolhido.

Pensei: “Ah, não sei como eles são, e quero causar uma boa impressão...vou o mais vitoriana possível, afinal, é assim que os pais dele devem ser também.” Coloquei uma camisa branca vintage, uma saia de veludo preto, meia calça, sapatos boneca pretos, brincos discretos, o colar de Lysandre, e, para quebrar aquela seriedade, um colete e minha boina vinho. (**link do look nas notas finais**) Coloquei pouca maquiagem e já deixei a mochila no andar de baixo. Sairíamos às 7 horas da manhã. Foi o tempo de apenas limpar minha sujeira e colocar o rocambole em algum lugar mais ou menos bonitinho pra levar, enrolando-o num guardanapo xadrez branco e vermelho.

Ouvi uma buzina. Subi para me despedir de meus pais, que ainda dormiam. Fiz carinho no Sucre, deixando mais comida em seu pote. Desci, muito nervosa, e abri a porta de entrada, me deparando com um porta-malas aberto, e um Lysandre parado bem ao seu lado.

-Bom dia! – Disse ele, de bom humor.

-B-Bom dia! – eu disse, nervosa.

-O que é isso na sua mão? – O rapaz me esticava a mão, pedindo a mochila, para ser guardada em meio a muitas tralhas que havia no porta-malas.

-É um rocambole...vo-você acha que os seus pais gostam de doces? – o mesmo fechou a porta, se aproximando de mim.

-Que adorável da sua parte fazer isso. Todos adorarão a sua ideia. –Ele sorriu, segurando em meus ombros e me dando um beijo rápido. – Você está tremendo?

-Eu...Eu estou nervosa. – disse, corando.

-Bom, eu não vou dizer que não precisa ficar assim, porque eu também fiquei quando conheci seus pais. O que me tranquilizou foi ter você ao meu lado. Portanto, tenha certeza de que estarei segurando sua mão. – Lys acariciou meu rosto, gentilmente.

-Vou me lembrar disso. – dei um sorriso tímido. – Obrigada.

-Lysandre, nós precisamos ir. – Ouvi a voz de Leigh, de dentro do carro, nos chamando. Estava bem frio, resolvemos entrar no banco de trás do carro. – Bom dia, senhorita Veronica. Como vai?

-Oi, Vê-fofa, tudo bem? – Disse Rosa, de maneira muito animada.

-Bom dia, pessoal. Eu estou bem, e vocês dois? – Sorri, me acalmando um pouco.

-A gente tá ótimo! Mas...que roupas são essas, querida? – Perguntou a albina, estranhando-me.

-O que tem as roupas dela? – Perguntaram, uníssonos, os irmãos.

-Não acham formal de mais? Essa camisa não é um vintage legal. É um vintage realmente roupa de época.

-Eu achei lindo. Alonga a silhueta dela. – disse o mais velho.

-Sim, eu acho que cabe perfeitamente. Ela está linda. – Naquela hora eu pensei: “Até o Leigh gostou...acho que fiz uma boa escolha.”Lysandre segurava minha mão durante o percurso. Uns quinze minutos depois de entrarmos na rodovia, eu senti meus olhos pesando. – Você está com sono?

-Um pouco. – menti. Eu estava morrendo em pé, por não ter dormido nada, e a mão de meu namorado me provocava uma calma imensa, relaxando-me por completo.

-Ainda vamos demorar a chegar. Estaremos lá por volta das dez. – O mesmo soltou minha mão, abraçando-me pelo ombro, fazendo-me encostar a cabeça em seu peitoral. – Durma um pouco. – Eu estava tão cansada, que não deu nem tempo de dizer algo. Minha vista foi ficando escura. O calor do corpo alheio, seu aroma, o sol batendo de leve na janela do carro e um leve cantarolar, com uma voz linda, era tudo que eu tinha em torno de mim. Eu estava segura, e dormi pesadamente. Senti meu ombro sendo sacudido, com delicadeza. Meu nome era chamado, por uma voz que parecia distante. – Veronica? – Abri os olhos. O sol estava mais forte, cegando-me.

-Chegamos? – Perguntei.

-Quase. Já estamos entrando na zona rural. – Disse a voz feminina. Me desvencilhei de Lysandre, manhosa. Espreguicei, bocejei e esfreguei as mãos no rosto, com cuidado para não estragar a maquiagem.

-Veronica, olhe pela janela. – Assim o fiz.

-Woooow. – Lá fora era tão bonito. Um verde sem fim, num território montanhoso. As árvores estavam perdendo suas folhas, de cor alaranjada. O chão era um tom de verde não muito vivo. O outono era lindo de ser visto daquele lugar. Era possível vermos cavalos e vacas. De tempos em tempos, apareciam casas, muito distantes umas das outras, e sempre à beira de um pequeno lago. – Que lugar lindo!

-Pois é. E pensar que nos cansamos daqui tão rápido. – Disse o mais velho. O mais novo me ofereceu uma garrafa d’água. Aceitei, mas ainda sim, não tirava meus olhos daquela paisagem. Paramos ao lado de um banco coberto, com um poste e uma placa de ônibus ao lado. – Esse aqui era o ponto de ônibus mais próximo de casa.

-Era necessário andar mais de um quilometro e meio todos os dias, para chegar até ele.

-Lembrei porque nos cansamos tão rápido desse lugar. – Rimos da piada do maior. O ponto de ônibus ficava ao lado de uma árvore. O “telhado” dele, se assim podemos chamar, estava coberto por folhas marrons e alaranjadas. No banco também havia várias delas. Era uma cena bonita apensar de tudo. O carro começou a se mexer novamente, começamos a passar por uma cerca de madeira, envolta de um pasto bem cuidado. Rapidamente, chegamos a um portão de madeira. Lysandre saiu do carro, andou até ele e o abriu. Assim que o carro passou, ele fechou o portão, e voltou para dentro.  Continuamos por aquele caminho de terra, em meio aquele pasto, nos aproximando de uma pequena casa branca, com uma chaminé que produzia fumaça, ao nosso lado esquerdo. À direita, havia muitas ovelhas, pastando longe de nós, guiadas pelo latido de um cachorro de pelo malhado. Comecei a ficar nervosa. Aquele frio na barriga apertou.

Quando o carro passou ao lado da casa, pude ver alguém na varanda, sentado numa cadeira. Porém, Leigh estacionou atrás da casa, num lugar coberto, ao lado de um carro velho e com as rodas sujas de barro. Saímos todos do carro. Rosa se espreguiçava ao meu lado, enquanto eu desamarrotava a saia, arrumava o cabelo e tentava manter a calma. Os irmãos falavam alguma coisa sobre o carro. Eu segurei a sobremesa, envolta no guardanapo branco e vermelho. Respirei fundo, com medo. Uma mão foi de encontro a minha.

-Está tudo bem. Venha, vou te mostrar a casa. – Aqueles olhos de cores diferentes me olhavam com uma serenidade sem tamanho, aquilo me deixava mais nervosa do que calma, por incrível que parecesse. Eu parecia uma criança indo ao dentista.

Logo que saímos daquele lugar coberto, com os carros, pude ver a casa mais de perto. Ela tinha dois andares, paredes brancas e era contornada por pedras grandes, cinzas e cheias de musgo. As paredes possuíam marcas de patas de cachorro e mãos de crianças, sujas de barro. Havia uma pequena escada feita de pedra, seus degraus não eram retangulares, e sim, arredondados. Possuía apenas quatro degraus, levando a duas portas de madeira, que estavam abertas.

-Vamos estrar? – Leigh começou a subir as escadas, segurando a mão de Rosalya.

-Sim.  – Lys começou a me puxar, delicadamente, para segui-lo. Entrando na casa, parecíamos estar na sala de jantar. Tudo era muito antigo, porém, muito bem conservado. Havia um papel de parede branco na metade superior, e um marrom na metade inferior, pequenos armários com louças pintadas a mão, um grande espelho sobre uma moldura, e ao outro lado, um dois sofás, uma poltrona e uma mesa de centro para se tomar chá. Um cheiro bom vinha da cozinha, que era ao lado.

-Mãe? – Chamou o mais velho.

-Oh, filho! – A essa altura, eu já estava hiperventilando.

-Calma, Veronica. Está tudo bem. Vamos à cozinha agora, certo? – Eu acenei com a cabeça, ainda com expressão de medo. Eu era guiada pela mão de Lysandre. Pude ver, no batente da porta da cozinha, marcas na madeira, feitas dos dois lados. De um lado, estava escrito “Lysandre” e do outro, “Leigh”. Continham suas idades, e altura em centímetros, dispostas uma ao lado da outra. Lys parece ter crescido rápido pra idade dele. Depois de um tempo, as duas medidas pareciam iguais. Estávamos esperando a mãe deles parar de falar com Leigh, para não os interromper.

-Mãe? Como vai? – Disse, meu namorado, com um belo sorriso estampado no rosto.

-OH, Lysandre! Você cresceu mais? – Pude ver, então, a figura de uma senhora, beirando os 60 anos, usando um vestido longo, verde, com mangas compridas, que estavam dobradas, um avental branco, um lenço rosa na cabeça, e um sorriso gentil. Ela era menor que eu. Ou, pelo menos, era a impressão que dava, pois ela estava meio encurvada. Lys soltou minha mão, indo até ela, e a abraçando com força. Ela fechava os olhos, com um sorriso muito animado, apertando o filho nos braços, o máximo que podia. Que cena bonita de se ver.  – Vocês parecem tão magrinhos. Estão comendo bem?

-Sim, mãe. Aliás, comendo até demais. – Sorriu o mais jovem. – Aliás, eu quero te apresentar a pessoa que vem me alimentando tanto. Ele olhou para mim, fazendo sinal para que eu me aproximasse. Assim o fiz, timidamente. – Mãe, essa é a Veronica. Veronica, esta é Josiane, minha mãe.

-Oh, ela é irmã da Rosalya?

-N-não. E-Eu sou...

-Ela é minha namorada.

-Oh, você está namorando a irmã da Rosalya?

-Não, mãe. Ela não é irmã da Rosalya.

-Oh...Que seja. Deixa essa velha te dar um abraço, minha querida.  – Ela sorriu, esticando-me os braços. Eu a abracei, sentindo-me acolhida, exatamente como no abraço de seus filhos. Esse carinho parece ser de família.

-É um prazer te conhecer. – Eu disse, baixinho. Realmente feliz por estar ali.

-O prazer é todo meu. Você é uma graça.

-Ah, mãe, ela trouxe a sobremesa.

-A-AH, S-SIM. Eu n-não sabia se vocês go-gostavam de doces, mas eu acabei fazendo...e...e...e

-Nós adoramos doces! Principalmente se forem caseiros! George vai ficar tão feliz! Vocês precisam ir falar com ele! – Ela disse, sorrindo, enquanto eu colocava o rocambole em suas mãos.

-Nós estamos indo agora. – Disse o acinzentado, pegando minha mão e logo me levando com ele. Leigh e Rosa ficaram conversando com a Senhora Josiane.  – Você foi muito bem. – sussurrou, enquanto passávamos pela sala de televisão.

-Foi assustador. Mas a sua mãe é uma graça. – sussurrei também, levemente corada.

-Sim, e por incrível que pareça, é mais avoada que eu. – Riu. Chegamos à entrada principal da casa. Uma porta alta, grande, pintada de azul, que estava aberta e dava para varanda, com um piso de madeira. Lys desacelerou o passo, quase parando, tentando observar quem estava à direita numa cadeira de balanço. O móvel de madeira, provocando um rangido leve, tinha sobre si alguém usando um chapéu de palha, rodeado por uma fumaça. – Pai? – Ao ouvir ser chamado, virou a cabeça, o senhor de olhos verdes, sobrancelhas grossas, óculos pequenos e redondos de leitura, camisa xadrez, suspensórios e calças marrons. Este fumava um cachimbo, e quando foi surpreendido, tirou-o da boca, formando um grande sorriso.

-ORA, SE NÃO É O LYSANDRE? HAHAHAHA! – O senhor se levantou, indo até o filho e o abraçando, dando boas risadas.

-Hahahaha, como vai, pai? – Ambos se abraçavam, sorrindo e se divertindo.

-Pensei que vocês nunca mais viriam me visitar. Eu ia morrer sem ver meus filhos de novo! HAHAHAHAHA! – Disse o mais velho, dando tapas no obro de seu filho, que era maior que o mesmo.

-Pai, com essas coisas não se brinca, pelo amor de Deus. – Lys o olhava com um sorriso sereno, reconhecendo a natureza do senhor. – Aliás, eu tenho alguém para lhe apresentar. – O mesmo apontou para mim. – Esse é George, meu pai. E ela é a-

-A Rosalya! Ah, mas eu já te conheço, esqueceu? – O pai dos rapazes me abraçou, fazendo carinho na minha cabeça e gargalhando. Eu o abracei de volta, achando graça da situação.

-Não, pai. Essa é a minha namorada. – O mais alto cobria os olhos com sua mão. O senhor de desvencilhou de mim, olhando incrédulo para o filho.

-Mas na minha época não tinha essas coisas não. Roubar a namorada do irmão, Lysandre? Que feio! Eu não te eduquei assim. – chegava a ser engraçado de se ver.

-H-Hã...Lincença... – O mesmo me olhou, rapidamente. – Meu nome é Veronica. – Eu disse, timidamente. O silêncio pairou, enquanto meu namorado parecia mais aliviado, até ser preenchido com as palavras do senhor de camisa xadrez.

-Não era Rosalya?

-Pai! Elas nem ao menos se parecem. – suspirou o maior, cansado.

-Me chamaram? – A albina apareceu, atraindo a atenção de todos.

-Ele estava nos confundindo. – Eu disse, sem graça.

-Ah? Hahahahaha. – A mesma se aproximou de mim, ficando ao meu lado.

-Hmmm, mas vocês são mesmo parecidas.

-Elas? – perguntou Leigh, que chegava também.

-Não é um absurdo? – Disse o irmão mais novo.

-Hahahahahaha. – Todos rimos.

-Descurpe a minha cabeça-dura. – Ele tirou o chapéu de palha, encostando-o no peito, sorrindo de maneira doce. – Meu nome é George.

-Veronica. – Eu disse, estendendo minha mão para apertar a do outro. O mesmo a apertou, e então, virou-a, levando a boca e dando um beijo na mesma. Era uma maneira diferente da qual seus filhos costumavam fazer, pois estes se curvavam para alcançar o dorso. – É um prazer conhecer o senhor.

-O prazer é todo meu! Eu tô é muito feliz de ver meu filho namorando, ainda mais uma mocinha tão bonita. – Nós ficamos um tempo ali, esclarecendo algumas coisas.

Depois daquilo Lysandre me pegou pela mão, levando-me até o rebanho de ovelhas que ali havia. Era um pasto bastante vasto, e as ovelhas seguiam suas vidas, comendo e andando de maneira feliz. O vento era bastante gelado, mas o sol até que era quente. Era um dia bem bonito, afinal. Eu continuava abobalhada com a falta de prédios e afins.

-Então...o que achou deles?  - Perguntou o mais alto.

-Achei fofos. Os dois são muito gentis e divertidos.

-Sim. Às vezes é bem difícil de fazê-los entender as coisas, mas acaba sendo bem engraçado. – Ele procurava algo, olhando ao redor. – Tem mais alguém que eu quero que conheça.

-Mais alguém? – O mesmo assentiu, sem olhar para mim, procurando.

-Courgette! – Gritou. – Courgeeeette! – De repente, um cachorro de pelo curto, magro e todo malhado em tons de marrom e preto, surgiu, correndo com a língua pra fora, bem animado. O animal pulou sobre Lysandre, que rapidamente segurou suas patas, entes que as mesmas pudessem tocar suas roupas. – Atrevido como sempre. – Riu o acinzentado, acariciando pequeno, enquanto o mesmo insistia em pular. – Este é o Courgette, Veronica. É o nosso cão pastor.

-Courgette? Hahahahahahahah.

-Meus pais deram esse nome porque ele é malhado, e porque gosta de comer isso. (**Courgette, em francês, quer dizer “Abobrinha”. Pronuncia-se Corrgé**) E também porque não são muito criativos para nomes. O meu, por exemplo, foi me dado porque minha mãe estava lendo Shakespeare ao final da gestação (**Lysandre, Lysander ou Lisandro é um personagem de “Sonho de Uma Noite de Verão”**). – Ele dizia, enquanto acariciava o cachorro. Resolvi me aproximar, para ver se o mesmo me permitia tocar nele.

-O seus pais gostam dos mesmos livros que vocês?  – Courgette permitiu que eu o acariciasse, ficando ainda mais animado.

-Eles não gostam, nem dos livros, nem de nada que gostamos. Mas na época, os clássicos eram as únicas coisas que tínhamos em casa. Só quando eu e Leigh começamos a ler, que mais livros foram adicionados ao “acervo”. Eles deviam ficar entediados, as vezes.

-Espera. Você disse que não gostam de nada que vocês gostam? Isso inclui roupas? – Olhei-o, em tom de surpresa.

-Principalmente roupas. Você viu como estavam vestidos? – Riu Lysandre.

-Eu me vesti assim só porque pensei que os agradaria. – Tirei as mãos dos joelhos e fiquei ereta, olhando pro lado oposto. Lys fez a mesma coisa, colocando sua mão em minha cintura.

-Você não gosta dessa roupa?

-Gosto...mas...

-Então pronto. Você está linda assim, e eles gostariam de você, independente das roupas. Você sabe que é adorável, não sabe? – Eu fiquei vermelha e sorri. Ele se inclinou, me beijando delicadamente. Courgette pulou sobre nós, assustando-nos. – Ei! Não suje minhas roupas.

-Hahahahahah! – Nós continuamos conversando e vendo as ovelhas. Meu namorado me contou histórias sobre o lugar onde estávamos.

-Eu e Leigh corríamos por estes campos todos os dias, pelo menos, até ele começar a frequentar um ensino de tempo integral. Assim como eu, meu irmão não era muito sociável, então sempre tinha tempo pra mim. Eu passava o dia esperando ele chegar, lendo para as ovelhas e para os coelhos. Quando entrei no ginasial, ele já estava no médio, e fomos ficando cada vez mais ocupados. Acredito que esse foi um dos motivos de ele ter me levado consigo para a cidade: se recusar a passar menos tempo comigo do que já passava. – O mesmo dizia isso enquanto olhava para os lados, apreciando, comigo, a paisagem. Ouvimos um sino tocar, não estávamos muito longe, ainda víamos a casa. – É a minha mãe, nos chamando para almoçar.

-Mas já? Passou rápido.

-Sim. Depois do almoço, eu quero te levar pra ver os coelhos. – Sorriu, pegando minha mão, puxando e começando a andar rápido. – Venha! É muito divertido correr por aqui! – Lysandre sorriu para mim, de orelha a orelha, feliz como uma criança, olhando-me por cima do ombro. Nós começamos a correr entre os pequenos morros, chegando até a casa em menos de dois minutos. O sol era morno, e nos fazia sentir mais vivos, mesmo naquele dia gelado. Só quando chegamos perto dos degraus, que pude ver que o cachorro havia corrido atrás de nós dois. Já era tarde. O malhado pulou nas costas de Lys, fazendo-o se desequilibrar e cair sobre os joelhos.

-Ahahahahahaha! Você tá bem? – Perguntei, dando-lhe a mão para levantar.

-Cão folgado! Se minhas roupas sujarem, farei linguiça de você! – Sussurrou o mais alto, num tom bravo, resmungando. Courgette fazia latir, abanando o rabo, com a língua pra fora. Fomos até a cozinha, lavamos as mãos e sentamos à mesa, todos juntos. Havia pão fresco, com um cheiro maravilhoso, uma forma com um ratatouille muitíssimo colorido e abundante (**acredito que devido ao filme, todos devem saber o que é. Caso não, é um prato composto de vegetais cortados e assados sobre um molho a base de tomate e vários temperos saborosos. É considerado prato de origem camponesa, ou rural, na França, mas também possui uma releitura para alta gastronomia, tipo o do filme da Disney**), e um pernil com um cheiro adocicado, de mel e alecrim. Tudo parecia tão bom, e quando comecei a comer, de fato, era. É o que os entendidos chamam de Comfort Food, uma comida simples que nos faz sentir em casa, aconchegantes num abraço. De fato, era assim que os meninos deviam se sentir. Cada parte dela estava deliciosa.

-Essa aí tava mesmo com fome, né? – Disse o pai, olhando para mim.

-Pai, não seja indelicado! – Disse meu namorado. A essa altura, eu já estava toda vermelha.

-Ué, é só olhar pra ela. Eu não tô gozando com a cara dela. Tô achando é bonito de ver esse sorriso. – Riu o senhor.

-Ela sempre faz essa cara quando come algo que gosta. – Continuou Lys.

-Faço? Que? Que cara? – eu colocava a mão na bochecha, morrendo de vergonha.

-Você dá um sorriso calmo, ao mesmo tempo em que eufórico. É como se nada no mundo te fizesse mais feliz que a comida. – Sorriu de canto. Fiquei bastante surpresa. Descobri que faço com comida, a mesma cara que Lysandre faz com música, arte e filosofia.

-É-É...É QUE...e-essa comida é realmente muito b-boa. – gaguejei.

-Ai, que bonitinha! Hahahahah! Vocês deviam falar mais da minha comida, que nem essa mocinha! – Respondeu a senhora, colocando uma de suas mãos no peito, fazendo um gesto de agradecimento. Sorri de volta, deixando um clima mais agradável. Quando o almoço acabou, os meninos se levantaram, tirando a mesa. Eu quis ajudar, mas ambos não deixaram. Josiane trouxe um bolo de cenoura, com cobertura de chocolate e raspas de laranja. Possuía duas velas brancas, que seriam acesas. Estranhei o chocolate. – Veronica, nós vamos comer seu rocambole no chá da tarde, tá? É que eu já tinha feito o bolo. Hahah. E além disso, sempre tem que ser com cobertura de chocolate, porque o Lysandre prefere assim. Sempre foi uma formiga pra chocolate, esse garoto. (**Na França, o costume é comer esse bolo com uma cobertura branca, e raspas de laranja. A massa também é mais escura, porque leva açúcar mascavo e várias especiarias.**)

-Ah, tudo bem! Eu amo bolo de cenoura! – Sorri. O pai ascendeu as velas, com seu isqueiro de aço, daqueles antigos.

-Aí, meninos, assoprem as velas! – disse o senhor. Lysandre e Leigh se entreolharam, inclinando-se e soprando as velas, juntos. Todos aplaudimos.

-Joyeux Anniversaire (**Feliz aniversário**) – Dissemos todos. Comemos o bolo, que por sinal, também estava delicioso, e assim que acabamos, cada um foi para um lugar.

-Pai, eu quero levar a Veronica para ver os coelhos. – Disse meu namorado.

-Ah, vamos lá! Vai ser legal. – George foi até a porta, pegando seu chapéu. Nós o seguimos. Havia um celeiro antigo, em tons de marrom avermelhado, como telha, na lateral da casa, a uns 400 metros de distância. –Sabe, quando o Lysandre era pequeno, não tinha um só dia que ele não fosse ver os coelhos. Embaixo de chuva, doente, com catapora, cheio de coceira dentro das calças-

-Pai! – Corou o mais alto.

-É, cê entendeu, né?Hehehehe. Ele veio aqui pra conversar com os coelhos, mesmo que a recomendação do médico fosse ficar de cama. Eu queria entender que laço tão forte é esse que ele criou com os bichinhos. – Sorria o mais velho, enquanto chegávamos perto do local. A porta de madeira foi aberta. Havia um cercadinho cheio de palha, solta e amarrada, vários pés de alface, cenouras, potes de água, de ração...e muitos...muitos COELHOS!

-Kyaaaaaaaaaa! Olha pra todos esses Sucres! – Não pude conter minha animação. O idoso caiu na risada, novamente.

-AHAHAHAHAHA! Essa menina é mesmo muito divertida! – Ele ajeitava seus suspensórios.

-D-Desculpa, eu não deveria ter gritado.

-Tudo bem, eu também estou feliz. – Riu Lys, baixinho, alternando os olhos entre mim e o chão a sua frente, forrado de coelhos. – Pai, aquele ali está preso dentro do pote vazio. – Balançou a cabeça, negativamente, passando pelo carcado sem muita dificuldade, com suas pernas longas.

-Sabe, moça? – Cochichou George, para que apenas eu ouvisse. – Ele nunca gostou que ficássemos olhando, então... – O mesmo me pegou pelo ombro, guiando-me para uma parede, com uma foto de Lysandre, criança, de roupas verdes e cinzas, roupas comuns, com um coelho no colo, conversando com vários deles, sentado sobre o monte de feno que ali havia, desde sempre. Era a coisa mais fofa do mundo. Já pensou em um mini-Lys? Queria aperta-lo até sufocar – Ele sempre gostou de conversar com os coelhos. Era como se fossem amigos, sabe? Tiramos essa foto porque achávamos divertido, mas ele mesmo não gostava que a gente ficasse olhando. – Ele fez uma pausa, dando me tempo para olhar Lysandre agachado, rodeado por coelhos – Meu filho sempre foi muito solitário. Só tinha o Leigh, e quando começaram a estudar mais, nem isso ele tinha, só os coelhos mesmo. Por isso deixamos ele ir embora com o irmão. Porque a gente sabia que precisavam ficar juntos. Lysandre morreria se deixássemos ele sozinho aqui, sem ninguém que respondesse suas conversas. Porque né? Coelhos não falam, haha... -  o senhor olhou para o teto, numa expressão feliz, porém, levemente melancólica - ...Não conta isso pra ele não, tá? – Eu assenti. – Que bom que ele achou uma moça tão bonita e boazinha pra ele. Eu ficaria muito triste de partir, sabendo que meu Leigh ia ficar com a Rosalya, e meu caçula ia ficar sozinho.

-Obrigada...mas...o que o senhor quer dizer com isso? – Perguntei.

-Cê quer dar um pouco de água fresca pros bichinhos? – Ele sorriu, ignorando minha pergunta. O mesmo pegou um balde com água, cheio só até a metade, que havia trazido da cozinha, deu-o em minhas mãos, junto com um balde vazio. – Cê põe a velha nesse, e enche com a nova, tá? Vai lá! – Ele me virou, dando um leve empurrãozinho, para que eu me encontrasse com meu namorado. Pulei o cercadinho com certa dificuldade, andando até Lys, agachando-me ao seu lado e perguntando como fazia. Nós ficamos um bom tempo brincando com os coelhos. Os maiores realmente se aproximavam, pois provavelmente conheciam o acinzentado. Foi divertido e depois de umas boas horas, voltamos para dentro, para tomar o chá.

Entramos na casa e nos dirigimos à sala de estar. Havia um chá de hortelã muito cheiroso, ao lado do meu rocambole de morango. Sentamos e me pediram que eu servisse o doce. Assim o fiz, enquanto a senhora servia o chá, num jogo de xícaras brancas com detalhes cor-de-rosa. Sentei-me ao lado de Lys e Rosa, entregando-lhes os pratos. As xícaras foram passadas, o chá adoçado, e logo eu pude experimentá-lo. Não era só o aroma, o sabor também era muito forte.

-Essa hortelã foi colhida hoje. Você gosta? – Perguntou George, mexendo a xícara, onde havia sido colocado mel.

-Sim. É muito revigorante.

-Re-vi-go-ran-te . Pffff, Ela é muito engraçada! Parece nossos filhos! Hhahahahahahaha – Disse o senhor.

-Bem, você está deixando ela com vergonha! – Disse a senhora!

-O rocambole está delicioso! – Disse Leigh. – Melhor que o bolo de morango que você comprou, diga-se de passagem.

-Nossa, que isso? É só um doce caseiro, feito as pressas. Hahah – eu disse, encabulada.

-Nossa, mas tá danado de bom, mesmo! – Disse George.

-Me passa a receita, viu? O Leigh não é muito de doce, eu nunca sei o que fazer pra ele. – Disse Josiane.

-Claro! É bem fácil.

-Veronica entende tudo sobre confeitaria. – Comentou o acinzentado.

-N-Não é pra tanto, né? Eu só testo umas coisas, e elas, por acaso, dão certo.

-Você é modesta demais, amiga! – Rosa me deu tapinhas nas costas.

Depois de tudo aquilo, conversamos bastante. Depois de escurecer, jantamos, tomamos banho (um de cada vez), e fomos para nossos quartos. Curiosamente, cada irmão tinha seu quarto, e cada quarto tinha uma cama de casal. Lys explicou que elas eram muito antigas e de madeira maciça. Parece que é comum que se compre uma cama dessas para durar a vida toda, para as pessoas que moram no campo. Eu vestia meu pijama de algodão, branco com patinhas de algum animal indefinido. O acinzentado, como sempre, vestia sua calça de moletom e uma camiseta de mangas compridas, algo muito simples. Eu estava exausta, e só estive escrevendo enquanto ele tomava banho, arrumava suas coisas e lia umas páginas de seu livro.

~~

Parei agora pouco pra falar com ele, o que aconteceu foi o seguinte:

Lysandre se deitou ao meu lado, me abraçando fortemente, cheirando e beijando meu pescoço. Fiquei levemente arrepiada.

-Isso é muito bom, Lys...mas...você se importa se não fizermos nada hoje? – Eu perguntei, levemente encabulada.

-O que? Isso? É só um carinho mesmo. Não daria pra fazer nada por uma série de motivos. Primeiramente, eu esqueci de trazer os preservativos, e estou com vergonha de ir ao quarto do meu irmão perguntar se ele tem, porque a Rosalya está lá. Também tem essa cama, que faz barulhos se for muito mexida. Além das paredes, que não seguram muito som. Pra completar tudo, eu...tenho que confessar que também estou cansado...por não dormir direito noite passada.

-Que? Sério? – perguntei.

-Sim. Eu estava nervoso, tanto quanto você. Tive medo de você não gostar deles, por serem muito diferentes do que você está acostumada, comigo e com meu irmão. – ele coçou a cabeça, de maneira bela e preocupada.

-Não fala besteira! Eu amei seus pais, amei os coelhos, o Courgette, as ovelhas, o lugar...a sua história...tudo... tanto quanto eu amo você. – Eu disse, acariciando seu rosto, gentilmente. Ele piscava seus olhos para mim, lentamente, com um brilho muito especial neles.

-Eu também te amo. – Lysandre se aproximou, dando-me um beijo delicado. O mesmo colocou a língua, mas acariciou-me com ela, devagar, carinhosamente. Depois de um breve momento nos beijando com ele ainda abraçado fortemente a mim, encerramos com selinhos, esfregando lentamente nossos narizes um no outro. – Obrigado por estar aqui.

-Obrigada você, por me permitir mergulhar no seu mundo. – Sorri, depositando-lhe um selinho demorado.

Conversamos mais um pouco. Ele me abraçou por trás, enquanto termino de escrever isso. Pelo visto já está dormindo pesado. Amanhã vamos almoçar e vamos embora. Está sendo ótimo estar aqui, diário. Quero fazer mais lembranças assim com meu Lysandre.

Boa noite, Diário.

 


Notas Finais


E é isso, pessoas maravilhosas do meu coração.
**roupas da Veronica: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=205998927
ATENÇÃO: O PRÓXIMO CAPÍTULO É UM QUIZ COM A MOSAFABIM, AUTORA DE DEVIL SLEEPS BESIDE ME! DEIXEM SUAS PERGUNTAS NOS COMENTÁRIOS DESSE CAPÍTULO!
NÃO ESQUEÇAM DE COMENTAR!
O próxmo capítulo não demorará a sair!
Beijos e tudo de melhor pra vocês!


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